domingo, 31 de janeiro de 2021

Adeus, adoradores de Lula, FHC, Che, família Castro, Hugo Chávez Maduro, Foro de São Paulo

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 31 DE JANEIRO DE 2021 – Meus amigos partiram. Adoradores de Lula Rousseff, Fernando Henrique Cardoso, Che Guevara, família Castro, Hugo Chávez Maduro, Foro de São Paulo, Karl Marx. Adeus fabianos, bolivarianos. Houve, inclusive, um, que, depois de ler artigo meu referindo-me à prisão de Lula, pôs fim a uma estupenda amizade. Alguns, foram para o mundo espiritual; outros, os da juventude, permanecem fiéis a Karl Marx. E há os que simplesmente perdi nas dobras do tempo.

Mas restou uma grande quantidade de amigos, que encontro na minha estante. Estou certo de que ainda vou topar com alguns deles. Quem sabe Ernest Hemingway, Antoine de Saint-Exupéry, Gabriel García Márquez e Masaharu Taniguchi. E há os amigos novos, como Laércio Fonseca e Jorge Bessa, que estão me levando para conhecer a Via Láctea.

Além da família, da estante e dos amigos que vivem no meu coração, tenho as madrugadas, jasmineiros e rosas, que são eternas, o mar, o azul e o Sudoeste. Às vezes, Mozart toca ao piano o som da Terra girando no espaço. E quando escrevo um poema, o terremoto do primeiro beijo se instala em mim durante vários dias.

O amigo com quem eu conversava durante horas sobre livros e escritores partiu para a Venezuela, onde espera fruir da companhia de Nicolás Maduro. Mas não fiquei sozinho, porque converso com vivos e mortos no meu escritório, nas livrarias, nos cafés.

O século 20 ficou realmente para trás. Com a invenção da web os políticos não conseguem mais se concentrar nas tetas da burra e matar bebês nas maternidades nem crianças nas escolas, em escala industrial, pois a banda boa dos jornalistas é a própria população. É por isso que na China e na Coreia do Norte a web é proibida.

Desde 1 de janeiro de 2019, assassinos, ladrões, assaltantes, estupradores, traficantes, escravocratas, corruptos em geral, estão cada vez mais furiosos, esperneando nos seus palácios, dentro dos seus automóveis de vidraças negras, nas suas amplas casas e apartamentos.

Ficaram para trás honoráveis bandidos, carcomidos pelas larvas da corrupção, os beiços macilentos grudados nas tetas das verbas federais, das mordomias, das diárias, dos cabides de emprego. Os novos tempos vieram para ficar. Em 2018, enjaularam a hiena velha. Em 2019, ano do resgate das nossas esperanças, a boca do abismo se escancarou para engolir as cinzas dos fabianos, lobos em pele de ovelha.

A ciência começa a descobrir que somos seres espirituais, que o corpo é somente uma experiência material necessária para evoluirmos e ascendermos, e que a matéria não existe de fato, pois tudo muda, de um momento para outro. Nascemos, tornamo-nos criaturas magníficas, perdemos energia, ficamos igual maracujá de gaveta e desaparecemos fisicamente.

O passado não existe, nem o futuro. Somos eternos agora, fortes como as rosas de nióbio, intensos como o perfume dos jasmineiros de Macapá, em julho, serenos como o porto seguro que é a mulher amada, como o som do apartamento de madrugada, uma xícara de café Três Corações, gourmet, às 5 horas da manhã, buraco negro explodindo azul quântico.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Regulamentação da profissão de acupunturista só depende agora do Senado. Relator na Comissão de Assuntos Sociais é Eduardo Girão

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 24 DE JANEIRO DE 2021 – Se as entidades que reúnem os cerca de 100 mil acupunturistas que exercem a profissão no Brasil se mobilizarem pode ser que a regulamentação da categoria saia agora em 2021. A Câmara já aprovou o Projeto de Lei 1549/2003, que trata da regulamentação dos profissionais da acupuntura, de autoria do deputado Celso Russomanno (Republicanos/SP), e, agora, só depende do Senado. 

No Senado, o projeto está com o relator Eduardo Girão, na Comissão de Assuntos Sociais. Girão, do Pode do Ceará, é empresário ligado às áreas de hotelaria, transporte de valores e segurança privada, e espírita. Fundou, em 2004, a Associação Estação da Luz, entidade sem fins lucrativos que atua na área social, responsável por produções audiovisuais do Cinema brasileiro. 

Dentre as suas propostas, destaca-se a de redução do número de deputados federais, de 513 para 300, com o objetivo de aliviar a carga tributária dos contribuintes. Girão pode não conseguir isso, mas trabalhando pela regulamentação dos acupunturistas aliviará muita gente da dor, e muito mais barato do que na medicina alopática. 

O texto aprovado na Câmara é o substitutivo do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), deputado Giovani Cherini (PL/RS), ao projeto de lei do deputado Celso Russomanno. A proposta define acupuntura como “o conjunto de técnicas e terapias que consiste na estimulação de pontos específicos do corpo humano mediante o uso de agulhas apropriadas, além de outros procedimentos próprios, com a finalidade de manter ou restabelecer o equilíbrio das funções físicas e mentais do corpo humano”. 

O exercício da profissão poderá ser realizado pelos seguintes agentes: portador de diploma de graduação em nível superior em Acupuntura, expedido por instituição de ensino devidamente reconhecida; portador de diploma de graduação em curso superior similar ou equivalente no exterior, após a devida validação e registro do diploma nos órgãos competentes; profissionais de saúde de nível superior portadores de título de especialista em Acupuntura, reconhecidos pelos respectivos conselhos federais; portador de diploma de curso técnico em Acupuntura, expedido por instituição de ensino reconhecida pelo governo; não diplomados que venham exercendo as atividades de acupuntura comprovada e ininterruptamente há pelo menos cinco anos. 

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), ou acupuntura, como é conhecida no Brasil, tem uma história de cerca de 5 mil anos e já é praticada em todo o Primeiro Mundo com resultados extraordinários em prol da saúde coletiva e individual. 

Enquanto a medicina alopática cuida de órgãos e de partes específicas do corpo, utilizando drogas produzidas em laboratório e intervenções cirúrgicas, a acupuntura, que faz parte das terapias da Medicina Vibracional, utiliza as energias Yin e Yang, que, equilibradas, geram o Tao, e considera o ser humano na sua integralidade: corpo, mente e espírito.

Espírito! Talvez, aqui, esteja a diferença básica, e inquestionável, entre as medicinas alopática e tradicional chinesa: enquanto, a rigor, aquela não acredita na existência do espírito, esta convive com ele.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Bancada da legalização do jogo poderá definir presidentes da Câmara e do Senado

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 20 DE JANEIRO DE 2021 – Contratada pelo portal BNLData/Instituto Brasileiro Jogo Legal, a Paraná Pesquisas consultou, em maio do ano passado, 238 parlamentares federais, com a pergunta: “O Sr.(a) é a favor ou contra a legalização de todos os jogos de azar no Brasil, ou seja, a legalização de cassinos, jogo do bicho, casas de bingo, vídeo-jogo e jogo online?” Resultado: 52,1% responderam favoravelmente à legalização dos cassinos, jogo do bicho, bingos, vídeo-jogo e jogo online; 40,8% foram contrários; e 7,1% não responderam. 

O candidato às presidências da Câmara e do Senado que manifestar apoio à legalização do jogo terá o voto desses parlamentares. No Senado, há um projeto de legalização do jogo de azar/cassinos pronto para ser votado em plenário. 

Calcula-se que o jogo clandestino no Brasil movimente atualmente cerca de 5 bilhões de dólares, incluindo o jogo do bicho, bingos, caça-níqueis, vídeo-jogos, apostas esportivas e jogos online. Estudo do Instituto Brasileiro Jogo Legal – IJL/BNLData indica que o mercado de jogos no Brasil tem potencial de arrecadar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, isso, sem somar investimentos e geração de empregos na implementação das casas de apostas. Além disso, seriam gerados mais de 658 mil empregos diretos e mais de 619 mil empregos indiretos. 

Quando o jogo foi proibido no Brasil, em 1946, havia 70 cassinos espalhados pelo país empregando mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva. 

Em todos os países civilizados do mundo o jogo é legal. Há um argumento da oposição ao jogo inacreditável. A turma do moralismo acha que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição e piorar a segurança pública, e prejudicaria ações de combate à corrupção, aumentando também lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. 

Tudo isso está acontecendo é com o jogo na clandestinidade, que alimenta a corrupção, propina e chantagem política, o que torna a legalização do jogo inadiável e irreversível, pois um dos países onde mais se joga hoje no mundo é o Brasil, movimentando cerca de 20 bilhões de reais por ano, clandestinamente, enquanto o Estado chupa o dedo, em nome de um moralismo que esconde sabe-se lá o que. Pois bem, a próxima legislatura do Senado poderá mudar esse cenário, e rapidamente.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Macron quer que os europeus plantem mais soja e menos uva. Obsedado pela Amazônia, estará pensando em ampliar a Guiana Francesa?

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 13 DE JANEIRO DE 2021 – O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a atacar o Brasil. Afirmou que agricultores brasileiros estão desmatando a Amazônia para plantar soja e defendeu que os países da Europa plantem soja para não ter que comprar a oleaginosa brasileira. No Twitter, afirmou: “Continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia. Somos consistentes com as nossas ambições ecológicas, lutamos para produzir soja na Europa!” 

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) rebateu logo: a soja produzida no bioma amazônico do Brasil é livre de desmatamento desde 2008, graças à Moratória da Soja, pacto ambiental entre as entidades representativas dos produtores de soja no Brasil, ongs ambientais e o governo, prevendo a adoção de medidas contra o desmatamento na Amazônia, que proíbem a compra de soja proveniente de áreas recém desmatadas na região. Em maio de 2016 a Moratória foi renovada indefinidamente. 

A Moratória, reconhecida internacionalmente, monitora, identifica e bloqueia a aquisição da soja produzida em área desmatada na Amazônia, impedindo a exportação de soja de área desmatada para mercados externos. Para a Abiove, Macron está apenas querendo puxar a brasa para sua sardinha: “A Abiove lamenta que o presidente da França, Emmanuel Macron, busque justificar sua decisão de subsidiar os agricultores franceses atacando a soja brasileira” – disparou. 

Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, um dos generais brasileiros que mais conhecem a Amazônia, rebateu Macron. Explicou que a produção agrícola da Região Amazônica é “ínfima” e que o presidente francês “externou interesses protecionistas dos agricultores franceses”. Com efeito, bem que os amazônidas poderiam plantar mais. Parte dos produtos agrícolas que abastecem os supermercados e verdurões das grandes cidades da Amazônia segue de São Paulo.

Talvez para manter o clima francês da reclamação de Macron, Mourão começou a falar em francês. “Monsieur Macron? Monsieur Macron ne pas bien. Monsieur Macron desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado ou no sul do país. A produção agrícola na Amazônia é ínfima”. 

Mourão voltou a informar que os agricultores brasileiros utilizam menos de 8% do território brasileiro, enquanto a França utiliza mais de 60%. Para Mourão, a França não tem a menor condição de competir com o Brasil na agricultura: “Neste aspecto, na questão da produção agrícola, damos de 10 a zero neles, franceses”. 

Com efeito, francês entende muito de uva, mas agora até o Nordeste está produzindo uva em escala e vinho, inclusive champanhe. O Sul já tem expertise. 

Ainda Mourão: “Nada mais, nada menos, Macron externou interesses protecionistas dos agricultores franceses; faz parte do jogo político”. Para o vice-presidente, Macron não deverá influenciar outros líderes mundiais: “Acho que foi discurso interno”. 

O fato é que Macron não quer que a União Europeia faça acordo com o Mercosul, e aí martela a tecla do desmatamento. Mas não sei como a Europa, que não tem mais o que desmatar, vai produzir soja. Só no ano passado a França comprou do Brasil 27,1 milhões de dólares de soja 544 milhões de dólares de farelo, total de 1,983 bilhão de dólares. Fora a soja brasileira que a França pega em portos da Espanha e dos Países Baixos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, cerca de 20% das exportações para a União Europeia são de soja e farelo do Brasil. 

Mas por que será que Macron não planta soja na Guiana Francesa, a última colônia europeia na Amazônia? 

Após o histórico discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 24 de setembro de 2019, esclarecendo que a Amazônia não está à venda e que o Brasil não é a casa da mãe Joana, Macron, com aquele seu jeitinho de garoto perdido da mãe, citou a Amazônia como cavalo de uma “batalha essencial para reduzir a emissão de carbono”, ignorando solenemente que os europeus arrasaram suas florestas e que mais da metade do território francês é usado para a agricultura, enquanto que o Brasil só utiliza para isso menos de 8% do seu território e que a maior parte da Hileia está conservada. 

Macron se especializou em acusar os brasileiros de tocar fogo na floresta, insinuando que deveria haver uma intervenção dos países hegemônicos na região. 

Bolsonaro afirmou que “é uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo; valendo-se dessas falácias um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania”. 

Macron, que dispõe da bomba atômica e de colônia na Amazônia, a Guiana Francesa, esperneia. 

Sente-se, nas entrelinhas do que diz Macron, para a mídia que come nas mãos dos comunistas, a arrogância do colonizador. A França é um dos países que mais sofrimento infringiu, e continua infringindo, nas suas colônias, especialmente na África. Na América do Sul, sua colônia é cinicamente chamada de departamento ultramarino, mas é refém das políticas da União Europeia em um continente estranho à Europa. 

A verdade é que a Guiana Francesa é governada pela França em regime colonialista linha-dura, obrigada a exportar 70% de seus recursos naturais – especialmente minérios – para a França e importar 90% de todos os bens de consumo da metrópole, segundo o secretário de relações internacionais da União dos Trabalhadores da Guiana Francesa, Jean-Michel Aupoint, que luta pela independência da Guiana Francesa. Rafael Pindard, do Movimento de Descolonização e Emancipação Social da Guiana Francesa, afirma que os guianenses não têm o direito de utilizar os recursos naturais e a terra sem pedir autorização ao governo francês. 

A França mantém várias colônias mundo afora, mas a Guiana Francesa é estratégica, por três motivos: é lá que a França mantém uma das maiores bases de lançamento de foguetes da União Europeia; a França mantém na região um aparato militar capaz de rápida e eficiente intervenção na Amazônia; e tem acesso a recursos naturais inimagináveis, muito dos quais ainda intocados. O que os guianenses recebem em troca disso é quase nada. 

A França governa a Guiana Francesa com mão de ferro, com total controle político e militar. Não interessa à França munir a colônia com infraestrutura, nem desenvolvimento; interessa manter sua população em casa, com bastante enlatados para comer e euro para comprar cachaça. Esqueçam saúde e educação. Segundo Aupoint, o interior da colônia está abandonado. 

Mas ninguém é besta de sair falando por aí sobre a situação dos guianenses. A repressão francesa é famosa. Basta um rápido olhar sobre a Argélia, por exemplo. Assim, o estado francês desestimula qualquer movimento de independência da última colônia europeia na América do Sul. 

A Guiana Francesa é colônia, ou casa da mãe Joana da França, há mais de 400 anos. Ocupada originalmente por índios aruaques, a região já foi explorada por ingleses, holandeses, espanhóis e portugueses, até ser reivindicada para a França por Daniel de La Touche, o mesmo que fundou São Luís do Maranhão. De 1852 até 1938, foi um dos presídios mais degradantes do mundo; os franceses enviaram para lá, para morrer, cerca de 80 mil presos. 

Durante muito tempo, a França ambicionou o atual estado do Amapá, chegando, inclusive, a invadir o território, então pertencente ao atual estado do Pará. 

A maior parte da população é descendente de escravos e indígenas. A taxa de desemprego é de 22% e a expectativa de vida é de 58 anos. Cerca de 40% das crianças vivem abaixo da linha de pobreza. A violência também é explosiva. Uma rápida pesquisa em sites de instituições internacionais confirmam esses dados. 

A ONU é cheia de falácias: “Todos os povos têm o direito inalienável à liberdade absoluta, ao exercício de sua soberania e à integridade de seu território nacional. Proclama-se solenemente a necessidade de pôr fim rápido e incondicional ao colonialismo em todas as suas formas e manifestações” – diz trecho da Carta de Concessão à Independência aos Países e Povos Coloniais da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1960.

Hoje, mais de 61 países ainda são colônias: 16 da França, 15 da Grã-Bretanha, 14 dos Estados Unidos, seis da Austrália, três da Nova Zelândia, três da Noruega, dois da Dinamarca e dois da Holanda. A China, por exemplo, tem outras tantas colônias. Mas é mais negócio para muitas dessas colônias continuarem comendo nas mãos dos colonizadores porque suas economias não têm potencial para prosperar. Será esse o caso da Guiana Francesa?