O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse, em debate com o presidente Donald Trump, que vai fazer uma vaquinha entre países hegemônicos de 20 bilhões de dólares destinados a “resolver o problema da Amazônia”. Seria isso a solução para a questão amazônica?
Joseph Robinette Joe Biden Jr. (Scranton,
Pensilvânia, 20 de novembro de 1942), poste do bom de beiço Barack Obama, de
quem foi vice, deverá tomar posse na Presidência dos Estados Unidos no dia 20
de janeiro de 2021. Filiado ao Partido Democrata, vice-presidente dos Estados
Unidos de 2009 a 2017, foi senador pelo Delaware durante seis mandatos, entre
1973 e 2009, tendo presidido no Senado o Comitê de Relações Exteriores. Sua
vice, a senadora Kamala Harris, é comunista de carteirinha. Nos Estados Unidos,
os comunistas se homiziam no Partido Democrata.
Sobre a Amazônia brasileira, até os
pets sabem que as potências hegemônicas ambicionam a Hileia, a mais rica
província biológica e mineral do planeta, desde o século XVI. Aqui e ali,
líderes dessas potências dão com a língua nos dentes, vomitando que a Amazônia
brasileira é de quem tiver poder de fogo para tomar a região. Até agora, só
portugueses e brasileiros asseguraram essa posse.
Mas desde o Foro de São Paulo/Fernando
Henrique Cardoso e companhia, ONGs ambientalistas estrangeiras se multiplicaram
na região como câncer, ameaçando a soberania brasileira sobre a floresta.
Já houve projeto de os gringos pegaram
tudo quanto é negro americano e os jogarem na Amazônia; houve o Bolivian
Syndicate; o Instituto Internacional da Hileia Amazônica; o Projeto Grandes
Lagos do Hudson Institute etc.
Al Gore disse, em 1989: “Ao
contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos
nós”.
François Mitterrand, em 1989: “O
Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”.
Mikhail Gorbachev, em 1992: “O
Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos
internacionais competentes”.
John Major, em 1992: “As nações
desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo.
As campanhas ecológicas internacionais que visam à limitação das soberanias
nacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para
dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar
intervenções militares diretas sobre a região”.
Henry Kissinger, em 1994: “Os
países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se
não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta.
Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da
consecução de seus intentos”.
Emmanuel Macron, em 2019:
“Associações, ONGs e atores, já há vários anos – por vezes alguns atores
jurídicos internacionais – levantaram a questão para saber se podemos definir
um status internacional da Amazônia”.
Joe Biden, em 2020: Disse, no seu
falar que lembra Dilma Rousseff, que, assim que tomasse posse da Casa Branca,
“começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover 20
bilhões de dólares para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia”;
que a comunidade internacional diria ao Brasil: “Aqui estão US$ 20 bilhões,
pare de destruir a floresta. E se não parar, vai enfrentar consequências
econômicas significativas”.
O fato é que para assegurar o
domínio da Amazônia brasileira nós temos que ocupá-la.
Em 25 de fevereiro de 2005, entrevistei
o coronel do Exército Gelio Fregapani, mentor da Doutrina Brasileira de Guerra
na Selva. Essa entrevista foi publicada inicialmente na coluna Enfoque
Amazônico, que eu assinei durante meia década no portal ABC Politiko, em
Brasília. Imediatamente à sua publicação, dezenas de sites e blogs a
replicaram. Nela, Fregapani pulveriza qualquer romantismo sobre a Hileia, e não
descarta guerra pela ocupação do Trópico Úmido. “A Amazônia será ocupada. Por
nós ou por outros” – adverte. Vamos à entrevista, mais atual do que nunca.
Fregapani já esteve em
praticamente todos os locais habitados e muitos dos desabitados da Amazônia,
inclusive trechos da selva que poucos conhecem e que nem uma hecatombe nuclear
destruiria, devido à sua exuberância e umidade, e fala também mais de uma
língua indígena. Conduziu geólogos a lugares ínvios, chefiou expedições
militares e coordenou expedições científicas às serras do extremo norte, onde
dormem as maiores jazidas minerais da Terra, e desenvolveu métodos profiláticos
para evitar doenças tropicais, tendo saneado as minas do Pitinga e a região da
hidrelétrica de Cachoeira Porteira.
Fregapani serviu ao Exército
durante quatro décadas, quase sempre ligado à Amazônia, tendo fundado e
comandado o Centro de Instrução de Guerra na Selva. Há mais de quatro décadas
vem observando a atuação estrangeira na Amazônia, o que o levou a escrever Amazônia – A grande cobiça internacional
(Thesaurus Editora, Brasília, 2000, 166 páginas).
O problema crucial da Amazônia é
que ela ainda não foi devidamente ocupada pelos brasileiros. Por isso, ledo
engano é supor que a região pertence de fato ao Brasil. Será, sim, do Brasil,
quando for desenvolvida por nós e devidamente guardada. Daí porque às potências
estrangeiras não interessa o desenvolvimento da Amazônia. Aos Estados Unidos,
Inglaterra, Japão e China, principalmente, interessa manter os cartéis
agrícolas e de minerais e metais. Dois exemplos: a soja da fronteira agrícola
ameaça a soja americana; e a exploração dos fabulosos veios auríferos da
Amazônia poriam em cheque as reservas similares americanas e poderia mergulhar
ainda mais o gigante em recessão.
Assim, despovoada, sub explorada
e subdesenvolvida, não há grandes problemas para a ocupação estrangeira da
região. Por exemplo: a reserva Ianomâmi – etnia que seria forjada pelos
ingleses –, do tamanho de Portugal e na tríplice fronteira, em litígio, Brasil,
Venezuela e Guiana, é a maior e mais rica província mineral do planeta. Pois
bem, já há manifestação na Organização das Nações Unidas (ONU) de torná-la
nação independente do Brasil.
Vamos à entrevista, que, apesar
de ter sido realizada há uma década e meia, é atualíssima.
Assassinatos no interior do Pará tornaram-se banais. Por que a região
está convulsionada?
Vou me arriscar a fazer um
pequeno comentário sobre o Pará, mas friso que não sou nenhum especialista na
área, que não é da minha especial atenção. Acontece que aquela área é limite da
expansão agrícola, que vai continuar, primeiro, pela exploração madeireira;
depois, de gado; e depois, de agricultura. Os Estados Unidos preocupam-se
especialmente com a tomada do mercado deles de soja. Nós produzimos soja mais
barata do que eles, pela nossa quantidade de água, de terras baratas e de
insolação. Então, fazem todo o possível para prejudicar-nos. Pessoalmente,
estou convencido de que eles introduziram – não quero dizer o governo deles;
talvez as companhias deles – a ferrugem da soja e usam o meio ambiente como uma
forma de travar o nosso progresso. Nesse uso do meio ambiente se inclui a
corrupção existente em alguns dos nossos órgãos; o idealismo, tolo, de algumas
das nossas entidades que querem deixar a mata intocada e o nosso povo sem
emprego; e, principalmente, a atuação, nefasta, de várias ONGs, como a WWF
(Wold Wildlife Found). Eu acredito que nesse contexto muito desses conflitos
são provocados por interesses externos. Se o Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) fizesse corretamente seu papel e se as reintegrações
de posse fossem cumpridas certamente não haveria muitos desses conflitos. É
claro que pouca gente vê perder-se o resultado do esforço de toda sua vida sem
reagir. E quando a Justiça não atende, algumas pessoas farão justiça com as
próprias mãos.
Qual é a maneira legítima de ocupação da Amazônia?
A Amazônia será ocupada. Por nós,
ou por outros. Numa humanidade em expansão, com uma série de terras
superpovoadas, uma terra despovoada e habitável, ela será ocupada. Por quem?
Nós temos, legitimamente, a posse, mas essa legitimidade não nos garante o
futuro. Se nós não ocuparmos a Amazônia, alguém a ocupará. Se nós não a
utilizarmos, alguém vai utilizá-la. Portanto a questão é: devemos ocupá-la, ou
não? Nós somos brasileiros, então devemos ocupá-la. Se nós nos achamos cidadãos
do mundo, então podemos permitir a ocupação por outros. Como ocupar? Estávamos
falando da área do Pará que é a periferia da selva. Essa história de Amazônia
Legal é uma falácia, feita para incluir nos benefícios da Amazônia algo que não
tem nada a ver com a Amazônia real, que é aquela selva que nós todos
conhecemos. Nessa periferia está a agricultura. Então, ela será ocupada,
fatalmente, pela agricultura, até para alimentar o mundo. Os madeireiros não
fazem o mal à selva que os ambientalistas falam. Os madeireiros pegam espécies
selecionadas, que interessam ao mercado. É claro que eles abrem picadas para
chegar até essas árvores, mas isso não faz dano à floresta, porque há milhões
de pequenas árvores, chamadas de filhotes, que estão lá, há muitos anos,
esperando uma chance de chegar ao sol para poder crescer. Quando uma árvore é
abatida, aqueles filhotes que estão em redor crescem numa velocidade espantosa,
na disputa para ver qual dos indivíduos vai substituir a árvore que foi
abatida. Isso não altera em nada a floresta. Mas a fronteira pioneira vai
avançando. Nessas trilhas, irão colonos, que procurarão fazer um corte para
colocar o gado. Isso faz com que o Brasil tenha o maior rebanho de gado fora da
Índia, e que abastece o mundo de carne. Há quem ache ruim. Há quem queira as
árvores e não o gado. Depois, pela valorização, essas terras serão usadas pela
agricultura. Essa é a forma natural de ocupação, embora lenta, pois precisamos
ocupar a Amazônia de uma forma mais veloz. Contudo, tanto o gado como a
agricultura, não poderão ficar na área de floresta mesmo. Não porque os
ambientalistas querem. É porque a floresta não deixa. Na floresta, fora dessa
área de transição, de periferia, na floresta úmida, real, as árvores crescem
com uma rapidez incrível. Primeiro vem uma árvore pioneira, a imbaúba, e sob a
sombra da imbaúba cresce a verdadeira floresta. Em dois anos, as imbaúbas já
estão com mais de 40 metros. Então, não é possível uma agricultura, como nós a
concebemos no Sul, ou no Hemisfério Norte, porque a floresta não deixa. O
correto seria a silvicultura, ou seja, a substituição de árvores por outras
árvores. Muitas outras árvores são interessante para substituir aquelas árvores
de menos valor, como a castanheira, a seringueira, mas, no momento, o que chama
atenção, mesmo, é o dendê.
Dendê?
As reservas de petróleo estão
diminuindo no mundo e o consumo está aumentando. Vai chegar um momento que o
uso de petróleo será inviável. Eu não estou dizendo que o petróleo vai acabar.
Sempre vai sobrar um pouco, ou um achado novo, mais fundo, mas o uso do
petróleo, como se faz atualmente, está com seus dias contados. Além do mais, os
Estados Unidos estão procurando tomar conta de todas as jazidas que existem no
mundo e alguns países estão realmente preocupados com isso. A Alemanha, que já
sabe muito bem o que é falta de energia, está plantando canola para substituir
diesel, e já tem alguns milhares de postos fornecendo biodiesel aos
consumidores. A canola produz por hectare 20 vezes menos do que o dendê, que
precisa só de calor, sol e água. Exatamente o que abunda na Amazônia. Sete
milhões de hectares de plantação de dendê produz 8 milhões de barris de
biodiesel por dia, o que equivale à produção atual de petróleo da Arábia
Saudita, que tende a declinar. O Japão mandou o seu primeiro ministro ao Brasil
para tratar de biodiesel. O Japão não tem um lugarzinho nem para plantar
canola. A China tem muito carvão, mas tem pouco petróleo; ela também está
reunida com o Brasil, pedindo que o Brasil faça biodiesel. O mundo tem fome de biodiesel.
Essa, me parece, é a melhor ocupação da Amazônia. Sete milhões de hectares
plantados seria uma área menor do que a área Ianomâmi. Nós teríamos 200 milhões
de hectares plantados, se quiséssemos, produzindo biodiesel. Sete milhões de
hectares plantados criarão aproximadamente 6 milhões de empregos. Isso
contribuiria para atingir a meta de 10 milhões de empregos.
Há possibilidade de guerra pela ocupação da Amazônia?
Sabemos que haverá pressões,
sabemos que outros tentarão ocupar a Amazônia, sabemos que se nós não a
ocuparmos, certamente teremos uma guerra pela ocupação. E guerra que ninguém
garante que nós vamos vencer. A necessidade de ocupação da Amazônia é um fato e
a melhor forma é deixar prosseguir a fronteira agrícola. E quanto mais perto
das serras que separam o Brasil dos países ao norte, melhor. É nítido o desejo
dos povos desenvolvidos tomarem conta das serras que separam o Brasil da
Venezuela e da Guiana, por dois motivos: para evitar que o Brasil concorra com
seus mercados e como reserva futura de matéria-prima. Podemos substituir as
árvores nativas pelo dendê e, com isso, conseguiremos tudo o que precisamos.
Atenderia a 6 milhões de trabalhadores rurais e acabaria até com o problema dos
sem-terra. Essa solução é tão vantajosa para o Brasil que para mim é
incompreensível que isso não esteja com destaque na grande mídia, não esteja na
discussão de todos os brasileiros.
A quem interessa a grita dos ambientalistas na Amazônia?
Há três países especialmente
interessados nisso: os Estados Unidos, a Inglaterra e a Holanda. Eles têm
coadjuvantes: França, Alemanha e outros; até mesmo a Rússia já se meteu, no
tempo de Gorbachev. Mas o interesse dos Estados Unidos é mais profundo. Se nós
explorarmos o ouro abundante da Amazônia, vai cair o preço do ouro, e isso vai
diminuir o valor das reservas dos Estados Unidos, onde está certamente a maior
parte do ouro governamental do mundo. Isso seria um baque para os Estados
Unidos, talvez pior do que perderem o petróleo da Arábia Saudita. A Inglaterra,
não é de hoje, sempre meteu o bedelho nessas coisas. A Holanda, que é o país
que mais modificou seu meio ambiente, tendo retirado seu território do mar,
também tem umas manias loucas em função do meio ambiente. A grita ambientalista
atende principalmente aos Estados Unidos, para cortar a exploração do ouro, e
também para não atrapalhar seu mercado de soja. À Inglaterra interessa o
estanho, mercado que sempre dominou. Uma só jazida de estanho na Amazônia, do
Pitinga, quebrou o cartel do estanho, fazendo despencar o preço de US$ 15 mil a
tonelada para menos de US$ 3 mil. Agora está em US$ 7.500, mas não voltou aos
US$ 15 mil, por causa de uma única jazida. Reconheço que há ambientalistas
sinceros, que acreditam nessas falácias, nessas mentiras, ostensivas, como a de
que a Amazônia é o pulmão do mundo e que os polos estão derretendo por causa disso
e por causa daquilo. Os polos estão derretendo porque ciclicamente derretem e
se alguma coisa influi nisso são os países industrializados.
A abertura de estradas na Amazônia é necessária?
Quando foi aberta a
Belém-Brasília, a Amazônia era como se estivesse noutro continente. Nós
poderíamos chegar lá, sem dúvida, de navio ou de avião. A Belém-Brasília rasgou
apenas 600 quilômetros de selva, mas essa área já está povoada, é
definitivamente nossa. Tem conflitos, mas tem riquezas, tem um rebanho enorme e
começa a produzir alimentos vegetais. A Transamazônica não teve o mesmo sucesso
porque devia ter sido construída por etapas. A estrada especialmente
estratégica, que garantiria para o Brasil a posse da Amazônia, que seria a
Perimetral Norte, não saiu do papel. Mas somente estradas podem povoar a
Amazônia. Elas terão que ser abertas.
Quais são os pontos específicos da Amazônia que interessam às potências
estrangeiras?
As serras que separam o Brasil da
Venezuela e da Guiana, e um pouquinho da Colômbia. Lá é que estão as principais
jazidas e minerais do mundo. É lá que eles forçam para a criação de nações
indígenas e, quem sabe, vão forçar depois a separação dessas nações indígenas
do Brasil. Um segundo ponto é a orla da floresta, essa transição da floresta
para o cerrado, perfeitamente apta à agricultura. Isso entra em choque com os
interesses agrícolas dos Estados Unidos. O interior real da floresta, esse é
desabitado, desconhecido e é mais falado pelos ambientalistas sinceros, mas
ignorantes, aqueles que julgam que a floresta tem que ser preservada na sua
totalidade, mesmo que o povo brasileiro fique desempregado, faminto e submisso
às potências, que construíram o seu progresso modificando o meio ambiente. Não
há como haver progresso sem modificar o meio ambiente. Nós temos, às vezes,
algumas falácias nisso. Os ambientalistas não querem que se construam barragens
nem que se faça irrigação. Não existe desperdício maior do que o rio jogar água
no mar. O ideal é que a água fosse usada toda aqui dentro.
Trafica-se animais, plantas e até sangue de índio da Amazônia.
A Rússia tem aquela imensidão da
Sibéria, quase despovoada, inabitável mesmo, e com muito menos animais do que
pode conter a floresta amazônica. E, para ela, é uma imensa riqueza a
exploração de peles. Naturalmente, os ribeirinhos têm que caçar. Os animais são
desperdiçados por leis ambientais erradas. Esses animais acabam sendo levados
para países vizinhos e de lá são exportados. O que nós teríamos que fazer é uma
regulamentação e não uma proibição. Quanto à história de sangue de índio, até
onde eu saiba, andaram aí coletando para fazer pesquisas. O que querem com
essas pesquisas? Não é prático, no meu entender, coletar sangue para
contrabandeá-lo. Quanto à exploração de espécies vegetais, ou à biopirataria,
eu também não me assusto muito com isso, porque, uma vez que se vê que uma
planta cure alguma coisa, vai se procurar o princípio ativo e produzi-lo
sinteticamente. A pesquisa disso, no meu entender, traria bem para a
humanidade. Se bem que eu gostaria que nós fizéssemos isso e não que os
estrangeiros patenteiem e depois queiram vender para nós. Esses aspectos são
mais emocionais e direcionados para que a gente não explore nada.
É verdade que a população indígena foi reduzida drasticamente desde o
descobrimento do Brasil?
Mais de 30 milhões de brasileiros
que se consideram brancos têm sangue indígena. Temos, portanto, mais de 30
milhões de descendentes de indígenas. Se considerarmos que havia 3 milhões de
indígenas na chegada de Cabral e se há 30 milhões de seus descendentes entre os
que se consideram brancos nós vemos que a população indígena não foi reduzida;
foi ampliada. O que certamente acontecerá não é a eliminação do índio; é a
eliminação de suas sociedades, por serem anacrônicas. A sociedade medieval já
acabou. A sociedade dos samurais também. A sociedade dos mandarins também. Por
que tem de ser mantida uma sociedade que não cabe no mundo moderno? Os valores
tribais não são facilmente aceitos por pessoas evoluídas. Canibalismo pode ser
aceito? Sinceramente, no meu entender, não. O assassinato de filhos, como
cultura, não como delito, pode ser aceito? Isso não é compreensivo para mim. A
nossa ingenuidade talvez nos leve a achar que devemos preservar a mata nativa e
deixar o povo com fome.
Os ianomâmis são uma nação verdadeira ou forjada?
Absolutamente forjada. São quatro
grupos distintos, linguisticamente, etnicamente e, por vezes, hostis entre
eles. A criação dos ianomâmis foi uma manobra muito bem conduzida pela WWF com
a criação do Parque Ianomâmi para, certamente, criar uma nação que se separe do
Brasil. O Parque Ianomâmi é uma região do tamanho de Portugal, ou de Santa
Catarina, onde, segundo afirmação da Funai (Fundação Nacional do Índio) há 10
mil índios. A Força Aérea, que andou levando o pessoal para vacinação, viu que
os índios não passam de 3 mil. Ainda que fossem 10 mil, há motivo para se
deixar a área mais rica do país virtualmente interditada ao Brasil? O esforço
deveria ser no sentido de integrá-los na comunidade nacional. Nenhuma epidemia
vai deixar de atingir índios isolados. A única salvação, nesse caso, é a
ciência médica. A área ianomâmi é imensa e riquíssima, está na fronteira e há
outra área ianomâmi, similar, no lado da Venezuela. Então, está tudo pronto
para a criação de uma nação. Um desses pretensos líderes, orientado
naturalmente pelos falsos missionários americanos, Davi Ianomâmi, já andou
pedindo na ONU uma nação, e a ONU andou fazendo uma declaração de que os índios
podem ter a nação que quiserem. No discurso de Davi, ele teria dito que querem
proteção contra os colonos brasileiros, que os querem exterminar.
Qual é a grande vocação da Amazônia?
Duas. Uma é a mineração. E a
outra é a silvicultura. Particularmente a silvicultura do dendê, que,
certamente, vai suprir o mundo de combustível em substituição ao petróleo. Em
menos de duas décadas, o biodiesel e o álcool terão substituído o diesel e o
petróleo em quase todo o mundo. Lugar algum oferece melhores condições para
essa produção do que a Amazônia.
E o turismo?
É um pequeno paliativo. Não é
suficiente para desenvolver a Amazônia. A Amazônia nunca será uma Suíça, uma
Espanha..
A falta de ocupação da Amazônia é, então, o grande problema da região?
É o grande problema do Brasil. A
Amazônia será ocupada, de um jeito ou de outro. Por nós ou por outros. A
solução da ocupação não é para a Amazônia, é para o nosso país, se quisermos
ter a Amazônia.