quarta-feira, 23 de maio de 2012

Amazônia rumo à Rio+20


BRASÍLIA, 23 de maio de 2012 – Único deputado da bancada do estado do Pará a Representar a Câmara na Rio+20, Zenaldo Coutinho (PSDB) levará para a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro – uma questão que vem inquietando os governadores da região: o Fundo Amazônia, criado em 2009, para financiar projetos sustentáveis na Hileia, com dinheiro de países desenvolvidos, oriundo, até agora, principalmente da Noruega. O governo norueguês se comprometeu a doar US$ 1 bilhão e já assinou contratos com o BNDES no valor de US$ 418 milhões, disponíveis no Banco Central da Noruega. A Alemanha doou ao fundo US$ 27,2 milhões. A Petrobras doou US$ 4,2 milhões.

No total, o Fundo Amazônia já recebeu em torno de R$ 830 milhões em doações, mas desembolsou apenas cerca de R$ 70 milhões, até agora, para financiar 23 projetos aprovados e contratados. Foram contratados, nesse mesmo período, R$ 260 milhões.

“Já conversei com vários interlocutores de outros países e é geral o sentimento de frustração em razão da inação do governo brasileiro. Apesar da disponibilidade financeira já alocada, o governo mostra incapacidade de implementar políticas de atendimento ao princípio da razão da existência do fundo: proteção da floresta e desenvolvimento da qualidade de vida dos povos da região. Ora, se nós não conseguimos aplicar ainda 30% do que foi destinado em 2009, como podemos tentar ampliar a captação de recursos com os antigos e novos parceiros se não conseguimos nem implementar essas políticas?” – adverte Zenaldo Coutinho. “Com um montante de recursos desses parados, caberia ao BNDES criar uma equipe técnica para orientar as prefeituras e os Estados que têm projetos. Jamais recusar os projetos por detalhes técnicos.”

O tema, fundamental para o desenvolvimento sustentável dos povos da Amazônia, será embasado pelo seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável – Rumo à Rio+20, que a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo – presidida por Zenaldo Coutinho – realiza, dia 30 de maio, uma quarta-feira, das 14 às 19h30, no Auditório Antônio Carlos Magalhães, do Interlegis, Anexo E do Senado Federal, na Via N-2, atrás do Ministério da Justiça. O seminário enfocará cinco temas básicos: Defesa do meio ambiente e qualidade de vida; Ciência, tecnologia e identificação de modelos sustentáveis e financiamento - Fundo Amazônia; PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Amazônia; Programa Amazônia Sustentável; e Programa Municípios Verdes. 

A Amazônia é a maior floresta tropical e bacia fluvial do planeta, com 7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 5,5 milhões cobertos pela mata (60% no Brasil). Representa mais da metade das florestas tropicais, a maior biodiversidade e 16% da água dos rios do globo. Para que esse tesouro não seja destruído, é necessário, em primeiro lugar, que os povos que moram na Amazônia contem com condições socioeconômicas, para se tornarem prósperos e, assim, preservarem o meio onde vivem. Nesse contexto, há vários e importantes projetos prontos para serem implementados, mas o dinheiro retido no BNDES faz falta. 

MUNICÍPIOS VERDES E SISTEMA AGROFLORESTAL – O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), apresentará no seminário a visão dos governadores da região, baseada basicamente em dois modelos, um deles já implementado no Pará. No dia 23 de março de 2011, o governo paraense começou a mudar o quadro de devastação no estado dando início ao modelo econômico sustentável Programa Municípios Verdes. Foi firmado um pacto entre o governo do estado, o governo federal, administrações municipais, Ministério Público, empresários, produtores e outras instituições representativas de setores produtivos, para promover o desenvolvimento econômico paraense ao mesmo tempo em que busca atingir a meta de desmatamento zero.

“A expansão da agropecuária e da atividade madeireira ilegal e predatória, motrizes de desenvolvimento no estado do Pará – considerada uma das regiões com a maior biodiversidade do planeta -, impulsionou nas últimas décadas um desmatamento intenso. A articulação das principais diretrizes de governo, voltadas para a redução do desmatamento e a degradação ambiental, às peculiaridades dos problemas de cada município, torna-se necessária para a promoção da melhoria da governança pública municipal com foco no desenvolvimento econômico e social através do uso sustentável e conservação dos recursos naturais. Este programa propõe promover uma economia de baixo carbono e alto valor agregado, melhorar a governança pública municipal e reduzir desmatamento e degradação” – diz o site Municípios Verdes.

O outro modelo é o agrofloestal. Segundo a Wikipédia, “Agrofloresta ou Sistema Agroflorestal é um sistema que reúne as culturas agrícolas com as culturas florestais, resultante da prática de estudo de agrossilvicultura, plantações de florestas para suprir as necessidades do homem. Usa a dinâmica de sucessão de espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para o terreno, assim como produtos para o agricultor. A agrofloresta recupera antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo, unindo a elas o conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais e sua interação com a fauna nativa”. Para Zenaldo Coutinho o Sistema Agroflorestal “é uma fábrica de florestas econômicas, repovoando áreas degradadas e gerando sustento o ano inteiro”.

“Sistema Agroflorestal é a agricultura voltada para a preservação ambiental” – define o diretor da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), Ivan Hitoshi Siaki, um dos palestrantes do seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável – Rumo à Rio+20. A Camta, no município de Tomé-Açu, no Pará, é um dos empreendimentos sustentáveis de maior sucesso na Amazônia.

PLANO AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL – O economista e amazonólogo Juarez Baldoino da Costa, um dos palestrantes do seminário, abordará a questão do Plano Amazônia Sustentável (PAS), coordenado pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo federal, envolvendo 21 ministérios, 8 secretarias especiais, 9 governos estaduais e a Casa Civil da presidência da República, mas que ainda não saiu do papel. O pesquisador analisará três macro-regiões: ao sul da Amazônia, na área denominada Povoamento Adensado ou Arco do Desmatamento; a segunda, a nordeste da região, no entorno da Terra do Meio, no Pará, com pressão humana menor que no Arco do Desmatamento; e a terceira, na parte ocidental, desde o Alto Rio Negro, a região mais preservada da Amazônia.

Nesse contexto, ele abordará também a questão do Fundo Amazônia Sustentável. “Criado em 2009, prevê recursos de países doadores e outras entidades com a finalidade de reduzir o desmatamento e a degradação de florestas, além da utilização sustentável dos recursos do bioma. Os acordos com a Noruega atingem 2,5 milhões de coroas norueguesas a serem aportados, e que devem ser utilizados até 2015 pelo Brasil, exclusivamente na diminuição da emissão de gases oriundos do desmatamento, mesma diretriz do acordo com a Alemanha. Os desembolsos até agora para projetos aprovados totalizaram US$ 44 milhões” – contabiliza o pesquisador.

METAS DO MILÊNIO NA PAN-AMAZÔNIA – Cofundador e pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo, engenheiro agrônomo pós-graduado em ecologia pela Universidade Estadual da Pensilvânia, EUA, apresentará no seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável – Rumo à Rio+20, estatísticas dos 9 países amazônicos no contexto do Projeto do Milênio, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2002, como plano de ação para reverter, até 2015, o quadro de pobreza, fome e doenças que afetam bilhões de pessoas.

O estudo feito na Amazônia Internacional mostra que nos 9 países que a compõe a porção amazônica desses países é sempre a mais pobre. Assim, a meta, até 2015, na Amazônia, é reduzir pobreza e mortalidade infantil, melhorar as condições de saúde materna e investir em educação, proteção ambiental e saneamento básico.

O Fundo Amazônia pode ser um começo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

RIO+20/BNDES retém mais de meio bilhão de reais do Fundo Amazônia. Por quê?


A Hileia em chamas. O Fundo Amazônia pode impedir esse cenário, mas
o BNDES não solta o dinheiro, doado principalmente pela Noruega

BRASÍLIA, 17 de maio de 2012 – Em matéria publicada dia 13, em O Liberal, “Inércia ataca Fundo para a Amazônia”, o correspondente do jornal belenense em Brasília, Thiago Vilarins, registra: “O Fundo Amazônia, gerido pelo Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), já recebeu cerca de R$ 830 milhões em doações, mas desembolsou apenas cerca de R$ 70 milhões até agora para financiar 23 projetos aprovados e contratados; foram contratados, nesse mesmo período, R$ 260 milhões”. Enquanto isso, a floresta continua sendo torada, destruição inclusive filmada por satélite. E a dinheirama, dada principalmente pela Noruega, é um mistério. Onde está entocado esse dinheiro? Por que o BNDES não o utiliza para minimizar a miséria na Amazônia?

O Fundo Amazônia foi criado em 2008 para financiar projetos sustentáveis na Hileia, com dinheiro de países desenvolvidos, principalmente da Noruega. O governo norueguês se comprometeu a doar US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia e já assinou contratos com o BNDES no valor de US$ 418 milhões, disponíveis no Banco Central da Noruega. A Alemanha doou ao fundo US$ 27,2 milhões. A Petrobras doou US$ 4,2 milhões. Os brasileiros podem até não querer saber se o dinheiro da Petrobras é ou não bem utilizado, mas segundo matéria veiculada pela agência de notícias Reuters, a imprensa da Noruega quer saber se o dinheiro norueguês está sendo realmente aplicado na Amazônia. Não está. 

“Já conversei com vários interlocutores de outros países e é geral o sentimento de frustração em razão da inação do governo brasileiro. Apesar da disponibilidade financeira já alocada, o governo mostra incapacidade de implementar políticas de atendimento ao princípio da razão da existência do fundo: proteção da floresta e desenvolvimento da qualidade de vida dos povos da região. Ora, se nós não conseguimos aplicar ainda 30% do que foi destinado em 2009, como podemos tentar ampliar a captação de recursos com os antigos e novos parceiros se não conseguimos nem implementar essas políticas?” – disse a O Liberal o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB do Pará. “Com um montante de recursos desses parados, caberia ao BNDES criar uma equipe técnica para orientar as prefeituras e os Estados que têm projetos. Jamais recusar os projetos por detalhes técnicos” – adverte.

RIO+20 – Zenaldo Coutinho tem missão importante para a Amazônia na Rio+20, que é mostrar que há dinheiro suficiente para implementar programas sustentáveis em toda a Amazônia e sustar a destruição do que os amazônidas tem de mais precioso: a floresta. Ora, se há dinheiro e capacidade técnica e tecnológica para a implementação desses programas, qual é o problema? E o Plano Amazônia Sustentável (PAS), do governo federal, que sequer saiu do papel? Do mesmo modo, o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, de 2007, que envolve 13 ministérios, também não saiu do papel. Por quê? Parece claro que se os amazônidas não se mexerem, utilizando os foros certos para denunciar o descaso do próprio governo brasileiro para com a Amazônia, não há dúvida, a maior floresta tropical do planeta virará savana. 

Assim, a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia, da qual Zenaldo Coutinho é presidente, realiza o seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, dia 30, das 14 às 19h30, no auditório Antônio Carlos Magalhães, do Interlegis, anexo do Senado Federal, quando serão debatidos temas cruciais para o desenvolvimento sustentável das populações que vivem na Hileia, como o projeto Municípios Verdes, de desmatamento zero, que o governo do Pará implementa desde o ano passado; a implementação do Plano Amazônia Sustentável; e o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) da Amazônia, empacado. Zenaldo Coutinho levará o documento gerado pelo seminário para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.

Também participará, dia 18 de junho, do debate Cidades Sustentáveis, dentro da Rio+20, que culminará com o lançamento oficial da iniciativa Sou um Transformador Urbano (I’m a City Changer), movimento global de sensibilização sobre as ações positivas que tiveram impactos na vida das pessoas em áreas urbanas. Dias 17 e 19 de junho, Zenaldo Coutinho participará ainda da Cúpula Parlamentar Mundial de Legisladores, da Organização Global de Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe International), com o objetivo de conduzir os compromissos internacionais de sustentabilidade para a legislação nacional.

MUNICÍPIOS VERDES E SISTEMA AGROFLORESTAL – O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), apresentará, no Seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, a visão dos governadores da região, baseada basicamente em dois modelos, um deles já implementado no Pará. No dia 23 de março de 2011, o governo paraense começou a mudar o quadro de devastação do estado, dando início ao modelo econômico sustentável Programa Municípios Verdes. Foi firmado um pacto entre governo do estado, o governo federal, administrações municipais, Ministério Público, empresários, produtores e outras instituições representativas de setores produtivos para promover o desenvolvimento econômico paraense ao mesmo tempo em que busca atingir a meta de desmatamento zero.

“A expansão da agropecuária e da atividade madeireira ilegal e predatória, motrizes de desenvolvimento no estado do Pará – considerada uma das regiões com a maior biodiversidade do planeta -, impulsionou nas últimas décadas um desmatamento intenso. A articulação das principais diretrizes de governo, voltadas para a redução do desmatamento e a degradação ambiental, às peculiaridades dos problemas de cada município, torna-se necessária para a promoção da melhoria da governança pública municipal com foco no desenvolvimento econômico e social através do uso sustentável e conservação dos recursos naturais. Este programa propõe promover uma economia de baixo carbono e alto valor agregado, melhorar a governança pública municipal e reduzir desmatamento e degradação” – compromete-se o governo paraense no site Municípios Verdes.

O outro modelo é o agrofloestal. Segundo a Wikipédia, “Agrofloresta ou Sistema Agroflorestal é um sistema que reúne as culturas agrícolas com as culturas florestais, resultante da prática de estudo de agrossilvicultura, plantações de florestas para suprir as necessidades do homem. Usa a dinâmica de sucessão de espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para o terreno, assim como produtos para o agricultor. A agrofloresta recupera antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo, unindo a elas o conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais e sua interação com a fauna nativa”.

Zenaldo Coutinho vê a Agrofloresta como uma “fábrica de florestas econômicas”, para repovoar as áreas degradadas da Hileia e gerar sustento o ano inteiro para as populações, por meio da agropecuária e silvicultura. Este, por exemplo, é um excelente projeto para ser financiado, e fiscalizado, pelo Fundo Amazônia. Só falta o BNDES cumprir sua missão.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, deputado Zenaldo Coutinho leva questão amazônica para a Rio+20


Deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB/PA), presidente da Frente
Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, abordará, na
Rio+20, temas cruciais para os moradores da região amazônica

BRASÍLIA, 16 de maio de 2012 – A Amazônia, maior bacia hidrográfica e floresta tropical do planeta, será protagonista na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Rio+20 porque marca duas décadas da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), com o objetivo de definir a agenda do desenvolvimento sustentável do globo nas próximas décadas. O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB do Pará, participará da Rio+20 com uma lista de temas cruciais para o desenvolvimento sustentável das populações que vivem na Hileia.

A Frente Parlamentar realiza o seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, dia 30, das 14 às 19h30, no auditório Antônio Carlos Magalhães, do Interlegis, anexo do Senado Federal, quando serão debatidos temas como o projeto Municípios Verdes, de desmatamento zero, que o governo do Pará implementa desde o ano passado e que já vem dando frutos; o Plano Amazônia Sustentável, do governo federal; e o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) da Amazônia.

Além do documento produzido pelo seminário, Zenaldo Coutinho participará, dia 18 de junho, do debate Cidades Sustentáveis, como parte da programação da Rio+20. O evento culminará com o lançamento oficial da iniciativa Sou um Transformador Urbano (I’m a City Changer), movimento global de sensibilização sobre as ações positivas que tiveram impactos na vida das pessoas em áreas urbanas. Cidades Sustentáveis ocorrerá no Forte de Copacabana.

Também, dias 17 e 19 de junho, Zenaldo Coutinho participará da Cúpula Parlamentar Mundial de Legisladores, organizada pela Organização Global de Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe International), com o objetivo de conduzir os compromissos internacionais de sustentabilidade para a legislação nacional, além de fiscalizar o cumprimento das propostas que os governos fazem.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Todas as rotas acabam nos teus braços, Josiane




Eu tinha 34 anos em 15 de maio de 1988, em Brasília, a caminho do Rio de Janeiro. Fracassara no meu primeiro casamento, em Belém do Pará, trabalhava num jornal sem perspectivas, pelejava para produzir contos suficientes para um livro e era alcoólatra quando encontrei o sol redentor que iluminou meu caminho, então pantanoso e cheio de urtigas. Meu irmão, Ricardo, trouxera de Macapá uma caixa de pastéis de forno, com recheio de goiabada, feitos pela minha irmã, Ismeraldina, talentosa nas artes culinárias. Ao cair da tarde, Ricardo e eu fomos visitar minha amiga Joanira Moreira Lima, levando-lhe parte dos pastéis. Na casa dela, convidei sua irmã, Josiane Souza Moreira, então com 20 anos, para ir ao cinema, juntamente com Ricardo. Fomos. E tudo aconteceu como a mágica do amanhecer.

Fomos ver O último imperador da china, de Bernardo Bertolucci, no antigo cinema do Conjunto Nacional, e começamos ali nosso namoro. Até hoje, sinto o cataclismo do primeiro beijo, inundando-me como a música de Mozart, como o choro azul das rosas vermelhas. Naquela noite, soube de pronto que eu era teu para sempre, e que todas as rotas acabariam nos teus braços, Josiane.

Em 21 de maio de 1989, casamo-nos a primeira vez, e logo ficaste esplêndida, um santuário que eu beijava ajoelhado. Uma noite, 22 de fevereiro de 1990, o rio da tarde acabava de desaguar no mar da noite quando nossa princesinha, Iasmim, anunciou que queria nascer. Às 23h40, no Hospital Regional da Asa Norte, os jardins do mundo se iluminaram, pois nasceu Iasmim. Na manhã do dia seguinte fui conhecer nossa flor. Quando a vi, senti uma emoção tão azul que vertia rubis. Pedi então a Deus, meu Pai, que arrumasse a manhã para aquela flor, a manhã da sua vida, e Ele me muniu de luz, amor, sabedoria e gentileza.

Maio é um mês muito intenso para ti, querida. Este ano, Dia das Mães, domingo 13, a Iasmim te deu um buquê de rosas eternas. Há, contudo, um dia ainda mais especial. Na manhã de 20 de maio de 1968, em Macapá, as flores desabrocharam aos primeiros raios do sol, deixando o ar prenhe de perfume, e sentíamos a Terra girando na Linha Imaginária do Equador. Eu tinha 14 anos e minhas antenas de artista começavam a se desenvolver, de modo que percebi que aquela manhã fora arrumada por Deus.

Tu entraste na minha vida como uma rádio que passamos décadas tentando sintonizar e, um dia, eis que ouvimos o Concerto para Piano e Orquestra, em Ré Menor, de Mozart, e descobrimos que não existe tempo nem espaço, só existe o agora e o agora, o momento mesmo da vida. Josiane Souza Moreira Cunha, teu é o meu tesouro: à minha passagem, os jardins florescem, as crianças riem e a Luz triunfa.

sábado, 5 de maio de 2012

TRÓPICO ÚMIDO/Zenaldo Coutinho, da Frente Parlamentar da Amazônia, apresentará trabalho em defesa dos povos da Hileia na Rio+20



Ver-O-Peso, acrílica sobre tela de Olivar Cunha. Trata-se do mais expressivo
cartão postal de Belém do Pará, a Cidade das Mangueiras, Portal da Amazônia


RAY CUNHA


BRASÍLIA, 5 de maio de 2012 – Povo e Floresta: Amazônia Sustentável é um seminário internacional que será realizado pela Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, dia 30 de maio, uma quarta-feira, no Auditório Antônio Carlos Magalhães, do Senado Federal, das 14 às 18 horas. O seminário, que será acompanhado por diplomatas de vários países que acompanham a chamada questão amazônica, especialmente a Noruega (que já doou US$ 94,4 milhões para o Fundo Amazônia, “operado” pelo BNDES), enfocará cinco temas básicos: Defesa do meio ambiente e qualidade de vida; Ciência, tecnologia e identificação de modelos sustentáveis e financiamento (Fundo Amazônia); PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Amazônia; Programa Amazônia Sustentável; e Programa Municípios Verdes. O resultado dos trabalhos será apresentado na Rio+20 pelo presidente da Frente Parlamentar, deputado federal Zenaldo Coutinho, do PSDB do Pará.

No seu conceito, sustentabilidade significa que os recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, preservando-se, assim, o meio ambiente, de modo que se não considerar-se a questão social, não há sustentabilidade, pois é preciso respeitar o ser humano para que este possa respeitar a natureza. Enfim, para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. Conclusão: o homem é a parte mais importante do meio ambiente.
Menos na Amazônia. Se um caboclo for flagrado matando jacaré, será preso; se um jacaré for visto comendo um caboclo, engordará. Sempre que Brasília e o Sudeste falam em Amazônia sustentável referem-se tão somente à floresta tropical e nunca aos amazônidas, especialmente índios, ribeirinhos e quilombolas. De modo que a Amazônia, ex-colônia de Portugal, continua sendo tratada pelo estado brasileiro como produtor de energia elétrica, e por países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e China, por exemplo, como reserva extrativista. O amazônida que se lasque.
Sustentável vem do latim sustentare (sustentar, defender, favorecer, apoiar, conservar, cuidar). O conceito de sustentabilidade nasceu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment-Unche), realizada em Estocolmo, em 1972, a primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente, lançando as bases das ações ambientais em nível internacional. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse utilizada, já se observava a necessidade de "defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações", objetivo a ser alcançado juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.
Na ECO 92, a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, é que o conceito de desenvolvimento sustentável se consolidou, de modo que se pode dizer que a mais importante conquista da Eco 92 foi colocar os termos “meio ambiente” e “desenvolvimento” lado a lado. Agora, 20 anos depois, o Rio de Janeiro voltará a sediar a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio+20, de 13 a 22 de junho, quando a ONU reunirá cerca de 150 chefes de estado para visualizarem mecanismos que tornem o conceito de desenvolvimento sustentável uma prática, abordando dois temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
É nesse contexto que a Amazônia se torna protagonista, pois estudos revelam que sua conservação é fundamental para o equilíbrio climático do planeta, especialmente o ciclo de chuvas que ocorrem no Brasil. E para que a maior floresta tropical do mundo seja conservada é necessário, em primeiro lugar, que os povos que nela vivem recebam todas as condições dos governos federal, estaduais e municipais para se tornarem prósperos e, assim, preservar seu meio.
Segundo a Wikipédia, a Amazônia é uma floresta úmida que cobre a maior parte da Bacia Amazônica, na América do Sul, com 7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 5,5 milhões cobertos pela floresta - 60% no Brasil. A Amazônia representa mais da metade das florestas tropicais do globo, a maior biodiversidade do mundo e 16% da água dos rios do planeta. Tem mais ouro do que o lastro americano, mais diamante do que a África do Sul e metais estratégicos, como nióbio. É, de longe, a maior mina biotecnológica do mundo, mas a Amazônia brasileira inteira conta com menos pesquisadores do que a Universidade de São Paulo (USP).
Contudo, como ocorre em qualquer nação, a maior riqueza do subcontinente amazônico é sua cultura, que está no DNA do caboclo: a língua portuguesa enriquecida com o tupi e línguas africanas; sua literatura; sua culinária; seu folclore; suas manifestações artísticas; a floresta; o sol equatorial; a música, que se abebera no Caribe; os rios e peixes; a Amazônia Azul.


A Amazônia é dos brasileiros


Em uma universidade americana, o senador Cristovam Buarque (PDT/DF), ex-ministro da Educação, foi questionado por um estudante sobre o que ele pensava como humanista sobre a internacionalização da floresta amazônica. Cristovam deu uma resposta categórica:

“De fato, como brasileiro, eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

“Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tenha importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazônia para nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.

“Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

“Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar este patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, ser manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou país. Não faz muito um milionário Japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disto, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

“Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos nas fronteiras dos Estados Unidos. Por isso, eu acho que Nova York, como sede nas Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda humanidade. Assim como Paris, Roma, Veneza, Rio de Janeiro, Brasília, Recife. Cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

“Se os Estados Unidos querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos Estados Unidos. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

“Defendo a intenção de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando esta dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de comer e ir à escola. Internacionalizemos as crianças, tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

“Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!”