quinta-feira, 31 de março de 2022

O dia em que conheci Ernest Hemingway pessoalmente. A Festividade do Santuário Hoozo. Existe alma desde a concepção

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 31 DE MARÇO DE 2022 – A sexagésima sexta Festividade do Santuário Hoozo, do japonês arca do tesouro, será realizada virtualmente pelo canal da Seicho-No-Ie do Brasil no YouTube, no dia 10 de abril. No próximo ano, será novamente presencial. Na virada do século, enviei para o Santuário Hoozo, da Academia Espiritual de Ibiúna/SP, o registro espiritual de Ernest Miller Hemingway, escritor americano, Nobel, que se suicidou. À noite, sonhei com ele. Um sonho nítido, colorido. A coisa se passou no antigo cine Palácio, em Belém, na Avenida Presidente Vargas. 

A plateia do cine Palácio tinha dois andares, sendo que o segundo andar ia só até mais ou menos um terço do comprimento do andar inferior. Eu estava no segundo andar e no palco do cinema desenrolava-se um evento com a presença de Hemingway já velho, de cabelos e barbas brancos. Mas a seguir Hemingway aparecia jovem, como quando ele morava em Paris, e cruzávamos o olhar; nisso, ele agradecia por eu ter enviado o registro espiritual com seu nome para o Santuário Hoozo. 

Era como se eu estivesse conversando com ele, de tão nítida foi minha impressão e sentimento desse curto diálogo com o autor de O Velho e o Mar. Passei o dia seguinte com a sensação de ter conhecido em vida um dos escritores mais geniais da literatura universal, revolucionário, porque utilizou, pela primeira vez, que eu saiba, linguagem jornalística na sua ficção, oxigenando-a, tornando-a coloquial sem perder a poesia, a profundidade. 

Venho tentando fazer isso. A diferença entre a literatura de Hemingway e a minha é que no meu trabalho entra também o plano espiritual, não apenas no nível metafísico, mas material, mesmo, como, por exemplo, nos romances A CASA AMARELA e JAMBU, nos quais personagens de ficção e reais, vivos e mortos, convivem e conversam, e a própria Casa Amarela, e a Seringueira que há no quintal, no livro, têm sentimentos. 

No Santuário Hoozo, as almas de antepassados, familiares e parentes falecidos, nominados nos registros espirituais, recebem orações diariamente, cinco vezes ao dia. Os registros espirituais são como números telefônicos que servem para sintonizar espíritos. Anualmente, a Festividade do Santuário Hoozo recebe milhares de pessoas com o objetivo de orar pelas almas de seus antepassados. 

Há também a Cerimônia em Memória dos Anjinhos Anônimos, milhões de embriões e fetos que foram abortados e esquecidos. Por isso, erigiu-se o Monumento dos Anjinhos Anônimos da Ibero-América e África Latina. Médiuns videntes veem, nesses eventos, milhares de anjinhos em toda parte do Santuário Hoozo. 

A Vida tem início no momento da concepção. Por isso, quando ocorre aborto, provocado ou espontâneo, é importante reconhecer esses anjinhos como membros da família e orar por suas almas, para que se sintam acolhidas no lar em que iriam nascer. A Cerimônia no Monumento aos Anjinhos Anônimos ocorre logo após a cerimônia principal da festividade.

Em caso de morte trágica o espírito fica inconsciente, perturbado, com dificuldade de ouvir o seu nome, assim, ele é chamado diversas vezes, ouvirá seu nome e terá oportunidade de despertar, ou seja, compreenderá que desencarnou e que precisa de cuidados dos irmãos do plano astral. Penso que foi o que ocorreu com Hemingway. Fique em paz, meu amigo!

sexta-feira, 25 de março de 2022

Amapá comemora um dos mais criativos artistas plásticos da Amazônia Caribenha: Olivar Cunha

A Última Ceia recriada por Olivar Cunha: o primeiro
apóstolo, à esquerda, é o próprio artista, e o sexto
apóstolo, também à esquerda e junto a Jesus Cristo,
é o 
ensaísta, ficcionista e poeta Fernando Canto

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 25 DE MARÇO DE 2022 – O escritor Fernando Canto, maior colecionador do trabalho do artista plástico Olivar Cunha, prepara, com a presença do pintor em Macapá/AP, em julho, uma exposição em comemoração aos 70 anos do artista e 55 anos de profissão. Em 31 de março de 1952, João Raimundo Cunha plantou uma seringueira no quintal. Na casa, nascia Olivar Cunha, na Rua Iracema Carvão Nunes, esquina com a Rua Eliezer Levy, um prédio de alvenaria pintado de amarelo, remanescente do antigo Aeroporto de Macapá, ao lado do Colégio Amapaense, que, à época, só tinha metade do que é hoje. 

Atualmente, a seringueira intercepta o muro oeste do Colégio Amapaense, na Rua Eliezer Levy, e bem que merece ser melhor tratada pela Prefeitura de Macapá, pois se tornou um ícone da cidade, por representar um dos maiores artistas plásticos amazônidas. Amazônida no sentido do termo atribuído pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto: o caboco, o ribeirinho, o nativo da Hileia. 

A seringueira já escapou de ser decepada graças à intervenção do engenheiro florestal Luiz Guilherme Dias Façanha, nascido em 18 de julho de 1952, amigo de infância de Olivar Cunha. Em 1983, Luiz Façanha trabalhava como especialista em seringueira (Hevea brasiliensis) na extinta Superintendência da Borracha (Sudhevea), um dos órgãos federais absorvidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A seringueira apresentava uma grande lesão no tronco. Debilitada, foi atacada por fungos e insetos. 

Segundo Luiz Façanha, estudantes fizeram forte pressão junto à Prefeitura de Macapá e ao Governo do Estado para que autorizassem abater a árvore, alegando risco de vida para quem por ali transitava. Foi então que o repórter da Rede Globo, Antônio de Pádua, solicitou a Luiz Façanha que fizesse uma gravação no local, para dar sua opinião sobre o caso. Após minuciosa inspeção, Façanha verificou que a árvore estava se recuperando do ferimento, embora muito lentamente, e em razão disso posicionou-se contrário ao abate. 

– É claro que pesou na minha decisão todo o histórico da nossa infância brincando em volta daquela árvore: Olivar, João, Chico, Ray Cunha e eu. Minha convivência com o Olivar foi, basicamente, no nosso período de infância. Estudamos juntos no então Grupo Escolar Anexo da Escola Normal e lá fizemos todo o Curso Primário, nos idos dos anos 1950/1960. Após as aulas, dividíamos nosso tempo brincando pelos quintais do seu João (pai do Olivar), correndo por cima dos muros e se pendurando nas árvores do quintal – lembra Luiz Façanha. O fato é que a Rede Globo e Luiz Façanha salvaram a Seringueira. 

Em 2004, a Editora Cejup, de Belém do Pará, publicou meu romance A CASA AMARELA, ambientado em Macapá, a partir do ano de 1964. Nele, a Seringueira, já com inicial maiúscula, se tornou personagem do romance, com atitudes humanas, como, ao se emocionar, sacudir as folhas sem vento e verter leite sem golpe no tronco. 

O gênio do artista plástico começou a se revelar no curso primário; seus trabalhos eram formalmente impecáveis e já revelavam criatividade. Pré-adolescente, começou a brincar com seu pequeno prato de massas coloridas e pincéis de tamanhos variados. Aos 14 anos, em 1966, Olivar Cunha já pintava profissionalmente e aos 15 expôs pela primeira vez. Uma madrugada, um marchand francês acordou todo mundo, em casa, porque teria que viajar para a França naquela manhã e queria porque queria levar alguns quadros do Olivar, e levou o que estava disponível. 

Nas décadas de 1970/1980, casado com Maria da Glória Nascimento Cunha, o artista morou em Belém, quando produziu algumas dezenas de telas que o colocam como um dos mais importantes artistas plásticos contemporâneos: seus mendigos do Guamá, subúrbio da Cidade das Mangueiras, são chocantes. Olivar e Glória namoraram durante 7 anos e foram casados por 7 anos. Ela partiu cedo para o mundo espiritual. 

Em Belém, Olivar Cunha ganhou um novo nome: Lili, batizado pela sua filha Tatiana, assim que ela aprendeu a falar, e que lhe deu um neto: Bernardo Cunha Barros. Lili teve outra princesa com Glória: Taiana, que também lhe deu um neto: Alexandre Cunha de Sousa. 

Viúvo, Lili foi para o Rio de Janeiro estudar artes plásticas no Parque Lage, onde foi aluno do professor Charles Watson. Também fez um curso de restauração no Museu Nacional de Belas Artes. De volta a Macapá, conhece a capixaba Célia Maria Rocha Cunha, em 1986, casam-se no ano seguinte, e, em agosto de 1988, mudam para o Espírito Santo. Do segundo casamento nasceram Ângelo Ticiano Rocha Cunha e Luciano Rocha Cunha. 

Nos anos de 1990, consolida sua posição como um dos grandes expressionistas contemporâneos, com a série de animais agonizando nos esgotos das grandes cidades, como na impressionante acrílica sobre tela Tuiuiú Crucificado, uma ave crucificada pairando sobre a Baía de Guanabara – talvez o berro mais fovista, o grito mais expressionista de Olivar Cunha. 

Ele pintou esse quadro em três meses, em 1992, em seu apartamento na praia atlântica de Jacaraípe, distrito do município de Serra, na grande Vitória do Espírito Santo. Trata-se de uma acrílica sobre tela, em espátula e pincel, de 120 por 100 centímetros. Pertence à fase que o pintor chama de Habitat Transform, desenvolvida no Rio de Janeiro e em Jacaraípe, após pesquisa sobre a devastação da flora e da fauna do Amapá, do Pará e do Pantanal. 

Apesar de contar com o mar onde foi fisgado o maior marlim azul do mundo, o Atlântico ao largo do Espírito Santo, é a Amazônia que pulsa nas telas do gênio. Mas, depois que se mudou para Jacaraípe, começou também a recuperar obras sacras, esculturas com valor também histórico, de igrejas de vários municípios do Espírito Santo. 

O gênio pinta a alma das suas criaturas, sejam elas pessoas ou paisagens. Assim, as telas de Olivar Cunha gritam como o coração das trevas, mas também pulsam no rio da tarde, prenhes do perfume dos jasmineiros noturnos. O artista dá à luz a Amazônia eternamente viva, a Hileia que só os cabocos entendem – os apreciadores de merengue, de mapará assado na brasa servido com pirão de açaí, o trotar da mulher amazônida no calor equatorial, o mergulho no rio que deságua na tarde, os segredos que se encerram na Fortaleza de São José de Macapá, no Trapiche Eliezer Levy, no Ver-O-Peso, na Estação das Docas, em Mosqueiro, em Salinas, no Bailique, em Caiena, na Amazônia Caribenha. 

No romance JAMBU, que mistura personagens de ficção com pessoas reais, faço uma homenagem ao pintor Olivar Cunha, ao poeta e cronista Isnard Lima, pai da minha geração perdida, e à pianista Walkíria Lima, mãe de Isnard e pioneira das artes em Macapá. Segue-se trecho: 

“Além de estudantes e expectadores em geral, que disputaram uma das duas mil poltronas da luxuosa casa de espetáculos, a aristocracia amapaense estava em peso no Teatro Açaí, do Hotel Caranã, muitos deles em roupas de luxo, algumas, espalhafatosas, lembrando sapos encasacados, inchados de tanta comida e dinheiro, guardado em bancos e malas; se fossem postos de cabeça para baixo não cairia um níquel sequer, pois quem é viciado em dinheiro esconde-o. Alguns estavam tão inchados que se alguém ficasse olhando para eles esperaria ouvi-los coaxar. 

“Quando a professora Walkíria Ferreira Lima entrou no palco, os músicos da Orquestra da Escola de Música do Amapá levantaram-se e o público também, aplaudindo-a em pé. De porte frágil, agigantava-se no púlpito. Nascera em Manaus, onde se formou em música, começando os estudos de piano aos 10 anos de idade. Chegou a Macapá na década de 1950, e começou a lecionar canto orfeônico na Escola Barão do Rio Branco e na Escola Industrial do Amapá, antes da criação do Conservatório Amapaense de Música, onde ensinou piano e solfejo. 

“Walkíria Lima foi ainda uma das fundadoras da Academia de Letras do Amapá, patrocinando a cadeira 40. Casou-se com o mágico Isnard Brandão Lima e teve um único filho, o poeta manauara-macapaense Isnard Brandão Lima Filho, autor de Rosas Para a Madrugada e Malabar Azul. Isnard sentara-se na primeira fila. Pálido, olhos amendoados e olhar intenso, cabeleira penteada como a de Castro Alves, bigode, fumante inveterado e dipsomaníaco, lembrava um misto de toureiro e dançarino de tango. Ao lado dele, sentara-se o gênio do pincel e da espátula Olivar Cunha, que assinava os 21 painéis que compunham a exposição oficial do Festival de Gastronomia do Pará e Amapá”.

O lema de Olivar Cunha sempre foi “viver é um tesão”. A presença dele, sua simples lembrança, me causa alegria, uma espécie de sensação de coisa nova, de descoberta, de novas possibilidades, de viagem, de aventura. Ele emana uma força poderosa até no repouso, no silêncio, na simplicidade. Mas seu grande poder se manifesta ao usar a paleta, o pincel e a espátula, em busca do triunfo da luz.

Tuiuiú Crucificado sobre esgoto na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro

Klingerly, Márcio, Linda, Marina Cunha, Olivar Cunha e Mel

A Seringueira na capa de A CASA AMARELA, edição da Amazon

quinta-feira, 24 de março de 2022

A cura de doenças se dá no corpo etéreo e não no corpo físico. Foi assim que o senhor V se curou

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 24 DE MARÇO DE 2022 – O Imperador Amarelo, que governou a China de 2697 a.C. a 2597 a.C., ancestral de todos os chineses da etnia Han, escreveu o livro fundamental da Medicina Tradicional Chinesa, o Nei Jing, O Clássico do Imperador Amarelo, na verdade dois livros, de 81 capítulos cada um: Su Wen, Tratado de Medicina Interna, e Ling Shu, O Pivô Maravilhoso. No Nei Jing, o Imperador Amarelo diz que os meridianos de Acupuntura estão no corpo etéreo. 

Isso significa dizer que, além da Medicina Ocidental, alopática, baseada em tratamentos químicos e intervenções cirúrgica dos órgãos, existe a possibilidade de tratamento em um nível sutil da matéria. Enquanto a Medicina Alopática trabalha o plano físico, a Medicina Vibracional age no plano energético. Mas ambas são complementares, pois, na definição da Física Quântica, “tudo é energia”.

Na Medicina Tradicional Chinesa, a energia primordial é chamada de Chi (ti), do mandarim, que significa ar, respiração. Einstein a chamou de campo. O Qi criou e permeia o Universo. Na matéria, que é energia condensada, ou energia em alta vibração, o Qi se manifesta em duas vertentes: Yin e Yang, que se complementam.

As doenças começam no corpo astral, causadas por emoções destrutivas, que contaminam o corpo etéreo e se refletem no corpo físico em forma de desequilíbrios e bloqueios no movimento da energia vital nos meridianos de acupuntura, adoecendo os vários órgãos e vísceras. A Medicina Tradicional Chinesa procura ajustar a circulação do Qi no corpo por meio da acupuntura, da moxabustão, da fitoterapia, da massagem Tui Na e da alimentação energética.

Os chineses descobriram que além dos sistemas cardiovascular e linfático há uma teia de meridianos corporais, ou de acupontos, um delgado sistema tubular, nos quais circula a energia vital. Até o século 19, supunha-se que esses meridianos eram imaginários, mas nos anos de 1960, o cientista coreano Kim Bong Han injetou isótopo de fósforo em um acuponto e observou a absorção da substância pelo organismo, por meio de microrradiografia. Resultado: o isótopo percorreu o clássico traçado daquele meridiano. 

Experiências semelhantes foram realizadas por outros cientistas, como os franceses Jean-Claude Darras e Pierre de Vernejoul, e os norte-americanos James Hurtak e Roberto Becker. O resultado foi o mesmo obtido por Kim Bong Han. 

As doenças podem ser detectadas na aura, o campo energético ou campo dos corpos sutis das pessoas, por médiuns ou pelo uso da fotografia Kirlian, ensina o médico norte-americano Richard Gerber, autor de Medicina Vibracional – Uma medicina para o futuro (Cultrix, 1992, Vibrational Medicine, Bear and Company, 1988).

Um desses corpos sutis, o duplo etéreo, é uma duplicata energética do corpo físico, envolvendo-o e mantendo-o conectado ao corpo espiritual. É nele que ficam os chacras, portais por onde entra a energia Qi, possibilitando a manifestação da consciência no veículo físico. 

Durante o sono, o corpo espiritual se desprende temporariamente do corpo físico e fica ligado a este pelo duplo etéreo, o chamado cordão de prata, semelhante aos fios de teia de aranha. Com a morte do corpo físico, o duplo etéreo se dissolve também.

Cabe aqui a revisão de um caso, o do paciente sem o intestino grosso que se curou com apenas uma sessão de acupuntura. Quando atendi o sr. V, já era a trigésima terceira sessão dele no Centro Espírita André Luiz, em Brasília, onde atendo aos domingos de manhã, como voluntário da equipe coordenada pelo acupunturista, jornalista e professor José Marcelo. O sr. V estava com 70 anos e sua grande queixa era a extração do intestino grosso.

No André Luiz, os pacientes são atendidos de acordo com a ordem de chegada e pelo terapeuta que estiver disponível. Naquela manhã, era a terceira vez que coincidia de eu o atender. Peguei sua ficha e fiz a revisão, como sempre faço, da queixa original, que, além da retirada do intestino grosso, devido a um câncer, registrava também dores lombar, sacral, cervical e nos braços, insônia, prisão de ventre e úlcera gástrica.

Mas, precisamente naquela manhã, eu começara a criar uma técnica a qual chamo de acupuntura dos corpos sutis, de modo que naquela sessão passei a ver o caso do sr. V sob novo ângulo. Conversei com ele; contou-me que todas as semanas baixava hospital, sofria de diarreia crônica e tudo o que comia lhe fazia mal. Observei-lhe a língua e senti seus pulsos; suas energias esvaíam-se.

 – O senhor sabe que ainda tem seu intestino grosso, não sabe? – perguntei-lhe, olhando-o nos olhos. Então os olhos dele brilharam, numa interrogação. – O senhor continua com o seu intestino grosso, só que no corpo etéreo, que liga o corpo carnal ao corpo astral, este, conhecido também como perispírito, porque liga o corpo físico ao espírito, e o espírito é imortal, não pode adoecer, não com as doenças que conhecemos aqui, neste plano. Seu intestino grosso foi extraído do corpo físico, mas ele continua intacto no corpo etéreo. Não podemos ver o corpo etéreo porque sua vibração é muito mais alta do que a vibração do corpo material, que tem uma vibração tão baixa, que, aos nossos cinco sentidos, se materializa. 

Ele entendeu na hora, e o brilho dos seus olhos continuou, como duas pequenas lanternas. Eu podia ver o brilho dos seus olhos, e percebi também que ele sorria.

– Bem, como o senhor não perdeu nada, muito menos o intestino grosso, vou fazer a limpeza do canal do intestino grosso – disse-lhe, explicando-lhe, rapidamente, sobre os meridianos que atravessam o corpo como um feixe de fios. Na Medicina Chinesa, limpar um canal quer dizer aplicar agulhas no primeiro acuponto daquele canal e cruzar com o último acuponto. Então apliquei agulhas no IG 1 esquerdo, que fica no leito ungueal radial do dedo indicador, e o IG 20 direito, no ponto de encontro entre a linha nasolabial e a lateral da asa do nariz.

Apliquei mais o estômago 36 bi, para fortalecer a energia Qi e o sangue, aumentar o Yang e minorar dores epigástricas, náusea, vômito, má digestão, tontura, fadiga e fortalecer o corpo e a mente, além do estômago 25, para equilibrar o baço, estômago e intestinos, pondo fim à diarreia. Apliquei ainda o vaso concepção 12, para tonificar estômago e baço, e o yintang, para extirpar ansiedade e disciplinar os pensamentos, acalmando, assim, a mente, o que acaba melhorando o sono.

Pouco mais de 20 minutos depois foram retiradas as agulhas do sr. V. Orientei-o a tomar pelo menos dois litros de água por dia e a cortar leite, frutas, salada e legumes crus antes de dormir e a passar a alimentar-se, à noite, de alimentos quentes, principalmente abóbora e raízes, como batata, cará, inhame e mandioca.

Notei que ele saiu do ambulatório com vivacidade, “pois agora” – pensei – “ele sabe que seu intestino grosso está lá com ele”. Orientei-o também a me procurar no domingo seguinte. Uma semana depois ele voltou e me disse que não baixou hospital. Outro terapeuta o atendeu e repetiu o protocolo da semana anterior. Três meses depois, recebi a notícia: o sr. V se deu alta.

Atendemos no André Luiz médiuns que trabalham no centro, muitos deles com todo tipo de doenças. São ilusões passadas a eles por espíritos em estado de ilusão. Digo-lhes que precisam, ao orarem, à noite e de manhã, agradecer aos seus antepassados, especialmente aos pais; a perdoarem e a enxergarem no próximo, mesmo que sejam drogados, raivosos, cancerosos, tenham sido estuprados, nos que gritam de dor, só e somente só, luz. As agulhas precisam de luz.

Mas esses médiuns veem também que nós, da equipe do José Marcelo, estamos cercados de mestres vindos do mundo espiritual, que nos orientam, vigilantes, para que o amor triunfe ali naquele ambulatório. Foi por isso que o sr. V pôde se dar alta.

domingo, 20 de março de 2022

Da arte do voluntariado em acupuntura

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 20 DE MARÇO DE 2022 – Amor é a energia primordial, sem começo e sem fim, que cria e mantém, por meio de leis cósmicas, o Universo. É conhecido também como Deus. Einstein o chamou de Campo; Aristóteles, de Quintessência; poetas o chamam de Éter. Amor é essencial para o voluntariado. 

Segundo as Nações Unidas, “voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social”, tais como hospitalar, creches, asilos, mutirões públicos etc., realizadas por pessoas, grupos, ONGs ou instituições. 

Todas as criaturas do Universo são espíritos e todos os espíritos que encarnam, para a experiência da matéria, nascem com duas missões: a pessoal e a básica, esta, a de contribuir, de alguma forma, para com a Humanidade, para com o próximo. Assim, voluntariado é uma oportunidade a nós oferecida para trabalharmos pelo bem do próximo e pelo bem comum. 

Voluntariado é abnegação, um acordar do espírito, um farol a iluminar o caminho. Em termos práticos, trata-se de uma residência acadêmica. Por exemplo: sou terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa. Se, após o curso que fiz na Escola Nacional de Acupuntura (Enac), em Brasília, me limitasse a atender meus pacientes, mesmo que estudando e pesquisando, não teria alcançado a compreensão que hoje tenho da Acupuntura se não fossem os voluntariados dos quais faço parte. 

Atendemos, no voluntariado, todo tipo de pessoas: velhos, jovens e crianças, homens e mulheres, mulheres grávidas, e pessoas com todos os tipos de doenças. Foi no voluntariado que descobri, na prática, que os meridianos de acupuntura se situam no corpo etérico, e mergulhei fundo na Medicina Vibracional, com resultados maravilhosos. E, principalmente, senti, de maneira clara, o amor. 

De modo que participar de voluntariado atrás de projeção social, status, contatos comerciais, só se consegue stress, porque o ego vai contra o fluxo da vida. 

Há voluntariado pessoal, em grupo, de ONG, instituições e promovidos por governos, estes, quando governos municipais ou estaduais, por meio de suas secretarias, promovem mutirões sociais. Nesses mutirões, acupunturistas podem ser convidados a participarem voluntariamente dos trabalhos. 

Nesse caso, a estrutura para os acupunturistas trabalharem deve ser planejada por um funcionário que conheça o setor. As macas disponibilizadas devem estar em condições de uso e em cada uma delas deve haver escadinha, e elas precisam ficar a uma distância de um metro uma da outra e de meio metro de paredes para que o acupunturista possa girar em torno do paciente. 

O ideal é que as macas sejam instaladas em um salão, mas se forem instaladas em tendas, que não deixem passar sol ou chuva, e que haja controle para que os pacientes e familiares não fiquem andando pelo local onde os acupunturistas atendem, pois, além de atrapalharem o atendimento podem causar acidentes, como bater em agulhas já colocadas nos pacientes.

Também é importante que o serviço de som do evento fique longe do espaço de acupuntura, pois nesses eventos costuma-se usar som extremamente alto e “música” bate-estaca. 

Também, se a secretaria de estado se comprometer a pegar os acupunturistas em casa, que tratem de ter a frota de carros utilizada para isso de prontidão e cumpram horários. 

Tudo isso porque o governo não estará fazendo um favor ao povo, mas apenas utilizando o dinheiro do povo em benefício do povo, que só falta pagar imposto pelo oxigênio que inala. Se os governantes e seu staff gozam de mordomias inacreditáveis, o povo se conforma apenas em ser atendido nas suas necessidades, até porque são poucos os que sabem dos seus direitos.

De modo que, juntando os deveres dos políticos com o voluntariado, a democracia se torna plena.

segunda-feira, 14 de março de 2022

A trilha mística mais famosa do Brasil. Um paralelo entre Paulo Coelho e José de Anchieta

 

Município de Anchieta, na costa sul do estado do Espírito Santo

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 14 DE MARÇO DE 2022 – A trilha mística mais famosa do Brasil, Os Passos de Anchieta, de 100 quilômetros, no estado do Espírito Santo, é um percurso que costumava ser percorrido por um dos heróis brasileiros mais célebres, o jesuíta José de Anchieta, nos últimos anos da sua vida, quinzenalmente, da Vila de Reritiba, atual cidade de Anchieta, à Vila de Nossa Senhora da Vitória, hoje a capital do Espírito Santo, onde dirigia o Colégio de São Tiago. 

Andarilhos, promesseiros e turistas fazem o percurso em cerca de quatro dias, com caminhadas diárias de seis horas, em média, desde 1998. Número cada vez maior de participantes costuma largar no feriado de Corpus Christi. A caminhada em si é um exercício de autoconhecimento e de criatividade. 

A trama do meu romance HIENA veio inteirinha enquanto eu caminhava no bairro do Cruzeiro Velho, em Brasília, onde morei, e várias tramas já foram montadas enquanto eu caminhava no Parque da Cidade. Caminhadas ativam a glândula pineal, liberam endorfina e levantam o astral. 

Os Caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha, já têm até um escritor famoso, o carioca Paulo Coelho, um dos maiores vendedores de livros do planeta, autor de O Diário de um Mago (288 páginas), lançado em 1987, publicado em 150 países e traduzido para 40 idiomas. 

Paulo Coelho fez uma peregrinação de três meses nos Caminhos de Santiago de Compostela. Com a experiência, cria uma parábola sobre a necessidade de encontrar o próprio caminho. Autor de O Alquimista, o livro brasileiro mais lido de todos os tempos, a obra de Paulo Coelho foi publicada em mais de 170 países e traduzida para 80 idiomas, e já vendeu mais de 210 milhões de livros em todo o mundo. 

Os Passos de Anchieta ainda não têm uma celebridade como Paulo Coelho, mas seu patrono é um dos escritores mais extraordinários do Brasil. José de Anchieta nasceu em San Cristóbal de La Laguna, na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, Espanha, em 19 de março de 1534, e morreu em Reritiba, atual estado do Espírito Santo, em 9 de junho de 1597. 

Conhecido como o Apóstolo do Brasil. Saiu de casa aos 14 anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em Portugal, com o objetivo de estudar filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra. Ingressou na Companhia de Jesus em 1 de maio de 1551 como noviço. 

Na época, o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitou mais missionários para a evangelização no Brasil e entre os que vieram estava José de Anchieta, que, desde jovem, sofria de tuberculose óssea, o que lhe causou uma escoliose, o que foi determinante para que deixasse os estudos e viesse para o Brasil, um paraíso tropical. 

Desembarcou em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, em 13 de julho de 1553, com menos de 20 anos de idade, vindo na armada do segundo governador-geral do Brasil, Dom Duarte da Costa, com mais seis capuchinhos. 

Menos de três meses depois partiu para a Capitania de São Vicente, atual São Paulo, onde conheceu Manuel da Nóbrega e permaneceu por doze anos, abrindo caminho para o sertão, aprendendo tupi e ensinando latim. Foi assim que escreveu a primeira gramática da língua tupi: Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil, publicada em Coimbra, em 1595. 

Lutou contra os franceses estabelecidos na França Antártica, na baía da Guanabara, ao lado Estácio de Sá, que fundou a cidade do Rio de Janeiro, em 1 de março de 1565. Em 1569, funda a povoação de Reritiba, ou Iriritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo, e em 1577, é nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu até 1587, quando retirou-se para Reritiba. 

Escreveu, em latim, o primeiro poema épico da América, De gestis Mendi de Saa, Os feitos de Mem de Sá, impresso em Coimbra, em 1563, anterior, portanto, à edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões. Seu poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, mais conhecido como Poema à Virgem, é composto de 5.786 versos. 

Canonizado em 27 de fevereiro de 2014 pelo papa Francisco, no ano seguinte, moradores de Jabaquara, bairro de Anchieta, começaram a realizar uma romaria anual de 18 quilômetros entre Jabaquara e o Santuário Nacional de São José de Anchieta, sempre no domingo, após a festa de Corpus Christi, finalizando com missa.

É geralmente nessa época do ano que caminhantes, sozinhos ou em grupos, deixam Anchieta rumo a Vitória, cumprindo um roteiro com oásis pelo caminho, ao fim do qual percebem que a jornada apenas começou, e que ela não é, como geralmente pensamos, para o espaço sideral, mas para dentro de nós mesmos. Certamente o mesmo que Paulo coelho encontrou em Santiago de Compostela.

sexta-feira, 11 de março de 2022

O planeta respira sem máscara e os estudantes voltam às ruas. A Data-Limite é para valer?

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 11 DE MARÇO DE 2022 – O último capítulo do romance ensaístico JAMBU, deste repórter, refere-se à Data-Limite, de Chico Xavier: “Conclave do Comando Astral, com a presença de Jesus Cristo, para deliberar sobre o destino da Terra. É dada a última chance de progresso moral à Humanidade, uma moratória de 50 anos, de 20 de julho de 1969 – data em que os astronautas americanos Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram –, até 20 de julho de 2019, a que Chico Xavier referiu-se, em 1986, como Data-Limite. 

“Se, nesses 50 anos, explodisse a terceira guerra mundial, a própria Terra se revoltaria, e a guerra, já devastadora, seria seguida por cataclismos fatais, que, associados à irradiação nuclear, tornariam inabitável o Hemisfério Norte, gerando êxodo em massa para a América do Sul, Austrália e sul da África. O Brasil seria dividido em quatro nações distintas, e somente uma quarta parte do território permaneceria com os brasileiros: a Região Sudeste, o estado de Goiás e o Distrito Federal. Os europeus ocupariam a Região Sul, o Uruguai, a Argentina e o Chile; os asiáticos, principalmente chineses, japoneses e coreanos, ocupariam Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Bolívia e Peru; o Nordeste seria ocupado pelos russos e povos eslavos; e os norte-americanos, canadenses e mexicanos ocupariam Venezuela, Colômbia e Amazônia brasileira. 

“Mas, durante todo esse interregno, os ETs estiveram vigilantes. Advertiram os líderes das potências hegemônicas e vigiaram as instalações militares atômicas, livrando a Humanidade de enfrentar o armagedon. E desde 2000, espíritos empedernidos no mal não recebem mais permissão para reencarnar no orbe terrestre; são encaminhados a reencarnarem em mundos mais atrasados ainda do que o nosso planeta. 

“Os ETs já começaram também a nos preparar para o contato direto com eles, quando nos ajudarão a avançar mais rapidamente na evolução das almas encarnadas, levando-nos a compreender as leis do Universo e a alcançar a solução para a pobreza e a fome; a cura de todas as doenças, pela manipulação genética; e total acesso à informação e à cultura. Porão à disposição da Humanidade tecnologias que estão a anos-luz da nossa compreensão, como, por exemplo, aparelhos que nos permitirão conversar com os entes queridos, desencarnados. A Humanidade começará, então, a viver em harmonia entre todas as pessoas e coisas. Quanto ao Brasil, está destinado a ser o grande celeiro alimentício; de matéria-prima; e de fonte energética, do mundo. 

“Assim, o país do Cruzeiro, especialmente a Amazônia, garantirá a marcha da Humanidade no caminho da luz”. 

Os cariocas estão divididos sobre uso da máscara contra a Covide-19. O uso da máscara está liberado por decreto da prefeitura desde segunda-feira 7. Ene estabelecimentos no Rio de Janeiro já liberaram os funcionários da máscara; outros, a mantiveram. A Associação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro facultou o uso de máscara, assim como a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj). 

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a máscara continua, assim como na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). Mas os alunos da rede municipal de ensino estão liberados da máscara, enquanto nas escolas da rede estadual a orientação é seguir os protocolos sanitários vigentes nos municípios. 

A diretoria da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) liberou o uso de máscara a partir de quarta-feira 9 nas dependências da Alerj, enquanto que na Defensoria Pública do Estado do Rio a máscara continua obrigatória. As máscaras estão liberadas na Rodoviária Novo Rio. 

Em Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou, quinta-feira 10, a liberação do uso de máscaras também em locais fechados do Distrito Federal. “As pessoas têm de se prevenir. Quem quiser continuar usando máscara, que continue, sem problema nenhum” – disse. 

O uso de máscara continua obrigatório, no DF, no atendimento ao público em órgãos do governo, nas indústrias, comércios, bancos, metrô e ônibus, assim como o uso de álcool em gel por motoristas e cobradores do Serviço de Transporte Público Coletivo do DF. 

O médium Chico Xavier falou pela primeira vez sobre a Data-Limite em 1986, em Uberaba/MG, quando afirmou que fora dado à Humanidade um prazo de 50 anos, a partir do momento em que o homem pisou pela primeira vez na Lua, em 20 de julho de 1969, para sua derrocada ou regeneração. A derrocada poderia vir sob a forma de guerra nuclear. 

A moratória terminou em 20 de julho de 2019. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como pandemia o surto mundial de covid-19, conhecida também como vírus chinês. Em 11 de março de 2022, já haviam morrido 6.028.678 e confirmados 453.226.552 casos em 192 países. 

Foi o caos na economia mundial, porque muitos países decretaram quarentena para a população, gerando quebradeira geral. No Brasil, alguns prefeitos mandaram prender quem não estivesse usando máscara na rua e mandaram soldar a porta de entrada de empresas. 

O Supremo Tribunal Federal (STF), em conluio com o Senado, criou uma CPI para acusar o presidente Jair Bolsonaro das mortes. A CPI acabou como o maior circo já montado no Senado, pois Bolsonaro não mediu esforço para adquirir vacinas e garantir um salário aos milhões de desempregados. 

– Essa não é a primeira nem será a última pandemia vivida em nosso tempo. Em 1918, tivemos a gripe espanhola, que contaminou 500 milhões de pessoas e ceifou entre 17 e 50 milhões de vítimas. Em 1957, foi a vez da gripe asiática, com outros milhões de mortes. Em seguida outras tantas epidemias quebraram o ritmo cotidiano da vida das pessoas, como a gripe de Hong Kong (1968), a gripe suína (2009), a Sars (2003), o HIV-Aids (a partir de 1981), o Ebola (2013), e a Zika (2015) – alerta Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG. 

A Peste Negra, entre os séculos XIV e XVIII, ceifou metade da Humanidade, levando um terço da população mundial somente durante o verão de 1348. O tifo, a varíola, a disenteria, o cólera etc. matam sempre, em escala. 

Só que o vírus chinês contaminou e matou também cardeais do Congresso Nacional e bilionários, com tudo noticiado 24 horas por dia. Aí, deu para ver que o corpo humano é relativamente frágil como um passarinho, que autoridade política e dinheiro não são poder verdadeiro, que os médiuns, como Chico Xavier, André Luiz e Laércio Fonseca têm razão: somos espíritos e vivemos em vários planos, vários estados da matéria, que temos livre arbítrio, mas que há também comandos planetário e cósmico, e outros agentes de Deus. 

Agora, a Rússia ataca a Ucrânica, desde 24 de fevereiro, para frear a expansão da Otan pelo Leste Europeu, o que quer dizer que o czar Vladimir Putin continua sonhando com a União Soviética. A invasão da Ucrânia ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos. 

O arsenal nuclear pronto para ser usado dá para explodir a Terra cem vezes, e a Rússia detém a maior parte das ogivas nucleares. Mas Putin estaria disposto a se suicidar? Não! É boa-vida. E depois os Ets, que são também espíritos, mas muito evoluídos e detentores de uma tecnologia bilhões de anos à frente da tecnologia humana, estão de olho. Afinal, a Data-Limite é para valer ou não? 

Assim como Putin pode arrasar a Ucrânia, com o Ocidente vendo de camarote, ou uma guerra convencional possa se arrastar durante anos, também Putin pode cair, pois a jogada dele é arriscadíssima, também para ele. 

Assim, desde março de 2020 que muita gente começou a meditar e a perceber que nós, seres humanos, não somos apenas corpos biológicos.

De qualquer modo, o mundo volta ao normal. Estudantes embelezam as ruas, mães, com seus bebês, povoam as praças, ouve-se risos de crianças e as bougainvilles lembram mulheres grávidas de tão lindas.

terça-feira, 8 de março de 2022

A Copacabana de Garcia-Roza

RAY CUNHA 

Todo leitor inveterado elege um time de escritores dos quais gostaria de ser amigo, ou de ter sido, de conviver com eles, de fazer parte de suas vidas. Tenho plena consciência de que as amizades impossíveis não meras fantasias, a que me dou ao luxo, pois me encontro firmemente alicerçado no meu mundo mental, nas minhas experiências, que me dão o rumo para onde seguir. Às vezes, temos a sorte de conhecer pelo menos alguém assim, como é meu caso com o contista e ensaísta Fernando Canto, que vive em Macapá/AP. 

E há os escritores favoritos dos quais não há a menor possibilidade de nos aproximarmos deles, até porque já morreram, como é o caso de Luiz Alfredo Garcia-Roza, Ernest Hemingway e Gabriel García Márquez. Com Hemingway, provavelmente eu teria morrido de tanto beber, ou de cansaço durante uma pescaria longa ao marlim azul. Mas, até lá, teria batido muito papo com ele na Finca Vigia, em Havana, Cuba, ou em Paris, ou na África. Papo de dias, conversando sobre tudo, literatura, escritores, bebida, boxe, peixes e, certamente, mulheres. 

Com Gabriel García Márquez, ele teria desvendado, para mim, o Caribe, teria comentado sobre suas bruxarias literárias, e teria me contado também algum segredo sobre as mulheres que me iluminasse, e teríamos ouvido o silêncio das madrugadas e do Caribe, como fazemos Fernando Canto e eu. 

Outro com quem eu gostaria de ter convivido é com Rubem Fonseca, que criou o conto e o romance brasileiros das megalópoles. Eu ainda não o lera quando criei também o conto e o romance que se movem nas metrópoles da Amazônia: Belém/PA e Manaus/AM, e Macapá/AP também. Quem sabe, se nos conhecêssemos, não teríamos batido muito papo e batido perna no Rio de Janeiro, cidade que Rubem, mineiro, elegeu como sua. 

Vivi em Copacabana, Rio de Janeiro e de todos os meses, há muito tempo, mas o suficiente para um renascimento. Nasci em Macapá/AP; minhas raízes cabocas são a fibra do que sou feito. Mas o DNA de todos nós é como um laboratório alquímico que nos vai modificando, ampliando nossa mente, ao longo das sucessivas encarnações, de modo que Copacabana, o Rio, mudou o curso da minha vida. Em vez de só pensar em Macapá/AP, entrou mais uma cidade na minha perspectiva. E foi com esse espírito que conheci Luiz Alfredo Garcia-Roza. 

Desde que o li pela primeira vez, em 2002, em Uma Janela em Copacabana, que me apaixonei por ele. E de tanto o ler é que comecei a imaginar uma amizade entre nós dois, ele repartindo comigo um pouquinho da sua imensa sabedoria, do seu intelecto descomunal, da sua rica experiência de vida, me falando sobre o Rio, sobre literatura, sobre a alma, sobre mulheres. 

O carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza desencarnou um dia desses, aos 84 anos. Psicanalista, ensaísta e professor universitário, aos 60 anos largou tudo o que vinha fazendo para se dedicar à ficção, estreando com O Silêncio da Chuva, laureado com o Jabuti e o Nestlè, em 1997. Desde então, escreveu mais 11 romances policiais, todos ambientados no Rio de Janeiro, em Copacabana e no Peixoto, um reduto de Copacabana, onde mora o delegado Espinosa, personagem recorrente de seus livros, e que trabalha na 12ª DP, na Rua Hilário de Gouveia. 

Nos 12 romances que escreveu ao longo de 24 anos, Roza se revelou um mestre do gênero policial, traduzido para vários idiomas. Suas personagens são tão de carne e osso que lhes sentimos o cheiro, e suas tramas são tão intricadas como as da vida real. E o Rio é descortinado sob a ótica de um policial singular, o delegado Espinoza, de caráter irrepreensível, leitor inveterado, viajor de fantasias, mas que, ao investigar um caso, vai até o fim, por uma razão: é imperioso que o caso seja deslindado, o que significa dizer desnudar a alma das personagens envolvidas nele, pois para tudo há uma razão, e é atrás dessa razão que Espinoza anda.

Assim, o que o move é o mistério. “Quem gosta de whodunit é cão farejador. O crime, qualquer um pode desvendar. O enigma, não. O que importa é o que está por trás do crime, suas motivações, o silêncio” – disse Roza, lembrando Crime e Castigo, de Dostoiévski. “Não é um desvendamento de um assassinato. O Dostoiévski mostra o crime logo no início, assim como fiz em O Silêncio da Chuva. E ninguém deixou de ler por causa disso.” 

A Copacabana de Espinosa é noir, um enxame de personagens excessivamente humanos. Já dizia Rubem Fonseca: “O Rio não é aquilo que se vê do Pão de Açúcar”. As tramas de Roza geralmente se passam entre o Bairro Peixoto, a Rua Hilário de Gouveia e a praia. Nessa região, ele frequenta La Trattoria, sebos, a Galeria Menescal, onde compra quibes no Baalbek, e gosta de caminhar, simplesmente caminhar, assim como eu. O simples ato de caminhar é repleto de nuanças, de visões, de perspectivas. 

É nesse cenário que as tramas de Roza vão dando vida ao tecido. “Quase sempre parto de um fato bobo e sem expressão. Certa vez vi um menino saindo debaixo de uma caixa de papelão. Esse foi o ponto de partida para Achados e Perdidos, por exemplo. Eu não costumo fazer um plot. A trama surge enquanto escrevo, no meio do livro” – disse Roza.

Perguntado se ele mataria Espinosa, como Conan Doyle fez com Sherlock Holmes, Roza respondeu: “Não tenho plano de matá-lo, mas não está fora de cogitação. No dia em que ele começar a ser repetitivo, terei que tomar uma decisão”. Espinosa sobreviveu a Roza.

sábado, 5 de março de 2022

2022 é o ano do resgate das nossas esperanças

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 5 DE MARÇO DE 2022 – Meus amigos partiram. Alguns, para o mundo espiritual; outros, da juventude, permanecem fiéis a Karl Marx. Houve, inclusive, um, que, depois de ler artigo meu referindo-me a Lula como aborto de ditador enjaulado, pôs fim a uma estupenda amizade. E há os que simplesmente se perderam de mim nas dobras do tempo.

Mas continuo rico, paparicado pelos meus amores, e na minha estante encontro todo o planeta, e amigos eternos, como Ernest Hemingway, Antoine de Saint-Exupéry, Gabriel García Márquez e Masaharu Taniguchi. Tenho também novos amigos, que estão me levando para conhecer a Via Láctea, como Laércio Fonseca e Jorge Bessa.

Além da família, da estante e dos amigos que vivem no meu coração, tenho as madrugadas, jasmineiros e rosas, que são eternas, e o mar, o azul, o Sudoeste e o Rio de Janeiro. Às vezes, Mozart toca ao piano o som da Terra no espaço. E quando escrevo um poema, o terremoto do primeiro beijo se instala em mim durante vários dias.

O amigo com quem eu conversava durante horas sobre livros e escritores foi para Cuba, e eu voltei a conversar, com vivos e mortos, nos livros e ao computador. Já não leio mais a grande mídia, pois perdi o apetite por ela, porque o PT a corrompeu.

O século 20 ficou realmente para trás. Com a invenção da web, os políticos não conseguem mais roubar leite materno e matar bebês nas maternidades nem crianças nas escolas, em escala industrial, pois a população toda agora é de jornalistas, e suas redações são a internet.

Desde 1 de janeiro de 2019, os assassinos, ladrões, assaltantes, estupradores, traficantes, escravocratas, corruptos em geral, estão furiosos, especialmente os supremos, mergulhados numa bacanal nos seus palácios, dentro dos seus automóveis de vidraças negras, nas suas amplas casas e apartamentos.

Ficaram para trás honoráveis bandidos, carcaças carcomidas pelas larvas da corrupção, os beiços macilentos agarrados, numa bocada, nas tetas da burra. Macapá/AP, minha cidade natal, ainda não saiu do século passado; continua sobre fossas sépticas e com falta de água tratada, embora durma à margem do maior rio do mundo, o Amazonas.

Macapá não tem rede de esgoto porque seus prefeitos, e os governadores do Amapá, estão, e estiveram sempre, preocupadíssimos com mordomias, diárias, cabides de emprego e verbas federais.

Os novos tempos vieram para ficar. Em 2018, vimos Lula, essa hiena velha, ser enjaulado para sempre, porque ninguém, por mais trevoso que seja, poderá, jamais, soltá-lo da prisão moral onde foi jogado. A boca do abismo se escancarou tragando as cinzas das hienas. 2022 é o ano do resgate das nossas esperanças.

A ciência começa a descobrir que nós, humanos, somos seres espirituais, que o corpo é somente uma experiência material necessária para evoluirmos para a sabedoria e ascendermos, e que a matéria não existe de fato, pois tudo muda, de um momento para outro. Nascemos, tornamo-nos criaturas magníficas, perdemos energia, ficamos igual maracujá de gaveta e desaparecemos fisicamente.

O passado não existe, nem o futuro. Somos eternos agora, fortes como as rosas de nióbio, intensos como o perfume dos jasmineiros de Macapá, em julho, serenos como o porto seguro que é a mulher amada, como o som do apartamento de madrugada, uma xícara de café Três Corações, gourmet, às 5 horas da manhã, buraco negro vertendo azul quântico.

sexta-feira, 4 de março de 2022

STF enfia conta garganta abaixo do contribuinte. Dá para confiar nas urnas eletrônicas do TSE?

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 4 DE MARÇO DE 2022 – Nove dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mantiveram, quinta-feira 3, o Fundo Eleitoral de 4,9 bilhões de reais, aprovados pelo Congresso Nacional, para que os partidos se espojem neles durante a farra eleitoral deste ano, em ação que reduziria para menos da metade o espantoso volume de dinheiro, pago pelo contribuinte, contra a sua vontade, é claro. Um dos votos contra foi o do relator, André Mendonça; o outro foi de Ricardo Lewandowski. 

O orçamento anual do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sediado em um palácio faraônico em Brasília, era de quase 2 bilhões de reais, 5,4 milhões de reais por dia, em 2014, segundo a ONG Contas Abertas. Seu maior ralo são a folha de pagamento e penduricalhos, e encargos sociais.  É um cabide de 14 ministros – 7 titulares e 7 substitutos – e pelo menos 733 servidores, 695 dos quais efetivos, além de mais de 1.300 “funcionários auxiliares”. 

Já a Justiça Eleitoral custa aos contribuintes a bagatela de 9,8 bilhões de reais por ano, a maior parte desse dinheiro é gasta com pessoal, cerca de 15,5 mil servidores. As sedes dos órgãos do Judiciário, de um modo geral, deixariam os faraós com inveja. Mesmo assim, há dezenas de milhares de processos parados. 

Além da verba pantagruélica que o TSE vem engolindo, ainda há a questão das urnas eletrônica. Os comunistas garantem que é segura. Mas comunista reza em partido único. “Por que o registro em papel é um avanço? Porque é a única forma de garantir que os votos sejam auditados caso haja algum problema no registro eletrônico” – esclarece o professor Mário Gazziro, pós-doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e professor na Universidade Federal do ABC (UFABC). 

“Permitir a conferência do registro de voto do eleitor por meio da impressão em papel não é um retrocesso porque não significa inutilizar o voto eletrônico ou retornar à forma antiga de apuração manual. O voto impresso permite ao eleitor saber se o voto gravado eletronicamente corresponde, de fato, ao voto dado. Isso não quer dizer que todos os votos impressos serão contados manualmente como fazíamos no passado, mas assegura que é possível sortear algumas urnas para auditar estatisticamente o resultado” – analisa Gazziro. 

“Não estou dizendo que a urna já foi fraudada. Durante todos esses anos eu nunca vi provas convincentes deste tipo de fraude no Brasil, o que não quer dizer que não houve. Este é exatamente o problema: a urna sofre de uma falta de transparência muito séria. É tão mal concebida que a sua segurança não pode ser comprovada” - ecoa outro professor, Jeroen van de Graaf, do Departamento de Computação da Universidade Federal de Minas Gerais, no livro O mito da urna eletrônica – desvendando a (in)segurança da urna eletrônica. 

“O fato é que as urnas eletrônicas brasileiras são as mais atrasadas dentre as usadas na dezena de nações que praticam a eleição eletrônica. Elas não permitem saber se o voto gravado corresponde ao voto dado e não possibilitam auditoria” – sustenta Walter Del Picchia, professor aposentado da Escola Politécnica da USP, no artigo: As urnas brasileiras são vulneráveis, publicado no Jornal da USP.

“Há muita ênfase na possibilidade de danificarem a urna, mas acho que essa não é a principal ameaça. O problema não são apenas eventos acidentais, mas especialmente propositais, como a adulteração maliciosa do software. Por isso, o voto impresso não deve ser visto apenas como um backup, mas uma forma do sistema provar ao eleitor que está funcionando corretamente” – afirma Diego Aranha, especialista no tema. 

O intrigante é que bastaria a comprovação impressa do voto para acabar com a discussão, mas os ministros do Supremo no TSE não querem nem ouvir falar nisso. De qualquer forma, a inteligência das Forças Armadas está de olho nas urnas.

Já as despesas de vereadores aos cardeais do Congresso Nacional é um esguicho menorrágico. 

quarta-feira, 2 de março de 2022

Ex-espião na Rússia, Jorge Bessa acredita que Vladimir Putin será freado pelos próprios russos

Putin sabe que em uma guerra nuclear nem vírus sobreviverão

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 2 DE MARÇO DE 2022 – Para Jorge Bessa, autor do livro Putin – Um Espião no Poder, os donos do dinheiro na Rússia não suportarão as perdas em consequência às sanções econômicas do Ocidente e pressionarão, juntamente com a população civil russa, para que Putin recue na absurda invasão da Ucrânia. Quanto a iniciar uma guerra nuclear, Putin sabe que nem vírus sobreviverão. 

Fluente em russo, Jorge Bessa foi espião brasileiro em Moscou durante a Guerra Fria. Especialista em assuntos relacionados à atividade de Inteligência e de planejamento estratégico, chefiou os Departamentos de Contraespionagem e de Contraterrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 

Bessa é autor de mais de 20 livros sobre espionagem, política internacional, Inteligência, Medicina Tradicional Chinesa e espiritualidade. Graduado em Economia e pós-graduado em Educação a Distância, formou-se também em Medicina Chinesa e em Psicanálise. 

Ele recebeu este repórter na sua casa, no Lago Norte, em Brasília, para a seguinte entrevista: 

Por que Putin invadiu a Ucrânia?

Existem várias versões apresentadas pelos doutores em relações internacionais consultados pela extrema mídia, uma delas é a de que foi por questões de segurança nacional, haja vista que Vladimir Putin não admitia os acenos da Ucrânia para ingressar na Otan, o pacto de defesa ocidental, nem tampouco o desejo da Ucrânia se unir à Europa Oriental. Em minha opinião, a questão é bem mais ampla, e se insere em aspectos históricos dos dois países, mas, acima de tudo, à vaidade e orgulho de Putin em tornar a Rússia uma nova União Soviética, sonho que ele acalenta há muito tempo. Também deve-se entender sua alegação de proteger o povo russo que vive na Ucrânia, pois essa é uma conduta antiga mantida desde os tzares e que foi uma das principais causas da Rússia entrar na Primeira Guerra Mundial, alegando a defesa dos povos eslavos que se espalhavam pelos territórios em litígio.

Essa guerra pode levar a um conflito mundial?

É uma possibilidade remota, mas que pode se tornar real, pois a situação de Putin está ficando a cada dia mais insustentável, e, se os líderes ocidentais não lhe deixarem uma saída honrosa, existe a possibilidade de que ele procure alastrar o conflito de forma imprevisível. No momento já se observa reações contrárias à invasão na própria Rússia, onde a oposição, com Navalny à frente, pretender fazer grandes demonstrações, além dos bilionários russos, que também lhe dão sustentação e que não vão assistir suas fortunas se esvaírem em razão das sanções do Ocidente.

Putin seria capaz de usar ogivas nucleares?

Como disse acima, alguém quando acossado, e com o perigo de perder o poder e mesmo a liberdade e a vida, pode cometer uma loucura. Assim sendo, embora considere pouco provável, admito essa possibilidade, mesmo remota.

Quem é Putin?

Um verdadeiro produto do comunismo soviético. Nacionalista, desde cedo se ofereceu para servir no KGB, onde foi admitido. Seus antigos chefes dizem que ele não era dos melhores agentes, intelectualmente falando, tanto que foi destacado para servir na Alemanha Oriental, que era um país comunista e onde não havia muito o que fazer em termos de espionagem, enquanto os bons oficiais do KGB eram destacados para servirem em países importantes do Ocidente. Em meu livro Putin – Um Espião no Poder apresento sua trajetória desde que entrou para o KGB até chegar ao poder maior da Rússia através de Bóris Yeltsin, passando pela sua atuação no FSB, a organização de Inteligência que sucedeu ao KGB e onde ele teria patrocinado a execução de verdadeiras carnificinas, inclusive ordenando a explosão de prédios de apartamentos de cidadãos russos para tentar incriminar os chechenos, o que levou à nova guerra na Chechênia, projetou Putin como o salvador da Pátria e permitiu sua primeira eleição para presidente, após a indicação de Yeltsin. Não podemos esquecer as acusações que pesam contra ele, de mandar assassinar jornalistas desafetos e agentes secretos que desertaram para o Ocidente.

A Data-Limite profetizada pelo médium Francisco Cândido Xavier oferece alguma garantia para a humanidade de que não haverá mais uma guerra atômica?

O grande médium brasileiro dizia que se a humanidade não entrasse em uma guerra nuclear até o ano de 2019 os eventos apocalípticos previstos pelos grandes profetas do Velho e do Novo Testamento ocorreriam, mas de forma mais branda do que a destruição causada pelas ogivas nucleares das superpotências. Em meu livro Guerra Biológica – China e o Covid, reproduzo o que oficiais generais da China dizem, ou seja, que a Terceira Guerra Mundial não seria através de mísseis nucleares, mas sim através de vírus em uma guerra biológica. Penso que a maioria dos generais do mundo deve pensar a mesma coisa, pois uma guerra nuclear tem a garantia da destruição mutuamente assegurada, enquanto a guerra biológica – como vimos acontecer com a Covid-19, mata só o homem e não destrói a infraestrutura do país, além de ser muito mais barata e simples. Portanto, a não ser que apareça um líder que sofra um surto psicótico e decida apertar o botão nuclear, penso que o grande médium tinha razão.

Como a guerra na Ucrânia pode prejudicar o Brasil?

Inicialmente pelo aumento da inflação e possível redução no abastecimento de insumos necessários à agricultura. Mas procuro ver o que pode haver de positivo para o país nessa guerra, e aí podemos verificar que um país sem potencial nuclear defensivo fica à mercê de quem o possui. Lembremos que a Ucrânia tinha um bom arsenal nuclear – herança de quando pertencia à União Soviética – e do qual abriu mão para a Rússia sob a promessa de nunca ser invadida, e olhem o que aconteceu! O presidente Fernando Collor abriu não das pesquisas nucleares que se realizavam e cujo objetivo final era capacitar-nos a construir uma bomba nuclear se assim o desejássemos, e foi tudo literalmente enterrado. Um país só pode se dizer independente e que pode garantir essa independência se tiver a mesma capacidade dissuasória de quem o ameace.

Lembremos de que há décadas potências estrangeiras tentam tirar do Brasil a soberania plena sobre a Amazônia, tentando tornar as tribos indígenas como grupos étnicos independentes e com territórios independentes. A ONU vem trabalhando muito nesse sentido e trabalha em favor dos interesses dos grandes grupos de poder que mandam no planeta. Assim sendo, é bom que despertemos para a realidade de que as relações internacionais não são um conto de fadas e que os ingênuos podem prejudicar todo um país por acreditarem “nas flores vencendo o canhão”, como dizia Geraldo Vandré na música Pra não dizer que não falei de flores.

A América do Sul está pacífica hoje; o amanhã não sabemos. Portanto, todos aqueles que são responsáveis pela segurança e defesa nacional devem analisar o quadro atual dessa guerra e tirar suas conclusões, trazendo-as para nossa realidade continental.

O que você analisa na guerra da Ucrânia sob o aspecto espiritual?

Conforme tenho me referido em diversos livros e palestras, vivemos uma guerra espiritual – a Grande Batalha do Armagedom –, um confronto final das chamadas forças do bem contra as forças das trevas, ou, dizendo de outra forma, dos mansos e pacíficos contra os orgulhosos sedentos de poder e de guerras. Na minha opinião, o quadro final pintado no Livro do Apocalipse ou Livro das Revelações está em plena e inflexível execução. Quando perguntado sobre o chamado Final dos Tempos, Tempos Chegados ou Juízo Final, Jesus dizia que haveria terremotos, fome, doenças, guerra e rumores de guerra, mas ainda não era o fim. Há pelo menos duas décadas temos visto guerras e destruição por todo o Oriente Médio – Iraque, Irã, Afeganistão etc., região do planeta onde se iniciou a revolução do neolítico com a chegada daqueles que chamo de Transmigrados Planetários, ou os que deram início à chamada raça Adâmica. Descendo do planalto do Pamir, esses transmigrados planetários espalharam-se pela Ásia Central e depois pelas regiões da Europa Oriental e Central, onde também vemos acontecerem conflitos bélicos há décadas. Assim, nos parece que o presente ciclo cósmico termina por onde começou, com os ajustes cármicos de todos aqueles povos que se digladiaram em lutas funestas durante séculos.

Alguns acreditam que a referência bíblica de Gogue e Magogue estão presentes na Rússia de hoje. Alexandre Duguin, o teórico preferido de Vladimir Putin, acredita que o apocalipse está em execução e que deve ser apressado com o bombardeio nuclear total dos Estados Unidos da América, que para ele é o anticristo. As forças das trevas estão tentando incendiar o planeta e trabalham, como nunca, tentando influenciar aqueles que se consideram os donos dos destinos do planeta. O atual momento de Transição Planetária é preocupante e os riscos de incidentes que desencadeiem uma conflagração generalizada existe. Mas, afirmam os espiritualistas, o destino do planeta está nas mãos de Jesus, o governante planetário da Terra, e ele deve conduzir o seu rebanho para a Nova Jerusalém Renovada, afastando os “maus”, os fazedores de guerra, os orgulhosos, os vaidosos etc. para outras jornadas evolutivas em outros lócus planetários. Portanto, o momento é de otimismo e fé de que tudo se realizará conforme o grande planejamento cósmico dos responsáveis pelo nosso planeta.