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O trabalho de conclusão de curso de Ray Cunha na Escola Nacional de Acupuntura (Enac) foi um inusitado romance ambientado em Brasília |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 10 DE MAIO DE 2022 –
O Senado debaterá a regulamentação da profissão de acupunturista nesta quinta-feira
12, a partir das 10 horas, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), localizada próximo
ao restaurante. O autor do requerimento para a realização da audiência é o
senador Eduardo Girão (Podemos/CE).
Atualmente, qualquer pessoa pode
praticar Acupuntura, que é uma terapia da Medicina Tradicional Chinesa, sem
problema algum. Os médicos sempre quiseram fazer reserva de mercado, mas Medicina
Alopática é uma coisa e Medicina Tradicional Chinesa é outra coisa. Começa que Medicina
Ocidental não reconhece o espírito e Medicina Chinesa o reconhece; aquela,
trabalha com matéria e, esta, com energia, vibração.
Segundo Sohaku Bastos, presidente
da Federação Brasileira das Sociedades de Acupuntura e Práticas Integrativas em
Saúde (Febrasa), doutor em Acupuntura e diretor para o Brasil da World
Federation of Acupuncture and Moxibustion Societies (WFAS), “a acupuntura é um
recurso terapêutico da Medicina Tradicional Chinesa, que possui uma doutrina
terapêutica própria e uma inusitada racionalidade em saúde, não sendo propriedade
exclusiva de nenhuma profissão da saúde no Brasil.
“Para evitar equívocos, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) criou as Diretrizes para o Treinamento
Básico e Segurança em Acupuntura, nas quais é clara a autonomia dos
profissionais de acupuntura.
“Em que pese a inexistência de
cursos de graduação superior em Acupuntura no país, até o presente momento,
reiteramos a existência de massa crítica científica e acadêmica, além de uma
expressiva presença do profissional de acupuntura no mundo da assistência em
saúde de nosso país, tanto na esfera privada quanto na esfera pública,
caracterizando uma forte influência dessa cultura assistencial na sociedade
brasileira.
“É dever da Febrasa, enquanto
instituição que defende a prática, o ensino e a pesquisa da Acupuntura e da Medicina
Tradicional Chinesa, no Brasil, informar a todos os alunos, profissionais e
professores de acupuntura, que não há impedimento legal na realização das
atividades laborais nessa área do saber em nosso país”.
Aprovado pela Câmara em 2019, o Projeto
de Lei 5.983/2019, que será debatido no Senado, define acupuntura como um
conjunto de técnicas e terapias, a estimulação de acupontos mediante o uso de
agulhas apropriadas, com a finalidade de manter ou restabelecer o equilíbrio
das funções físicas e mentais do corpo humano.
O PL assegura o exercício
profissional de acupuntura ao portador de diploma de graduação em nível
superior em Acupuntura, expedido por instituição de ensino devidamente
reconhecida; ao portador de diploma de graduação em curso superior similar ou
equivalente no exterior, após a devida validação e registro do diploma nos
órgãos competentes; aos profissionais de saúde de nível superior portadores de
título de especialista em Acupuntura, reconhecidos pelos respectivos conselhos
federais; ao portador de diploma de curso técnico em Acupuntura, expedido por
instituição de ensino reconhecida pelo governo; e aos que, embora não
diplomados, venham exercendo as atividades de Acupuntura, comprovada e
ininterruptamente, há pelo menos cinco anos.
O evento será interativo: os
cidadãos poderão enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do
Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal eCidadania, que poderão ser respondidos
pelos senadores e debatedores ao vivo. O Senado oferece uma declaração de
participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso
universitário.
De ampla cobertura e eficácia
terapêutica, a acupuntura é reconhecida pela OMS e foi incluída na lista de
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, durante a V Sessão do Comitê
Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (Unesco), em 17 de novembro de 2010.
A Acupuntura começou a ser
praticada na China clássica. Os chineses já sabiam que além dos sistemas
cardiovascular e linfático, há uma teia de meridianos corporais, ou de
acupontos, um delgado sistema tubular, nos quais circula a energia vital.
Até o século 19, supunha-se que
esses meridianos eram imaginários, mas nos anos de 1960, o cientista coreano
Kim Bong Han injetou isótopo de fósforo em um acuponto e observou a absorção da
substância pelo organismo, por meio de microrradiografia. Resultado: o isótopo
percorreu o clássico traçado daquele meridiano.
Experiências semelhantes foram
realizadas por outros cientistas, como os franceses Jean-Claude Darras e Pierre
de Vernejoul, e os norte-americanos James Hurtak e Roberto Becker. O resultado
foi o mesmo obtido por Kim Bong Han.
A Medicina Tradicional Chinesa é
tão extraordinária que aproveito, aqui, para narrar um caso que atendi há
alguns anos de um paciente sem o intestino grosso que se curou com Acupuntura.
Quando atendi o sr. V, já era a trigésima
terceira sessão dele no Centro Espírita André Luiz, em Brasília, onde atendo
aos domingos de manhã, como voluntário da equipe coordenada pelo acupunturista,
jornalista e professor José Marcelo. O sr. V estava com 70 anos e sua grande
queixa era a extração do intestino grosso.
No André Luiz, os pacientes são
atendidos de acordo com a ordem de chegada e pelo terapeuta que estiver
disponível. Naquela manhã, era a terceira vez que coincidia de eu o atender. Peguei
sua ficha e fiz a revisão, como sempre faço, da queixa original, que, além da
retirada do intestino grosso, registrava também dores lombar, sacral, cervical
e nos braços, insônia, prisão de ventre e úlcera gástrica.
Eu começara, então, a desenvolver
uma técnica que chamo de acupuntura dos corpos vibracionais – físico, etéreo,
astral e espiritual –, e, naquele momento, passei a ver o caso do sr. V sob
novo ângulo. Conversei com ele; contou-me que todas as semanas baixava
hospital, sofria de diarreia crônica e tudo o que comia lhe fazia mal.
Observei-lhe a língua e senti seus pulsos; suas energias esvaíam-se.
– O senhor sabe que ainda tem seu intestino
grosso, não sabe? – perguntei-lhe, olhando-o nos olhos. Então os olhos dele
brilharam, numa interrogação. – O senhor continua com o seu intestino grosso,
só que no corpo etéreo, que liga o corpo carnal ao corpo astral, este, conhecido
também como perispírito, porque liga o corpo físico ao espírito, e o espírito é
imortal, não pode adoecer, não com as doenças que conhecemos aqui, neste plano.
Seu intestino grosso foi extraído do corpo físico, mas ele continua intacto no
corpo etéreo.
Ele entendeu na hora, e o brilho
dos seus olhos continuou, como duas pequenas lanternas. Eu podia ver o brilho
dos seus olhos, e percebi também que ele sorria.
– Bem, como o senhor não perdeu
nada, muito menos o intestino grosso, vou fazer a limpeza do canal do intestino
grosso – disse-lhe, explicando-lhe, rapidamente, sobre os meridianos que
atravessam o corpo como um feixe de fios. Na Medicina Chinesa, limpar um canal
quer dizer aplicar agulhas no primeiro acuponto daquele canal e cruzar com o
último acuponto. Então apliquei agulhas no IG 1 esquerdo, que fica no leito
ungueal radial do dedo indicador, e o IG 20 direito, no ponto de encontro entre
a linha nasolabial e a lateral da asa do nariz.
Apliquei mais o estômago 36 bi,
para fortalecer a energia Qi e o sangue, aumentar o Yang e minorar dores epigástricas,
náusea, vômito, má digestão, tontura, fadiga e fortalecer o corpo e a mente,
além do estômago 25, para equilibrar o baço, estômago e intestinos, pondo fim à
diarreia. Apliquei ainda o vaso concepção 12, para tonificar estômago e baço, e
o yintang, para extirpar ansiedade e disciplinar os pensamentos, acalmando,
assim, a mente, o que acaba melhorando o sono.
Pouco mais de 20 minutos depois
foram retiradas as agulhas do sr. V. Orientei-o a tomar pelo menos dois litros
de água por dia e a cortar leite, frutas, salada e legumes crus antes de dormir
e a passar a alimentar-se, à noite, de alimentos quentes, principalmente
abóbora e raízes, como batata, cará, inhame e mandioca.
Notei que ele saiu do ambulatório
com vivacidade, “pois agora” – pensei – “ele sabe que seu intestino grosso está
lá com ele”. Orientei-o também a me procurar no domingo seguinte. Uma semana
depois ele voltou e me disse que não baixou hospital. Outro terapeuta o atendeu
e repetiu o protocolo da semana anterior.
Alguns meses depois, recebi a
notícia: o sr. V se deu alta.
Atendemos no André Luiz médiuns
que trabalham no centro, muitos deles com todo tipo de doenças. São ilusões
passadas a eles por espíritos em estado de ilusão. Digo-lhes que precisam, ao
orarem, à noite e de manhã, agradecer aos seus antepassados, especialmente aos
pais; a perdoarem e a enxergarem no próximo, mesmo que sejam drogados, raivosos,
cancerosos, tenham sido estuprados, nos que gritam de dor, só e somente só luz.
As agulhas precisam de luz.
Mas esses médiuns veem também que
nós, da equipe do José Marcelo, estamos cercados de mestres vindos do mundo
espiritual, que nos orientam, vigilantes, para que o amor triunfe ali naquele
ambulatório. Foi por isso que o sr. V pôde se dar alta.