sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Três livros que dissecam o comunismo, o Foro de São Paulo e Lula. Roriz e o inchaço de Brasília

Lula enfrenta seus piores fantasmas: velhice, doença e a direita

Ray Cunha 

BRASÍLIA, 18 DE AGOSTO DE 2023 – Há três livros no Brasil que mergulham fundo no ventre da besta, no coração das trevas: o comunismo. Todos os três encontraram no vulcão gástrico-cardíaco o representante no Brasil dessa ideologia satânica, o que conseguiu enxergar mais fundo o inferno: Luiz Inácio Lula da Silva. 

São eles: Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos (Thesaurus Editora/Tagore Editora, Brasília, 2020, 444 páginas), de Jorge Bessa. Espião brasileiro em Moscou durante a Guerra Fria, Bessa chefiou os departamentos de Contra-Espionagem e de Contra-Terrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Graduado em Economia pela Universidade Federal do Pará, formado em Medicina Tradicional Chinesa pela Escola Nacional de Acupuntura, psicanalista, pesquisador de assuntos metafísicos e espiritualistas, tentando estabelecer pontes entre ciência e espiritualidade, é autor de mais de duas dezenas de livros, alguns relacionados à atividade de inteligência de estado e outros ligados às áreas de saúde mental. 

Bessa disseca o comunismo desde a sua origem, na Revolução Francesa, passando pela Revolução Comunista na Rússia e atravessando o período da Guerra Fria, até chegar ao Foro de São Paulo, “organização que pretende realizar na América Latina aquilo que fracassou no Leste Europeu: o comunismo transvestido em socialismo do século XXI, socialismo bolivarianista, socialismo moreno, neocomunismo ou simplesmente socialismo petista”. 

Se em Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos Bessa faz um levantamento da tragédia global que é o comunismo e traça o perfil psicológico de Lula, Romeu Tuma Júnior descreve o modus operandi de Lula e sua organização no seu Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado. Meu exemplar é de 2013, sétima edição, Topbooks, Rio de Janeiro, 557 páginas. No livro, Tuma Jr. mostra, logo de cara, que Lula é cínico e perigosíssimo, e denuncia o projeto de poder do dono do Partido dos Trabalhadores (PT) e a construção de uma polícia de estado e de uma fábrica de contrainformação para exterminar inimigos, além de escrever o roteiro do assassinato de Celso Daniel. 

Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado é um depoimento ao jornalista e escritor Claudio Tognolli, que não conseguiu cortar o excesso de confetes e serpentinas que Júnior lança no pai, Romeu Tuma, diretor-geral do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e senador da República por São Paulo, e as passagens em que o filho, Romeu Tuma Júnior, delegado da Polícia Civil de São Paulo, deputado estadual e secretário Nacional de Justiça, se deixou levar pela emoção. Mas o livro, embora adiposo, consegue conduzir sua micro câmera até o intestino da besta, flagrando um Lula que foi dedo-duro dos seus próprios companheiros, no Dops. Segundo Júnior, Lula foi uma espécie de gato do regime militar, afagado por Romeu Tuma pai, que nem sequer sonhava que estava afagando a própria serpente. Tuma não sonhava, mas Lula já sonhava com o “puder” total. 

O Clube dos Onipotentes (Clube de Autores, 2022, 278 páginas), deste repórter, é um romance ensaístico, um thriller político. Do mesmo gênero de Agosto, de Rubem Fonseca, e A Festa do Bode, de Mario Vargas Llosa, em que os autores misturam ficção com história real, personagens inventadas com pessoas reais, vivas e mortas, ambiento O Clube na história política recente do país. 

Construí o enredo fictício de O Clube com base em dois livros de Jorge Bessa: Grigori Raspútin: As Forças Destrutivas do Mal e Marxismo – O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos. O resultado é um passeio pelas trevas do comunismo. 

– A trama de O Clube dos Onipotentes começa com uma ocorrência policial sobre exploração de menores, com o envolvimento de importantes figuras do cenário político nacional, e envereda para uma trama macabra, com o fim de assassinar o presidente da República. Entre uma coisa e outra, a história nos leva a um tour histórico pelo maior flagelo da humanidade, o socialismo/comunismo, e ouso dizer que maior até que o nazismo, guardadas as proporções globais e o necessário respeito às vítimas. No entanto, mais devastador do ponto de vista da abrangência humana por seu tempo de duração e aplicação em mais de 70 nações do mundo, resultando, sempre, em genocídio, exploração, tirania e miséria – escreve o jornalista, psicanalista e cientista Marcos Machado, editor do portal Do Plenário. 

Aproveito, aqui, para publicar um puxão de orelha que Marcos Machado me deu. O Clube tem ainda em segundo plano o governo Roriz. Na trama, Roriz aparece como culpado pelo inchaço de Brasília. Machado o defende: 

“Mas O Clube dos Onipotentes comete uma injustiça, e tenho certeza de que é por crença do autor e não por ciência. A diferença entre inverdade e mentira é que mentira é o que a esquerda dissemina e inverdade é o que as pessoas repetem por desconhecimento da realidade. Assim, também, mentira e irrealidade são coisas distintas. 

“No livro, Ray Cunha aborda o programa habitacional do governador Joaquim Roriz como responsável pelo inchaço da capital do país, mas isso é mentira da esquerda, que, à época, lutava para derrubar Roriz, inverdade abraçada pela elite planopilotista e intelectuais unibestados, que proliferou nas redações e mesas de bares ocupadas por pensadores que viam, na maioria, Brasília como uma ilha cuja borda era a quadra do Beirute. Dali para a frente, era tudo Goiás. 

“O programa não era do Roriz, mas coisa séria já prevista no memorial descritivo da Capital, de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, com a indicação, inclusive, da área onde foram criadas as regiões administrativas da expansão urbana. O que Ray Cunha fez foi repetir a inverdade criada pela oposição (esquerda). A intervenção de Roriz acelerou o projeto de expansão, que salvou, isto mesmo, salvou a área tombada, a qualidade de vida no Plano Piloto e redondezas, e, ao contrário da narrativa, não, não inchou Brasília. 

“Crença versus ciência – a primeira se baseia em nada, só em narrativa de alguém, ou de alguéns, sem qualquer comprovação, dado, fato, estatística, estudo, ou seja lá o que for. É só papo de botequeiro. Bem típico da esquerda, até hoje. Mesmo que se apresentem evidências e provas físicas contrárias, o crente, invariavelmente, as ignora porque contraria sua convicção. A ciência, ao contrário, é a tomada de conhecimento da realidade por meio dos fatos, dados etc. 

“No caso do projeto habitacional, começou com o governador Hélio Prates lançando a pedra fundamental de Ceilândia, que depois Aimé Lamaison expandiu; José Aparecido começou Samambaia, o que Roriz tomou a decisão de acelerar a fim de evitar a favelização do centro de Brasília, coisa que Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza etc. não fizeram, e os resultados são visíveis de longe. 

“Todo o programa foi profundamente estudado e delineado por técnicos de carreira do governo, não por políticos. O político tomou a decisão de desencadear o processo, e sabe por quê? Só na área tombada foram listadas 64 ocupações irregulares, algumas já tomando corpo de favela, como na área próxima ao que é o Setor Noroeste. Essas favelas se espalharam por todo o Plano Piloto e, não sei se Ray Cunha se lembra, atrás do Correio Braziliense tinha uma. Havia até um boteco carinhosamente chamado de “Boldo”, onde os colegas iam consumir turbinadores de consciência. 

“Inchaço? Essa é outra mentira que viralizou em inverdade na boca de muita gente. Não sei se os dados do IBGE ainda estão disponíveis, mas como fiz várias reportagens à época para desconstruir a desconstrução da esquerda ao projeto, ainda lembro que no referido período dito como de inchaço ocorreu o inverso. Nos anos de explosão do programa, 1988 a 1994, ocorreu redução no fluxo migratório para Brasília. O grande volume, retirado o período da construção, ocorreu nos anos 1970. 

“Falei das favelas, e nem preciso abordar o volume de cortiços, barracos de fundo de quintal etc., que degradavam a qualidade de vida das pessoas nos bairros de Brasília, chamados de cidades-satélites, apesar de não haver qualquer referência ao termo em qualquer documento, desde o projeto piloto; essa é outra invenção que viralizou. Brasília sofria com grave déficit habitacional, especialmente em razão dos valores impagáveis de seus imóveis. Morar em casa própria era um sonho, realmente. O déficit habitacional resultava não de fluxo migratório, mas do crescimento orgânico da população. Poderia explicar isso mais detalhadamente, mas acho que Ray Cunha entende. 

“Claro que Roriz usou politicamente o programa, e qualquer outro faria o mesmo, mas é preciso que a ciência tome o lugar da crença. Não que a crença não possa se sustentar na ciência, aliás é isto o que precisa ser feito. Ocorreram, óbvio, algumas distorções, mas não no nível que a esquerda prega. 

“A partir de 1995, ocorreu a proliferação dos condomínios ilegais, com a bênção do PT do governador Cristovam Buarque, em área inadequada para projetos habitacionais (Vicente Pires, Colorado, Jardim Botânico etc.), e invasões absurdas que viraram bairros, como Estrutural e 26 de Setembro, que resultaram em devastação ambiental. Recentemente, o Senado aprovou novos limites para o Parque Nacional a fim de ajustar a área para a regularização da invasão 26 de Setembro. 

“Bem, eu estava lá, eu vi, acompanhei, entrevistei, comparei e comprovei os dados, daí minha preocupação com o restabelecimento da verdade. Ah! Sim! Os primeiros assentamentos habitacionais em Brasília foram Gama e Sobradinho, após a inauguração de Brasília, já que Núcleo Bandeirante e Taguatinga surgiram antes da inauguração.

“Se não fosse Roriz, talvez, hoje, você desse de cara com uma Rocinha ao abrir a janela de seu apartamento, de manhã. É isso o que ocorre com moradores de bairros nobres no Rio”.

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