terça-feira, 21 de outubro de 2025

Presos do 8 de Janeiro estariam ingerindo comida com vidro e rato. Bolsonaro não duraria um dia na Papuda. Texto também em inglês

O presidente Bolsonaro quase foi transfixado no baixo ventre

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 21 DE OUTUBRO DE 2025 – Segundo o jornal Gazeta do Povo, as marmitas que presos do 8 de Janeiro recebem na Penitenciária da Papuda, em Brasília, contêm pedaços de ratos, pedras e pequenos cacos de vidro. Também na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, a alimentação e higiene são insalubres, segundo a Defensoria Pública do Distrito Federal.

Mas na Papuda a coisa é para matar mais rapidamente. Segundo a advogada Taniéli Padoan, policiais penais registraram fotos de marmitas com comida estragada. Este é o pior pesadelo dos detentos, que sabem que vão morrer famintos.

“Além de nojo, eles estão sentindo medo também, porque já encontraram muita coisa nas marmitas, além de rato. Já foi encontrado canudo, pedra, caco de vidro, pedaço de luva, caramujo, enfim... Isso passa de todos os limites, porque estamos tratando de seres humanos” – disse Taniéli Padoan.

Segundo a conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, Cristiane Damasceno, o tempo entre a produção e entrega dos alimentos aos presos pode ser um dos fatores responsáveis pela deterioração da comida.

“Por conta do alto número de detentos, é necessário produzir uma grande quantidade de comida muito cedo, logo no início da madrugada. Então, a hora do almoço só acontece ao meio-dia. Obviamente que quando as marmitas chegam a qualidade já não é mais a mesma” – raciocina Cristiane Damasceno. Em que momento, então, a granada venenosa é introduzida na comida?

Mais: entre os presos em geral há relatos do uso de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e técnicas de imobilização, como o mata-leão, contra os detentos.

A superlotação é outro pesadelo. A Penitenciária da Papuda tem capacidade para abrigar 1.584 pessoas em regime fechado, mas hospeda 3.748 presos. Celas de seis metros quadrados, para duas camas, podem abrigar até 10 pessoas. Algumas celas para oito camas abrigam até 25 detentos. Alguns presos dormem no chão. No bloco de segurança máxima as celas são projetadas para duas pessoas, mas podem receber entre 8 e 10 presos por cela.

Na Papuda, pode-se morrer a qualquer momento, envenenado por comida estragada; por colapso cardíaco, devido ao estresse 24 horas por dia; ou por agressão física, tanto externa quanto pelos próprios presos.

O presidente Jair Messias Bolsonaro, acusado de liderar um golpe de Estado fantasioso, no dia 8 de janeiro de 2023, embora nem estivesse no Brasil, naquela data, está preso na sua própria casa, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ameaça enviá-lo para a Papuda.

Bolsonaro foi esfaqueado quase até a morte por um militante da Esquerda, Adélio Bispo de Oliveira, que, apesar de todas as evidências de que há um mandante, foi inocentado por diagnóstico de loucura e está em vias de voltar para as ruas. De modo que a saúde do maior líder da Direita brasileira é delicadíssima. Na Papuda, não duraria 24 horas. Bastaria uma marmita com pequenos cacos de vidro para acabar de vez com os intestinos de Bolsonaro.

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Segue texto em inglês:

Prisoners from January 8 are reportedly being served food containing glass and rat. Bolsonaro wouldn’t last a single day in Papuda

RAY CUNHA

BRASÍLIA, OCTOBER 21, 2025 – According to Gazeta do Povo, the meal boxes given to the January 8 prisoners in the Papuda Penitentiary, in Brasília, contain pieces of rats, stones, and tiny shards of glass. At the Women’s Penitentiary of the Federal District, known as Colmeia (“Hive”), both food and hygiene are described as deplorable by the Public Defender’s Office of the Federal District.

But in Papuda, things seem designed to kill faster. Attorney Taniéli Padoan reports that correctional officers have taken photos of spoiled food in inmates’ lunchboxes. This is the prisoners’ worst nightmare: they know they will die starving.

“Beyond disgust, they’re afraid,” said Padoan. “They’ve already found many things in the food besides rats — straws, stones, glass shards, pieces of gloves, snails… This goes beyond any limit, because we’re talking about human beings.”

According to attorney Cristiane Damasceno, a member of the Brazilian Bar Association in the Federal District, the time gap between food preparation and delivery may be one of the factors behind its deterioration.

“Because of the high number of inmates, a huge quantity of food has to be cooked very early, just after midnight. But lunch isn’t served until noon. Obviously, by then, the quality is gone,” she reasons.

At what point, then, is the poisonous grenade slipped into the food?

There are also reports of the use of tear gas, pepper spray, and chokeholds against inmates.

Overcrowding is another nightmare. Papuda has capacity for 1,584 inmates in a closed regime but houses 3,748. Cells of six square meters, meant for two beds, can hold up to ten people. Some designed for eight beds hold twenty-five. Some prisoners sleep on the floor. In the maximum-security block, cells built for two may hold between eight and ten inmates.

In Papuda, one can die at any time — poisoned by rotten food, from heart failure due to 24-hour stress, or from physical assault, either by guards or fellow inmates.

President Jair Messias Bolsonaro, accused of leading a fantastical coup d’état on January 8, 2023 — though he wasn’t even in Brazil at the time — remains under house arrest, while Supreme Federal Court Justice Alexandre de Moraes threatens to send him to Papuda.

Bolsonaro was stabbed nearly to death by a leftist militant, Adélio Bispo de Oliveira, who — despite overwhelming evidence of having an accomplice — was declared insane and is soon to be released. The health of Brazil’s greatest right-wing leader is extremely fragile. In Papuda, he wouldn’t last 24 hours. A single meal box containing tiny glass shards would be enough to shred Bolsonaro’s intestines for good.

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