Talvez o maior objetivo da moda seja
a sensualidade, tanto na confecção de tecidos quanto no corte. Uma mulher
vestida de modo a realçar a beleza física terá sempre os homens dominados pela
loucura, pois jogamos fora a sensatez, toda a racionalidade, toda a liberdade,
para nos aprisionarmos à passagem de uma potra vestida em seda, como mariposas
atraídas pela luz; relinchamos, esmagados pelo perfume das virgens ruivas, embora
fugaz como o gemer do acme, porém fatal.
Nádegas se movendo sob vestido de
seda, justo, blusas que mal encobrem mamilos grandes como jambo, barriguinhas
que surgem e desaparecem como fontes cristalinas ao sol, do tipo tábua, ou
renascentistas, na mira de sedentos olhos vampirescos, são pedras preciosas que
cravejam as avenidas das grandes cidades e, assim, de Brasília também.
É da natureza feminina a
ambiguidade. Elas querem, mas juram que não. Nem Freud explica. E a barriguinha
é uma prova cabal disso. Puxam a blusinha para encobrir a barriga, ou puxam as
calças para cima, dando algumas sacudidelas nas ancas, numa tentativa sempre
inútil de cobrir o objeto do tormento masculino, e tudo o que fazem é ampliar o
mistério; sabem disso tudo, e que nossos corações disparam. Matam-nos, deixando-nos
vivos.
Às mulheres, só a beleza importa,
pois são como as rosas que vicejam nos jardins azuis, delicadas, perfumadas,
lindas como mulher nua, e que, evanescentes, me ignoram. Só querem saber de
luz, que as tornam ainda mais esplendorosas. Resigno-me, pois me basta ter
certeza da existência delas, que são, afinal, o triunfo de Deus.
Mas quando as mulheres puxam a
blusinha para encobrir a barriga, inutilmente, e quando puxam as calças e
sacodem as ancas, elas nos conduzem para o labirinto da imaginação, o mergulho em
um abismo de rosas. Fechamos os olhos e choramos em silêncio, morrendo no voo
da luz.