quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A geração perdida. A vida secreta de Fidel

Fidel Castro e Che Guevara: heróis da esquerda tiete caviar

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 30 DE AGOSTO DE 2023 – A escritora Gertrude Stein dizia que a tribo de seu colega Ernest Hemingway era uma “geração perdida”, e o próprio Hemingway utilizou a frase como epígrafe no seu romance O Sol Também se Levanta. Stein referia-se à geração nascida entre 1883 e 1900, que teve sua adolescência ou vida adulta permeada pela Primeira Guerra Mundial, os anos 1920 e a Grande Depressão. Muita gente, nessa época, sentia-se perdida e vivia em busca de um norte, procurando se encontrar a si mesmo em um mundo em rápida transformação. 

Alguns escritores, conhecidos de Hemingway, como Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald e James Joyce, refletiram nos seus livros o espírito da época, permeada de efervescência cultural, insatisfações sociais, incertezas políticas, mudanças tecnológicas e falta de perspectivas. 

A geração nascida nas décadas de 1950 e 1960 é também uma geração perdida. Teve Fidel Castro e Che Guevara como seus heróis. Mas tudo isso foi desmitificado. Quem lê, sabe. Fidel Castro não passou de um playboy inteligentíssimo, e assassino também. Mais assassino do que ele foi Che; psicopata mesmo. Na avalanche de livros que dissecam a vida desses dois répteis, falarei um pouco sobre A Vida Secreta de Fidel, do seu guarda-costas Juan Reinaldo Sánchez, em depoimento ao jornalista francês Axel Gyldén. Comprei meu volume no Sebo do Ed (corredor central da Quadra 2 do Setor Comercial Sul, Brasília/DF), da Editora Paralela, São Paulo, 2014, 232 páginas. 

Sánchez (Havana, 1949-Miami, 2015) foi guarda-costas de Fidel por 17 anos, de 1977 a 1994, quando resolveu se aposentar. Mas guarda-costas de ditador não se aposenta. Foi, então, preso. Tentou fugir dez vezes. Conseguiu, em 2008. 

O livro todo mostra um Fidel mergulhado no luxo, escondido sob uma máscara de austeridade, enquanto o povo cubano morria de fome. Era um “homem dominado pela febre do poder absoluto e pelo desprezo ao povo cubano; mais que sua ingratidão sem limites com os que o serviram, reprovo sua traição, porque traiu a esperança de milhões de cubanos” – escreve Sánchez. “Por que os heróis (das revoluções) se transformam sistematicamente em tiranos piores do que os ditadores que combateram?” – pergunta-se. 

Segundo ele, Fidel mantinha 20 residências privadas na ilha, uma marina com quatro iates e um barco de pesca, o Aquarama II, e uma ilha secreta com restaurante flutuante e um aquário de golfinhos, Cayo Piedra. Mais de cem homens cuidavam da sua segurança e a administração da sua vida, do seu harém e filhos. A revista Forbes dizia que Fidel tinha 900 milhões de dólares, mas o governo de Cuba afirmava que não, que o ditador vivia de seu salário, 36 dólares por mês. 

Quanto à descrição que Sánchez faz de Fidel está de acordo com as biografias sérias que circulam por aí: carismático, inteligente, manipulador, egocêntrico e de sangue frio, igual tubarão. 

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu em Birán, em 13 de agosto de 1926, e virou zumbi em Havana, em 25 de novembro de 2016, aos 90 anos de idade. Foi ditador de Cuba a partir de 1959, transformando a ilha em uma favela. Filho de fazendeiro rico, estudou Direito na Universidade de Havana. Em 1953, planejou derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, lançando um ataque ao Quartel Moncada. Não deu certo. 

Um ano depois, no México, criou o Movimento 26 de Julho, juntamente com seu irmão Raúl Castro e o aventureiro argentino Che Guevara. Voltou a Cuba e começou a guerrilha contra as forças de Batista, a partir de Serra Maestra, depondo o ditador, em 1959, e aliando-se à União Soviética. Em 1962, Fidel permitiu que os soviéticos instalassem armas nucleares na ilha. Por um triz não foi desencadeada a terceira, e última, guerra mundial. A União Soviética viu que essa guerra acabaria com a vida no planeta e retirou seus mísseis nucleares de Cuba. 

Mas estava instalado nas Américas o comunismo. Mais tarde, Fidel Castro e Lula da Silva criariam o Foro de São Paulo, com a missão de instalar o comunismo na coroa do bolo, ou melhor, o próprio bolo, o Brasil, e declarar guerra, embora apenas subtendida, aos Estados Unidos. 

Quanto a Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara, nasceu em Rosário, na Argentina, em 14 de junho de 1928, e morreu em La Higuera, Bolívia, em 9 de outubro de 1967. Conheceu Fidel Castro na Cidade do México e se juntou ao Movimento 26 de Julho, partindo para Cuba a bordo do iate Granma com a missão de derrubar Fulgencio Batista, que era apoiado pelos Estados Unidos. 

Che se tornou o executor preferido de Fidel. Executava com gosto. Deposto um ditador e posto outro, Che passou a matar prisioneiros políticos e quando não havia mais ninguém amarrado para ele matar andou se metendo na economia de Cuba. Foi um desastre. Igual o que está acontecendo atualmente no Brasil. Aí, ele resolveu matar na África e depois na Bolívia, onde chegou escondido em 3 de novembro de 1966, com o nome de Adolfo Mena González, empresário uruguaio que trabalhava para a Organização dos Estados Americanos. 

Na Bolívia, Che criou o Exército de Libertação Nacional da Bolívia (ELN), para fazer uma revolução comunista. Seu primeiro acampamento foi instalado na remota região de Ñancahuazú. Conseguiu cerca de 50 homens. Che pensava que teria que lutar apenas contra o Exército boliviano, mas os americanos já estavam lá. 

Na manhã de 8 de outubro de 1967, dois batalhões, com 1,8 mil soldados, cercaram o acampamento de Che, que foi ferido, ergueu os braços em sinal de rendição e gritou aos soldados: “Não atire! Eu sou Che Guevara e valho mais para você vivo do que morto”. Então foi amarrado e levado naquela noite para uma escola na aldeia vizinha de La Higuera. 

Na manhã de 9 de outubro, o presidente boliviano, René Barrientos Ortuño, ordenou a morte de Che. O sargento Mario Terán, de 27 anos, se ofereceu para executá-lo. Usou uma carabina M2 de carregamento automático, atingindo Che com nove balaços, nos braços e nas pernas, para não parecer uma execução, e, finalmente, no peito e na garganta. As mãos de Che foram amputadas para identificação de impressões digitais e seu corpo foi enterrado, ou cremado, em local desconhecido. 

No livro O Verdadeiro Che Guevara o cubano Humberto Fontova registra uma frase do argentino: “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar movida apenas pelo ódio”.  O fato é que já se desmitificou tudo: Che, herói da geração perdida dos anos 1950-1960, não passava de um psicopata. Frio, sem escrúpulo, sanguinário. Seu único propósito era matar. Odiava negros, homossexuais, intelectuais e artistas, e executava prisioneiros com gosto, estourando seus miolos a pouca distância. Era o monstro de que Fidel precisava para chegar à burra cubana.

Atribui-se a Che a frase paradoxal: “É preciso endurecer, mas sem jamais perder a ternura”. Mito. Aliás, Che é, todo ele, uma farsa. Adorado por celebridades, como Carlos Santana, Angelina Jolie, Madonna, Mike Tyson, Al Gore, Sharon Stone, Merly Steep e Christopher Hitchens, Che é o tipo de símbolo que a esquerda tiete caviar e os idiotas úteis adoram. Uma geração enganada.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Culinária paraense, café de açaí, a Amazônia despida das bobagens que propagam sobre ela

JAMBU, na edição do Clube de Autores: Amazônia completamente nua

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 23 DE AGOSTO DE 2023 – Acho a culinária paraense a mais saborosa do planeta. Claro, cada qual puxa a sardinha para sua brasa. Sou caboco ribeirinho de Macapá. A cidade, em 1954, quando nasci, era um povoado à margem do maior rio do mundo, o Amazonas, e, até 1943, o Amapá era Pará, de modo que sou paraense de Macapá, e meus anos de formação foram principalmente em Macapá e Belém. 

A partir dos 21 anos, em 1975, trabalhei em todos os grandes jornais impressos da Amazônia, e sempre li a literatura científica sobre o Trópico Úmido, além de alguns escritores da Hileia, como os paraenses Dalcídio Jurandir e Benedicto Monteiro, o manauara Márcio Souza e os amapaenses Isnard Brandão Lima Filho e Fernando Canto. 

Importante: nesse meio tempo desenvolvi minhas antenas de escritor, atento ao que se passava não somente comigo, mas ao meu redor, também, lendo, ouvindo sons que vinham do Caribe, como merengue, vendo o trabalho de pintores como R. Peixe e Olivar Cunha, e exercitando minhas papilas gustativas com iguarias de deixar chef francês de joelhos. 

A base da culinária paraense é indígena, com grande colaboração africana e a sofisticação lusitana, e a matéria-prima é principalmente mandioca, peixes de primeiríssima categoria (há mais espécies de peixes na Bacia Amazônica do que no litoral brasileiro) e frutos do mar, jambu e açaí. 

A comida paraense está presente, hoje, nas três maiores praças gastronômicas do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, por meio de restaurantes e casas especializadas em produtos da Amazônia. Além das comunidades dos diversos estados da Amazônia Clássica, os frequentadores desses restaurantes são os próprios paulistanos, cariocas e brasilienses, que, cada vez mais, apreciam o gosto do Trópico Úmido. 

Tacacá, maniçoba, camusquim, tamuatá e pato no tucupi, açaí com farinha de tapioca e mapará assado na brasa, filhote ao molho de castanha-do-pará, pescada ao molho de camarão pitu, caranguejo, unha de caranguejo. À noite, Cerpinha. 

Agora, surgiu um produto novo na Grande Floresta: café de açaí. Novo, não! Ao que se sabe, foi criado há três décadas. Trata-se de caroço de açaí moído e torrado, base de uma bebida com sabor semelhante ao de café, porém sem cafeína. Ao que se sabe, a bebida foi inventada pela agricultora Perina Rodrigues, moradora da Vila Paulo Fonteles, a 60 quilômetros da sede do município de Parauapebas, no interior do Pará, onde moram ela e seu marido, Roberto Carlos Cunha, ambos migrantes goianos. 

Um dia, faltou café em casa. “Sem dinheiro e nem meios para ir a Parauapebas, fiquei pensando, aí surgiu a ideia de torrar semente de bacaba (semelhante a açaí, porém mais clara e gordurosa) para tentar fazer café; a cor ficou igual do café, mas o sabor foi reprovado, porque amargava muito” – lembra Perina. 

Aí, Perina resolveu experimentar caroço de açaí. O cheiro ficou semelhante ao de café e o sabor também. A partir daí, sempre que faltava café, ela torrava açaí. A comunidade ficou sabendo da novidade e o produto foi se espalhando. Hoje, em Macapá, a Engenho Café de Açaí, criada em 2020, já está vendendo café de açaí para a Alemanha e Estados Unidos. A empresa produz quatro toneladas de café de açaí por mês. Matéria-prima é o que não falta. Só em Macapá e Santana, na Zona Metropolitana da capital amapaense, são jogadas fora 24 toneladas de caroços de açaí todos os meses. 

O café de açaí é rico em nutrientes, como vitamina A, que combate o envelhecimento, reforça a imunidade e protege a saúde dos olhos; vitamina D, que fortalece os ossos; vitamina E, benéfica para a pele e o cabelo; e vitamina K, que previne doenças cardiovasculares. Por conter muitas fibras, regula o intestino e reduz colesterol e glicose no sangue.

O meu romance ensaístico JAMBU é um mergulho na cozinha paraense. Sinopse: casal investiga um traficante de crianças e de grude de gurijuba durante o Festival Gastronômico do Pará e Amapá, no luxuoso Hotel Caranã, no bairro do Pacoval, em Macapá. Ensaístico porque mistura personagens de ficção com pessoas reais, vivas ou mortas, além de deixar a Amazônia inteiramente nua, desmitificando todas as bobagens que dizem sobre ela.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Três livros que dissecam o comunismo, o Foro de São Paulo e Lula. Roriz e o inchaço de Brasília

Lula enfrenta seus piores fantasmas: velhice, doença e a direita

Ray Cunha 

BRASÍLIA, 18 DE AGOSTO DE 2023 – Há três livros no Brasil que mergulham fundo no ventre da besta, no coração das trevas: o comunismo. Todos os três encontraram no vulcão gástrico-cardíaco o representante no Brasil dessa ideologia satânica, o que conseguiu enxergar mais fundo o inferno: Luiz Inácio Lula da Silva. 

São eles: Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos (Thesaurus Editora/Tagore Editora, Brasília, 2020, 444 páginas), de Jorge Bessa. Espião brasileiro em Moscou durante a Guerra Fria, Bessa chefiou os departamentos de Contra-Espionagem e de Contra-Terrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Graduado em Economia pela Universidade Federal do Pará, formado em Medicina Tradicional Chinesa pela Escola Nacional de Acupuntura, psicanalista, pesquisador de assuntos metafísicos e espiritualistas, tentando estabelecer pontes entre ciência e espiritualidade, é autor de mais de duas dezenas de livros, alguns relacionados à atividade de inteligência de estado e outros ligados às áreas de saúde mental. 

Bessa disseca o comunismo desde a sua origem, na Revolução Francesa, passando pela Revolução Comunista na Rússia e atravessando o período da Guerra Fria, até chegar ao Foro de São Paulo, “organização que pretende realizar na América Latina aquilo que fracassou no Leste Europeu: o comunismo transvestido em socialismo do século XXI, socialismo bolivarianista, socialismo moreno, neocomunismo ou simplesmente socialismo petista”. 

Se em Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos Bessa faz um levantamento da tragédia global que é o comunismo e traça o perfil psicológico de Lula, Romeu Tuma Júnior descreve o modus operandi de Lula e sua organização no seu Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado. Meu exemplar é de 2013, sétima edição, Topbooks, Rio de Janeiro, 557 páginas. No livro, Tuma Jr. mostra, logo de cara, que Lula é cínico e perigosíssimo, e denuncia o projeto de poder do dono do Partido dos Trabalhadores (PT) e a construção de uma polícia de estado e de uma fábrica de contrainformação para exterminar inimigos, além de escrever o roteiro do assassinato de Celso Daniel. 

Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado é um depoimento ao jornalista e escritor Claudio Tognolli, que não conseguiu cortar o excesso de confetes e serpentinas que Júnior lança no pai, Romeu Tuma, diretor-geral do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e senador da República por São Paulo, e as passagens em que o filho, Romeu Tuma Júnior, delegado da Polícia Civil de São Paulo, deputado estadual e secretário Nacional de Justiça, se deixou levar pela emoção. Mas o livro, embora adiposo, consegue conduzir sua micro câmera até o intestino da besta, flagrando um Lula que foi dedo-duro dos seus próprios companheiros, no Dops. Segundo Júnior, Lula foi uma espécie de gato do regime militar, afagado por Romeu Tuma pai, que nem sequer sonhava que estava afagando a própria serpente. Tuma não sonhava, mas Lula já sonhava com o “puder” total. 

O Clube dos Onipotentes (Clube de Autores, 2022, 278 páginas), deste repórter, é um romance ensaístico, um thriller político. Do mesmo gênero de Agosto, de Rubem Fonseca, e A Festa do Bode, de Mario Vargas Llosa, em que os autores misturam ficção com história real, personagens inventadas com pessoas reais, vivas e mortas, ambiento O Clube na história política recente do país. 

Construí o enredo fictício de O Clube com base em dois livros de Jorge Bessa: Grigori Raspútin: As Forças Destrutivas do Mal e Marxismo – O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos. O resultado é um passeio pelas trevas do comunismo. 

– A trama de O Clube dos Onipotentes começa com uma ocorrência policial sobre exploração de menores, com o envolvimento de importantes figuras do cenário político nacional, e envereda para uma trama macabra, com o fim de assassinar o presidente da República. Entre uma coisa e outra, a história nos leva a um tour histórico pelo maior flagelo da humanidade, o socialismo/comunismo, e ouso dizer que maior até que o nazismo, guardadas as proporções globais e o necessário respeito às vítimas. No entanto, mais devastador do ponto de vista da abrangência humana por seu tempo de duração e aplicação em mais de 70 nações do mundo, resultando, sempre, em genocídio, exploração, tirania e miséria – escreve o jornalista, psicanalista e cientista Marcos Machado, editor do portal Do Plenário. 

Aproveito, aqui, para publicar um puxão de orelha que Marcos Machado me deu. O Clube tem ainda em segundo plano o governo Roriz. Na trama, Roriz aparece como culpado pelo inchaço de Brasília. Machado o defende: 

“Mas O Clube dos Onipotentes comete uma injustiça, e tenho certeza de que é por crença do autor e não por ciência. A diferença entre inverdade e mentira é que mentira é o que a esquerda dissemina e inverdade é o que as pessoas repetem por desconhecimento da realidade. Assim, também, mentira e irrealidade são coisas distintas. 

“No livro, Ray Cunha aborda o programa habitacional do governador Joaquim Roriz como responsável pelo inchaço da capital do país, mas isso é mentira da esquerda, que, à época, lutava para derrubar Roriz, inverdade abraçada pela elite planopilotista e intelectuais unibestados, que proliferou nas redações e mesas de bares ocupadas por pensadores que viam, na maioria, Brasília como uma ilha cuja borda era a quadra do Beirute. Dali para a frente, era tudo Goiás. 

“O programa não era do Roriz, mas coisa séria já prevista no memorial descritivo da Capital, de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, com a indicação, inclusive, da área onde foram criadas as regiões administrativas da expansão urbana. O que Ray Cunha fez foi repetir a inverdade criada pela oposição (esquerda). A intervenção de Roriz acelerou o projeto de expansão, que salvou, isto mesmo, salvou a área tombada, a qualidade de vida no Plano Piloto e redondezas, e, ao contrário da narrativa, não, não inchou Brasília. 

“Crença versus ciência – a primeira se baseia em nada, só em narrativa de alguém, ou de alguéns, sem qualquer comprovação, dado, fato, estatística, estudo, ou seja lá o que for. É só papo de botequeiro. Bem típico da esquerda, até hoje. Mesmo que se apresentem evidências e provas físicas contrárias, o crente, invariavelmente, as ignora porque contraria sua convicção. A ciência, ao contrário, é a tomada de conhecimento da realidade por meio dos fatos, dados etc. 

“No caso do projeto habitacional, começou com o governador Hélio Prates lançando a pedra fundamental de Ceilândia, que depois Aimé Lamaison expandiu; José Aparecido começou Samambaia, o que Roriz tomou a decisão de acelerar a fim de evitar a favelização do centro de Brasília, coisa que Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza etc. não fizeram, e os resultados são visíveis de longe. 

“Todo o programa foi profundamente estudado e delineado por técnicos de carreira do governo, não por políticos. O político tomou a decisão de desencadear o processo, e sabe por quê? Só na área tombada foram listadas 64 ocupações irregulares, algumas já tomando corpo de favela, como na área próxima ao que é o Setor Noroeste. Essas favelas se espalharam por todo o Plano Piloto e, não sei se Ray Cunha se lembra, atrás do Correio Braziliense tinha uma. Havia até um boteco carinhosamente chamado de “Boldo”, onde os colegas iam consumir turbinadores de consciência. 

“Inchaço? Essa é outra mentira que viralizou em inverdade na boca de muita gente. Não sei se os dados do IBGE ainda estão disponíveis, mas como fiz várias reportagens à época para desconstruir a desconstrução da esquerda ao projeto, ainda lembro que no referido período dito como de inchaço ocorreu o inverso. Nos anos de explosão do programa, 1988 a 1994, ocorreu redução no fluxo migratório para Brasília. O grande volume, retirado o período da construção, ocorreu nos anos 1970. 

“Falei das favelas, e nem preciso abordar o volume de cortiços, barracos de fundo de quintal etc., que degradavam a qualidade de vida das pessoas nos bairros de Brasília, chamados de cidades-satélites, apesar de não haver qualquer referência ao termo em qualquer documento, desde o projeto piloto; essa é outra invenção que viralizou. Brasília sofria com grave déficit habitacional, especialmente em razão dos valores impagáveis de seus imóveis. Morar em casa própria era um sonho, realmente. O déficit habitacional resultava não de fluxo migratório, mas do crescimento orgânico da população. Poderia explicar isso mais detalhadamente, mas acho que Ray Cunha entende. 

“Claro que Roriz usou politicamente o programa, e qualquer outro faria o mesmo, mas é preciso que a ciência tome o lugar da crença. Não que a crença não possa se sustentar na ciência, aliás é isto o que precisa ser feito. Ocorreram, óbvio, algumas distorções, mas não no nível que a esquerda prega. 

“A partir de 1995, ocorreu a proliferação dos condomínios ilegais, com a bênção do PT do governador Cristovam Buarque, em área inadequada para projetos habitacionais (Vicente Pires, Colorado, Jardim Botânico etc.), e invasões absurdas que viraram bairros, como Estrutural e 26 de Setembro, que resultaram em devastação ambiental. Recentemente, o Senado aprovou novos limites para o Parque Nacional a fim de ajustar a área para a regularização da invasão 26 de Setembro. 

“Bem, eu estava lá, eu vi, acompanhei, entrevistei, comparei e comprovei os dados, daí minha preocupação com o restabelecimento da verdade. Ah! Sim! Os primeiros assentamentos habitacionais em Brasília foram Gama e Sobradinho, após a inauguração de Brasília, já que Núcleo Bandeirante e Taguatinga surgiram antes da inauguração.

“Se não fosse Roriz, talvez, hoje, você desse de cara com uma Rocinha ao abrir a janela de seu apartamento, de manhã. É isso o que ocorre com moradores de bairros nobres no Rio”.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Em quem me inspirei para criar o protagonista do romance ensaístico JAMBU: João do Bailique

O taxidermista João Cunha no Parque Nacional Montanhas
do Tumucumaque: da vida real para as páginas de JAMBU

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 16 DE AGOSTO DE 2023 – “Estive onde o homem jamais pisara” – comentou o taxidermista do Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa), João Cunha, depois de participar de expedição no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, um dos santuários do planeta, onde, em quase todo ele, o homem nunca pôs os pés. A expedição foi levada ao ar pelo Globo Repórter, em 11 de fevereiro de 2005. João Cunha é a base da construção de João do Bailique, protagonista do romance ensaístico JAMBU. 

Sinopse de JAMBU: É julho, mês de férias de verão na Amazônia. No monumental Hotel Caranã, no bairro do Pacoval, em Macapá, acontece o Festival de Gastronomia do Pará e Amapá, revelando para o mundo a cozinha mais saborosa do planeta. O evento é promovido pela chefe de cozinha e oceanógrafa Danielle Silvestre Castro, dona do Hotel Caranã, esposa do oceanógrafo, arqueólogo, taxidermista e jornalista João do Bailique, editor da revista Trópico Úmido, que trabalha em uma edição especial sobre a Hileia, e ambos investigam o tráfico de crianças e mulheres para escravidão sexual e estão à caça do traficante de crianças e de grude de gurijuba Jules Adolphe Lunier. 

Em JAMBU, personagens de ficção se misturam a pessoas reais, vivas e mortas, como o pintor amapaense Olivar Cunha, que decora o cenário do Festival de Gastronomia do Pará e Amapá; o compositor paraense Waldemar Henrique; o filósofo japonês Masaharu Taniguchi; o escritor, astrofísico e médium Laércio Fonseca; o escritor, psicanalista e acupunturista Jorge Bessa; os jornalistas Walmir Botelho e Carlos Mendes, editor de Ver-O-Fato; a cantora lírica Carmen Monarcha; a pianista Walkíria Ferreira Lima e seu filho, o poeta Isnard Brandão Lima Filho. 

Como cenário, JAMBU deixa Macapá, e a Amazônia, nuinhas. Macapá é uma das cidades mais emblemáticas da Amazônia. Encravada na beira do maior rio do planeta, o Amazonas, a Fortaleza de São José de Macapá, maior forte colonial português, é a tradução perfeita da cidade, pois foi construída por escravos negros e índios, debaixo do látego do colonizador português. 

Os portugueses cruzaram com africanos e geraram mulatos, e com os índios, formando uma população de mamelucos; os africanos fundaram os bairros do Curiaú e do Laguinho, misturaram-se com os índios e legaram cafuzos; e mulatos, cafuzos e mamelucos misturaram-se, fechando o círculo, numa diversidade étnica viva nas ruas de Macapá, nas nuanças de peles que vão do alabastro ao ébano, passando pelo bronze e jambo maduro, unidos pelo sotaque caboco: a fusão do português falado em Lisboa, doces palavras tupis, línguas africanas, patoá das Guianas, tudo triturado em corruptela. 

Nesse cadinho étnico, o jambu é a erva que melhor sintetiza a Amazônia. Os amazônidas, sedados pelo sol equatorial, que, apesar dos 100% de umidade relativa do ar, esturrica tudo, e acossados pela grande floresta, microrganismos, insetos e animais peçonhentos, agem como as papilas gustativas entorpecidas por espilantol, presente no jambu, principalmente na sua flor: anestesiados, baixam a cabeça e se entregam aos seus carrascos, especialmente os políticos, que, independentemente de serem da própria terra, ou de fora, são inclementes como os antigos ibéricos. 

Os políticos uniram-se a um tipo de empresário escravocrata e que adora dinheiro, e passaram a gerir a senzala sem paredes, ampliando a Fortaleza de São José de Macapá a uma senzala amazônica. A Amazônia está sempre coalhada de colonos e aventureiros, tecnocratas de Brasília, políticos, narcotraficantes, sequiosos em negociar até a última árvore, a última pedra preciosa e todas as mulheres e crianças que puderem. 

Nesse cenário, do suplício imposto pelos ibéricos, da morte decretada pelos microrganismos e o assalto e o desprezo perpetrado pelos políticos, os macapaenses se tornaram símbolo de um tempo antigo, mas persistente, de espanhóis e portugueses, os colonos, e índios, negros e cabocos, os colonizados; a tragédia que perpassa a Ibero-América, alicerçada pela crença de que os colonos são deuses e os colonizados, seres inferiores, que existem apenas para servir aos sangues-azuis.

Para os colonos, a Amazônia só serve para três fins: construção de hidrelétricas; extração de madeira e mineral; e reserva de caça, pesca e escravos, especialmente para a triste realidade de crianças e mulheres, que, diferentemente do mito das amazonas, são criaturas fracas, subjugadas, escravas compradas à base de comida, de uma boneca, de uma balinha.

É assim que JAMBU despe inteiramente a Amazônia. Todas as questões que vêm sendo discutidas em torno da grande floresta são dissecadas, inclusive a Operação Prato.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Quem somos nós, humanos? De onde viemos? Para onde vamos? Há outras raças no Universo? O que é Deus? As respostas estão dentro de nós

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 13 DE AGOSTO DE 2023 – A teoria da sopa primordial, do biólogo e bioquímico russo Alexander Oparin, em 1924, reza que o homem se originou de uma composição inanimada produzida pela natureza há cerca de 4 bilhões de anos. Os gregos antigos já haviam pensado nisso – a teoria da geração espontânea. Disse Aristóteles, no século IV a.C.: “Assim com os animais, alguns provêm de animais progenitores de acordo com a sua espécie, enquanto outros crescem espontaneamente e não a partir de uma linhagem afim; e desses exemplos de geração espontânea alguns vêm da putrefação da terra ou da matéria vegetal, como é o caso de vários insetos, enquanto outros são gerados espontaneamente no interior dos animais a partir das secreções de seus vários órgãos”. 

Já criaram em laboratório as condições imaginadas da sopa primordial, mas dela não surgiu vida alguma. 

O naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck acreditava que a primeira forma de vida começou a partir de materiais sem vida: “A natureza, por meio de calor, luz, eletricidade e umidade forma a geração direta ou espontânea naquela extremidade de cada reino de corpos vivos, onde os mais simples desses corpos são encontrados” – escreveu, em 1809. Porém, em 1668, o médico italiano Francesco Redi já tinha demonstrado que larvas podem se desenvolver em carne podre em uma jarra na qual moscas podiam entrar, mas não em uma jarra fechada. E concluiu: “Toda vida vem da vida”. 

Em 1862, o zoólogo alemão Ernst Haeckel criticou Charles Darwin por não explicar a origem da vida no seu livro A Origem das Espécies, de 1859: “O principal defeito da teoria darwiniana é que ela não esclarece a origem do organismo primitivo – provavelmente uma célula simples –, do qual todos os outros descenderam. Quando Darwin assume um ato criativo especial para esta primeira espécie ele não é consistente e, eu acho, não muito sincero”. 

A vida, no senso comum, nasce, cresce, se adapta ao ambiente, sofre metabolismo, responde a estímulos, evolui, reproduz e morre. Teria surgido na Terra há 4.280 milhões de anos, após a formação do grande oceano. A própria Terra é um organismo vivo. Mas a filosofia descobriu que a vida não é apenas biológica, uma substância que se reproduz, mas um processo muito complexo. 

O filósofo francês René Descartes (1596-1650) já sustentava, no século XVII, que tanto humanos quanto animais são montagens de partes que juntas funcionam como uma máquina. Para o astrofísico e médium brasileiro Laércio Fonseca, os corpos biológicos e a biosfera foram projetados por engenheiros espirituais; os corpos dos humanos são androides replicantes. Em 460 a.C., o grego Demócrito já dizia que a característica essencial da vida é a alma, ou espírito, psique para os cientistas. Ele explicou que a alma é, também, de átomos. Laércio Fonseca confirma: “O espírito é matéria, mas em estado quântico diferente da matéria condensada” – disse, citando as cidades astrais, localizadas a 400 quilômetros da superfície da Terra e invisíveis, como o Nosso Lar de André Luiz. 

A teoria do Big Bang reza que o Universo surgiu há 13,8 bilhões de anos. Mas o que havia antes do Big Bang? O espaço? E como o Universo surgiu? Até agora, os cientistas só apresentaram equações. O Big Bang e a sopa primordial estão mais para, digamos, uma “mitologia científica” do que para a realidade. 

Em 25 de dezembro de 2021, um consórcio entre Estados Unidos, União Europeia e Canadá lançou, no Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, o mais moderno telescópio do planeta, o James Webb, que custou 10 bilhões de dólares. Ele tem capacidade de observar os limites do cosmos conhecido. Os cientistas calculam que o Universo observável tenha 2 trilhões de galáxias e diâmetro de 93 bilhões de anos-luz. Aí, pergunta-se: só a Terra tem vida inteligente? Se assim for, o Universo é um desperdício. Mas, afinal, quem controla tudo isso? 

Resposta unânime: Deus. Mas quem é Deus? Um conceito. Os humanos criaram, ou conceituam, Deus, à sua imagem e semelhança. Pode ser um Deus imperador, um Deus de amor. Há quem o torne humano, chamando-o de Jesus Cristo. Para os comunistas, Deus é o grande inimigo. Contudo, se não sabemos quem somos nós, como vamos saber quem é Deus? Os espiritualistas O veem como espírito, infinito e eterno, criador e preservador do Universo, e do qual nasceram os espíritos de todas as raças do Universo. 

Médiuns, como o próprio Jesus Cristo, batem o martelo desde sempre: somos espíritos. Se Deus é espírito, sempre houve espírito. Logo, quando a Terra ficou pronta para a existência de corpos humanos, espíritos vieram de outros orbes para uma experiência na matéria, na Terra. Assim, somos todos ETs. Quando encarnamos, esquecemos nossa memória espiritual. A escola, a sociedade, nos educa para termos medo de alienígena. Se alienígenas quisessem exterminar os humanos, com a tecnologia que têm já teriam desviado a rota de um meteoro e o direcionado a nós. Segundo o médium francês Allan Kardec, o Universo abriga inúmeras raças. Aliás, é muita petulância acreditar que os humanos são os donos do Universo. A Igreja Católica ajudou muito nessa crença. 

Os humanos vivem atrás de planetas com vidas inteligentes. Com nossa tecnologia não vão achar nunca. Os ETs são espíritos superiores, que contam com tecnologia com a qual nem sonhamos. Laércio Fonseca afirma que as levas de espíritos que encarnam na Terra chegam a bordo de naves gigantescas de outros orbes, mas em outro estado da matéria. O plano em que vivemos é cármico, de provação, no qual experimentamos o prazer e a dor. É por isso que nenhum caça consegue abater uma nave espacial, que utiliza tecnologia quântica.

Creio que o homem vem de Deus, que Deus é o que Einstein chamou de campo, o próprio Universo, uma consciência. Que o plano denso da matéria abriga espíritos ignorantes, que evoluem e ascendem para outros planos, e que nossa inteligência, intelecto, é muito, muito limitada para definir Deus. Temos que ter uma profissão e ganhar dinheiro para pagar as contas, mas precisamos, fundamentalmente, viajar para dentro de nós mesmos. Só dessa maneira descobriremos quem somos e poderemos, então, viajar pelas estrelas. Em velocidade quântica.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Rosas para a madrugada

Rosas para a Madrugada está no livro DE TÃO AZUL SANGRA

RAY CUNHA

Por que escreves? – pergunta-me o jornalista

– Para viver – respondo

Pois só com as palavras desnudo a luz

E voo até o fim do mundo

Por isso, escrevo granadas intensas como buracos negros

E garimpo o verbo como o primeiro beijo

Escrevo porque escrever traz aos meus sentidos

Cheiro de maresia

Dom Pérignon, safra de 1954

O labirinto do púbis no abismo do acme

Mulher nua como rosa vermelha desabrochando

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Legalização do jogo: o trampolim que a indústria do turismo precisa para o Brasil sair do atoleiro

O jornalista José Maria Trindade, da Jovem Pan, lê O CLUBE DOS ONIPOTENTES, edição do Clube de Autores. O thriller político
também está à venda na amazon.com.br e na amazon.com

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 7 DE AGOSTO DE 2023 – Enquanto o Brasil é palco de uma luta cada vez mais ruidosa entre comunismo e capitalismo, dorme,  no Congresso Nacional, projeto de lei que pode tirar o país da sangria que vem sofrendo desde que, em 1946, Dona Santinha, Carmela Leite Dutra, esposa do presidente Gaspar Dutra, beata que exercia forte influência sobre o marido – para ela, jogo era coisa do capeta –, pressionou-o para arrasar uma das indústrias que mais faziam o país prosperar, jogando no desemprego mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva, em 70 cassinos espalhados pelo país. As máfias, hoje conhecidas como facções, adoraram.

Aliás, o crime organizado vem pressionando para que tudo continue como está: a clandestinidade do jogo, uma das indústrias mais rentáveis em todos os países do Primeiro Mundo. Assim, o Brasil continuará se assemelhando a uma gigantesca lavanderia, pois é um dos países onde mais se joga no planeta, dia e noite, clandestinamente. Desde que o jogo foi criminalizado, as máfias riem para as paredes, há 77 anos. Calcula-se que o jogo clandestino no Brasil movimente atualmente cerca de 5 bilhões de dólares por ano. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, sem pagar nenhum centavo de imposto e sem gerar empregos formais. 

Aos que defendem que o jogo é coisa do capeta, joga-se no planeta desde o início da História, há cerca de cinco mil anos. No Brasil, os cassinos surgiram após a independência, em 1822, até 1917, no governo Venceslau Brás. Getúlio Vargas voltou a legalizá-los em 1934, até 1946. Atualmente, o jogo de azar é praticado em todos os países civilizados do mundo, como, por exemplo: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. Até na China, uma ditadura comunista, há jogo de azar. 

A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é, hoje, o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos, e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. O relator do Projeto de Lei 442/91 – que legaliza o jogo –, Felipe Carreras (PSB/PE), disse à Agência Câmara de Notícias que “Macau recebia 10 milhões de turistas antes dos investimentos em cassinos e passou a receber 31 milhões. Singapura foi de 9 milhões a 21 milhões de turistas. São êxitos que mudaram a matriz do fluxo turístico internacional; o Brasil é carente em novos produtos turísticos e nosso contingente de visitantes estrangeiros segue estagnado abaixo de 7 milhões”. 

Quanto a Vegas, seus mais de 100 cassinos faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados. 

Segundo a Frente Parlamentar Mista do Congresso Nacional Pró-Legalização dos Jogos de Azar, a legalização dos jogos no país geraria 658 mil empregos e 619 mil indiretos. Segundo o IJL, só no jogo do bicho serão formalizados cerca de 450 mil empregos. 

Estudo do Instituto Jogo Legal (IJL) e BNLData indica que o mercado de jogos no Brasil tem potencial de arrecadar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, investimentos e geração de empregos nas casas de apostas. A legalização de cassinos, jogo do bicho, bingo e caça-níqueis gerará uma arrecadação em torno de 50 bilhões de reais por ano para os cofres públicos. 

Felipe Carreras disse ao Diário de Pernambuco que a legalização de todas as modalidades de jogos em questão gerará uma receita bruta anual de 74 bilhões de reais e 22 bilhões de reais em receitas tributárias, fora o impacto econômico da cadeia produtiva, que fará grandes investimentos nos setores turístico, de lazer e cultural. 

Sobre proibição, Felipe Carreras observou: “Toda proibição é discutível e quase sempre inútil, pois nada resolve, como não resolveu nos Estados Unidos com a proibição de fabricação e comércio de bebidas alcoólicas com a edição da Lei Seca”. E dispara: “Não é o jogo que desagrega as famílias e sim a fome e o desemprego. O funcionamento dessas atividades de forma clandestina não traz, realmente, nenhum ganho ao nosso país. Pelo contrário, reforça a imagem, junto à nossa população e à comunidade estrangeira, de que somos uma nação complacente com atividades ilegais”. 

Entre os países que fazem parte do G20, organização que reúne 80% da economia do planeta, só três países proíbem jogos de azar: Arábia Saudita e Indonésia, que são muçulmanos, e o Brasil. “Com exceção dos países muçulmanos, praticamente todos os países do mundo possuem os jogos de sorte e azar presenciais legalizados” – disse à Tribuna da Imprensa Livre a executiva da Clarion Events, Liliana Costa. “Ninguém acredita em mim quando eu digo que cassinos são proibidos no Brasil, ou pensam que estou brincando! Investidores em todo o mundo acompanham ansiosamente a legalização e regulamentação dos jogos no Brasil.” 

A legalização do jogo seria uma porta de entrada para o aumento do turismo e permitiria a regulação de um mercado que movimenta pelo menos R$ 27 bilhões de reais (os dados são do relator do projeto no Congresso Nacional, Felipe Carreras). E o potencial é de crescimento ainda maior, motivado principalmente pelas apostas esportivas ou apostas de quota fixa, feitas por empresas que chegam a patrocinar clubes de futebol que disputam a série A do campeonato brasileiro. “Não há como negar que é um fator que incentiva sim a regulação, já que atrai a atenção de diversos setores da sociedade que acompanham o futebol” – afirma Bernardo Freire, sócio do Wald Advogados e consultor jurídico da Betnacional. 

“A prática dos jogos de azar é socialmente aceita e está arraigada nos costumes da sociedade. O Jogo do Bicho existe há mais de um século (desde 1892), tendo se tornado contravenção em 1941. Ele faz parte da cultura, já se tornou um folclore na nossa sociedade. A lei penal não tem o poder de revogar a lei econômica da oferta e da procura. Se a demanda não for suprida pelo mercado lícito, será suprida pelo mercado ilícito” – disse o sociólogo francês Loïc Wacquant. 

O argumento dos moralistas contra o jogo de azar é inacreditável. Os donos da moralidade pregam que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública, prejudicar ações de combate à corrupção e ampliar a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. 

Tudo isso está acontecendo com o jogo na clandestinidade! É a clandestinidade do jogo que alimenta a corrupção, propina e chantagem política. “Onde não há Estado, há crime organizado” – disse o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

A proposta, que já passou pela Câmara dos Deputados e aguarda votação pelos senadores, prevê a legalização das apostas no país, de modalidades que já existem na prática, como jogo do bicho, bingos e sites de apostas esportivas, que atualmente estão em plena operação no país, mas estão sediados fora do Brasil. A norma, se aprovada, também permite a instalação de cassinos: um por estado, com exceção dos que têm mais de 15 milhões de habitantes, que poderiam ter uma segunda unidade, e três nos estados com mais de 25 milhões de habitantes (neste caso, somente São Paulo).

O romance ensaístico O CLUBE DOS ONIPOTENTES, desde repórter, é um thriller político que, além de se debruçar sobre o momento político do Brasil, aborda também o atraso tecnológico do país e a estupidez da clandestinidade dos jogos – um presente para as facções.

domingo, 6 de agosto de 2023

Outsider

Foto feita no Sudoeste, Brasília/DF, em 5 de agosto de 2023

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 6 DE AGOSTO DE 2023 – Tenho sido um estranho no ninho. Até hoje, quando alguém toma conhecimento de que procuro me levantar às 4 horas para escrever, me olha com pena. E quando são informados de que nunca ganhei dinheiro para valer fazendo isso, aí é que me olham como se eu estivesse definitivamente condenado. Não ligo, pois o prazer de me encontrar com a madrugada, com o silêncio, com os sons que só ouvimos por meio dos tímpanos espirituais, esse prazer é simplesmente incrível. 

Desde cedo percebi que sou outsider. Poderia traduzir essa palavra como estranho, mas outsider, em inglês, é mais específica: significa um indivíduo que não pertence a um determinado grupo; no turfe, trata-se de um cavalo com remota possibilidade de vencer. É o meu caso. É claro que todos nós, escritores, desejamos, ardentemente, pagar as contas com dinheiro proveniente da venda de nossos livros, mas sempre soube que a possibilidade de me tornar um escritor conhecido é remota. Porém, curto minha vida do modo como dá. Mas sou feliz, porque sou fiel a mim mesmo. Minha igreja sou eu; oficio a missa, como a hóstia e bebo o vinho. 

Isso eu sempre fiz. Curto adoidado. Também levo a vida com estoicismo. Nunca reclamo. Se alguém me ouvir gemer é porque estou à morte. Em 13 de novembro de 2019, sofri um infarto, mas consegui chegar andando no hospital e logo depois desmaiei. Também peguei o vírus chinês, uma ou duas vezes. 

Vivo tão loucamente, desde que nasci, em 7 de agosto de 1954, que não sei como ainda estou vivo. Comecei a beber cedo. Aos 14 anos chegava a desmaiar de tanta cachaça. Só não morri bêbedo porque há anjos que me salvam. É claro, se me salvam é porque há uma razão para isso. Nada é por acaso. Hoje, não bebo mais; nem Cerpinha enevoada no sétimo andar de um hotel cinco estrelas. 

Adoro ler. Desde os cinco anos de idade. Acabei de ler O Outsider – Minha Vida na Intriga, de Frederick Forsyth. É o tipo do sujeito que teve toda a sua vida conduzida para a literatura. Ele fez todo tipo de coisa que achou importante para ele mesmo, e sempre teve apoio do seu pai. Meu pai era ainda mais outsider do que eu, mas recebi dele coragem, aquele tipo de coragem que chega a ser ingênua; disciplina para trabalhar e responsabilidade para procurar, de alguma forma, defender os mais fracos. Meu pai também lia muito. 

Aos 17 anos, peguei a estrada. Era o ano de 1972, em Macapá. Até então, só saíra da cidade para ir a Belém do Pará, que me pareceu outro planeta que descobrimos de repente e percebemos que não é um sonho, que estamos lá mesmo. Eu era um adolescente inquieto e ocupado na minha tentativa inicial de me tornar escritor. Mas os estímulos que eu recebia eram na mesa dos bares, de pessoas na mesma situação que eu. Assim, um dia, peguei um barco, fui para Belém, e, de lá, para o Rio de Janeiro. 

A estrada durou dez anos. Rio, Buenos Aires, Santarém, Manaus, Rio Branco, Belém novamente, onde, estimulado por um anjo, me graduei em Jornalismo pela Universidade Federal do Pará, em 1987, doze anos depois de ter começado nessa profissão como repórter policial do Jornal do Commercio de Manaus. 

Na estrada, encontrei muita gente interessante. Quando somos jovens – jovens são belos e imortais – todos querem ajudar, especialmente as mulheres. Assim, fui amado por deusas. Também encontrei homens que me apontaram algumas portas, que me ensinaram alguns truques, e me ajudaram a entender uma coisa: ser outsider é chegar ao poder de oficiar a própria missa. 

Em Macapá, latejam minhas raízes, mas hoje meu portal para mergulhar fundo na cidade é o escritor Fernando Canto, da mesma idade que eu e que também trilha a estrada azul. Comemos e bebemos como sátiros e conversamos dias a fio, e rimos demais. As mulheres que povoaram minha adolescência sumiram; deixaram um rastro de perfume. A dama azul, Alcinéa Maria Cavalcante, recolheu-se em meio a suas flores e se confundiu com elas. 

Devorando um galinho de jambu e um camarão pitu numa cuia de tacacá criada por Olivar Cunha e batendo papo com Fernando Canto é que curto o outsider que vive em mim, capaz de sentir o perfume dos jasmineiros chorando nas tórridas noites de Macapá, de ouvir sons que vêm do Caribe e vislumbrar uma negra de olhos verdes sob um vestido de seda branca – elas surgem assim, para mim, e tudo o que tenho a fazer é pô-las nas minhas histórias. 

Às vezes, percebo vultos se movendo perto de mim; sei que são mortos; estão aqui para me ajudarem, para me apontarem a direção a tomar, o rumo que devo seguir, orientam-me na minha nova profissão de terapeuta, monge taoísta, iniciado em Medicina Tradicional Chinesa. Quanto ao jornalismo, faço como todo mundo; hoje, a comunicação social é pessoal e global ao mesmo tempo. Os barões da mídia, dos balcões de negócios, das negociatas, da política, se encontram no beco das máfias, do narcotráfico. 

Forsyth viveu da intriga internacional. Foi jornalista até descobrir que tinha nas mãos material de primeira categoria para criar suas histórias, e foi o que fez. Britânico, cedo aprendeu também francês e alemão, e depois espanhol e russo, e esteve em muitos lugares interessantes e conheceu muita gente influente. Isso fez dele um outsider de sucesso. Todos nós somos o que somos e temos o que conseguimos obter. Recebi dos deuses as antenas que me conectam com o astral.

Posso ser o cavalo no qual ninguém aposte, que participa da corrida para fazer número, que está destinado a produzir sêmen ou virar charque, mas ainda estou no páreo.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo do Distrito Federal será criada durante homenagem do Senado à Abrajet Nacional

Reunião histórica na ACDF: jornalistas criam a Abrajet/DF 

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 3 DE AGOSTO DE 2023 – A Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo do Distrito Federal (Abrajet/DF) será criada, segunda-feira 7, em sessão solene no plenário do Senado Federal, às 10 horas, durante homenagem aos 66 anos da Abrajet Nacional. O requerimento é do senador Eduardo Gomes (PL-TO). Também, na ocasião, será lançado o livro ABRAJET – Uma Herança do Jornalismo, do jornalista Helcio Estrella. 

Hoje, a diretoria da Abrajet/DF se reuniu na Associação Comercial do DF, sob a direção do presidente, o jornalista e advogado Wílon Wander Lopes, editor do Jornal Satélite e membro da Academia de Letras de Taguatinga (ALT), da Associação Nacional de Escritores (ANE) e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. 

Esteve presente o diretor Administrativo da Abrajet Nacional e diretor da Abrajet/TO, Luiz de Souza Pires. 

Na ocasião, o presidente da ACDF, Fernando Brites, brindou os jornalistas com uma palestra sobre turismo, e pôs à disposição da Abrajet/DF as instalações da Associação Comercial do DF, uma das instituições que ajudou a escrever a história de Brasília.

A Abrajet foi fundada em 29 de janeiro de 1957, no Rio de Janeiro, por um grupo de jornalistas e escritores desejosos de desenvolver a indústria turística no Brasil. Foram eles: Domingos C. Brandão, Belfort de Oliveira, Fernando Hupsel de Oliveira, Luiz D. P. Bravo, Aulete de Almeida, Hilda Peres de Medeiros, José Mário Alves da Silva e Oberon Bastos de Oliveira.

Hoje, a Abrajet está presente em 17 estados, sendo 15 com secionais e dois com comitê, congregando 350 profissionais, que atuam em jornais, revistas, TVs, rádios ou em assessorias de imprensa de órgãos públicos ou empresas do setor de turismo. Seu atual presidente, no biênio 2022-2024, é o jornalista Evandro Novak, de Santa Catarina.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Bióloga Natalia Pasternak chama Medicina Tradicional Chinesa, Ovnis e ETs de bobagem


RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 1 DE AGOSTO DE 2023 – Em seu livro Que Bobagem!: Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério (Editora Contexto, São Paulo, 2023, 336 páginas, 79,90 reais) a bióloga brasileira Natalia Pasternak, com ajuda do jornalista Carlos Orsi, afirma que as chamadas terapias alternativas, como a Medicina Tradicional Chinesa, é baboseira. O pessoal das alternativas está calado. Não há nenhum teórico da matéria no Brasil? Nenhum Richard Gerber? 

Natalia é uma cientista e para os cientistas não existe espírito, só há matéria e o que pode ser comprovado pela matéria. Para eles, o homem surgiu de uma “sopa primordial”, o cérebro é o criador de tudo, o Universo tem 14 bilhões de anos, a Terra é o único planeta habitado e não existe ET. A realidade captada pelos cinco sentidos é a única. Ponto final. 

Ela fala em ajudar o leitor a poupar sua saúde, bem-estar e o bolso. As indústrias de “alimentação” e farmacêutica agradecem. Em um ponto Natalia tem razão. As terapias alternativas atraem muitos picaretas. Mas a medicina ocidental também não está cheia de picaretas? Selecionei, aqui, alguns poucos itens da abordagem da cientista para analisá-los. Os demais são tão polêmicos quanto a eficácia de uma bariátrica. 

Medicina Tradicional Chinesa – Para Natália, MTC é picaretagem. Enquanto a medicina ocidental trabalha com os órgãos humanos, a fisiologia dos órgãos, cirurgia e medicamentos, a MTC tem como base a energia (ler Einstein) Qi, em duas polaridades, Yin e Yang, e a fisiologia energética. 

Sou terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa há oito anos, nos quais já tratei de centenas de pacientes, homens e mulheres, de todas as idades, inclusive com sequelas de câncer e, principalmente, pacientes de angústia. Como acupunturista, sou sensitivo; trabalho também nos corpos vibracionais da aura. Com agulhas, fitoterapia e alimentação baseada nas polaridades Yin e Yang a resposta só não é cem por cento porque muitos dos pacientes não querem, verdadeiramente, se curar. Freud explica. 

Paranormalidade – Negar, hoje, a existência de paranormalidade é ser cego. Só vou citar alguns nomes-chaves: Jesus Cristo, Allan Kardec, Chico Xavier, Laércio Fonseca. A propósito, Laércio Fonseca, médium vidente, é astrofísico. Considero-o o maior especialista em discos voadores e ETs, outro item que Natalia coloca no rol da picaretagem. 

Em alguns itens concordo com Natalia: astrologia e mecânica quântica, por exemplo. O que há de picaretagem no ramo da astrologia não está no gibi. Basta ler horóscopo de jornal. Sou também jornalista e sei como se edita essa baboseira. Quanto à mecânica quântica, nem os físicos sabem ainda o que é. Apenas deram o nome para o estudo do átomo. Mas já tem gente falando até em sexo quântico. Homeopatia é meio parecido com astrologia: carne de pescoço para ser explicada.

Porém uma coisa é certa: se uma criança está moribunda e uma benzedeira a benze com um galinho de arruda e não demora a criança está brincando, é sinal de que “há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”, como disse o bardo William Shakespeare.