quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiana Francesa, a última colônia europeia na Amazônia, onde os franceses fazem a festa

BRASÍLIA, 26 DE SETEMBRO DE 2019 – Após o histórico discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), terça-feira 24, esclarecendo que a Amazônia não está à venda e que o Brasil não é a casa da mãe Joana, o presidente da França, Emmanuel Macron, com aquele seu jeitinho de garoto perdido da mãe, citou a Amazônia como cavalo de uma “batalha essencial para reduzir a emissão de carbono”, ignorando solenemente que os europeus arrasaram suas florestas e que metade do território francês é usada para a agricultura, enquanto que o Brasil só utiliza para isso menos de 10% do seu território e que a maior parte da Hileia está conservada. Nos últimos dias Macron tem acusado os brasileiros de tocar fogo na floresta, insinuando que deveria haver uma intervenção dos países hegemônicos na região.

Bolsonaro afirmou que “é uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania”. Macron, que dispõe da bomba atômica e de colônia na Amazônia, a Guiana Francesa, pode até espernear e ameaçar, mas o rapaz é apenas linguarudo mesmo.

Sente-se, nas entrelinhas do que diz Macron, para a mídia que come nas mãos dos comunistas, a arrogância do colonizador. A França é um dos países que mais sofrimento infringiu, e continua infringindo, nas suas colônias, especialmente na África. Na América do Sul, sua colônia é cinicamente chamada de departamento ultramarino, mas é refém das políticas da União Europeia em um continente estranho à Europa.

A verdade é que a Guiana Francesa é governada pela França em regime colonialista linha-dura, obrigada a exportar 70% de seus recursos naturais – especialmente minérios – para a França e importar 90% de todos os bens de consumo da metrópole, segundo o secretário de relações internacionais da União dos Trabalhadores da Guiana Francesa, Jean-Michel Aupoint, que luta pela independência da Guiana Francesa. Rafael Pindard, do Movimento de Descolonização e Emancipação Social da Guiana Francesa, afirma que os guianenses não têm o direito de utilizar os recursos naturais e a terra sem pedir autorização ao governo francês.

A França mantém várias colônias mundo afora, mas a Guiana Francesa é estratégica, por três motivos: é lá que a França mantém uma das maiores bases de lançamento de foguetes da União Europeia; a França mantém na região um aparato militar capaz de rápida e eficiente intervenção na Amazônia; e tem acesso a recursos naturais inimagináveis, muito dos quais ainda intocados. O que os guianenses recebem em troca disso é quase nada.

A França governa a Guiana Francesa com mão de ferro, com total controle político e militar. Como parte dessa política, não interessa à França munir a colônia com infraestrutura, nem desenvolvimento; interessa manter uma população mantida em casa, com bastante enlatados para comer e euro para comprar cachaça. Esqueçam saúde e educação. Segundo Aupoint, o interior da colônia está abandonado. Mas ninguém é besta de sair falando por aí sobre a situação dos guianenses. A repressão francesa é famosa. Basta um rápido olhar sobre a Argélia, por exemplo. Assim, o estado francês desestimula qualquer movimento de independência da última colônia europeia na América do Sul.

A Guiana Francesa é colônia, ou casa da mãe Joana, há mais de 400 anos. Ocupada originalmente por índios aruaques, a região já foi explorada por ingleses, holandeses, espanhóis e portugueses, até ser reivindicada para a França por Daniel de La Touche, o mesmo que fundou São Luís do Maranhão. De 1852 até 1938, foi um dos presídios mais degradantes do mundo; os franceses enviaram para lá, para morrer, cerca de 80 mil presos. Durante muito tempo, a França ambicionou o atual estado do Amapá, chegando, inclusive a invadir o território, então pertencente ao atual estado do Pará.

A maior parte da população é descendente de escravos e indígenas. A taxa de desemprego é de 22% e a expectativa de vida é de 58 anos. Cerca de 40% das crianças vivem abaixo da linha de pobreza. A violência também é explosiva. Uma rápida pesquisa em sites de instituições internacionais confirmam esses dados.

A ONU é cheia de falácias: “Todos os povos têm o direito inalienável à liberdade absoluta, ao exercício de sua soberania e à integridade de seu território nacional. Proclama-se solenemente a necessidade de pôr fim rápido e incondicional ao colonialismo em todas as suas formas e manifestações” – diz trecho da Carta de Concessão à Independência aos Países e Povos Coloniais da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1960.

Hoje, mais de 61 países ainda são colônias: 16 da França, 15 da Grã-Bretanha, 14 dos Estados Unidos, seis da Austrália, três da Nova Zelândia, três da Noruega, dois da Dinamarca e dois da Holanda. A China, por exemplo, tem outras tantas colônias. É mais negócio para muitas dessas colônias continuarem comendo nas mãos dos colonizadores, porque suas economias são fracas. Será esse o caso da Guiana Francesa?

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Bolsonaro e A Menina que Brincava com Fogo

BRASÍLIA, 19 DE SETEMBRO DE 2019 – Saí, sábado passado, para bater perna. Fui à Cultura do CasaPark, a grande livraria de Brasília. O resto, são tudo lojas médias, metade papelaria, e todas elas com sistema de som só com canções populares em inglês que não dá para aguentar nem meia hora: só gritos e gemidos. Namorei os livros de sempre, até poder comprar todos eles e ler até ficar com ressaca. Depois, peguei o metrô e fui para o centro da cidade, e atentei para uma coisa que já vinha percebendo há tempo: cada vez mais bancas de revistas são transformadas em lanchonetes.

Na banca da Rodoviária os jornalões apresentavam as mesmas manchetes desde novembro de 2018: contra Bolsonaro. O capitão não dá a mínima. Ele ganhou as eleições utilizando mídia pós-moderna. Hoje, quando os esquerdopatas publicam manchetes com o intuito de desestabilizar Bolsonaro, imediatamente milhões de eleitores se manifestam e mostram por A mais B que a grita dos jornalões não passa de viúvas dos cofres públicos carpindo.

Sempre que vou ao Conjunto Nacional, paro, antes, na banca da Rodoviária, para ler a manchete dos jornalões; eles estão cada vez mais magros. Acredito que os jovens de hoje não sabem nem o que é jornal impresso. Hoje, todo mundo é jornalista na internet. Jornalistas profissionais geralmente comem em balcões de negócios ou na mão dos políticos.

Assim como o jornalismo mudou, também a preferência dos leitores mudou, e não me refiro, aqui, à questão tecnológica. As novas gerações não querem saber dos clássicos. Preferem Dan Brown, ou Stieg Larsson. Quanto a mim, prefiro ouvir notícias no YouTube, e Stieg Larsson, precisamente A Menina que Brincava com Fogo, no sofá de casa, levantando-me, de vez em quando, para beber água, ou mordiscar alguma coisa.