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A mão da discórdia: nove dedos, nove cabeças de rapina |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 5 DE NOVEMBRO DE 2022 – A Primavera Árabe caracterizou-se
por manifestações populares e greves no Oriente Médio e Norte da África, de 18
de dezembro de 2010 a meados de 2012. Derrubou ditaduras e governos
opressivos no Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque,
Jordânia, Omã, Iémen, Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita,
Sudão e Saara Ocidental.
A primavera brasileira começou em 30 de outubro, após o
resultado das eleições para presidente da República. Na véspera das eleições, o
Brasil se pintou de verde e amarelo, símbolo do presidente conservador Jair
Messias Bolsonaro, mas as urnas eletrônicas, que não permitem auditagem,
elegeram o comunista Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores
(PT), que governou, e assaltou, o Brasil, durante uma década e meia.
Desde então, a população acampou diante dos comandos das
Forças Armadas, em todo o país, exigindo a prisão de Lula, que é condenado, mas
foi liberado, ilegalmente, para disputar as eleições, e pedem também a prisão
dos que estão por trás da suposta fraude nas urnas. Os manifestantes anunciaram,
hoje, que a partir de segunda-feira 7 o país vai parar.
Lula não poderia sequer disputar essas eleições. É condenado
em segunda instância a 12 anos de prisão, por mais de dez juízes e
desembargadores, por unanimidade, acusado de corrupção.
Em 8 de março de 2021, o ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal (STF), pegou sua caneta e riscou a Carta Constitucional: suspendeu
as condenações de Lula e o tornou elegível. Fê-lo porque qui-lo (sic). Em 14 de
abril de 2021, seus colegas de toga confirmaram o singelo ato de liberação.
Enquanto isso, a mídia que ganhou oceanos de dinheiro no
governo petista assentou Lula ao lado de Jesus Cristo, e institutos de pesquisa
aliados dessa mesma mídia começaram a divulgar pesquisas que davam Lula na
estratosfera, embora as ruas desmentissem isso. Enquanto Lula era xingado quando
metia a cara na rua, o presidente Bolsonaro era aplaudido por multidões de
centenas de milhares de pessoas aonde quer que fosse.
Foi quando houve um movimento para que as urnas fossem
auditáveis. Aí entrou o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Alexandre de Moraes, além de seus colegas do Supremo, que defenderam com unhas
e dentes urnas que não podem ser auditáveis. Conseguiram. Só no Brasil, mesmo.
Também surgiu o crime de opinião. Alexandre de Moraes
começou a prender parlamentares e jornalistas que ousassem contradizê-lo, sob o
olhar complacente do Senado da República e da Câmara dos Deputados.
Nesta segunda-feira 7, teremos alguma indicação do que irá
acontecer daqui para a frente. De qualquer modo, Lula é condenado por corrupção,
com provas robustas. Sob sua chefia, o Brasil quase naufraga, já que ele desviou
recursos até do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para
enviar para Cuba, Venezuela e outras ditaduras.
Bolsonaro, que quase foi assassinado por um militante de
esquerda, assumiu e não deixou roubar; apesar da pandemia, o Brasil está
crescendo e com deflação, caso único no mundo. Os que roubavam estão secos.
Há dois cenários que podem ocorrer. Lula, que está muito
doente, pode até assumir, e, se bater as botas, assumirá seu vice, Geraldo
Alckmin, que faz qualquer negócio. Nesse cenário, o Brasil poderá retroceder
tanto que virará uma Venezuela. Aí ninguém terá futuro, aqui. O outro cenário é
a primavera brasileira prosperar.
Contudo, de uma forma ou de outra, o fato é que Lula é um
morto-vivo. Perambula mais no Umbral, que é um plano intermediário entre a
matéria e o plano astral, do que no mundo físico. É como viver em um pesadelo.