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sábado, 2 de agosto de 2025

Hollywood produz longa-metragem sobre perseguição a Bolsonaro. Tema é o fio condutor de trilogia com dois volumes já publicados

Capa da edição da amazon.com.br de O OLHO DO TOURO

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 2 DE AGOSTO DE 2025 – Hollywood já começou a produção de um longa-metragem que terá o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro como protagonista. Conhecido como Mito, Bolsonaro é um dos maiores líderes da Direita mundial, ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e vem sendo incansavelmente perseguido desde 6 de setembro de 2018, quando, em Juiz de Fora/MG, o militante da Esquerda, Adélio Bispo de Oliveira, enfiou um facão no baixo ventre de Bolsonaro, que só escapou com vida porque tem resistência bubalina.  

Atualmente, o regime vigente no Brasil, que tenta instalar uma ditadura comunista no país, acusa Bolsonaro de liderar um fantasioso golpe de Estado, por causa de uma manifestação espontânea da população, em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, contra a posse de Lula da Silva, tirado da cadeia e posto na Presidência da República pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde julho passado, por determinação do Supremo, Bolsonaro é monitorado por tornozeleira eletrônica e é obrigado a estar em casa entre 19 horas e 7 horas, além dos fins de semana. Ele já declarou que tentam prendê-lo para o assassinarem e parecer morte natural, já que sua saúde ficou fragilíssima depois que o evisceraram.

A previsão de estreia do longa é 2026. O filme é provisoriamente intitulado Dark Horse, que quer dizer outsider, ou azarão, aquele cavalo pelo qual não se dá nada e que, surpreendentemente, vence a corrida.

Durante a semana passada foram testados atores para os papéis dos filhos de Bolsonaro: Flávio, Carlos e Eduardo, e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Os candidatos assinaram contratos de confidencialidade. O filme será dirigido por Cyrus Nowrasteh e produzido por Michael Davis. As filmagens de Dark Horse deverão começar em outubro, com locações no Brasil e na Argentina.

A escolha do elenco está a cargo da diretora Ricki G. Maslar, que trabalha em grandes produções de Hollywood. Atenção, Ricki, Rodrigo Santoro é um dos maiores atores brasileiros e ele está aí em Hollywood.

O roteiro do longa se concentra nas eleições de 2018, quando o azarão Jair Bolsonaro conquistou a Presidência do Brasil. A sinopse define Bolsonaro como “um homem corajoso e determinado, impulsionado pela carreira política após a decepção com os rumos do seu amado país”. O atentado à faca contra Bolsonaro será um dos principais momentos do enredo.

Em 2022, publiquei o primeiro volume de uma trilogia com o mesmo tema de Dark Horse, O CLUBE DOS ONIPOTENTES, seguido, em 2025, de O OLHO DO TOURO, e que se encerrará, em 2026, quando darei por encerrado o terceiro volume.

Dica para o roteirista de Dark Horse: O CLUBE DOS ONIPOTENTES e O OLHO DO TOURO estão à venda na amazon.com.br e no Clube de Autores, estão sendo lidos pelo brasileiro Maurício Galante, autor de E se o meu paraquedas não abrir?, um dos mais lúcidos comentaristas sobre geopolítica e política brasileira e internacional, empresário nos Estados Unidos e no Brasil, e vereador em Arlington, Texas, EUA.

domingo, 29 de junho de 2025

Ana de Armas: Baba Yaga e Jessica Rabbit

Ana de Armas: tipo da mulher misto de Baba Yaga e Jessica Rabit

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 29 DE JUNHO DE 2025 – Em 007 – Sem Tempo Para Morrer, despedida de Daniel Craig da pele de James Bond, Ana de Armas faz uma aparição de 12 minutos, mas todo mundo prestou atenção nela. Agora, Ana de Armas é Eve, Eve Maracarro, uma assassina do nível de John Wick, o mais letal de todos os assassinos, em Bailarina, filme que já inscreveu seu nome na história do cinema de ação, e com uma personagem feminina. Tão densa quando Keanu Reaves na pele de John Wick.

Mas por que a franquia John Wick é tão fascinante? Pelas razões que seguem: o universo de John Wick lembra o de Harry Potter, um universo paralelo, mágico, que convive com nosso universo comum. O de John Wick é um submundo, com sua organização, leis e até moeda própria, que existe paralelamente ao mundo honesto, legal. As personagens são sofisticadas e vividas por grandes atores. Os roteiros são redondos e, finalmente, a produção é impecável.

O personagem John Wick (Keanu Reeves) nasceu Jardani Jovonovich, na Bielorrússia. Órfão, é sequestrado pela máfia russa Tarasov e treinado para ser assassino. Torna-se um assassino tão implacável que ficou conhecido como Baba Yaga. No folclore eslavo Baba Yaga é uma bruxa. Uma pessoa a quem se deve temer. Certa vez, John Wick matou três homens em um bar com um lápis. Mas apaixona-se por uma mulher e se aposenta, porém logo fica de luto. Só que assassinos profissionais não se aposentam, porque quem entra em certos negócios não pode sair, e John Wick sempre esteve dentro, desde criança.

O universo John Wick, noir (estão usando o termo neo-noir americano, mas acho que isso é só para ver se dá mais charme ainda), é uma criação do roteirista Derek Kolstad e estrelado por Keanu Reeves, franquia de propriedade da Lionsgate. O primeiro filme é de 2014, De Volta ao Jogo, seguido por três sequências: Um novo dia para matar (2017), Parabellum (2019) e Baba Yaga (2023). Vem aí um quinto filme.

A franquia produziu também uma minissérie, The Continental: From the World of John Wick (2023) e o spin-off Ballerina (2025), Bailarina, dirigido por Len Wiseman, a partir do roteiro de Shay Hatten, é a história de Eve Macarro (Ana de Armas), assassina treinada nas tradições da máfia dos Ruska Roma.

Ana Celia de Armas Caso nasceu em Havana, em 30 de abril de 1988, onde começou sua carreira no cinema com Una rosa de Francia (2006). Aos 18 anos, mudou para Madrid, Espanha, onde estrelou El Internado, por seis temporadas, de 2007 a 2010. De Madrid, mandou-se para Los Angeles, onde, a partir de 2015, começou a trabalhar no cinema americano. Em 2022, interpretou a Bond girl Paloma no filme No Time to Die e em 2022 encarnou Marilyn Monroe em Blonde, papel pelo qual foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Ana lembra um caso que eu tive, em Manaus/AM, com uma ruiva de 18 anos, de ascendência espanhola. Ana tem olhos verdes e minha garota, às vezes verdes e às vezes azuis; os cabelos de Ana são marrons claros, os da minha garota, ruivos; Ana tem 1,68 metro e minha garota era da minha altura, 1,64 metro; só o peso de ambas é o mesmo: 55 quilos. Mais uma característica: as duas têm o mesmo olhar angelical e perigoso de Jessica Rabbit.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

A arte é feita de ilusão. Passado e futuro não existem e o presente é fluido como ectoplasma

Rinoceronte virtual ataca gladiador no Coliseu, em Roma

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 26 DE NOVEMBRO DE 2024 – Os arqueólogos recriam o passado por meio de ossos, cerâmica, ruínas etc. e, os historiadores, através de registros escritos. Com esses elementos, tentam recriar animais extintos, indumentárias, adereços, vasilhas, arquiteturas e cidades, e descrever costumes e culturas. Essas recriações atingiram a estratosfera da fantasia com a sétima arte, ao longo do século XX, e, já neste século XXI, com a informática. 

O exemplo mais emblemático que se pode dar é o de Jesus Cristo. Supondo que houve um Jesus histórico, ele teria olhos escuros, estatura média, pele morena e cabelos crespos. O de Hollywood tem olhos azuis, é alto e seus cabelos são longos, louros e bem cuidados. E acredito que 99 por cento dos ocidentais juram que ele era assim mesmo, igual astro de Hollywood. 

Acho que o diretor italiano Federico Fellini foi quem melhor utilizou a trucagem no cinema, e, agora, o inglês Ridley Scott, criador de Blade Runner, o Caçador de Androides; Alien, o Oitavo Passageiro; Napoleão; e Gladiador I e II. 

Napoleão deu o que falar, porque muitos, incluindo historiadores, não concordavam com o Napoleão Bonarparte apresentado por Scott. Foi aí que Scott pôs fim a essa discussão sobre se filmes históricos são documentários ou ficção. São ficção. 

O artista trabalha com licença poética, e até subverte a História. Ninguém o prenderá por isso. Quem quiser realidade precisa procurá-la na obra dos arqueólogos e historiadores. Ainda assim, é bom que tenha senso crítico. 

A sequência de Gladiador, lançada sexta-feira 22, deixou muita gente irritada com Scott e com Alexander Mariotti, consultor histórico da produção. Scott é um artista e não historiador. Assim, recria. Em 2023, o historiador Dan Snow apontou várias imprecisões no filme Napoleão; Scott aconselhou-o a “arranjar o que fazer”. 

Em Gladiador II, a arquitetura romana foi recriada e Scott criou até uma cafeteria em plena Roma clássica. Na época em que a trama se passa o Coliseu era conhecido como Anfiteatro Flaviano e os gladiadores não lutavam contra babuínos, rinoceronte e tubarões. Também quase a metade dos gladiadores eram pessoas livres e personagens como os imperadores gêmeos Caracalla e Geta realmente existiram, mas não do jeito como foram dramatizadas no filme. 

– O que Ridley faz não é diferente de Shakespeare ou Michelangelo. É usar a História para contar uma história e nos ensinar uma lição – esclarece Alexander Mariotti.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Filmes como Nosso Lar – Os Mensageiros dão uma ideia do que é a matéria e a verdadeira vida

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE JANEIRO DE 2024 – A matéria, constituída de átomos, com volume e dimensões, os sentidos, o prazer e a dor, o instinto, o intelecto, são tecnologias para que espíritos vivam a experiência da carne; são características da raça humana. O corpo humano é pura tecnologia, assim como o nosso planeta. Essa informação é passada nos dois filmes da franquia Nosso Lar, escritos e dirigidos por Wagner de Assis. 

Como cinema a franquia não é grande coisa, mas como mensagem é revolucionária, assim como os livros Nosso Lar e Os Mensageiros, do espírito André Luiz, psicografados por Chico Xavier. 

Nosso Lar é uma cidade astral, cerca de 500 quilômetros acima do Rio de Janeiro, feita de matéria, mas outro estado da matéria, diferente da matéria condensada da Terra. Ela, assim como as muitas outras cidades astrais em volta do globo terrestre, recebe espíritos de pessoas que desencarnaram, os mortos. 

Há espíritos tão densos que ficam por aqui, mesmo, atentando os outros. São os encostos, espírito obsessores que vivem enchendo o saco dos outros. Os espíritos materialistas, que não sabem porra nenhuma da existência do mundo espiritual, ficam em uma zona chamada Umbral, onde penam, pensando que ainda estão encarnados, arrastando consigo todos os problemas, medos e angústias com que viviam aqui na Terra. 

Os espíritos que começam a despertar do inferno que é o Umbral são resgatados por trabalhadores das cidades astrais, tratados e encaminhados para novas encarnações e oportunidade de se iluminar, para ascender para os planos da Luz e dos Ascensionados. 

Os mensageiros são espíritos que descem ao plano denso da matéria para obras de misericórdia, porque há seres humanos que só a misericórdia divina para ajudá-los no despertar da maldade.

Roubar, cagar na lei, fazer corpo mole, tornar-se político para se espojar na bandidagem, influenciar mulheres para abortar, estuprar, matar desafetos ou arquivos vivos, invadir a propriedade alheia, desarmar a população e até policiais, criar polícia política, prender pessoas décadas a fio porque manifestaram seus pensamentos, produzir mídia mentirosa, destruir a família e o Estado, ambição desmedida, ódio, vingança, geram um carma danado.

A colheita é todo tipo de doença horrível, como câncer, acidentes de arrepiar os cabelos, chifre, vício, ódio, vingança, dor, desespero, loucura.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Quando defecam na lei só resta a justiça

Jason Statham: um dos mais estupendos atores de ação

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 16 DE JANEIRO DE 2024 – As abelhas são emblemáticas na história da humanidade. São insetos que polinizam flores e produzem mel, própolis, geleia real e veneno. Há mais de 25 mil espécies e são encontradas em todos os continentes, exceto a Antártida, por razões óbvias. 

As abelhas vivem em sociedade. A rainha é a única fêmea sexualmente desenvolvida. Além dela, há as operárias e os zangões. Cada colônia só tem uma rainha, com a missão de reproduzir a espécie. A rainha só acasala uma ou duas vezes durante sua existência, mas com vários zangões, de quem ela armazena o esperma em um órgão do seu corpo e põe cerca de 200 mil ovos por ano durante toda a sua existência, de três a cinco anos. 

Sua segunda missão é organizar e motivar, por meio de feromônios, as operária, que realizam todo o trabalho na colmeia: limpar, arejar e proteger a colmeia, cuidar da rainha, construir favo, coletar néctar, pólen e água, mastigar o néctar e transformá-lo em mel por meio de enzimas e alimentar a ninhada. Os zangões fecundam as rainhas. Cada colônia tem uma rainha, cerca de 5 mil a 100 mil operárias e até 400 zangões. 

A sociedade das abelhas é perfeita. Foi com esse mote que o roteirista Kurt Wimmer desenvolveu o longa de ação dirigido por David Ayer e estrelado por Jason Statham, Beekeeper – Rede de Vingança (The Beekeeper, EUA, 2024). Beekeeper quer dizer apicultor. 

A crítica caiu com todo tipo de arma em cima do filme, dizendo que Jason Statham só sabe fazer filme de Brucutu e que o roteiro é primitivo, uma reles tentativa de fazer uma coisa parecida com a série John Wick. Mas Beekeeper é um thriller político por baixo de um estupendo filme de ação. 

Uma quadrilha de ladrões eletrônicos limpa meio mundo nos Estados Unidos, até furtarem todas as economias de uma senhora e dinheiro alheio que ela administrava. Desesperada, ela se mata. Só que ela era amiga de um beekeeper aposentado. Beekeepers são agentes de um programa secreto, utilizados para apagar qualquer pessoa que coloque o sistema em perigo. 

O referido beekeeper vai atrás do chefão da quadrilha, que é nada menos do que filho da presidente dos Estados Unidos. O sistema americano estava em perigo e era preciso extirpar a abelha-rainha que o pôs em perigo. 

É parecido com o que está acontecendo no Equador. O presidente de lá viu que o Estado está em perigo, nas mãos de narcoterroristas e políticos, juízes e policiais corruptos, e pôs as Forças Armadas atrás deles, com penas de prisão perpétua para os que lograrem saírem vivos.

Aliás, a América do Sul está precisando de um beekeeper. Quando cagam na lei só resta fazer justiça. Se é justiça com as próprias mãos é irrelevante, porque, neste caso, o jogo se passa sempre fora das quatro linhas.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Godzilla ataca no Brasil. Qualquer semelhança de fatos com essa resenha é mera coincidência

O bicho precisa de um cirugião plástico para dar um trato nele

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 28 DE DEZEMBRO DE 2023 Godzilla Minus One, em cartaz na cidade, é um dos melhores filmes de monstro que já vi, ombreando-se com Jurassic Park, de Steven Spielberg, mas com muito mais drama. Trata-se de uma besta apocalíptica atômica. Só tem paralelo com o comunismo, que, no Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, avança inexorável, sem arma alguma que possa apeá-lo. 

A história é a seguinte: o piloto camicase Koichi (Ryunosuke Kamiki) sente medo de morrer e pousa seu avião em uma ilha, onde mecânicos tentam consertar o avião. À noite, recebem a visita de Godzilla, um lagarto com 50 metros de altura já conhecido na ilha como Gojira. Koichi sobrevive e consegue retornar a Tóquio, devastada, com o povo passando fome, e conhece Noriko (Minami Hamabe) e seu bebê. 

O roteirista e diretor Takashi Yamazaki criou uma história de monstro redonda, um drama de primeira categoria, e ainda proporciona uma visão do Japão pós-guerra, um povo que conseguiu se tornar a segunda maior economia do mundo, ultrapassado, depois, pela China e Alemanha, além dos Estados Unidos. 

Este Godzilla sai do Pacífico para destruir Tóquio, mas Koichi, um morto-vivo, está disposto a enfrentar a besta. Morto ele já está. Então... Fazendo um paralelo com o Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, o ataque é de outra ordem: censura, desarmamento da população, gastança desenfreada, cabide de emprego, melancias, ditador narcotraficante querendo invadir vizinho, analfabetismo nas escolas, invasão de propriedades privadas e Constituição-Geni.

Alguns jornalistas, como Augusto Nunes, ousa enfrentar Godzilla, e alguns que se exilaram nos Estados Unidos. Só que o Godzilla tupiniquim, diferentemente do monstro japonês, é muito, mas muito mais poderoso. Enquanto a besta nipônica só conta com um sopro de bomba atômica e uma couraça que se regenera, o tupi conta com 2,081 trilhões de dólares.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Napoleão: os comunistas passam, o Estado fica

Joaquin Fhoenix e Vanessa Kirby: Napoleão e Joséphine

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 30 DE NOVEMBRO DE 2023 – Muita gente, até com curso universitário, pensa que cinebiografia é documentário. Dois exemplos: Jesus Cristo de Hollywood tem olhos azuis, é louro e alto. O Jesus histórico fatalmente teria olhos e cabelos escuros e seria baixinho. É como os judeus eram no início da era cristã, segundo registros da época e arqueólogos. 

Outro exemplo é Hitler. Vários atores fizeram o papel dele e um que se destacou foi o ator suíço Bruno Ganz. Não se destacou porque parecesse com Hitler, mas porque recriou o personagem de forma marcante. 

Também as pessoas confundem livro com filme. Quantas vezes ouvi alguém reclamar que tal filme não se parecia com o livro. É claro que não. Cinema é uma coisa e livro, outra coisa. Livro se faz com palavras e cinema, com imagens, movimento e som. Às vezes, o cineasta aproveita apenas o argumento, como Francis Ford Coppola fez em Apocalypse Now, pegou a trama psicológica de O Coração das Trevas, de Joseph Conrad. 

E há quem confunda obra de arte, no caso, aqui, cinema, com História. Como em Napoleão, de Ridley Scott, ora nos cinemas. Os franceses estão uma fera com Scott. Mas o que Scott fez foi um filme. Dramatizou Napoleão, só que encarnado por um Joaquin Phoenix sonolento. Pegou o drama íntimo de Napoleão, os cornos com que sua esposa, Joséphine de Beauharnais, encarnada por uma exuberante Vanessa Kirby, adornou a cabeça do corso, e fez seu filme. 

Vi-o, hoje. É um filmaço. Dirigido por um dos maiores cineastas de todos os tempos. Deverá levar Oscar de figurino e fotografia. Mostra também que, por mais que o país esteja convulsionado, o Estado permanece. 

Nós, artistas, sempre extraímos alguma coisa das obras de arte que lemos ou vemos. Hemingway aprendeu muito com Cézanne. Gosto dos obesos do Bottero e presto bastante atenção em algumas personagens e sequências cinematográficas; em Fellini, principalmente. Creio que até hoje copia-se Dom Quixote de la Mancha. 

Quanto aos comunistas, eles já estavam lá, na Revolução Francesa. Conseguem manter-se no poder até por muito tempo, como no caso da URSS, mas um dia acabam indo para o lugar que está reservado a eles na História: o esgoto.   

Senti que os críticos de cinema reclamam que Scott não deu a atenção que eles acham que as batalhas campais mereciam, mas a grande batalha do Napoleão de Scott é consigo mesmo. O filme é um épico, mas um épico intimista. 

Ridley Scott é inglês e está fazendo, hoje, 86 anos. Já deixou seu nome na história do cinema com Alien (1979) e Blade Runner (1982). Fez também o épico Gladiador (2000). Foi influenciado por H. G. Wells e por 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. “Assim que eu vi aquilo soube que poderia fazer igual.” 

Bom, agora vamos ao Napoleão Bonaparte histórico. Nasceu em Ajaccio, Córsega, em 15 de agosto de 1769, e morreu em Longwood, Santa Helena, em 5 de maio de 1821. Quando a Revolução Francesa eclodiu, em 1789, ele estava servindo como oficial de artilharia no exército francês. Sua atuação firme para controlar a anarquia que se seguiu o tornou general aos 24 anos. 

Aos 26 anos, conquistou toda a Península Italiana, tornando-se um herói de guerra na França. Em 1798, lidera uma expedição militar ao Egito. De volta à França, em novembro de 1799, orquestra um golpe e se torna o primeiro cônsul da República. 

Na década de 1810, comanda as Guerras Napoleônicas e domina quase toda a Europa, até a Campanha da Rússia, em 1812, quando o inverno russo quase acaba com o exército de Napoleão. Em 1813, uma coligação europeia o derrota e no ano seguinte invade a França, forçando Napoleão a abdicar e seguir para o exílio na ilha de Elba. 

Em fevereiro de 1815, Napoleão escapa de Elba e consegue assumir novamente o controle da França. Nova coalizão é formada e o derrota na Batalha de Waterloo, em junho. É exilado em Santa Helena, no Atlântico Sul, onde morreu em 1821, aos 51 anos. 

Napoleão implementou reformas liberais não só na França, mas em todos os países que controlou. O Código Napoleônico influenciou o Direito em mais de 70 nações em todo o planeta. 

Afirma o historiador britânico Andrew Roberts: “As ideias que sustentam nosso mundo moderno – meritocracia, igualdade perante a lei, direitos de propriedade, tolerância religiosa, educação secular moderna, finanças sólidas etc. – foram defendidas, consolidadas, codificadas e estendidas geograficamente por Napoleão. Além disso, ele também acrescentou uma administração local racional e eficiente, o fim do banditismo rural, o incentivo à ciência e às artes, a abolição do feudalismo e a maior codificação de leis desde a queda do Império Romano”. 

Em segundo plano, no filme, desenrola-se a Revolução Francesa (1789-1799), capaz, por si só, de render uma telenovela de um ano, movimentadíssima. O rei, Luís XVI, absolutista, escorchava o povo com impostos e gastava a rodo. O Iluminismo começava a iluminar as mentes. Em 1793, Luís XVI perdeu a cabeça, literalmente. 

O filme começa com a execução na guilhotina de Maria Antonieta, arquiduquesa da Áustria, esposa do rei Luís XVI e Rainha Consorte da França e Navarra (1774-1792). Casou-se em abril de 1770, aos 14 anos, com o então delfim de França, que subiria ao trono em maio de 1774, como Luís XVI. O povo a detestava, acusando-a de perdulária, promíscua e frívola. Nove meses após a execução de Luís XVI, Maria Antonieta foi julgada e condenada por traição, e perdeu a cabeça em 16 de outubro de 1793. 

Que casal!

Essa história lembra o Brasil atual: ditadura, inflação e gastança desenfreada. Se Ridley Scott fosse brasileiro deitaria e rolaria. Não! Seria jogado na Papuda.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Assassinos de dignidade. A eclosão do ovo da serpente e dele surgindo nove garras

Assassinos da Lua das Flores é um estudo sobre a ganância

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 8 DE NOVEMBRO DE 2023 Assassino da Lua das Flores, de Martin Scorsese (80 anos), em cartaz nos cinemas, é cinema de primeira categoria. É provável que Leonardo DiCaprio leve seu segundo Oscar. DiCaprio é um dos maiores atores da atualidade. Fala muita besteira, mas sabe atuar. Acusa o presidente Jair Messias Bolsonaro de incendiar a Amazônia, diz que a Hileia é o pulmão do planeta, que lá tem dinossauro, mas dinossauro só há em Brasília. 

DiCaprio contracena com um dos dois maiores atores vivos: Robert De Niro. O outro é Al Pacino. Lily Gladstone, que faz a índia Mollie, dá um show de interpretação e certamente levará para casa a estatueta mais famosa do cinema. 

Assassino da Lua das Flores é baseado em Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI, de 2017, do jornalista americano David Granns, sobre os assassinatos que aconteceram nos anos 1920 no condado de Osage, no estado americano de Oklahoma, elucidados pelo FBI de J. Edgar Hoover. O roteiro é de Eric Roth. 

Os índios Osage já foram o povo mais rico dos Estados Unidos, após descobrirem que suas terras tinham petróleo. Mas, na época, era mais fácil um homem ser preso por chutar um cachorro do que por assassinar um índio. Isso atraiu bandido de todo lado. É aí que chega ao condado Ernest Burkhart (DiCaprio), sobrinho de Willian Hale (De Niro), que mantém excelente relacionamento com os Osage, e até fala sua língua. 

Como quem está tecendo uma gigantesca trama, mas tem absoluto controle sobre o resultado final, Scorsese revela aos poucos a simplicidade dessa trama: uma mente diabólica, que mata e sopra, e que tem completo desprezo pela vida humana, que mata como quem mata baratas, para ficar com os despojos. O filme tem três horas de duração e não é dublado, é com legenda, mas não sentimos as horas passarem. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. 

Com Scorsese, a violência é brutal, mas quase sem sangue. É uma violência quase tão enlouquecida quanto a dos terroristas do Hamas, que assaram bebês vivos em fornos na frente dos pais, estupraram mulheres na frente de seus maridos e torturaram até à morte.

Scorsese é um estudioso da alma. Imagino-o dirigindo um roteiro baseado no meu romance O CLUBE DOS ONIPOTENTES, mostrando o desenvolvimento do ovo da serpente, o ovo eclodindo e dele saindo duas mãozinhas, uma com quatro garras.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Haverá O Protetor 4? A máfia no Brasil

Lula na Lava Jato. Sergio Moro o prendeu e o STF o soltou

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 9 DE OUTUBRO DE 2013 – O diretor Antoine Fuqua declarou que está disposto a dirigir O Protetor 4, desde que o ator Denzel Washington também esteja também disposto. O Protetor: Capítulo Final, ora em cartaz nos cinemas, é o terceiro filme da franquia. Fuqua dirigiu os três; o primeiro, em 2014. 

– Acredito que o terceiro filme é o fim. Nós dois conversamos sobre isso dessa maneira. Mas nunca se sabe. Denzel está em forma. Ele está treinando todos os dias. Se você o visse agora, você ficaria surpreso. Ele está realmente saudável. Sim, depende dele. Obviamente, se ele queria fazer outro, eu também faria – Fuqua declarou à Entertainment Weekly. 

– Não quero dizer que ele encontrou a felicidade e não quero entregar tudo, mas ele conhece alguém adorável, está em uma cidade adorável e parece estar em paz. Esse parece ser um bom lugar para parar. Eu não sabia que haveria três (filmes). Definitivamente não sabia disso quando fizemos o primeiro. Eu não sabia como isso terminaria – disse Denzel Washington à Empire, dando a entender que Robert McCall vai se aposentar realmente, desta vez. 

No Capítulo Final, Robert McCall vai ao sul da Itália em uma missão pessoal e, levado pelas circunstâncias, acaba se afeiçoando à pequena cidade onde se encontra, quando descobre que ali todos estão sob o controle da máfia. Não dá outra. Não sobra um mafioso para contar a história. 

Na trilogia, Denzel Washington encarna o agente secreto aposentado Robert McCall, que se torna justiceiro. Como tal, é uma máquina de matar. Os enredos dos três filmes nada têm de extraordinário. O deste último é do trio Richard Wenk, Michael Sloan e Richard Lindheim. Meio arrastado. Mas Denzel Washington é um dos melhores atores de Hollywood. Isso, aliado à cuidadosa produção da trilogia, fez de O Protetor um sucesso. E só. 

Não é como, por exemplo, John Wick. Nos quatro filmes da franquia, a partir do universo do assassino aposentado e da própria personagem, fascinante, encarnada por Keanu Reeves, dá para criar um mundo de histórias. 

Certa vez comecei a fazer um curso de italiano e a professora, uma senhora espirituosa e viajada, me perguntou por que eu queria aprender italiano. Talvez ela tenha feito essa pergunta a mim porque a turma tinha mais adolescentes e eu era um dos poucos velhotes em sala. Ela completou a pergunta comentando que a Itália, apesar de ser uma botinha no Mediterrâneo, tinha seis máfias, além do que o italiano tem mais grego do que latim. 

Concordei com ela, mas lhe disse que ninguém deveria morrer sem antes conhecer a Itália. Ela entendeu. Os roteiristas e Fuqua exploraram isso. 

As máfias italianas são: Ndrangheta, Camorra, Cosa Nostra, Stidda, Sacra Corona Unita, Bando della Magliana e uma sétima, Máfia Capital. A Ndrangheta, um verdadeiro sindicato do crime organizado, remonta ao século XVIII. É considerada a mais poderosa do mundo. McCall se mete com a Camorra, que fatura 5 bilhões de dólares por ano, principalmente com o tráfico de drogas. 

Contando com cerca de 110 famílias operacionais e 7 mil afiliados, também opera com agiotagem, extorsão, contrabando de cigarros e de carne, fraude, jogo clandestino, prostituição, tráfico de pessoas e taxa de proteção. Já estaria operando no Brasil? 

Máfia é um sindicato do crime organizado, secreto, regido pelo silêncio e extrema violência. É raro identificar um chefão. Procuram se infiltrar nas instituições do Estado, principalmente nos meios políticos, mas, às vezes, seus chefes são os próprios. 

De acordo com o acadêmico Diego Gambetta , a palavra “máfia” é oriunda do siciliano “mafiusu”, por sua vez do árabe “mahyas”, que significa “orgulho”, ou “marfud”,  “rejeitado”. No século XIX, significava uma pessoa orgulhosa e destemida. O etnógrafo siciliano Giuseppe Pitrè afirma que a associação da palavra máfia com o crime ocorreu em 1863, na peça I mafiusi di la Vicaria (O Belo Povo da Vicaria), de Giuseppe Rizzotto e Gaetano Mosca, que trata sobre gangs na prisão de Palermo. A palavra “máfia” foi utilizada pela primeira vez, oficialmente, em 1865, em um relatório do prefeito de Palermo, Filippo Antonio Gualterio. 

Esse tipo de organização surgiu no sul da Itália, na Idade Média, quando pequenos proprietários de terras eram explorados por senhores feudais. Assim, criaram um sistema de cotização para se armarem e sabotarem as terras dos senhores feudais. Quem não pagasse tinha o próprio gado e as plantações arrasados. Era a proteção forçada, método que se espalhou para todo o planeta. 

De modo que foi da Itália que o termo máfia passou a caracterizar o crime organizado, como a máfia russa, a máfia japonesa (Yakuza), o Primeiro Comando da Capital etc. 

A trilogia O Poderoso Chefão, dirigido por Francis Ford Coppola, baseada no livro homônimo de Mario Puzo, mostra o crescimento da máfia, a Cosa Nostra, nos Estados Unidos. A trama do último filme da série se passa em torno da lavagem de dinheiro por meio da associação com uma imobiliária, envolvendo injeção de centenas de milhões de dólares no Banco do Vaticano. 

Em meados dos anos 1980, a máfia italiana conseguiu aparelhar o poder público. Aí o Estado criou a Operação Mãos Limpas e centenas de mafiosos foram presos e condenados, apesar dos 24 juízes e promotores assassinados durante o processo. 

No Brasil, que tem 53 facções, como são chamadas as máfias locais, o então juiz Sergio Moro, hoje senador, fez uma Operação Mãos Limpas, a Lava Jato, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) soltou todo mundo e Moro quase é assassinado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), sediado em São Paulo/SP e presente em 24 estados e no Distrito Federal.

O Amapá, meu estado natal, está nas mãos do PCC, Comando Vermelho, Família Terror do Amapá e União do Crime do Amapá. O Setentrião se tornou um corredor do narcotráfico.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

O poderoso Prizzi e o comunismo meia-boca

Kathleen Turner é uma esposa meiga e louca por dinheiro

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE SETEMBRO DE 2023 – Não há comunismo sem revolução, sem sangue em escala e sem apoio das forças armadas do país. É por isso que, mesmo com o Brasil fazendo mesuras para o Partido Comunista Chinês, os Estados Unidos ainda não deram uma resposta avassaladora a nós. A China é uma potência nuclear capaz de fazer frente a qualquer nação do planeta, menos aos Estados Unidos. Já se sabe, por uma informação aqui, outra ali, que antes que a China consiga jogar uma bomba de hidrogênio sobre os Estados Unidos poderá ser varrida do mapa. Aí, nesse caso, a Terra virará um inferno. 

Mas tem uma hora que o capeta consegue dar uma cutucada com terçado nos ovos do dragão; não o chinês, mas o americano, mesmo, a águia. Mas são só negócios. Como no filme A Honra do Poderoso Prizzi. 

Prizzi's Honor é o penúltimo filme de John Huston, de 1985 (o derradeiro é Os vivos e os mortos, de 1988, adaptado de um conto de James Joyce). Lembro quando o vi na estreia no Brasil, em Belém do Pará. Baseado em um romance de Richard Condon, o roteiro, de Condon e Janet Roach, é impecável; a fotografia, de Andrzej Bartkowiak, é belíssima, e por aí vai. No elenco, um dos maiores atores de todos os tempos, Jack Nicholson, contracena com a deslumbrante Kathleen Turner e com uma Anjelica Huston no auge. 

Não deu outra: oito indicações ao Oscar: Filme, Diretor, Ator (Jack Nicholson), Ator Coadjuvante (William Hickey), Atriz Coadjuvante (Anjelica Huston), Roteiro Adaptado, Montagem e Figurino. Anjelica Huston levou o Oscar de Atriz Coadjuvante. O filme ganhou também quatro Golden Globe: Melhor Comédia/Musical, Diretor, Ator Comédia/Musical (Jack Nicholson) e Atriz Comédia/Musical (Kathleen Turner). 

Prizzi é um filme de máfia e uma comédia de humor negro. Nicholson encarna Charley Partanna, assassino profissional, afilhado do poderoso Don Corrado Prizzi (William Hickey), chefão de uma poderosa família mafiosa dos Estados Unidos, e separado da neta de Don Corrado, Maerose (Anjelica Huston). 

Durante uma festa de casamento, Partanna conhece e se apaixona instantaneamente pela deslumbrante Irene Walker (Kathleen Turner), que está em Nova York a trabalho e corresponde à paixão avassaladora de Partanna. Começa, aí, um desses relacionamentos tórridos, de horas e horas dedicadas ao esporte sexual. Mas o problema lateja o tempo todo: Irene é também assassina profissional. E em curto espaço de tempo um acaba sendo contratado para matar o outro. 

Enquanto isso, Don Corrado Prizzi, um velhinho encarquilhado, encurvado, fumante inveterado, manipula a todos com maestria, movido pela máxima: são só negócios. E o negócio dele é apenas um: dinheiro. 

Isso parece um roteiro hodierno, envolvendo marionetistas exímios, velhos bichados, predadoras, assassinatos misteriosos e tentativas de homicídio. O problema, neste caso, é que há vários capo di tutti capi e todos os mafiosos estão com seus cofres secos, e a burra também está seca. Assim, é preciso tomar dos outros tudo o que é comercialmente valioso e vender o fruto do assalto no mercado negro. Como fazem os mafiosos. 

As máfias do mundo inteiro agem como um estado dentro do estado, para o que aparelham as instituições do estado legal, especialmente a polícia. Quando conseguem seduzir as forças armadas, aí se instalam como carrapatos; é o que chamamos de ditadura totalitária, como na China, Cuba, Venezuela etc. A Rússia continua ditadura meia-boca, pois Vladimir Putin, o capo di tutti capi russo, ainda não conseguiu restaurar inteiramente o czarismo, ou comunismo. 

Segundo a Espiritualidade, o Brasil é o coração do mundo, a pátria do Evangelho. Este paraíso tropical, com 8.515.759 quilômetros quadrados e 214 milhões de habitantes, abriga todas as religiões do planeta e todas as etnias. Aqui, europeu procria com índio, africano, asiático, e todos procriam com todos, gerando mulatos, mamelucos e cafuzos. É um povo amoroso e alegre.

É verdade que boa parte do povo brasileiro é alienada, ao que os comunistas chamam de idiota útil, mas gafanhotos não se dão bem com o nosso sol e com a vibração de amor emanado do povo, mesmo que as máfias brasileiras, chamadas de facções, estejam aparelhadas pelos magos negros. O resultado é que o poder do capo di tutti capi é o de um pato manco, de andador.

sábado, 29 de julho de 2023

Oppenheimer: o começo do Armagedom

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE JULHO DE 2023 Oppenheimer (2023, 180 minutos), com Cillian Murphy, Matt Damon (na sua plenitude) e Robert Downey Jr., é o melhor de Christopher Nolan. Cinebiografia científica, o filme mergulha no mundo psicológico dos gênios da mecânica quântica e, de quebra, em como as decisões com consequências globais são tomadas. Tudo em linguagem cinematográfica de quem domina completamente como olhar por trás das câmeras. A montagem de Jennifer Lame é um poema expressionista. 

O filme mostra, ainda, que há um tipo de energia que direciona o homem: sexo. Oppenheimer teve embates na cama com mulheres instigantes, tanto física quanto intelectualmente. Nesses embates, a aura de um se mistura com a do outro, transmitindo o lixo que carregam, suas frustrações. Fumante compulsivo, Oppenheimer morreu de câncer na garganta, aos 62 anos de idade. Na Medicina Tradicional Chinesa, o coração tem a ver com o corpo astral, o das emoções, e se manifesta na garganta. 

Christopher Nolan utiliza imagens expressionistas e sons do Armagedom para configurar a mente de Oppenheimer, um gênio que inventou uma arma terrível, capaz de pôr fim a uma guerra mundial, mas, também, de exterminar a Humanidade. 

Vamos ao homem. Julius Robert Oppenheimer (Nova Iorque, 22 de abril de 1904 – Princeton, 18 de fevereiro de 1967), judeu, físico teórico americano, doutor aos 23 anos de idade, com formação em química e física, foi pioneiro em mecânica quântica, física nuclear, estrelas de nêutrons e buracos negros. 

Advertido por Albert Einstein, em 1939, de que o regime nazista estaria trabalhando na criação da bomba atômica, pois Einstein sabia quem havia físicos na Alemanha que já estavam tentando dar uso prático à fissão do átomo, Oppenheimer começou a pesquisar sobre o processo de obtenção de urânio-235, a partir do urânio natural, para determinar a massa crítica de urânio. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, Oppenheimer assumiu o Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, o Projeto Manhattan, para a criação da bomba atômica, construída entre 1943 a 16 de julho de 1945. Em agosto de 1945, duas bombas nucleares foram despejadas em Hiroshima e Nagasaki, pondo fim à resistência japonesa na Segunda Guerra Mundial. Nessas alturas, Hitler já estava no outro lado da vida. O Projeto Manhattan já contava, então, com mais de 6 mil pessoas. Tudo custou 2,4 bilhões de dólares. 

Finda a guerra, Oppenheimer se tornou presidente do Comitê Consultivo Geral da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos (CEA) e começou a fazer lobby pelo controle internacional da energia nuclear, para evitar a proliferação de bombas atômicas, opondo-se ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio. 

A primeira bomba atômica, a Little Boy, que explodiu sobre Hiroshima, tinha a potência de 20 mil toneladas de TNT. Uma bomba de hidrogênio de 1,1 quilograma produz uma explosão equivalente a 1,2 milhão de toneladas de TNT, com capacidade, portanto, de devastar uma cidade inteira, por meio da explosão, incêndios e radiação. A fusão nuclear ocorre nas estrelas, como o nosso Sol, atingindo dez milhões de graus Celsius.   

O astronauta Edgar Mitchell, da missão Apollo 14 e o sexto homem a caminhar na Lua, acredita que aliens visitaram a Terra com o objetivo de impedir o uso de armas nucleares durante a Guerra Fria, o que, segundo ele, explica os avistamento de ovnis próximo a bases militares, na época. 

– Falei com muitos oficiais da Força Aérea que trabalharam nessas estações durante a Guerra Fria. Eles me contaram que os ovnis eram vistos com frequência e que eram capazes de desligar seus mísseis. Outros oficiais da costa do Pacífico contaram que os mísseis eram derrubados com frequência por naves alienígenas – afirmou.

As armas nucleares podem pôr fim à Terra. O arsenal atual pode explodir o planeta 100 vezes. Mesmo que não exploda, o céu ficaria encoberto de poeira por anos, o que inviabilizaria a vida no orbe. Isso é chamado de Armagedom, o fim da Humanidade. O clube das potências nucleares é pequeno, mas todos os países ricos, inclusive o Brasil, têm capacidade de construir a bomba atômica. A pergunta que se faz é: para quê?

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Castraram Indiana Jones

Um arqueólogo e professor aposentado no mundo da Disney

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 12 DE JULHO DE 2023 – O cineasta George Lucas criou o personagem Henry Jones, Jr., ou Indiana Jones, e seu colega Steven Spielberg o recriou na tela. Trata-se de um professor de arqueologia e aventureiro americano dos anos 1930. Desde o primeiro filme, de 1981, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, o ator Harrison Ford encarna Indiana, que nas suas viagens em busca de alguma relíquia não se esquecia do chicote, sua arma predileta, chapéu, mochila e jaqueta de couro, além do conhecimento, profundo, de civilizações e línguas antigas, e senso de humor. E um revólver também. Indiana era o nome do cão que Henry tinha quando criança. Na realidade, esse era o nome do cachorro de George Lucas. 

Reza a história que em 1977, Spielberg disse a Lucas que queria dirigir um James Bond. Lucas respondeu que tinha algo ainda melhor para Spielberg, e lhe apresentou o arqueólogo. 

Depois de Os Caçadores da Arca Perdida vieram   Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), Indiana Jones e a Última Cruzada (1989) e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), sempre sob a batuta de Steven Spielberg, para quem a franquia deveria ser encerrada com A Última Cruzada. Mas Spielberg, Lucas e Ford acabaram decidindo por mais um filme, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, com um Ford já sem a energia dos anos 1930. 

Pois bem, a Disney produziu Indiana Jones e a Relíquia do Destino, em cartaz nos cinemas. Com Harrison Ford, sob a direção de James Mangold e roteiro de James Mangold e John-Henry Butterworth. São duas horas e meia de decepção, e de castigo também, se o cinema é um daqueles com temperatura em zero grau e som bate-estaca. Chega uma hora que o roteiro vira um samba do crioulo doido e de repente a ação pula para a Era Clássica. O filme termina com dois velhos, Indiana e a mulher dele, que resolve voltar para casa, se beijando; um beijo mofado. 

As personagens de ficção não morrem. Mas o que aconteceu com Indiana é que tiraram dele seu espírito aventureiro por causa da sua idade avançada. Ele foi castrado. Foi transformado em um cidadão comum. Mataram o herói.

É aí que entra a Disney. A empresa americana determinou que sexo é cultural. Machos são transformados em bamby e mulheres tem casos cabeludos com outras mulheres; personagens brancas são agora negras; comunistas são santos; e na Amazônia há girafas, zebras e leões. Não demora e surgirá um Tarzan se beijando com bonobos.

quarta-feira, 29 de março de 2023

John Wick 4 – Baba Yaga: três horas de tirar o fôlego, com Keanu Reeves no balé da morte

Keanu Reeves: estrela mítica no céu de Hollywood

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE MARÇO DE 2023 – Acho O Poderoso Chefão a mais perfeita sequência cinematográfica já produzida. Dirigida pelo gênio Francis Ford Coppola, com base no romance homônimo, de Mario Puzo, a trilogia teve a participação de três dos maiores atores de todos os tempos: Marlon Brando, Al Pacino e Robert De Niro. Também sou fã de outra sequência: Kill Bill, de 2003 e 2004, do roteirista e diretor Quentin Tarantino, com Uma Thurman. Tarantino fará Kill Bill 3? Ninguém sabe. 

Há alguns diretores, atores e sequências que aguardo com expectativa. Lembrei-me agora de Federico Fellini, de quem fui ver alguns filmes na estreia. Não perco nenhum Tarantino e procuro não perder nenhum Ridley Scott e Steven Spielberg, por exemplo, e vejo tudo o que posso de Al Pacino e Robert De Niro. E não perco, de jeito algum, 007. 

Mas se há algo que para mim seria um pecado perder é John Wick, encarnado por uma estrela mítica: Keanu Reeves. Fui assistir, hoje, em sessão das 13h30, em um dos cinemas Itaú, no shopping Casa Park, John Wick 4: Baba Yaga, com roteiro, redondinho, de Michael Finch e Shay Hatten. Além da minha esposa e eu, só havia mais um casal no cinema, e os cinemas Itaú são bons, exceto pela altura do som, de bate-estaca. 

Toda a sequência de John Wick é cinema americano de ponta. A morte dançando balé. Começou, em 2014, com John Wick – De Volta ao Jogo, dirigido por Chad Stahelski e David Leitch, com roteiro de Derek Kolstad. John Wick é um assassino aposentado que volta ao jogo porque mataram seu cachorro, presente de sua esposa, recentemente falecida, e roubaram seu carro. 

Em 2017, estreou John Wick 2: Um Novo Dia Para Matar, com direção de Chad Stahelski e roteiro de Derek Kolstad. John Wick volta novamente ao jogo, agora por causa de uma dívida antiga: tem de derrubar uma organização secreta de assassinos. 

Em 2019, estreou John Wick 3: Parabellum, com direção de Chad Stahelski e roteiro de Derek Kolstad, Shay Hatten, Chris Collins e Marc Abrams. Nesta sequência, John Wick tem de fugir de Nova York, pois a Alta Cúpula do crime, uma poderosíssima organização, oferece 14 milhões de dólares pela sua cabeça, porque John Wick quebrou algumas regras. 

Os quatro filmes, principalmente este último, levam o gênero ação à estratosfera. As sequências de lutas, mortes e em automóveis são como um longo balé mortal, de tirar o fôlego durante tempo interminável. Além de roteiros redondos e direção competente, o assassino John Wick é encarnado por um dos atores mais carismáticos de Hollywood: Reeves. Preparem-se para John Wick 5.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Daniel Craig tem agora todo o tempo para viver

Daniel Craig e Léa Seydoux, inimagináveis como um
casal comum, ele lavando pratos e ela engordando

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 26 DE OUTUBRO DE 2021 – Nunca um ator emprestou tanto charme a uma personagem complexa como o 007 James Bond quanto o ator inglês Daniel Craig, nos cinco filmes que estrelou encarnando o agente secreto do MI6. Na vigésima quinta sequência da saga, 007 – Sem Tempo Para Morrer (2h43), pronta desde 7 de março de 2020 e só agora em cartaz, devido à pandemia, a franquia produziu cinema na medida para Craig, que se aposenta da personagem ainda jovem, com saúde, celebridade, dinheiro e todo o tempo para viver. 

Os filmes com 007 foram baseados em histórias independentes umas das outras, mas nos cinco filmes com Craig houve uma sequência, com ligação entre os vilões. 

Em 2005, a Universal decidiu substituir Pierce Brosnan por Daniel Craig no papel de James Bond. Quando os cinéfilos da série souberam, choveu crítica contra Craig, principalmente porque o consideraram baixinho, 1,78. Mas Craig começou com o pé direito: em Casino Royale (2006) baseado no livro em que Iam Fleming cria o agente, e com direção de Martin Campbell, que já tinha dirigido 007 Contra GoldenEye. Em Casino Royale, Craig estoura uma organização terrorista. 

Já nesse primeiro filme com Craig o agente começa a se humanizar; apaixona-se por Vesper Lynd (Eva Green), funcionária do Tesouro do MI6. Essa característica, sentimental, atravessa os cinco filmes com Craig. Isso é a tragédia, pois um agente como 007 não deve se apaixonar, considerando que seu trabalho é perigoso, e violento, capaz de varrer do mapa Bond e tudo o que está muito perto dele, literalmente. 

Voltando a Casino Royale, Bond decide se aposentar para viver com Vesper, mas descobre que há outro homem na vida dela e em dívida com a organização criminosa que Bond estourou. Vesper furta dinheiro de Bond para quitar a dívida do namorado e do próprio ex-agente, mas, na transação, morre. Bond retorna à ativa para chegar ao chefão da quadrilha, Mr. White. 

Segue-se Quantum Of Solace (2008), que começa com Bond levando Mr. White para ser interrogado e descobrindo que a organização da qual ele faz parte se chama Quantum. Mr. White foge. Bond descobre um agente da Quantum no Haiti, envolvido com um golpe de estado na Bolívia. 007 estoura também a Quantum e descobre o namorado de Vesper na Rússia, e que é agente da Quantum. 

A terceira participação de Craig foi em Skyfall (2012). Ao tentar recuperar um vídeo comprometedor, Bond é baleado e considerado morto, aproveitando isso para se aposentar novamente. O vídeo é divulgado, revelando a identidade de agentes secretos no mundo todo. Bond decide então retornar ao MI6 para capturar o responsável, um ex-agente do MI6, Silva, que virou ciberterrorista. Pega Silva, mas isso fazia parte do plano insuspeito do terrorista. 

O penúltimo filme com Craig foi Spectre (2015), que teve a participação da estonteante francesa Léa Seydoux, na pele da psiquiatra Madeleine Swann. Bond está prestes a descobrir uma organização criminosa relacionada a Mr. White e à Quantum, que é parte de algo maior, a Spectre, liderada por Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz), e descobre que Blofeld estava por trás de tudo o que aconteceu com ele, desde Vesper, mas descobre também Madeleine, por quem se apaixona e parte para sua terceira aposentadoria. 

James Bond e Madeleine Swann são inimagináveis como um casal comum, ele lavando pratos e ela engordando.

Um parêntese: a bond girl cubana Ana de Armas dá um show à parte. Ela e Léa Seydoux são uma bomba de sensualidade. 

Só que em Sem Tempo Para Morrer Bond descobre segredos envolvendo Madeleine e é chamado de volta à ativa para combater o sinistro vilão Lyusifer Safin (Rami Malek), detentor de uma tecnologia perigosíssima, com a qual ameaça todo o planeta. Sem Tempo Para Morrer conta com elenco de primeira categoria, roteiro impecável de Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga e Phoebe Waller-Bridge, trilha sonora primorosa e direção de Cary Fukunaga. 

Ian Fleming (1908-1964) foi um militar, jornalista e escritor britânico. Seus livros já venderam mais de 100 milhões de exemplares. Quando Bond foi criado por Fleming, em 1953, no romance Casino Royale, os leitores adoraram. Em 1962, com O Satânico Dr. No, encarnado pelo escocês Sean Connery, o agente ganhou os cinemas. Fleming tirou o nome James Bond do autor do livro favorito de sua esposa, Birds of the West Indies, sobre ornitologia, e escreveu doze livros e dois contos protagonizados por Bond. Após sua morte, em 1964, Kingsley Amis e Raymond Benson, entre outros, deram sequência a livros protagonizados pelo agente secreto mais famoso de todos os tempos. 

Bond, segundo Fleming, é alto (nos padrões ingleses), moreno, caucasiano, de olhar penetrante, atlético, viril, sedutor, elegante, com idade entre 33 e 40 anos, gosta de vodka-martini batido (não mexido), é perito em artes marciais, pode meter uma bala no buraco da outra e tem licença para matar (quando é preciso, esclareça-se). Também é uma bomba de testosterona, sempre cercado de mulheres sensuais, boas de briga e de pontaria, e que não perdem a chance de se deixarem seduzir pelo irresistível agente, Bond, James Bond.

sábado, 11 de abril de 2020

Léa Seydoux ao sol, no Sudoeste, em Brasília



BRASÍLIA, 11 DE ABRIL DE 2020 – De repente, o mundo amanhece numa ditadura chinesa, os shoppings estão fechados, os estudantes sumiram das ruas, o Parque da Cidade está deserto. Olho pela janela e vejo a manhã nua, não ouço nenhum riso de criança, e somente, aqui e ali, a nudez da manhã é quebrada por um velho, ou uma moça, conduzindo cachorros, o saco para recolher cocô numa das mãos, impondo à manhã mais solidão ainda. E me dou conta de que não há nada a fazer. Então, viajo para dentro. Trabalho, todos os dias, em novo romance, que, neste momento, é como um trem de alta velocidade que tomo a cada manhã; às vezes, ele se transforma em um Boeing.

Hoje, arrumei minha estante. A prateleira dos livros para ler ampliou-se. Nela, há de tudo: de Joseph Conrad a medicina tradicional chinesa, passando pela Fisiologia do Comportamento, de Neil R. Carlson, a Malabar Azul, de Isnard Lima Filho. Há também uma entrevista com Paulo Coelho na Playboy de agosto de 2008 e o Anuário Brasileiro de Pesca Esportiva de 2013, no qual quero reler sobre o maior marlim azul do mundo, que foi capturado na costa do Espírito Santo. São dezenas de livros, incluindo a Bíblia e Bhagavad-Gita, além dos que estou lendo ao computador.

Mas não leio por obrigação. Acho que leio um pouco por compulsão, porém mais por prazer, pois descobri, ainda cedo, que a vida é mental, que a experiência dos sentidos é quase sempre fugaz, exceto quando sentimos com o coração, como o primeiro beijo, que é como as rosas, pode até ser destruída, esmagada, mas a sensação dela na alma é para sempre.

Se nos sentimos felizes, bastamo-nos a nós mesmos, e não sentimos saudade dos ex-amigos, nem das grandes livrarias, nem do mar. Se nos sentimos felizes, tudo isso está dentro de nós.

Lá fora, há várias guerras. Uma, se trava contra o coronavírus; outra, contra os assaltantes soltos pelo Supremo Tribunal Federal; outra ainda, contra os traidores da pátria, um enxame mais voraz do que o dos vírus.

Às vezes, ouço música, inclusive Beatles, Amira Willighagen e Angelina Jordan, e, certamente, música caribenha. Depois do infarto, reduzi tudo o que pude em açúcar, e quase não janto mais. De vez em quando, estudo medicina tradicional chinesa. E acontece de eu atender um ou outro paciente ao telefone.

Li, recentemente, todos os Stieg Larsson, David Lagercrantz, Dan Brown e sete Luiz Alfredo Garcia-Roza, reli Os Tempos Insanos (My friend Mundico), de Fernando Canto, e visitei o Copacabana Palace e o Condomínio Chopin, na Avenida Atlântica, Rio de Janeiro, onde se passa um pouco meu próximo romance.

Mantenho-me ligado, também, ao artista plástico Olivar Cunha. Recentemente fui visitá-lo e antes que as coisas ficassem feias por causa do coronavírus batemos perna pelo litoral do Espírito Santo.

No Sudoeste, em Brasília, a noite feérica foi substituída pelo silêncio e as manhãs se transformaram em luz. Tomo sol pela janela e faço abdominal e apoio no quarto. Se me canso de ler, assisto a um documentário sobre a África ou, se tenho sorte, um John Wick, com Keanu Reeves. Sem Tempo Para Morrer, com Daniel Craig e Léa Seydoux, está prometido para novembro. Léa Seydoux é maravilhosa.

Reconheço que nestes tempos de quarentena alguns são privilegiados. Mas só temos o que merecemos. Alguns contam com a geladeira cheia de comidas gostosas e podem, de madrugada, ou em outras horas do dia, ouvir gemidos de rosas, sons de luz, que se diluem entre as estrelas, e, se for dia, misturam-se ao sol.