domingo, 26 de agosto de 2012

A vida é sempre um recomeçar

BRASÍLIA, 26 de agosto de 2012 – Xarda Misturada, livro de poemas de Joy Edson (José Edson dos Santos), José Montoril e meus, foi publicado em dezembro de 1971, em Macapá. Em 1982, lancei Sob o Céu nas Nuvens, também de poemas, em Belém. Dez anos depois, estreei como contista, com A Grande Farra, em Brasília. Meu primeiro livro publicado por uma editora, Cejup, de Belém, saiu em 1996, o conto A Caça. Em 2000, lancei Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos e em 2005 a Editora Cejup publicou o romance A Casa Amarela. Em 2008, a LGE Editora, de Brasília, lançou O Casulo Exposto, de contos. Todos esses livros venderam, alguns vendem ainda, a conta-gotas.

Em 22 de outubro de 2010, o artista plástico André Cerino, meu amigo desde quando cheguei em Brasília, em 1987, criou o blog raycunha.blogspot.com. Um ano e 10 meses depois, o blog já foi visitado 17.389 vezes. Nunca fui tão lido, e por tantos leitores importantes. Dia 20 passado, comecei MBA em Marketing pela Escola de Administração e Negócios (Esad). A primeira aula dos cursos da Esad são sempre ministradas pelo seu principal executivo, Marcelo Saraceni. Pois bem, na hora das apresentações ele disse para a turma que é leitor do meu blog e me pediu para escrever o endereço eletrônico no quadro.

Depois desse episódio, ocorreu-me que muita gente importante lê meu blog, e até se corresponde comigo, como o poeta Jorge Tufic, do Clube da Madrugada, autor da letra do Hino do Amazonas. Convivi com Tufic entre 1975 e 1977. Bebíamos Antarcticas enevoadas no Bar Nathalia, em Manaus. Hoje, o poeta vive em Fortaleza.

Desconfio que sou lido também, embora esporadicamente, como acusa correspondência fragmentada, por um dos maiores repórteres do mundo, o premiado jornalista e ensaísta Lúcio Flávio Pinto, que vive em Belém do Pará. Outro escritor amazônida que me lê é o compositor popular, contista, ensaísta e professor universitário, o sociólogo Fernando Canto, de Macapá. Correspondência atesta que meu blog é lido ainda por um dos jornalistas políticos mais lúcidos do país, o romancista Ruy Fabiano, e também pelo ensaísta Jorge da Silva Bessa. Desconfio que o embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa, seja meu leitor, e tenho certeza de que o embaixador de Cabo Verde em Brasília, Daniel Pereira, lê meu blog. Esclareço que todos os meus leitores são importantes para mim, especialmente minha gata, Josiane, e minha princesa, Iasmim.

Há os leitores que se ofendem com o que eu escrevo e exigem a retirada de seus endereços eletrônicos da mala direta do blog, principalmente simpatizantes do Lulapetismo.

Este mês, passei a publicar apenas um trabalho por semana. É que dia 9 comecei em um novo emprego: assumi a coordenadoria executiva da Proativa Comunicação, agência brasiliense de porte médio, com clientes do nível da inglesa PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das maiores firmas de consultoria e auditoria do mundo, presente em mais de 150 países. As atividades lá tomam toda a semana, de modo que passei a me levantar às 4 horas para trabalhar no meu novo romance. Antes, levantava-me às 5. Então, aos sábados de manhã tenho aula de inglês instrumental e à tarde, quando não me sinto muito cansado, escrevo algo para o blog. Como ontem eu me sentia cansado, escrevo esta crônica neste belíssimo domingo, 26.

Mudamo-nos – Josiane, Iasmim, dona Joana (minha sogra) e eu – no dia 27 de maio da 711 Sul, onde moramos durante 4 anos e 4 meses, para o Cruzeiro Novo. O jardim que cultivávamos na 711 lembrava uma mina de pedras preciosas. Rosas amarelas rebentavam em cachos, fazendo-me lembrar Gabriel García Márquez como a um velho amigo, com quem eu me encontrasse quase todas as noites num bar bem iluminado e me contasse histórias caribenhas. Nas noites muito quentes o jasmineiro chorava Chanel número 5. Plantamos também um pau-rosa e a Josiane cultivava orquídeas. Em novembro, a mangueira defronte de casa ficava prenhe de mangas, doces como seios, e o sabiá cantava desde o fim de agosto até fevereiro.

No Cruzeiro Novo o sabiá também canta na mesma época; começa, a cada dia, sempre em torno das 5 horas e entra pela noite. Na 711 Sul, caminhávamos, Josiane e eu, no Parque da Cidade. Às vezes, eu ia até a Rodoviária do Plano Piloto e retornava caminhando, porque gosto de observar o movimento das ruas. Agora só caminho aos sábados e domingos, explorando o entorno da nova moradia. Vivi no Cruzeiro Velho, o bairro dos cariocas, entre 1987 e 1989, e agora percorro, nas minhas caminhadas, velhos roteiros, e vou lembrando das coisas, como marujo perdido dentro de um nevoeiro.

É que naquela época eu era alcoólatra. Comecei a beber em 1968, com 14 anos de idade, e só parei no réveillon de 2011, quando recusei o tradicional champagne. Então, parte do meu passado jaz sob vapor etílico. Mas a vida é um recomeçar, a cada segundo, e há sempre sol vazando nos jardins de Deus.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A idade da sabedoria


BRASÍLIA, 7 DE AGOSTO 2012 – Eu tinha vinte e poucos anos quando Gilberto Araújo, amigo da minha idade, profetizou que nossa geração, afogada no álcool, só iria alcançar a sabedoria após os 50 anos. Em 1996, o ocultista paraense Erwin Von-Rommel me perguntou se eu acreditava em Deus.
- Sim! – afirmei.
- E o que é Deus para ti? – indagou.
- É a harmonia do universo – respondi-lhe prontamente.
Quando reconheci que alcançaria a sabedoria após os 50 anos não sabia bem o que era isso; talvez pensasse tratar-se de alguém com a vida financeira resolvida, e em 1996, Deus, para mim, era um conceito intelectual. Domingo passado, fui ao Seminário da Luz, da Seicho-no-Ie, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que teve como palestrante o professor Heitor Miyazaki, um iluminado. Durante este seminário, compreendi que sou filho de Deus.
Os astros não se chocam, por causa das leis de atração e de repulsão, da mesma forma que os átomos do nosso corpo. Por quê? A isso os cientistas chamam de lei da gravidade, e também de éter, e eu chamo de Vida, Harmonia, Deus.
Albert Einstein descobriu que a matéria é, de fato, energia, e que o universo funciona por meio de vibrações, que podem ser dissonantes e geram o caos, ou harmônicas, gerando vida. Deus é isso.
Pois bem, estou chegando à sabedoria aos 58 anos de idade, que completo, hoje. Comecei a sentir algo prodigioso, uma espécie de júbilo. Confirmei, por exemplo, que agora vou mais fundo ao mergulhar na mulher amada, desvendando mistérios da natureza feminina, como o desnudar-se das rosas vermelhas ao esplendor da manhã, e cada vez mais nitidamente ouço a música de Mozart no ar, inundando minha alma como Chanel número 5 no corpo de mulheres muito lindas. E quando oro, alço voo cada vez mais em múltiplas dimensões. E já não preciso me esforçar para levantar-me às 5 horas, para escrever, porque, agora, utilizo força mental. O combustível para desenvolvermos força mental é harmonia; suas vibrações têm o poder do primeiro beijo, que contém pureza absoluta, e fé.
Fisicamente, sou comum. A pele começa a ficar engelhada e os músculos se transformam, aos poucos, em gordura. A calva fica maior a cada dia e os dentes já não partem ossos. Contudo, descobri que o mundo físico é apenas uma breve passagem numa dimensão fugaz diante da infinitude do Universo. O fato é que o buraco negro mais gigantesco é nada perante minha mente, pois compreendi que meu Pai é o próprio Criador.