quarta-feira, 9 de julho de 2025

Posse ao anoitecer

Ray Cunha é sócio correspondente em Brasília/DF
da Academia Amapaense de Letras (AAL) do Amapá

RAY CUNHA

Teu dorso, à sombra da tarde que finda e escoa em murmúrios

É alvo como pétala de rosa vermelha; sinuoso; nu

Agarro-me aos cabelos, às ancas, aos ombros, ao perfume, bêbedo de gemidos

A noite se instala como transatlântico no porto

Feérico, iluminado como o Copacabana Palace

Tuas costas são alvas como jambo

De olhos fechados, sorvo cheiro de nudez

Sabor de Dom Pérignon, safra de 1954

Ouço Concierto de Aranjuez, de Joaquin Rodrigo

E os 14 minutos e 10 segundos do Bolero, de Maurice Ravel,

Sob a regência de Silvio Barbato

Abro os olhos e enxergo o halo azul da noite

Suave como o primeiro movimento, allegro,

Do Concerto para Piano e Orquestra, em Ré Menor,

Número 20, K. 466, de Mozart

Pulsar longínquo, o atrito da Terra no espaço

Gemidos femininos se esvaindo

Som de maresia

Sangue circulando nos tímpanos

O segundo movimento, romanze,

É de estrelas se acamando no azul da alma

O terceiro movimento, rondó,

Flores se abrindo ao riso de crianças

Solto o urro, vibrante, de leão alado, ao ouvir gritos abafados,

E sentir que desmaias ao acme

Do livro DE TÃO AZUL SANGRA, à venda no Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com

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