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quinta-feira, 31 de julho de 2025

POEMA NOVO/Arquétipo


RAY CUNHA

 

Haverá alguma coisa mais linda do que a bunda de uma mulher?

Sim! A bunda de uma mulher lindíssima

Ao vento, a saia voando, desnudando-a, rindo

Ao balouçar de um barco, ao vento, na proa, posando

Tudo, nela, é lindo, intenso, eterno

Como o sol aquecendo a manhã

Os sons do mar

Os sonhos, e até possibilidades, que, de repente

Explodem no pensamento

Não, nenhuma obra de arte é mais bonita do que a bunda de uma mulher muito linda

Na proa de um barco, ao vento

Na cama, em repouso, de lado

Passeando o olhar nas curvas

É como se estivéssemos navegando, ou voando, em labirintos

Caindo em abismos para cima

Ou viajando para outra galáxia

Montado em uma nave movida a elétron

Um jorro de testosterona

Um esvair-se em porra

Mas, na verdade, é só pensamento que se dilui ao vento

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Fogo no Coração



RAY CUNHA
 

Como deve o acupunturista proceder nos casos das paixões avassaladoras?

Haverá agulha tão comprida, e fina, que atinja a alma?

Ou prescindiriam, os danados, de cura?

Pois os pacientes desse mal, ou bênção, sobrevivem nas trevas e na luz

São cinza e asas

E seus corações atingem a velocidade dos despenhadeiros

Do mergulho no maremoto

Do olho do furacão

Do desespero

Não será tamanho sentimento, em si mesmo, o triunfo?

Voo concedido a poucos?

Eterno porque agora?

Creio que descobri um mal – ou bênção?

Que a acupuntura não sana

Pois como apagar a luz com luz

Como ouvir o som da Terra no espaço

Se o coração não se inflama?


Do livro DE TÃO AZUL SANGRA



quarta-feira, 23 de julho de 2025

Eu ainda sou eu

RAY CUNHA 

Eu ainda sou eu e sempre serei eu, porque sou eterno

Mesmo em coma viajo em velocidade quântica

Hoje, estou aqui, e em Centaurus, agora mesmo

Posso, como os leões, passar dias namorando

Sentindo orgasmos que duram horas

Eu ainda sou eu e sempre serei eu, eterno porque agora

Meu corpo é energia condensada para uma experiência fugaz

Trajo espacial para viver aqui na Terra

Sou uma consciência que viaja na velocidade dos elétrons

Aqui, sou guiado pelas emoções, pelos sentidos

Meu combustível é amar, riso de crianças, gemidos da mulher amada

Eu ainda sou eu e sempre serei eu

Porque sou eterno e viajo pelas estrelas

Com o mesmo prazer de estar em Copacabana

Tentaram matar-me quando eu era criança e jovem

Adulto, tentaram tomar tudo de mim

Mas sempre fui protegido e nunca um desses ataques

Aniquilou-me completamente, nem me aleijou

De modo que ainda sou eu

Entendi, então, que nada é por acaso

Se eu fui preservado é porque minha missão só está começando

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Posse ao anoitecer

Ray Cunha é sócio correspondente em Brasília/DF
da Academia Amapaense de Letras (AAL) do Amapá

RAY CUNHA

Teu dorso, à sombra da tarde que finda e escoa em murmúrios

É alvo como pétala de rosa vermelha; sinuoso; nu

Agarro-me aos cabelos, às ancas, aos ombros, ao perfume, bêbedo de gemidos

A noite se instala como transatlântico no porto

Feérico, iluminado como o Copacabana Palace

Tuas costas são alvas como jambo

De olhos fechados, sorvo cheiro de nudez

Sabor de Dom Pérignon, safra de 1954

Ouço Concierto de Aranjuez, de Joaquin Rodrigo

E os 14 minutos e 10 segundos do Bolero, de Maurice Ravel,

Sob a regência de Silvio Barbato

Abro os olhos e enxergo o halo azul da noite

Suave como o primeiro movimento, allegro,

Do Concerto para Piano e Orquestra, em Ré Menor,

Número 20, K. 466, de Mozart

Pulsar longínquo, o atrito da Terra no espaço

Gemidos femininos se esvaindo

Som de maresia

Sangue circulando nos tímpanos

O segundo movimento, romanze,

É de estrelas se acamando no azul da alma

O terceiro movimento, rondó,

Flores se abrindo ao riso de crianças

Solto o urro, vibrante, de leão alado, ao ouvir gritos abafados,

E sentir que desmaias ao acme

Do livro DE TÃO AZUL SANGRA, à venda no Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Josiane, eternamente


Quando nos encontramos a identificação foi imediata

Soubemos de pronto que somos feitos um para o outro

Que nada pode nos separar, pois, no meu coração,

Com ferro em brasa, escreveste liberdade

Desde então, sou livre porque teu, e és luz

E luz não prende ninguém, liberta, porque ama

Viver ao teu lado é sentir cheiro de mar permanentemente

Sentir o triunfo no olhar das mulheres amamentando

E no riso de crianças Deus se manifestando

A vida contigo é quântica, abismo azul

Intenso como granada, vulcão, poesia

Como o poema que eu pretendia escrever para ti

Até descobrir que tu és o próprio poema

 

20 de maio

segunda-feira, 24 de março de 2025

Batom é preciso, viver não é preciso

Se a pena de Débora é de 14 anos de cadeia, a de Bolsonaro
será prisão e morte, segundo seu filho, Eduardo Bolsonaro


RAY CUNHA 


Batom é Preciso, Viver não é Preciso

 

Haverá maior símbolo de liberdade

Do que batom vermelho escrito na Justiça?

É como desvendar-lhe os olhos do espírito

E libertar o mundo de toda maldade

 

Condenada a não veres teus filhos crescerem

Agora, és heroína, Débora, e grilhão

Algum te deterá no interminável espaço

Nada deterá a luz que disseminas no éter

 

Batom é como pétalas de rosas rubras

Que nascem nos jardins até o fim do Universo

Que Deus disseminou como perfume azul

 

Batom, mesmo que escrito no duro granito

Como pode ameaçar o Estado de direito

Se batom é preciso, viver não é preciso?

 

BRASÍLIA, 24 DE MARÇO DE 2025 – Escrevi, hoje, o poema acima em homenagem à Débora Rodrigues dos Santos. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a está julgando, acusada de golpe de Estado. O ministro Alexandre de Moraes já bateu seu temido martelo: deu 14 anos de cadeia para Débora e 30 milhões de reais em multa. O ministro Flávio Dino também baixou seu porrete. 

No dia 8 de janeiro de 2023, Débora escreveu na estátua A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, defronte ao palácio do STF, “perdeu, mané”, repetindo o ministro Roberto Barroso, presidente da Corte. Débora está presa desde março de 2023, é casada, mãe de duas crianças e morava no interior de São Paulo. 

Segundo o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro já afirmou em inúmeras entrevistas publicadas ad nausean, o golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é uma narrativa tão esdrúxula que nem os mais delirantes roteiristas de Hollywood conseguiriam criar. Bolsonaro é o maior líder da Direita Brasileira e acusado de comandar o golpe. Já teve seu passaporte apreendido e é pule de dez que será preso. Preso, segundo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP), será jogado às traças e morrerá doente. 

Quanto ao batom, a arma de Débora, é um cosmético que realça os lábios de uma mulher. Batom é do francês “bâton”, “bastão” em português. Trata-se do cosmético mais utilizado em todo o mundo. As mulheres sempre o utilizaram ao longo da História. Haverá algo mais bonito do que os lábios de uma mulher? Sim, os lábios pintados de vermelho, como rosa colombiana. 

Lindo porque uma mulher com os lábios vermelhos me transmite a sensação da luz triunfando, de liberdade. 

Batom é Preciso, Viver não é Preciso é um soneto com versos alexandrinos, com cesura na sesta sílaba.

sábado, 8 de março de 2025

Às mulheres

As mulheres são como um som azul parindo vida e
eternidade (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O SOM DO AZUL

RAY CUNHA

Haverá obra de arte mais emocionante do que mulher muito linda?

Sim, nua!

Cheirando a púbis!

E mais bela do que isso?

Grávida!

Amamentando!

Mais belo

Só crianças rindo!

Luz se eternizando!

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Iasmim, 35 anos


RAY CUNHA


Nasceu como centelha divina e se tornou jasmim

Na sua caminhada, aonde quer que vá,

Jardins se iluminam ao sol, intermináveis,

E todos sentem, nessas bênçãos, paz infinita

 

Ao percorrer o que nunca termina

Jasmim leva sua luz a toda parte

Espalhando harmonia, alegria, risos

Muito além da Terra, da galáxia, do espaço

 

Ela nasceu para amar, para fazer feliz tudo

Garantir esperança, a certeza de melhores dias.

Agora, mulher, flor que a tudo perfuma

 

Em uma nave grande como uma cidade azul

Sua jornada quântica se eterniza

No mar de éter, que não acaba nunca

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Soldado de Israel foge do Brasil para não ser preso por ter lutado contra terroristas do Hamas

Holocausto. Tão brutal só o tráfico negreiro no Atlântico

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 6 DE JANEIRO DE 2025 – A juíza federal Raquel Soares Chiarelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, determinou, dia 30 de dezembro de 2024, que a Polícia Federal (PF) prendesse um soldado de Israel, Yuval Vagdani, que estava passando férias no Brasil, sob acusação de crimes de guerra, atendendo à Fundação Hind Rajab (HRF), sediada na Bélgica, fundada e liderada por Dyab Abou Jahjah, do grupo terorista Hezbollah. 

A ação, protocolada pelos advogados Maira Machado Frota Pinheiro e Caio Patrício de Almeida, aponta que o soldado participou, “supostamente”, da demolição de casas utilizadas pelo grupo terrorista Hamas, que estaria abrigando civis palestinos deslocados pela guerra, em novembro de 2024, como parte de uma campanha de repressão contra a população palestina. Maira Pinheiro sustenta que a ação se fundamenta no Estatuto de Roma, ao qual o Brasil é signatário. 

O soldado se escafedeu do Brasil em um voo de Salvador/BA para Buenos Aires, na noite de sábado 4. O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que a embaixada israelense no Brasil prestou o necessário apoio ao soldado e sua família durante todo o evento e garantiu sua saída “rápida e segura” do país. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia, em 2010, 148.329 judeus no Brasil, a segunda maior comunidade judaica da Ibero-América, atrás somente da Argentina. Porém estima-se que cerca de 400 mil pessoas professem o judaísmo no Brasil, para onde os judeus começaram a vir desde 22 de abril de 1500. Estavam com Pedro Álvares Cabral o médico particular da Coroa Portuguesa e astrônomo Mestre João e o intérprete e comandante da nau que trazia mantimentos, Gaspar da Gama, ambos judeus. 

Quando os portugueses começaram a extrair pau-brasil, o judeu Fernão de Noronha foi pioneiro, tanto que o pau-brasil era, então, chamado também de “madeira judaica”. A intolerância da Igreja contra os judeus em Portugal era insuportável, de modo que os judeus viram, no Novo Mundo, a oportunidade de praticar seu culto sem o risco de serem presos e assassinados. Mas, em 1591, o inferno baixou no Brasil: a Inquisição. 

Contudo, em 1630, com a invasão holandesa e domínio do Nordeste por 24 anos, os judeus prosperaram e fundaram a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. Até que os portugueses conseguiram expulsar os holandeses. Então, a maioria dos judeus estabelecidos no Nordeste fugiu para os Países Baixos, as Antilhas e Nova Amsterdã, a futura Nova York, onde fundaram a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos e ajudaram a construir a hoje mais cosmopolita cidade do planeta. E muitos desses judeus nordestinos fugiram para a região das Minas Gerais. 

Em 1810, por meio de tratado comercial, a Inglaterra forçou Portugal a aceitar a liberdade de culto religioso aos judeus, o que foi confirmado na Constituição do Império. Em 1824, os judeus fundaram, em Belém do Pará, a mais antiga sinagoga ainda em funcionamento no Brasil. 

Entre 1872 e 1972, entraram no Brasil mais de 90 mil imigrantes judeus. Somente em duas décadas, entre 1920 e 1939, entraram no Brasil 50 mil judeus, a maioria proveniente do Império Russo, dos Bálcãs e da Europa Central, principalmente da Polônia. 

Na Europa, os judeus continuavam sendo massacrados, de modo que para eles a saída era o Novo Mundo, principalmente os Estados Unidos. Com a ascensão do nazismo na Alemanha e do fascismo na Itália, nos anos 1930, os judeus fugiram em massa da Europa, mas, no Brasil, em 1935, depararam-se com o governo de Getúlio Vargas, que, a partir de 1937, começou a negar vistos de imigração, impondo barreiras à entrada de judeus, com ameaça de deportação em massa. Essas restrições só foram abolidas definitivamente em 1950.

Antes disso, em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas implementa o Plano de Partilha da Palestina em substituição do Mandato Britânico, e, em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declara a fundação de Israel. 

No dia seguinte, Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Iraque, Marrocos, Sudão, Iêmen e Arábia Saudita cercam e invadem Israel. Foi aí que começou a atual guerra sem fim, no decurso da qual Israel vem ampliando seu território, anexando a Cisjordânia, a península do Sinai, a Faixa de Gaza, as colinas de Golã e Jerusalém Oriental. 

Ao longo da história vários impérios tentaram subjugar os judeus. Roma os varreu da Palestina. A Alemanha de Hitler assassinou 6 milhões de judeus, parte deles em câmaras de gás e fornos crematórios, mas eles sempre voltaram e hoje são um dos povos cientificamente mais adiantados e mais ricos financeiramente do mundo. Israel é uma potência nuclear e detém um dos exércitos mais treinados, equipados e determinados do planeta. 

Na madrugada do dia 7 de outubro de 2023, tropas de terroristas do Hamas, da Jihad Islâmica e da Frente Popular para a Libertação da Palestina, com apoio do Irã, lançaram milhares de mísseis contra Israel e invadiram o país na fronteira da Faixa de Gaza, estuprando centenas de mulheres e assassinando pessoas, incluindo velhos e crianças, degolando dezenas de bebês na frente dos pais e estuprando mulheres na frente dos maridos. 

A resposta de Israel foi uma verdadeira explosão atômica. O exército israelense entrou em Gaza e não deixou pedra sobre pedra. A Faixa de Gaza, onde o Hamas se escondia, é um território com 41 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura, entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, com cerca de 2,3 milhões de habitantes. 

Tropas israelenses estão eliminando todos os chefões do Hamas, onde quer que estejam, no Líbano, na Síria, no Irã.

O governo de Lula da Silva apoia ditaduras e o Hamas, e hostiliza os judeus. Juntamente com a China e a Rússia, Lula quer derrubar o dólar e, por extensão, os Estados Unidos, e apoia a ditadura sanguinolenta de Nicolás Maduro, na Venezuela. Juntamente com Fidel Castro, Lula foi o artífice do Foro de São Paulo.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Agora

Fernando Canto apóstolo. Este grafite sobre tela, Última Ceia,
é uma recriação do grande pintor amapaense Olivar Cunha, do
óleo sobre madeira do pintor renascentista espanhol 
Vicente
Juan Masip, mais conhecido como Juan de Juanes. Trata-se
da passagem em que Jesus institui a Eucaristia, no Novo
Testamento. Nela, Cristo aparece rodeado por seus discípulos, 
Na recriação de Olivar Cunha, o pintor coloca Fernando Canto
pronto para receber a hóstia de Jesus Cristo (aqui, em detalhe)  

RAY CUNHA

Sinto, agora, mais intenso ainda, perfume de jasmineiros

Chorando nas tórridas madrugadas de Macapá

Chanel 5, o mar, azul sangrando.

A eternidade se aproxima

Vertiginosa como a Terra girando

Profunda como o mistério de mulher nua

Como galgar o Pico da Neblina

Morar no Hilton Internacional Belém

Viver em Copacabana.

Agora compreendo, claramente,

Só há éter, energia, vibração, sintonia,

Nem matéria, nem tempo, existe 

A vida é abismo interminável, e ascendente,

É como cair para cima

Cheiro de púbis de virgem ruiva, sabor de gozo,

Como se eu engravidasse de rosas vermelhas.

É permanente, agora, a sensação de autografar livros

De bater papo com Fernando Canto

Sobre telas de Olivar Cunha

Flutuando numa garrafa de Dom Pérignon, safra de 1954,

Neste 7 de agosto, como em todos os anos


Do livro DE TÃO AZUL SANGRA

sábado, 6 de julho de 2024

Eu ainda sou eu

Ray Cunha fotografado pelo pintor André Cerino (2013)


RAY CUNHA 


Eu ainda sou eu e sempre serei eu, porque sou eterno

Mesmo em coma viajo em velocidade quântica

Hoje, estou aqui, e em Centaurus, agora mesmo

Posso, como os leões, passar dias namorando

Mas sentindo orgasmos que duram horas

Eu ainda sou eu e sempre serei eu, eterno porque agora

Meu corpo é energia condensada para uma experiência fugaz

Trajo espacial para viver aqui na Terra

Sou uma consciência que viaja na velocidade dos elétrons

Aqui, sou guiado pelas emoções, pelos sentidos

Meu combustível é amar, riso de crianças, gemidos da mulher amada

Eu ainda sou eu e sempre serei eu

Porque sou eterno e viajo pelas estrelas

Com o mesmo prazer de estar em Copacabana

Tentaram matar-me quando eu era criança e jovem

Adulto, tentaram tomar tudo de mim

Mas sempre fui protegido e nunca um desses ataques

Aniquilou-me completamente, nem me aleijou

De modo que ainda sou eu

Entendi, então, que nada é por acaso

Se eu fui preservado é porque minha missão só está começando


BRASÍLIA, 6 DE JULHO DE 2024

quinta-feira, 30 de maio de 2024

O Riso

Josiane Souza Moreira Cunha e Ray Cunha na Praia
do Meireles, em Fortaleza/CE (20 de maio de 2024)


RAY CUNHA 


Deus criou o mundo, as pessoas, os animais, os vegetais

Mas faltava alguma coisa, apesar do azul

Da imensidão e os murmúrios do mar

E da luz, que da criação é o triunfo

 

Alguma coisa faltava

Pois a criação de Deus é perfeita

Só se ouvia silêncio nas estrelas, nas galáxias

Apesar da luz do Universo

 

Por que a criação não estava completa? O que faltava?

Por que não se sentia, ainda, alegria?

Era a interrogação que a tudo perpassava

 

Então, Deus criou a Josiane

E deu a ela o riso

Acendeu-se a luz e fez-se a perfeição

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Para sempre, agora



RAY CUNHA

 

Onde vive Iasmim?

No Planalto Central

Onde jorra leite e mel

Terra da manga, do abacate, do morango

A irmã de Roma

Flor do Cerrado

Brasília, onde pulsa o Coração do Brasil

 

Onde estará Iasmim?

Na Península Ibérica, portal da História

Terra dos seus ancestrais

Nas cidades mediterrâneas

Bebendo vinho de deuses

Estará em Paris, Londres, Roma?

Está na Cidade do Porto, em Portugal

 

Vive no mundo todo

Na Velha Europa, na Ásia, na África, na Amazônia

No mar, nas montanhas

Escalando o Pico da Neblina e pousando em Copacabana, no Posto 6

Como elétron, porque ela ama

Sua missão é ser feliz, fazer felizes os outros

Como luz que se eterniza, agora

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Rosas para a madrugada

Rosas para a Madrugada está no livro DE TÃO AZUL SANGRA

RAY CUNHA

Por que escreves? – pergunta-me o jornalista

– Para viver – respondo

Pois só com as palavras desnudo a luz

E voo até o fim do mundo

Por isso, escrevo granadas intensas como buracos negros

E garimpo o verbo como o primeiro beijo

Escrevo porque escrever traz aos meus sentidos

Cheiro de maresia

Dom Pérignon, safra de 1954

O labirinto do púbis no abismo do acme

Mulher nua como rosa vermelha desabrochando

domingo, 18 de junho de 2023

Abismo Azul

Ray Cunha e DE TÃO AZUL SANGRA, na edição do Clube de Autores


RAY CUNHA


Sinto cheiro de mulher nua

Ostra com Antarctica enevoada, em julho, às 9 horas

No ar saturado de mulheres lindíssimas e suadas, em Salinas

 

Tu precisas me lamber com teus olhos verdes como lápis-lazúli

Para eu sentir o acme

Precisas apenas sorrir e tocar nos meus finos lábios

Para que eu morra como as rosas, que não morrem nunca

Porque são imortais na sua explosiva beleza

 

Imobilizo minha amante pelos cabelos

Beijo-a na boca, faço-a gritar de prazer

Ela é a própria noite

Café noturno, cheio de mulheres misteriosas de tão lindas

Que dizem oi quando passo

 

O cheiro de púbis ruivo

Inunda meu olfato, meu paladar, meu cérebro.

Degusto Antarctica, com Jorge Tufic, em Manaus, no Nathalia

Lambo o rosto da Tharcilla

Beijo os lábios carnudos e mordo o pescoço da Mara

 

Como fez Isnard Brandão Lima Filho, oferto rosas para a madrugada

Ao extrair gemidos da mulher amada, percorrendo sua pele de jambo

E sonho com leões caminhando na praia, ao amanhecer

 

Igual Picasso, com seus olhos negros, nonagenários

Sou como pássaro que nunca envelhece

Nasci com asas invisíveis

Que se equilibram no éter, como avião de caça

Riscando um golpe vermelho no azul

sexta-feira, 19 de maio de 2023

O amor é eterno, porque a eternidade é agora

A cafuza mais linda do mundo, Josiane Souza Moreira Cunha, e eu


RAY CUNHA 


Na manhã de 20 de maio de 1968, em Macapá,

As flores desabrocharam em milésimos de segundos, ao sol,

Impregnando jasmim, Chanel 5 e música de Amadeus Mozart o ar

Que soprava de leste, o planeta girando na Linha Imaginária do Equador

 

Manhã arrumada por Deus, pois entre as flores banhadas pela luz

Havia uma ainda mais especial, batizada Josiane

Beijei durante O Último Imperador da China, de Bernardo Bertolucci,

Os lábios da cafuza, arbusto com sabor de Dom Pérignon, safra de 1954

 

Desde aquela noite de 15 de maio de 1988, amamo-nos todos os dias

Até quando estamos perdidos, pois nos encontramos no coração

E em 22 de fevereiro de 1990, Josiane deu à luz uma princesa: Iasmim

 

Desde que a conheci, ouvimos o Concerto para Piano e Orquestra em Ré Menor

Voamos, em saltos quânticos, pelas estrelas, pelas galáxias

Descobrimos que o nosso amor é eterno, porque a eternidade é agora

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Princesa Iasmim

Ray Cunha e seu bebê, a princesa Iasmim, no Guará I, Brasília/DF
Princesa Iasmim viajando pelo azul na sua nave de eternidade


RAY CUNHA


Para Iasmim Moreira Cunha Moryia


Era uma vez um reino que nunca acabava

Nele vivia a princesa Iasmim

Em um palácio cercado de jardins

Povoados de fadas

 

Um dia, Iasmim viajou por terras intermináveis

Foi à Europa, à Ásia e à América, voltou à Europa

Conviveu com novas culturas, ouviu novos idiomas

Mas sentia-se sempre no seu palácio

 

As flores do seu reino jamais morriam

E as fadas continuavam cantando

Tudo, onde quer que Iasmim fosse, permanecia

 

Pois o palácio da Iasmim era ela mesma

Erguido no infinito

E cintilando como as estrelas

terça-feira, 19 de julho de 2022

O dia em que recebi a visita de Roberto Carlos

Roberto Carlos e eu, no Hotel Amazonas, em Manaus, em 1976

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 19 DE JULHO DE 2022 - Em agosto de 1994, lancei, em Brasília, o jornal mensal Intelligentsia, tiragem de 3 mil exemplares. Durou até fevereiro do ano seguinte – 7 edições, portanto. Era um tabloide de 16 páginas, parcialmente em cores, diagramado e ilustrado pelo artista plástico André Cerino, com fotografia do repórter fotográfico e ensaísta Ivaldo Cavalcante, e inteiramente redigido por mim. O primeiro número causou polêmica nos meios em que circulou, devido a uma coletânea de poemas eróticos, que intitulei DE TÃO AZUL SANGRA, ilustrados por André Cerino, que carregou no grafite. O trabalho foi um escândalo. 

Em junho de 2018, sonhei com Roberto Carlos. Ele estava todo de branco e na minha casa, na 711 Sul, em Brasília, onde morei durante alguns anos, mas, no sonho, era uma casa enorme e arejada. Eu chegava e o encontrava lá, e alguém me dizia que Roberto queria falar comigo. No instante seguinte, como só nos sonhos acontece, ele e eu estávamos na biblioteca da casa, ampla, bem iluminada e aconchegante. Lembro que Roberto segurava uma folha de papel e me pediu autorização para trocar uma palavra de um poema meu, para ajustá-lo à melodia na qual estava trabalhando. “Sim, é claro, Roberto” – disse-lhe, e acordei. 

Acordei com o livro DE TÃO AZUL SANGRA na cabeça e passei aquele dia e os dias seguintes trabalhando nisso. Reuni os poemas publicados no Intelligentsia, mais os poemas eróticos produzidos até julho de 2018, e publiquei, em dezembro daquele ano DE TÃO AZUL no Clube de Autores e na amazon. 

No início dos anos 70, Roberto Carlos já era uma celebridade internacional, encantando o mundo com a melodia da sua voz, a Música Suave que ecoa na alma dos amantes. Em 1976, eu morava em Manaus e trabalhava no jornal A Notícia, de Andrade Netto, pai da Natacha Fink de Andrade, uma das grandes chefs brasileiras, profunda conhecedora dos sabores da Amazônia, e que deixou sua marca no Rio de Janeiro, onde foi proprietária do Espírito Santa, um dos restaurantes mais badalados da cidade, na Rua Almirante Alexandrino 264, bairro de Santa Teresa. 

Pois bem, naquele ano, 1976, Roberto foi fazer um show em Manaus e a produção do jornal conseguiu entrevista exclusiva com ele, no antigo Hotel Amazonas, centro da cidade, onde Roberto estava hospedado. 

Na época, eu assinava a coluna mensal No Mundo da Arte e era sempre eu que cobria matérias de cultura. O chefe de reportagem instruiu-me a perguntar ao Rei se ele usava, antes dos shows, meia de mulher como touca, para que sua cabeleira ficasse bem bacana. Esse assunto fora objeto de revista de fofoca. A pergunta era bizarra, mas satisfaria o suposto perfil dos leitores do jornal, que tendia ao sensacionalismo. 

Tudo bem! O problema era outro: o único gravador do jornal estava falhando, e isso foi meu terror, porque se chegasse à redação sem a entrevista só me restaria fazer o que fiz tempos depois: demiti-me e fui para A Crítica, levado pelo senador Fábio Lucena, de quem fiquei amigo no Clube da Madrugada, sediado nos bares Caldeira e Nathalia, e que reunia jornalistas, artistas e apreciadores da enevoada Antarctica manauara. 

Saí para fazer a entrevista, marcada para o fim daquela manhã. No hotel, fomos conduzidos, o fotógrafo e eu, ao corredor do apartamento do Rei, onde dois seguranças pediram para aguardamos ali. Roberto não nos recebeu no apartamento; acho que o apartamento era simples demais para as fotos. Ele me recebeu no corredor, e me deu a entrevista ali mesmo. 

O Rei é um sujeito carismático. Ele me deixou à vontade e eu me senti como se fosse velho amigo dele. Perguntei-lhe sobre o negócio da meia e ele me respondeu numa boa. Nem me lembro mais o que ele disse. Eu estava de olho no gravador, preocupadíssimo com o funcionamento dele, vigiando para ver se o rolo de fita estava girando. Fazia perguntas ao Rei e voltava-me para o gravador, um velho gravador de tamanho médio. Eu costumava fazer entrevistas anotando rapidamente a resposta, mas a orientação que recebera era a de que eu teria que transcrever ipsis litteris as palavras do Roberto. 

Mais tarde, na redação, ao degravar a entrevista, vi o quanto foi burocrática, a pior que fiz como jornalista, e logo com quem, o Rei Roberto Carlos. Mas tudo bem! O jornal publicou a matéria, ninguém reclamou, e ainda restou uma fotografia com o Rei, por insistência do fotógrafo, de quem não lembro mais quem era. 

Fui cobrir também o show do Roberto, e, naquele clima dos grandes shows, senti, na alma, o perfume que exalam muitas das canções do grande artista, algumas delas compostas com Erasmo Carlos. Certas gravações do Roberto nos remetem, em um salto quântico, à eternidade da juventude, quando transitar pelos labirintos de uma mulher é como montar a luz, tão azul que sangra. 

Segue-se o que o contista e ensaísta Fernando Canto escreveu como prefácio da coletânea de 1994. 

VERSOS PROFANOS 

FERNANDO CANTO 

Nem fesceninos ao estilo bocageano, nem pornográfico à moda Boris Vian. Contudo, profanos são os novos versos do poeta Ray Cunha. Não no sentido antirreligioso – assim a poesia teria prosélitos fanáticos –, mas no sentido da irreverência, da violação, da transgressão do texto, em cuja tessitura surge o inopinado, que fragmenta, com certeza, a reação dos ouvidos suscetíveis. 

Estes poemas, De tão azul sangra, evocam, invocam, enfocam a mulher, aliás, o sexo feminino; a afirmação do adolescente, o orgulho do adulto, ou, talvez, o fruto da observância do mundo mundano – experiência edipiana a penetrar em barreiras antes inacessíveis. Poemas que denotam a sensualidade e detonam-se em palavras lúbricas. Sutis, ás vezes, como em Bethania. Impolidas, como em Olhar para a mulher amada – um rasgo narcisista, um produto da consciência machista e desembocadura para o gozo psicológico do autor. 

A apologia de Ray Cunha à mulher é feita, então, sem disfarces. Despojada da roupa ela se torna provedora de sentidos, manancial e matéria-prima ao fabricante de versos. Está ali nua, nuinha na sua forma ímpar de ser apenas mulher, vênus perscrutada pela oportuna fresta que faz a felicidade de um voyeur; deusa mítica em seu mistério, desvendada pelo arguto e fulminante olhar e pelo sensível olfato do poeta. 

Bem poderia chamar-se Essa Copacabana triste mulher o conjunto desta obra. O melhor poema da coletânea traz o melhor do autor, embora o contraste do “triste” trace o “ideal” do jovem solitário, qualquer jovem solitário nas praias deste Brasil afora. Essa irreverência trata da socialização do sexo no entendimento paradoxal de que todos possam ser burgueses em bacanais tropicais regadas a coquetéis afrodisíacos, num tempo hedonista que ficou há muito nos salões dos palacetes romanos. É forma compacta de abarcar o mundo. É válido. É poesia. Nela está o sol, o azul do mar no verão. Pois aí o azul que sangra não é o azul do céu. É o azul açoitado pela relação geográfica e íntima entre o sol e o mar. É o azul afetado pela natureza do gasoso (as nuvens) no espelho sangrado do mar. Mar que sangra, que se esvai, que beija a praia de Copacabana e salga o corpo nu da mulher desejada, da mulher que brilha com a clivagem dos grãos de areia e à noite vai para a cama gemer seu gozo e se sangrar de mar de Copacabana. Enorme, a cama de Copacabana. 

Nostálgico e terrível é romper o laço em Um cheiro de madrugada. Neste poema Ray Cunha instiga um sentido amargo sobre o que se convenciona chamar de amor. É um trabalho sincero, diria, onde o conteúdo está exposto para o leitor atento; onde nada mais se precisa dizer, pois que a lembrança adquire a possibilidade de entrega a outros caminhos, nos quais existem outros remédios para os males da paixão. É simples, realista. 

Ray Cunha ironiza a relação poética entre a morte e a poesia. Morrer na mesa de um bar é produto do inconsciente etilizado. Ser salvo, porém, é dormir com a princesa e metáfora-tônica de um anti-valor, concessão do sono ao acordar de sopetão de um pesadelo borgeano: sensação esquisita, estapafúrdia. Morte e poesia andando juntas, porque o trágico pode ser frenético, fétido e cômico – dura realidade! – exatamente na hora irônica do enforcamento. 

Poemas como Sessenta e nove I e II trazem sobretudo o rústico, o rude, o seco mal lixado. São versos extraídos de uma realidade obstinadamente crua, ausentes de recursos semânticos mais elaborados, e duros como a pretensa e voraz virilidade do poeta. Nem por isso ele peca. 

Se transgredir é a virtude do recurso, doces são as circunscrições colocadas em Ah! Se tu fosses minha e nos dois poemas sem títulos que se entrepõem a ele. Chegam á trazer à tona a ingenuidade do poeta, que verdadeiramente ama sua musa de Parnaso, líricos como uma aquarela a Belle-Époque. 

Não se pode deixar de enfocar o trato poético-erótico-libidinosos dos classificados de Acompanhantes. O autor ousa de várias maneiras. E coopta o leitor a acompanha-lo em aventuras sexomaníacas de pleno envolvimento. Comunicação, mídia impressa, espurcícia? Não. Mistura de elementos cuidadosamente colocados sob a arquitetura da realidade atual, ossatura forte dos arrabaldes das megalópoles. Assim é a estrutura desse poema. Real. Firme e transparente. Enfoque de uma sociedade periférica desprezada pela tradicional e hipócrita sociedade burguesa. É retrato da nova cultura urbana, nascida, infelizmente, ainda da miséria, da perda de status, de poder aquisitivo e que se torna antepasto para qualquer Sade pós-moderno, certamente. Instigante, claro e azul, o poema indica água fervendo, páprica picante, poesia nova, e acima de tudo coragem de inovar pela forma e revolucionar pelo conteúdo da ideia.

Esta é a marca poética de Ray Cunha, que, sob o céu nas nuvens, descobre que o azul sangra como a vagina menstruada de uma nereida de qualquer gangue dos subúrbios brasileiros.

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