segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Gato Azul. A identidade amapaense

Fernando Canto e Ray Cunha: a vida é uma grande farra

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 2 DE DEZEMBRO DE 2024 – Até a virada do milênio, Brasília era uma cidade do interior. Quando cheguei, aqui, em 1987, ainda estava em construção. Juscelino Kubitscheck começou a construí-la e Joaquim Roriz terminou a obra. Até os anos 1990, se precisássemos de algum produto sofisticado, tínhamos que aguardar uma semana até chegar de São Paulo. Brasília era o quintal de São Paulo. 

Naquela época, nos feriadões, a cidade ficava parecendo um cemitério. Grande parte da população se mandava para suas cidades natais, especialmente no litoral. O brasiliense era chamado de candango, aquele que veio para construir a cidade e ficou. Não havia, ainda, muitos brasilienses. A população vivia em colônias. Colônia dos cariocas, dos mineiros, dos goianos, dos paulistas, dos gaúchos etc. Havia poucos amazônidas. Amapaenses, então, eram raros. Quando eu me apresentava como amapaense virava atração de circo. 

Lembro que na época escritores, intelectuais e jornalistas tentavam criar uma identidade brasiliense, identificando, como elementos, por exemplo, rock and roll, “véio”. Artistas e agitadores culturais achavam que já havia uma literatura brasiliense. Mas Brasília não tinha identidade, ainda. 

Hoje, Brasília já é a terceira maior cidade do país, a terceira praça gastronômica, a mais cara, os brasilienses são a maior parte da população e todo mundo presta atenção na cidade, devido à Praça dos Três Poderes. 

Nos meios literários, há quem fique tiririca quando alguém diz que aqui não há escritores dos bons; defendem que aqui há gente tão boa quanto os monstros sagrados do país, mas ainda não surgiu um romance que todo mundo leia e diga: isto é Brasília. 

Conheço pessoas que viajam e são atacadas com perguntas: estão roubando muito? A resposta é sempre: sim, o pessoal que vocês mandaram para lá. Fora isso, os brasilienses são como qualquer cidadão desta grande república das bananas. Estão lutando para sobreviver, contra o arrocho fiscal, arrocho salarial, falta de vaga de trabalho, inflação, violência desenfreada e mordaça. 

O brasiliense que sai à luta todas as manhãs vive às voltas com carestia e falta de perspectiva, uma longa noite acordado à espera de picanha, desde 2023. Deu para cochilar um pouquinho de 2019 a 2022, mas agora a coisa arrochou para valer. 

A identidade é a cultura que recebemos na infância e adolescência. Vejam o caso do escritor Ruy Castro. Ele nasceu em Caratinga/MG, mas passou sua infância e adolescência mais no Rio de Janeiro do que em Caratinga, e, aos 17 anos, ficou de uma vez no Rio. Sua memória se alicerça no Rio. É o mais carioca dos cariocas. Então, a identidade é moldada pela memória da infância e adolescência. 

Outro caso é o do poeta, contista, ensaísta e compositor Fernando Canto, que nasceu em Óbidos/PA, mas migrou ainda criança para Macapá. Foi o mais macapaense dos amapaenses. Macapá é a capital do estado do Amapá, no setentrião do litoral brasileiro, na Amazônia. 

Fernando Canto escreveu três dos mais emblemáticos ensaios sobre a cultura amapaense: Literatura das Pedras – A Fortaleza de São José de Macapá como locus das identidades amapaenses (doutorado); Fortaleza de São José de Macapá: Vertentes discursivas e as cartas dos construtores (mestrado); e Água Benta e o Diabo, sobre a maior manifestação folclórica do Amapá, o marabaixo. 

Outro dia, o poeta e cronista amapaense Edevaldo Leal referiu-se a mim como brasiliense nascido em Macapá. Aí, disse-lhe, brincando, que sou caboco tucuju. Os tucujus eram uma etnia que viveram no Brasil-colônia, onde hoje é Macapá. É claro que ele sabe que sou nada mais do que um caboco de Macapá; apenas quis dizer que moro em Brasília. Edevaldo Leal foi o primeiro escritor a me orientar nas trilhas da escrita. Eu tinha 14 anos e ele, também garoto, mas um pouco mais velho do que eu, já era então jornalista e cronista. 

Não sei como será agora que Fernando Canto partiu para o azul. Quando eu ia a Macapá, quase não nos separávamos. Passávamos o dia vagabundando no carrão do Fernando, que eu chamava de 007, comendo e bebendo; entrávamos pela noite e nunca parávamos de conversar, sobre tudo. Podíamos conversar sobre qualquer coisa: literatura, pintura, música, mulheres, bebidas, geopolítica, ETs, qualquer coisa. Agora é curtir o que ele escreveu. 

Ser macapaense, e poeta, é comer mapará assado na brasa com pirão de açaí, ouvir merengue e tomar tacacá quando a tarde está morrendo, beber Cerpinha, comer camarão pitu, sentir o perfume dos jasmineiros chorando e ficar ainda mais embriagado, e ofertar rosas para a madrugada. 

Eu era garoto e às vezes passava pelo Gato Azul e ficava olhando aquela fauna bebendo. O Gato Azul foi o bar mais emblemático da minha memória macapaense. O simples ato de ficar olhando para o pessoal bebendo inflamava minha mente de futuro escritor. Ficava imaginando a vida de cada um, os locais inimagináveis que conheciam, suas experiências, seus mundos. 

O Gato Azul era como Macapá em miniatura. Então, fiz o seguinte, recriei-o no meu romance JAMBU, modificando sua arquitetura e enchendo-o de personagens de ficção. Segue o trecho.

O GATO AZUL, na Rua São José com a Avenida Presidente Vargas, estava sempre lotado. Fechado por vidraças que permitiam visão apenas de dentro para fora, com temperatura ambiente de 21 graus e variedade internacional de bebidas, o bar constituía-se no melhor refúgio da cidade. Era possível encontrar nas suas confortáveis cadeiras de palinha e poltronas, de senador da República a contrabandistas e traficantes. Jornalista, então, dava no meio da canela. João do Bailique gostava de passar por lá geralmente naquele momento de transição entre a tarde e a noite, procurava a extremidade sul do balcão e pedia diretamente ao barman, Antônio, um “espilantol”. Era como denominava o daiquiri, coquetel cubano feito com rum, suco de lima, açúcar ou xarope e gelo picado, agitados na coqueteleira e servido em um copo grande; o de Bailique lembrava um pouco o Daiquiri Hemingway, ou Papa Doble, criado no Bar Floridita, em Havana, Cuba, especialmente para o escritor americano Ernest Hemingway, que morou em Havana boa parte de sua vida; Papa era diabético e seu daiquiri não continha açúcar, e era servido com o dobro de rum, Bacardi. Além disso, o de Bailique era com suco de limão. Antônio lhe estendeu a bebida e o jornalista deu o primeiro gole, e veio-lhe a velha sensação que lhe despertava o tacacá da Esmeralda, naquele momento em que a tarde morre, anestesiando o calor, perfume de jasmineiros se insinuando, e um remoto som de merengue. Bebeu mais um gole. A edição de agosto da Trópico Úmido já estava praticamente editada. Bailique vinha trabalhando, intensamente, na matéria da Operação Prato, que começara a tomar corpo após longas conversas com Danielle, intensa pesquisa e uma entrevista com o escritor Jorge Bessa. Estava investigando ângulos da Operação Prato que não foram abordados pela mídia: Existem mesmo ETs? Se existem, quem são, de onde vêm? Por que se interessariam pela Amazônia? Estariam os ETs emitindo sinais de que a Amazônia está guardada para um fim maior? Sabe-se que o Brasil é visto nos meios exotéricos como o país mais avançado em termos espirituais: abriga todas as grandes religiões do planeta, além das dos índios e as africanas; e é um cadinho étnico. E a Amazônia, a maior floresta tropical do globo, a maior diversidade biológica da Terra, a maior província mineral do planeta, é a última fronteira, ambicionada por todos e sugada até o osso pelos governos que se sucedem em Brasília.

JAMBU, na edição da Amazon: A Amazônia completamente nua

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

China começa a ocupar a Amazônia. Lula abre as portas. Estados Unidos de Biden estão calados

Presdente Figueiredo: jóia do turismo no Amazonas

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 29 DE NOVEMBRO DE 2024 – A empresa estatal China Nonferrous Trade Co. Ltd., pertencente à ditadura chinesa, comprou da Mineração Taboca, terça-feira 26, a mina do Pitinga, no município de Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas, e que contém a maior reserva de urânio do Brasil e outros minerais estratégicos, pela ninharia de 340 milhões de dólares. Os Estados Unidos de Joe Biden estão calados. 

Pitinga é rica em nióbio, tântalo, estanho e tório, além de urânio. Esses minerais são utilizados em alta tecnologia, como a fabricação de turbinas, foguetes, baterias e satélites, além da bomba atômica. 

– Estamos impedidos com cadeados ambientais que nos escravizam e que nos prendem, porque sempre esbarramos nas ONGs. Sempre esbarramos na ministra Marina Silva, a serviço das ONGs, e, de repente, os chineses compram a maior mina de urânio do Brasil. Vão beneficiar urânio no Amazonas, perto de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, que vive do turismo, que vive das suas 160 e poucas cachoeiras, e ninguém fala nada. Por quê? O que há aí? Um compromisso? Um conluio? Uma perseguição àquilo que a gente pode ou não pode fazer? – pergunta o senador Plínio Valério (PSDB/AM). – Agora, vemos os chineses adquirindo a maior mina de urânio do Brasil, uma mina situada no coração da Amazônia, e ninguém faz nada a respeito. O que está por trás disso? Um acordo secreto? Um favorecimento político? 

– O urânio não é apenas uma commodity. Ele é um recurso essencial para a produção de energia nuclear e, em contextos militares, pode ser usado no desenvolvimento de armamentos – alerta o deputado federal Luiz Lima (PL/RJ), manifestando preocupação com a entrega de recursos estratégicos a uma empresa de um país com regime totalitário. 

Quarta-feira 20, o presidente Lula da Silva recebeu o presidente da China, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada, onde firmaram 37 acordos, abrangendo agricultura, tecnologia, infraestrutura, energia, mineração, saúde, cultura, turismo, esportes, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável e educação (?). 

A China, potência comunista, detentora do maior poder de dissuasão, tecnologia e exército, depois dos Estados Unidos, vem investindo trilhões na América do Sul, especialmente no Brasil de Lula da Silva, que se alinhou com os Brics, Irã, Venezuela e Cuba, além da China. 

A Amazônia, maior província biológica e mineral do mundo, é a região do planeta mais cobiçada pelas potências hegemônicas. Se não for ocupada e desenvolvida pelos brasileiros será ocupada e desenvolvida por outros povos. 

No romance ensaístico JAMBU, faço um mergulho do que é a Amazônia sem a conversa mole dos comunistas ou dos ecologistas a serviço das ONGs que proliferam na Hileia e que trabalham para as agências de inteligência das potências mundiais.

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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Um país em busca de se libertar da mordaça

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 27 DE NOVEMBRO DE 2024 – No meu romance A IDENTIDADE CARIOCA, thriller histórico ambientado no Rio de Janeiro de hoje, faço uma revisão da história do Brasil, acenando para o que seria a identidade brasileira, sem o ranço da visão marxista, que tanto deturpa a realidade, esta, já é por si só pantanosa, fluida, sutil. A história da nossa pátria é a história de quem está no poder, como agora, quando o crime organizado toma de assalto o Estado brasileiro. 

Mas, para o bem do Brasil, temos jornalistas sérios, os que garimpam a verdade em meio à carniça da mentira. Como Laurentino Gomes, que se tornou também escritor, repórter na história do Brasil. 

Acabei de ler 1889, de Laurentino Gomes. Trata-se do 15 de Novembro de 1889, dia em que foi derrubada a Monarquia e instituída a República. 

– Uma sociedade que não estuda história não consegue entender a si própria porque desconhece suas raízes e as razões que a trouxeram até aqui – diz Laurentino Gomes.  –O estudo da história é, hoje, talvez até mais do que qualquer outra disciplina, uma ferramenta fundamental na construção do Brasil dos nossos sonhos, em um novo ambiente de democracia. 

A Proclamação da República Brasileira, ou Golpe Republicano, ou Golpe de 1889, foi um golpe de Estado político-militar, ocorrido em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, então capital do país, instaurando a forma republicana presidencialista de governo no Brasil e pondo termo à monarquia constitucional parlamentarista do Império, destituindo o então chefe de Estado, o imperador Pedro II. 

Em 1889, Laurentino Gomes dá pistas de que as elites brasileiras estavam fartas dos portugueses mandando e queriam, mesmo aos trambolhões, transformar os Brasil em um país de e para brasileiros. Assim, foi urdido o golpe, que não foi o primeiro; um golpe de verdade e não um “gópi”. 

Os anos seguintes do 15 de Novembro não foram a tranquilidade que os professores costumam passar em sala de aula, mas correram rios de sangue em todo o Brasil, que é um subcontinente. 

O imperador Pedro II não gerou filhos, apenas filhas. Após sua morte, e ele já andava trôpego, em 1889, o trono seria ocupado por sua filha mais velha, a princesa Isabel, que fazia tudo o que os arautos da Igreja Católica Apostólica Romana mandavam e era também manobrada pelo seu marido, o francês Gastão de Orléans, Conde d'Eu, arrogante, meio surdo, ruim de português, dono de cortiços pelos quais cobrava aluguéis exorbitantes. 

Para completar, ela libertou os escravos, que eram o sustentáculo da economia brasileira, mas não proporcionou a menor chance de os ex-escravos se sustentarem, nem uma alternativa para substituir a economia escravocrata. 

Na véspera da Proclamação da República, o marechal Deodoro da Fonseca, um dos líderes da Proclamação da República, era monarquista e estava acamado, esperando pela morte. Mas urdiram uma intriga, envolvendo mulher, que fizeram o velho marechal se levantar do leito, puto da vida e republicano, dar o golpe final em Pedro II, seu amigo. Pedro II, por sua vez, não estava nem aí para mais nada. 

Quanto ao povo, os cariocas eram os mesmos de hoje. O que mudou, de lá para cá, é que, hoje, há o crime organizado, com representação nos três poderes e estado paralelo nas favelas, onde a polícia não entra, nem as Forças Armadas. 

Atualmente, o grande projeto da República é amordaçar as redes sociais. Já estamos argolados com a China até o pescoço. Como todo mundo sabe, a China é uma das mais diabólicas ditaduras do planeta. Mas há uma data esotérica bastante aguardada, que traz esperança à República: 20 de janeiro de 2025.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

A arte é feita de ilusão. Passado e futuro não existem e o presente é fluido como ectoplasma

Rinoceronte virtual ataca gladiador no Coliseu, em Roma

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 26 DE NOVEMBRO DE 2024 – Os arqueólogos recriam o passado por meio de ossos, cerâmica, ruínas etc. e, os historiadores, através de registros escritos. Com esses elementos, tentam recriar animais extintos, indumentárias, adereços, vasilhas, arquiteturas e cidades, e descrever costumes e culturas. Essas recriações atingiram a estratosfera da fantasia com a sétima arte, ao longo do século XX, e, já neste século XXI, com a informática. 

O exemplo mais emblemático que se pode dar é o de Jesus Cristo. Supondo que houve um Jesus histórico, ele teria olhos escuros, estatura média, pele morena e cabelos crespos. O de Hollywood tem olhos azuis, é alto e seus cabelos são longos, louros e bem cuidados. E acredito que 99 por cento dos ocidentais juram que ele era assim mesmo, igual astro de Hollywood. 

Acho que o diretor italiano Federico Fellini foi quem melhor utilizou a trucagem no cinema, e, agora, o inglês Ridley Scott, criador de Blade Runner, o Caçador de Androides; Alien, o Oitavo Passageiro; Napoleão; e Gladiador I e II. 

Napoleão deu o que falar, porque muitos, incluindo historiadores, não concordavam com o Napoleão Bonarparte apresentado por Scott. Foi aí que Scott pôs fim a essa discussão sobre se filmes históricos são documentários ou ficção. São ficção. 

O artista trabalha com licença poética, e até subverte a História. Ninguém o prenderá por isso. Quem quiser realidade precisa procurá-la na obra dos arqueólogos e historiadores. Ainda assim, é bom que tenha senso crítico. 

A sequência de Gladiador, lançada sexta-feira 22, deixou muita gente irritada com Scott e com Alexander Mariotti, consultor histórico da produção. Scott é um artista e não historiador. Assim, recria. Em 2023, o historiador Dan Snow apontou várias imprecisões no filme Napoleão; Scott aconselhou-o a “arranjar o que fazer”. 

Em Gladiador II, a arquitetura romana foi recriada e Scott criou até uma cafeteria em plena Roma clássica. Na época em que a trama se passa o Coliseu era conhecido como Anfiteatro Flaviano e os gladiadores não lutavam contra babuínos, rinoceronte e tubarões. Também quase a metade dos gladiadores eram pessoas livres e personagens como os imperadores gêmeos Caracalla e Geta realmente existiram, mas não do jeito como foram dramatizadas no filme. 

– O que Ridley faz não é diferente de Shakespeare ou Michelangelo. É usar a História para contar uma história e nos ensinar uma lição – esclarece Alexander Mariotti.

domingo, 24 de novembro de 2024

Fluxo de consciência em A CASA AMARELA, que o portal UOL classificou como o romance que melhor representa o estado do Amapá

Esta seringueira continua de pé, ao lado do Colégio Amapaense, em Macapá. Em A CASA AMARELA (capa da edição da Amazon), ela tem sentimentos: agita-se sem vento algum e verte látex sem ferimento

Para o poeta e cronista Edevaldo Leal

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 24 DE NOVEMBRO DE 2024 – Fluxo de consciência é uma técnica literária criada pelo francês Édouard Dujardin, no livro Os Loureiros Estão Cortados, em 1888. Consiste em transcrever o pensamento de um personagem. Como se sabe, no pensamento não há tempo nem espaço, nem raciocínio, misturam-se emoções e sentimentos, consciente e inconsciente, realidade e lembranças, desejos e fatos. Um monólogo com o nada. Um quadro impressionista. 

Para o filósofo e psicólogo americano William James, o fluxo de consciência é um rio; o monólogo interior seria uma represa desse rio, que, adiante, volta ao seu fluxo. 

Marcel Proust, William Faulkner, James Joyce, Virginia Woolf, Samuel Beckett, John dos Passos, utilizaram essa técnica, bem como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Benedicto Monteiro. 

Édouard Dujardin descreve o fluxo de consciência como: “Discurso sem interlocutor e não pronunciado através do qual um personagem exprime seus pensamentos mais íntimos, mais próximos do inconsciente, anteriores a qualquer organização lógica, isto é, no seu estado original, por meio de frases diretas reduzidas à sintaxe mínima, de maneira a dar a impressão de não terem sido elaborados”. 

Na Amazônia, temos Dalcídio Jurandir. No seu livro mais emblemático, Chove Nos Campos de Cachoeira, publicado em 1941, o menino Alfredo sonha sair do Marajó e morar em Belém/PA, sonho que ele reparte com um caroço de tucumã, que é um coquinho da Amazônia. Os pensamentos de Alfredo são como um rio fluindo, lento, amazônico. 

Em contraste com Alfredo, seu irmão, Eutanázio, de 40 anos, é destituído de sonhos; não tem sequer um objetivo, nem sentido na própria vida. Vive em um mundo absurdo. Para completar sua miséria, a jovem Irene o despreza. Eutanázio é como um fantasma, de ectoplasma. Seria essa a matéria dos fluxos de consciência. 

Dalcídio lembra Faulkner. Enquanto Faulkner recria o sul dos Estados Unidos, mergulhado em sangue coagulado, espirrado da negrura do preconceito, Dalcídio apresenta uma Amazônia suja de lama, cabocos com a alma amortecida por cachaça, da mesma forma que seu doce linguajar silencia no amortecimento da língua pelo espilantol, o princípio ativo do jambu, a emblemática erva do tacacá, que é uma comida de origem indígena. Assim, o espilantol seria oura substância do fluxo de consciência, como neutrinos. 

Faulkner usou a técnica do fluxo de consciência ad nausean. De certa forma, Faulkner se parecia comigo. Era baixinho, media 1,65 metro, um centímetro acima de mim, e foi recusado pelo serviço militar americano. Eu fui recusado em Niterói/RJ, por falta de peso e pele inflamada pela poluição da cidade, pois passara minha vida em Macapá e estava em Niterói há pouco tempo. 

Foi demitido de uma livraria em Nova York porque lia em serviço. De volta a Oxford, trabalhou como agente dos Correios. Em um curto período da minha vida fui ajudante de carteiro nos Correios, em Copacabana. Certo dia, o gerente da agência onde eu trabalhava me flagrou em uma biblioteca pública que ficava próxima à agência, em horário de trabalho, e me fez uma advertência por ler em serviço. 

A transcrição do fluxo de pensamento para o papel na obra de Faulkner é um rio grande como o Amazonas, provavelmente o Mississipi. São longos parágrafos, longos períodos, com pontuação irregular. Isso exige, no mínimo, cumplicidade do leitor, além de muita concentração e mais ainda interesse, se não o leitor não irá adiante, pois já basta o fluxo de consciência dele mesmo. 

Gosto do fluxo de consciência. E acho, mesmo, que todo mundo gosta. Acho também que usei o fluxo consciência no romance A CASA AMARELA, o zeitgeist de Macapá/AP, minha cidade natal, especialmente nos anos de 1960. Mas, nesse romance, o fluxo de consciência é mais material do que pensamento, porque, nele, é apenas um estado da matéria, neutrinos, ectoplasma, como em Pedro Páramo, de Juan Rulfo. Talvez nem haja fluxo de consciência algum, nele. Apenas impressão.

A CASA AMARELA foi selecionado pelo UOL como o romance mais emblemático do Amapá. Você pode adquiri-lo no Clube de Autores, na Amazon ou na amazon.com.br

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A maior lenda urbana do Rio de Janeiro, o Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo, existe, mesmo? E, se existe, onde está?

Ray Cunha e o thriller histórico A IDENTIDADE CARIOCA: afinal, onde
se encontra o tão procurado Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo?

A IDENTIDADE CARIOCA, romance histórico de Ray Cunha, ambienta este thriller na cidade do Rio de Janeiro. A maior lenda urbana do Rio, o Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo, é real e tem um chefão do crime organizado atrás dele. Subjacente à trama deste thriller surge a História do Brasil também real, revelando A IDENTIDADE CARIOCA.

O jornalista Reynaldo Loyola de Carmela, da revista A Carioca, descobre, na Biblioteca Nacional, um documento dando conta de que o Tesouro do Morro do Castelo é real e parte para uma investigação para elucidar o mistério: o tesouro exciste ou não? A jornada revela muito mais: como nasceu a identidade carioca e o Brasil.

Saiba onde se encontra o tesouro da Cidade Maravilhosa neste thriller de tirar o fôlego.

Ray Cunha nasceu em Macapá/AP, cidade situada na esquina do maior rio do mundo, o Amazonas, com a Linha Imaginária do Equador, na Amazônia Atlântica. É jornalista e terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, além de escritor, autor dos romances: A CASA AMARELA, FOGO NO CORAÇÃO, JAMBU, O CLUBE DOS ONIPOTENTES, HIENA e A CONFRARIA CABANAGEM.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Brasil sofrerá mudanças radicais em 2025

O Brasil inteiro faz a pergunta: Jair Messias Bolsonaro será
eliminado, apodrecerá na cadeia ou voltará à Presidência? 

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 20 DE NOVEMBRO DE 2025 – Esclareço, desde já, que estas previsões para 2025 são baseadas no meu trabalho como jornalista e pesquisador de geopolítica. O Brasil passa, atualmente, por um período de purificação, e toda purificação apura a essência e retém o lixo. 

Para entendermos melhor, isso, é necessário voltarmos 60 anos. Em 1964, os militares, a pedido da população, instalaram uma ditadura meia-boca de 21 anos, até 1985, para impedir que a máfia comunista instalasse uma ditadura de verdade, feroz, tipo a de Cuba e, agora, da Venezuela. 

Durante os 21 anos de ocupação dos militares, a Esquerda matou, detonou bombas, sequestrou o embaixador dos Estados Unidos e assaltou bancos, e todos foram anistiados. Mas o maior problema não foi esse. O maior problema é que durante esse tempo todo os comunistas promoveram uma lavagem cerebral nas gerações que se seguiriam, especialmente nas universidades, e compraram artistas, principalmente populares, e a mídia prostituta. 

Nasci em 1954, mas em 1968, aos 14 anos de idade, já frequentava rodas de artistas e intelectuais de Macapá. Fidel Castro e Che Guevara eram vistos como heróis. Muitas das pessoas que conheci naquela época, hoje, septuagenários, octogenários, continuam crendo que Fidel e Che eram mesmo comprometidos com a democracia e os direitos humanos. Acredito que são pessoas que não leem e carecem de senso crítico. 

Em 1990, foi criado o Foro de São Paulo, com a missão de ressuscitar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) na Ibero-América, a partir do Brasil. 

Em 1995, chega à presidência um esquerdista, Fernando Henrique Cardoso, reeleito, e que ajudou a eleger seu sucessor: Lula da Silva, que tomou posse em 2003, prometendo que faria do Brasil o Paraíso. Fez, para a Esquerda. Após condenado nas três instâncias do Judiciário e preso, Lula foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e guindado à presidência da República pela terceira vez. 

Lula juntou-se aos democratas americanos, que são a Esquerda dos Estados Unidos, à China, Irã, Venezuela e a Vladimir Putin, defende a mordaça nas redes sociais, o desarmamento da população e imposto para tudo, incluindo um imposto especial para ricos. 

Mas nos Estados Unidos, assumirá a presidência da república, em dois meses, 20 de janeiro de 2025, o republicano Donald Trump, amicíssimo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que vem sendo acusado de golpe de Estado por Lula e ameaçado de apodrecer na prisão. Só que uma comissão de deputados e senadores que apoiam Bolsonaro levou para Trump e para congressistas americanos um dossiê sobre o que está acontecendo no Brasil nos últimos anos. 

Trump já montou o arcabouço dos seus principais assessores, entre os quais Elon Musk, gênio da tecnologia, corrida espacial, telecomunicações e informática, para liderar o novo Departamento de Eficiência do Governo. Recentemente, a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, mandou-o se foder. Fica a pergunta: por que? 

O novo secretário de Estado americano será o senador da Flórida, Marco Rubio, profundo conhecedor dos bastidores da política no Brasil. 

Trump lidera a Direita mundial, que zela pela democracia (não a relativa), liberalismo, economia de mercado, Estado pequeno, liberdade de pensamento, imprensa livre de mordaça, população armada e tolerância zero com os corruptos e bandidagem em geral.

Isso posto, há três possibilidades para Jair Messias Bolsonaro, líder inconteste da Direita no Brasil: ser assassinado, pois já tentaram isso e quase conseguem eliminá-lo; apodrecer na cadeia, acusado de liderar um golpe de Estado a partir dos Estados Unidos; ou voltar ao Palácio do Planalto.

Em 2025, publicarei a sequência do thriller político O CLUBE DOS ONIPOTENTES.