sábado, 29 de julho de 2023

Linda, um dos faróis que norteiam a minha vida!

Linda e Mel, minhas irmãs! Linda aniversaria, hoje. Ela é um dos faróis que norteiam minha vida. A foto foi feita defronte à Casa Amarela, da minha infância, na esquina da Rua Iracema Carvão Nunes com a Rua Eliezer Levy, em Macapá/AP. Vê-se, ao fundo, a construção da segunda metade do Colégio Amapaense, nos anos 1960. Interceptando o muro do Colégio Amapaense, na Eliezer Levy, há uma seringueira. Ela foi plantada por meu pai, João Raimundo Cunha, no nascimento do gênio do pincel Olivar Cunha. Recriei-a no romance A CASA AMARELA, dotada de sentimentos humanos, capaz de emocionar-se e agitar seus galhos, mesmo sem vento algum, e de chorar látex diante da tragédia!

Capa de A CASA AMARELA na edição da amazon.com

Oppenheimer: o começo do Armagedom

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE JULHO DE 2023 Oppenheimer (2023, 180 minutos), com Cillian Murphy, Matt Damon (na sua plenitude) e Robert Downey Jr., é o melhor de Christopher Nolan. Cinebiografia científica, o filme mergulha no mundo psicológico dos gênios da mecânica quântica e, de quebra, em como as decisões com consequências globais são tomadas. Tudo em linguagem cinematográfica de quem domina completamente como olhar por trás das câmeras. A montagem de Jennifer Lame é um poema expressionista. 

O filme mostra, ainda, que há um tipo de energia que direciona o homem: sexo. Oppenheimer teve embates na cama com mulheres instigantes, tanto física quanto intelectualmente. Nesses embates, a aura de um se mistura com a do outro, transmitindo o lixo que carregam, suas frustrações. Fumante compulsivo, Oppenheimer morreu de câncer na garganta, aos 62 anos de idade. Na Medicina Tradicional Chinesa, o coração tem a ver com o corpo astral, o das emoções, e se manifesta na garganta. 

Christopher Nolan utiliza imagens expressionistas e sons do Armagedom para configurar a mente de Oppenheimer, um gênio que inventou uma arma terrível, capaz de pôr fim a uma guerra mundial, mas, também, de exterminar a Humanidade. 

Vamos ao homem. Julius Robert Oppenheimer (Nova Iorque, 22 de abril de 1904 – Princeton, 18 de fevereiro de 1967), judeu, físico teórico americano, doutor aos 23 anos de idade, com formação em química e física, foi pioneiro em mecânica quântica, física nuclear, estrelas de nêutrons e buracos negros. 

Advertido por Albert Einstein, em 1939, de que o regime nazista estaria trabalhando na criação da bomba atômica, pois Einstein sabia quem havia físicos na Alemanha que já estavam tentando dar uso prático à fissão do átomo, Oppenheimer começou a pesquisar sobre o processo de obtenção de urânio-235, a partir do urânio natural, para determinar a massa crítica de urânio. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, Oppenheimer assumiu o Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, o Projeto Manhattan, para a criação da bomba atômica, construída entre 1943 a 16 de julho de 1945. Em agosto de 1945, duas bombas nucleares foram despejadas em Hiroshima e Nagasaki, pondo fim à resistência japonesa na Segunda Guerra Mundial. Nessas alturas, Hitler já estava no outro lado da vida. O Projeto Manhattan já contava, então, com mais de 6 mil pessoas. Tudo custou 2,4 bilhões de dólares. 

Finda a guerra, Oppenheimer se tornou presidente do Comitê Consultivo Geral da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos (CEA) e começou a fazer lobby pelo controle internacional da energia nuclear, para evitar a proliferação de bombas atômicas, opondo-se ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio. 

A primeira bomba atômica, a Little Boy, que explodiu sobre Hiroshima, tinha a potência de 20 mil toneladas de TNT. Uma bomba de hidrogênio de 1,1 quilograma produz uma explosão equivalente a 1,2 milhão de toneladas de TNT, com capacidade, portanto, de devastar uma cidade inteira, por meio da explosão, incêndios e radiação. A fusão nuclear ocorre nas estrelas, como o nosso Sol, atingindo dez milhões de graus Celsius.   

O astronauta Edgar Mitchell, da missão Apollo 14 e o sexto homem a caminhar na Lua, acredita que aliens visitaram a Terra com o objetivo de impedir o uso de armas nucleares durante a Guerra Fria, o que, segundo ele, explica os avistamento de ovnis próximo a bases militares, na época. 

– Falei com muitos oficiais da Força Aérea que trabalharam nessas estações durante a Guerra Fria. Eles me contaram que os ovnis eram vistos com frequência e que eram capazes de desligar seus mísseis. Outros oficiais da costa do Pacífico contaram que os mísseis eram derrubados com frequência por naves alienígenas – afirmou.

As armas nucleares podem pôr fim à Terra. O arsenal atual pode explodir o planeta 100 vezes. Mesmo que não exploda, o céu ficaria encoberto de poeira por anos, o que inviabilizaria a vida no orbe. Isso é chamado de Armagedom, o fim da Humanidade. O clube das potências nucleares é pequeno, mas todos os países ricos, inclusive o Brasil, têm capacidade de construir a bomba atômica. A pergunta que se faz é: para quê?

terça-feira, 25 de julho de 2023

Os criminosos que abalaram Brasília não chegam perto dos narcotraficantes e chefões de facções de hoje. Mas não existe crime perfeito

Marcos Linhares e sua reportagem NÃO EXISTE CRIME PERFEITO

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 25 DE JULHO DE 2023 – A leitura de reportagens policiais de longo fôlego após anos dos acontecimentos tem um sabor especial porque há os detalhes para se compreender inteiramente o desfecho dos casos. E quando esses casos ocorreram em Brasília, há um tempero a mais: conhecemos, já vimos ou ouvimos falar dos protagonistas, porque, apesar de Brasília já ser uma cidade grande, é, ao mesmo tempo, interiorana, todo mundo ou conhece ou já ouviu falar de todo mundo, pois a capital tem apenas 63 anos. 

E quando o autor sabe escrever e dá aquele tom coloquial ao texto, o livro fica ainda mais interessante. É o caso do finalista no International Latino Book Awards 2013, na categoria melhor livro de não ficção em língua portuguesa, Não existe crime perfeito – Laerte Bessa e os crimes que abalaram a capital do Brasil (Thesaurus Editora, Brasília/DF, 320 páginas), de Marcos Linhares, maranhense de São Luís, nascido em 1970, radicado em Brasília/DF, jornalista, radialista, tradutor, professor e escritor, autor de mais de 10 livros, entre poemas, crônicas, contos e reportagem. 

Os bastidores das investigações, a revelação de interesses políticos tentando impedir o andamento dos trabalhos da equipe de investigadores, a carência de equipamentos modernos, como simples carros e armamentos, falta de verba, a ansiedade de repórteres sem compromisso com a verdade, mas apenas de olho em carniça, tudo isso vem à tona, o que torna atual este livro. 

São 60 horas de gravação com o delegado e deputado federal Laerte Bessa e equipe. O escândalo dos Anões do Orçamento (1993), o Caso Pedrinho (1986), o Caso Marcelo Bauer, que assassinou a ex-namorada em 1987, o sequestro da menina Cleucy, filha do bilionário, então senador, Luiz Estevão, estão entre os crimes que compõem esse dossiê. 

Hoje, as polícias estão melhores equipadas, mas os crimes, agora, são muito mais complexos. Os narcotraficantes, as facções, aparelharam o Estado e avançam no sentido de se criar uma Schutzstaffel, SS, organização paramilitar ligada ao Partido Nazista e a Adolf Hitler.

Por exemplo, o ex-juiz Sergio Moro, hoje, senador, colocou muita gente poderosíssima na cadeia, mas não conseguiu mantê-la enjaulada, e, recentemente, foi estourado um plano do Primeiro Comando da Capital para assassiná-lo, e à sua família, além de outras autoridades. Aí se vê em que estado estão as coisas. Mas não existe crime perfeito.

sábado, 22 de julho de 2023

A causa das doenças está na mente. Saiba quais são os males de Lula segundo a Medicina Tradicional Chinesa e os corpos vibracionais

Para se manter no poder, Lula precisa enfrentar seus obsessores, refletidos na garganta, estômago e travamento das articulações

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 22 DE JULHO DE 2023 – Segundo a imprensa, Lula está com quadro de depressão. Ele já teve câncer na laringe, um tumor de três centímetros de diâmetro, que o fez submeter-se a mais de 30 sessões de quimioterapia. Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que trata o paciente do ponto de vista energético, o coração se manifesta na garganta, logo câncer na garganta significa que o paciente é invadido por energias ruins o tempo todo. No caso de Lula, não deveria ser assim, pois ele é amado pela maioria dos brasileiros, conforme o resultado das últimas eleições para presidente, coordenadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Sou terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa e tenho mediunidade para perceber a aura do paciente, ou seja, seus corpos vibracionais. Sabedor de que a doença surge, sempre, no corpo astral, e nunca no corpo físico, procuro investigar a vida emocional do paciente. É claro que se o paciente está sentindo dor, que é um sintoma agudo, tirar a dor dele, com acupuntura ou com tuiná, a massagem terapêutica chinesa, ou com ventosa ou moxa, ou artemísia, é o primeiro passo. 

É fácil perceber quando uma pessoa está submetida a fortes emoções: sua voz fica rouca e pode desaparecer. No caso de quem está no poder, cercado de bajuladores loucos para aplicar uma dentada no bolo do poder, o medo de perder esse poder deixa essa pessoa nua no meio da rua, o que significa jorros de adrenalina o tempo todo, garantindo estresse no nível da estratosfera. 

Também Lula sofre de refluxo gástrico crônico, o que inflama ainda mais a garganta. Em MTC, refluxo significa que a energia do estômago, que deve descer, sobe. A causa é porque o paciente, nesse caso, está engolindo sapo, tem que aturar ao seu lado pessoas que ele odeia e pessoas que estão sugando seu sêmen, ou sua força vital. Também ele é pré-diabético. 

Lula sofre de bursite no joelho. Trata-se de inflamação dolorosa da bursa, uma bolsa com líquido sinovial, que tem a função de nutrir e lubrificar a cartilagem articular, amortecendo o atrito entre ossos, tendões, músculos e pele. Quando o nervo ciático é atingido pelo inchaço da inflação a dor atinge as pernas e os quadris. 

Artrose é um tipo de artrite e artrite é atrito mental. Além do atrito com os conservadores, Lula tem atrito mental com todas as pessoas que morreram em consequência do desvio de verbas públicas, principalmente as vítimas de latrocínio. 

Normalmente, atendo mais de doze pessoas todas as semanas, a maioria, idosos, muitos dos quais acometidos de artrite. Investigo e descubro que todos têm atritos sérios com membros de suas famílias. Faço-os relaxar com acupuntura e ministro meditação, que é uma conversa sincera consigo mesmo, sentimento de gratidão, nunca reclamar ou se queixar e água saborizada com hortelã. Na maioria dos casos é tiro e queda. 

Agora, Lula vem sentindo sintomas de artrose no quadril, e inclusive pode passar por cirurgia. Ele sente dor na parte superior do fêmur e na bacia. O sobrepeso do petista agrava o problema, bem seus passeios internacionais, em alegres convescotes com amigos. Como ele se trata com medicina ocidental, toma analgésicos e anti-inflamatórios, o que agride seu estômago e exerce sobrecarga ao fígado. No caso de se submeter à cirurgia, o cirurgião instalará uma prótese metálica na articulação inflamada. 

Quem observa Lula, mesmo por vídeos nas redes sociais, nota que ele anda irritado, e que diante da imprensa, em público, revela ansiedade. É o que nós, acupunturistas, chamamos de fogo no coração, um estado emocional estremo, que eleva o tom de voz ao timbre de taquara rachada e acaba desmascarando o paciente, que, então, revela toda a sua raiva. Ele tanto pode se mostrar aceso, como se tivesse tomado Coca-Cola com café, ou triste, depressivo.

Somado a tudo isso, Lula sofre de três males graves, que já lhe consumiram quase toda a energia que chamamos de pré-celestial, a bateria energética semelhante a uma semente, responsável pelo desenvolvimento do feto, do corpo e da vida física. Hectolitros de 51, encostos e velhice acabam com qualquer um. Quanto aos encostos, vão juntos para o Umbral.

E se o líder da esquerda brasileira pendurar a chuteira, quem o irá substituir? O agora comunista Geraldo Alckmin? Aparecerá um supremo líder? Ou Janja?

O rio Amazonas é o mais importante do planeta e os comunistas querem pôr as garras nele

Macapá/AP, na esquina do rio Amazonas com a Linha
Imaginária do Equador: falta de água encanada e acossada
por todas as facções criminosas do país (Foto de Caio Gato)

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 22 DE JULHO DE 2023 – Em junho de 2007, uma expedição integrada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Geográfico Militar do Peru, determinou o local exato da nascente do rio Amazonas, que é a do rio Apurimac, na cordilheira dos Andes, ao sul do Peru. 

Desde o início da década de 1990, uma equipe do Inpe, chefiada pelo geólogo Paulo Roberto Martini, da Divisão de Sensoriamento Remoto, estudava os rios Amazonas e Nilo, na África, por meio de sensoriamento remoto e geoprocessamento, tecnologias utilizadas no Programa Espacial Brasileiro, além de imagens dos satélites Landsat, da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, calculando, assim, minuciosamente, a extensão de ambos os rios, da nascente à foz. 

Em julho de 2008, bateram o martelo: o Amazonas configurava-se como o maior rio do planeta. Conforme o Atlas Geográfico Mundial, o Amazonas media 6.515 quilômetros. Com a nova medição, passou a ter 6.992,06 quilômetros, portanto, 139,91 quilômetros mais longo do que o Nilo, que, também segundo o Atlas Geográfico Mundial, media 6.695 quilômetros, nascendo no rio Kagera, próximo à fronteira entre o Burundi e Ruanda, e correndo até o mar Mediterrâneo. A nova medição dele o amplia para 6.852,15 quilômetros. 

Em maio de 2008, o vice-presidente da Sociedade Geográfica de Lima, professor Zaniel Novoa, após 12 anos de investigação, confirmava a versão do explorador polonês Jacek Palkiewicz, que, em 1996, localizou a nascente do Amazonas e afirmou que o rio sul-americano era mesmo o maior do mundo. 

Desde que o Amazonas foi batizado, em 1500, foram identificadas nascentes em vários pontos do Peru, até a atual, a 5.179 metros de altitude, próximo ao monte Quehuisha, na região sul de Arequipa, Peru, e não nas cabeceiras do rio Marañon, como se pensava. 

Paulo Roberto Martini comentou que as medições anteriores foram feitas sem o uso de metodologias científicas: “Esse resultado mostra que, às vezes, as verdades mais bem estabelecidas têm de ser revistas, porque podem, simplesmente, não ser verdade. Pelo menos desta vez não temos “acho”. Temos metodologia científica, e, por essa leitura, por essa interpretação, você pode colocar nos livros que o Amazonas é maior do que o Nilo”. 

Mas em 2009, surgiu uma novidade: estudos mostravam que a nascente do Nilo apontava para o rio Rukarara, o que dava ao gigante africano o comprimento de 7.088 quilômetros, 95,94 quilômetros maior do que o Amazonas, abrindo, novamente o debate. Mas, para mim, o Amazonas é maior, por duas razões: porque ele é colossal em todos os aspectos e porque é o rio da minha cidade. 

A bacia amazônica é um realismo fantástico, uma fronteira misteriosa, pouco conhecida e desprezada pelos governos federais e, pasmem, pelos próprios governos da Amazônia Clássica, apesar de se constituir na mais espantosa província biológica e mineral do planeta. 

Em 1500, o navegador espanhol Vicente Yañez Pizón batizou-o de rio Santa María del Mar Dulce; 42 anos depois, o também espanhol Francisco Orellana mudou-o para Amazonas. 

O colosso marrom, que no estado do Amazonas recebe o nome de Solimões e nos estados do Pará e Amapá, de Amazonas, tem mais de mil afluentes, constituindo-se na espinha dorsal da maior bacia hidrográfica da Terra, formada por 7 mil rios, 25 mil quilômetros navegáveis, abrangendo uma área, segundo a Agência Nacional de Águas, de 6,110 milhões de quilômetros quadrados, 40% da América do Sul, banhando Bolívia (11%), Brasil (63%), Colômbia (5,8%), Equador (2,2%), Guiana (0,2%), Peru (17%) e Venezuela (0,7%). 

Da nascente até 1.900 quilômetros, o Amazonas desce 5.119 metros; desse ponto até o Atlântico, a queda é de apenas 60 metros. Suas águas correm a uma velocidade média de 2,5 quilômetros por hora, chegando a 8 quilômetros, em Óbidos, cidade paraense a mil quilômetros do mar e ponto da garganta mais estreita do Amazonas, com 1,8 quilômetro de largura e 50 metros de profundidade. 

Fora do estuário, a parte mais larga situa-se próximo à boca do rio Xingu, à margem direita, no Pará, com 20 quilômetros de largura, mas nas grandes cheias chega a mais de 50 quilômetros de largo, quando as águas sobem ao nível de até 16 metros. 

O Amazonas é navegável por navios de alto-mar da embocadura à cidade de Iquitos, no Peru, ao longo de 3.700 quilômetros. Seu talvegue, nesse curso, é sempre superior a 20 metros, e chega a meio quilômetro de profundidade próximo à foz. 

Segundo Admilson Moreira Torres, do Centro de Pesquisas Aquáticas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), e Maâmar El-Robrini, do Grupo de Estudos Marinhos e Costeiros (GEMC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); do Laboratório de Modelagem de Oceano e Estuários Amazônicos (Modelaz); e do Centro de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPa), a descarga hídrica do rio Amazonas é tão gigantesca que reduz a salinidade superficial do mar no oceano Atlântico tropical. 

A descarga média é de 180 mil metros cúbicos de água por segundo, um quinto, ou 16% da água doce despejada nos oceanos do mundo. Em maio, sobe para 220 mil metros cúbicos por segundo e, em novembro, cai para 100 mil metros cúbicos por segundo; 65% do fluxo vaza pelo Canal do Norte, que despeja até 160 mil metros cúbicos de água por segundo. Só a bacia do rio Negro, afluente da margem esquerda do Amazonas, contém mais água doce do que a Europa. 

Trata-se do único rio no planeta a apresentar estuário e delta. Com cerca de 60 vezes mais vazão do que o Nilo, calcula-se que o tributo do Amazonas ao mar é suficiente para encher 8,6 baías de Guanabara em um dia. Assim, o rio fertiliza o mar com sua água túrbida de húmus, além de espantosos 3 milhões de toneladas de sedimento por dia, 1,095 bilhão de toneladas por ano. O resultado disso é que a costa do Amapá está crescendo. 

A boca do rio, escancarando-se do arquipélago do Marajó, no Pará, até a costa do Amapá, mede em torno de 240 quilômetros, e sua água túrgida penetra cerca de 320 quilômetros no mar, atingindo o Caribe nas cheias, e, juntamente com outros gigantes do Pará e Amapá, contribui para que a Amazônia Azul setentrional seja a costa mais rica do planeta em todo tipo de criatura do mar, especialmente a costa amapaense, pois o húmus despejado pelo Mar Doce no Atlântico torna-a uma explosão de vida, no Brasil mais mal guardado pela Marinha de Guerra e menos estudado pela academia. 

Se mais de um terço de todas as espécies do planeta vive na Hileia, a bacia é berço de mais de 2.100 espécies de peixes, 900 a mais do que as dos rios da Europa. Somando-se às 1.200 espécies do Atlântico Norte, a Amazônia Atlântica é um santuário de 3.300 espécies. 

“O que me intriga, não apenas no conteúdo da educação fundamental brasileira, mas também na base de informações científicas e acadêmicas no Brasil, é a pobreza de informações ambientais e biológicas sobre essa região, batizada de Mar Dulce pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, em 1500, mesmo ano em que Cabral achava o Brasil” – comenta o oceanógrafo Frederico Brandini. 

Ele lembra que, no Amapá, as autoridades estão pouco preocupadas com o estudo da Amazônia Atlântica. As costas do Amapá e do Pará são um inacreditável banco de vidas marinhas, coalhado de piratas, que vão lá pegar, de arrastão, pescados, lagostas, camarão e outros frutos do mar. Pescadores paraenses já capturaram na altura da Vila de Sucuriju, no município de Amapá, marlim azul de meia tonelada. Nem Ernest Hemingway conseguia espadarte desse porte no Gulf Strean. 

Em 2011, pesquisadores do Observatório Nacional anunciaram evidências de um rio subterrâneo numa profundidade de 4 quilômetros abaixo do Amazonas, com 6 mil quilômetros de comprimento, batizado de Hamza, em homenagem a um dos pesquisadores, o indiano Valiya Hamza. 

Porém, tudo o que escrevi neste artigo é apenas realismo fantástico. Os livros continuam com as velhas medidas amazônicas do tempo do Império Britânico. A Amazônia continua sendo uma fronteira, uma colônia disputada pelas potências hegemônicas de sempre, multinacionais, megaempresários, ONGs e políticos perigosos. 

Sugada ao longo de três séculos, por lusitanos, espanhóis, americanos, ingleses, franceses, holandeses, japoneses, paulistanos e os governos que se alternam em Brasília, agora está sob a ameaça comunista, pois o atual governo brasileiro, instalado desde 1 de janeiro, já descartou a parceria dos Estados Unidos e se uniu à China, além de Cuba e Venezuela. As Forças Armadas brasileiras disseram amém. 

Assim, a Amazônia permanece como colônia, agora pós-moderna, a casa da mãe Joana, sob o beneplácito, a ambição, o jugo, a omissão de Brasília, incluindo-se nesse contexto a bancada da Amazônia no Congresso Nacional, que nunca agiu em bloco no interesse dos cabocos do subcontinente. 

O Amazonas passa pela frente da minha cidade natal, Macapá/AP, que se debruça na margem esquerda do colosso, antes que ele penetre no Atlântico, na altura da Linha Imaginária do Equador.

Mas na minha cidade natal falta água encanada; durante a epidemia do vírus chinês passou 21 dias em apagão, com cadáveres, nos hospitais, já fedendo; seus arranha-céus de apartamentos não contam com rede de esgoto, aliás, a cidade toda; as ruas não contam com rede de águas pluviais; e é a capital onde mais se mata, pois abriga representações de todas as facções, ou máfias, ou quadrilhas, do Brasil; e é corredor dos narcotraficantes do setentrião da América do Sul.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Hugo Pollo Carvajal já está nas mãos da Justiça americana. Se o convencerem a abrir o bico pode causar estragos ao Foro de São Paulo

Os EUA querem que Carvajal diga quais os presidentes
sul-americanos que receberam dinheiro do narcotráfico

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 20 DE JULHO DE 2023 – O ex-chefe da espionagem da Venezuela, de 2004 a 2011, general Hugo Armando Carvajal Barrios, apelidado de EL Pollo (O Frango), 63 anos, braço direito do ditador Hugo Chávez, foi extraditado, quarta-feira 19, da Espanha para os Estados Unidos, onde responderá por tráfico de drogas em escala, associado a narcotraficantes das Farc colombianas. 

A jornalista investigativa espanhola Cristina Segui, que se debruça há anos sobre os narcotraficantes sul-americanos e sobre o Foro de São Paulo, busca provas de que líderes comunistas da região receberam dinheiro do narcotráfico, e que El Pollo é um arquivo vivo desses nomes, tema tabu na velha imprensa brasileira. 

Segundo Cristina Segui, El Pollo tem provas de que financiou com dinheiro do narcotráfico os presidentes Lula, Cristina Kirchner, da Argentina; Evo Morales, da Bolívia; Fernando Lugo, do Paraguai; e Rafael Correa, do Equador, e outros nomes que frequentam o Foro de São Paulo. Para não pegar perpétua, deverá entregar alguns desses nomes, entre os quais, Nicolás Maduro, atual ditador da Venezuela. 

Carvajal fugiu em abril de 2019 da Venezuela para a Espanha, onde foi preso, a pedido dos Estados Unidos, que requeriam sua extradição. Fugiu da prisão e se escondeu durante mais de 20 meses, mas foi recapturado em setembro de 2021. Para pegar El Pollo, os Estados Unidos ofereceram milho grosso, 10 milhões de dólares, por informação que levasse à sua prisão. Deu certo. Pelo que se sabe, uma vizinha denunciou Pollo, que se mudava e se disfarçava o tempo todo.

Um tribunal de Nova York acusa Pollo de ter coordenado o envio de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela para o México e de lá para os Estados Unidos, em 2006. Além do dinheiro, o tráfico de drogas para os Estados Unidos faz parte de um plano para enfraquecer o caráter da juventude americana, traçado pelos ditadores zumbis de Cuba, Fidel Castro, e da Venezuela, Hugo Chávez Maduro.

O livro O CLUBE DOS ONIPOTENTES, deste repórter, relata como Fidel Castro e Lula criaram o Foro de São Paulo.

terça-feira, 18 de julho de 2023

Brasília terá, após 63 anos, a Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo – Abrajet

A indústria turística em Brasília/DF está engatinhando

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 18 DE JULHO DE 2023 – A Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo, seccional do Distrito Federal (Abrajet Brasília/DF), será criada durante sessão especial do Senado Federal, que acontecerá dia 7 de agosto, uma segunda-feira, no Plenário do Senado, às 9h30, em comemoração aos 66 anos da Abrajet Nacional. O requerimento é do senador Eduardo Gomes (PL-TO). Também, na ocasião, será lançado o livro ABRAJET - Uma Herança do Jornalismo, do jornalista Helcio Estrella.

A Abrajet foi fundada no dia 29 de janeiro de 1957, no Rio de Janeiro, por um grupo de jornalistas e escritores desejosos de desenvolver a indústria turística no Brasil. Foram eles: Domingos C. Brandão, Belfort de Oliveira, Fernando Hupsel de Oliveira, Luiz D. P. Bravo, Aulete de Almeida, Hilda Peres de Medeiros, José Mário Alves da Silva e Oberon Bastos de Oliveira.

Hoje, a Abrajet está presente em 17 estados, sendo 15 com secionais e dois com comitê, congregando 350 profissionais, que atuam em jornais, revistas, TVs, rádios ou em assessorias de imprensa de órgãos públicos ou empresas do setor de turismo. Seu atual presidente, no biênio 2022-2024, é o jornalista Evandro Novak, de Santa Catarina.

Alguns nomes que comporão a diretoria da Abrajet Brasília/DF já podem ser anunciados. A entidade será presidida pelo jornalista e advogado Wílon Wander Lopes, editor do Jornal Satélite e membro da Academia de Letras de Taguatinga (ALT), da Associação Nacional de Escritores (ANE) e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.

Luiz Solano, O Repórter do Planalto, assumirá a comunicação social da entidade. Cobriu a Guerra do Golfo e a guerra entre Irã e Iraque, e foi o único jornalista ibero-americano a entrevistar Saddam Hussein. A marca O Repórter do Planalto foi criada pelo radialista paraense Ronald Pastor, em 1972, pois Luiz Solano cobriu, durante muitos anos, o Palácio do Planalto. É membro da Academia de Letras e Artes do Planalto e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, e diretor da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF).

Participarão mais a jornalista Renata Schuster Poli, editora do Blog do Cafezinho; Hélio Rosa, editor do portal bsbtimes.com.br e diretor da agência wikimidia.com.br; e o escritor, jornalista, crítico literário e documentarista Maurício Melo Júnior. Apresentador do programa Leituras, da TV Senado, é presidente do Instituto Cultural Casa de Autores. Tem 24 livros publicados, entre ensaio e ficção.

Este repórter que ora lhes escreve também fará parte do time da Abrajet Brasília/DF.

domingo, 16 de julho de 2023

Não escrevo visando ganhar dinheiro, mas por curtição. Escrever é preciso, viver não é preciso

Ray Cunha: Seria um inferno se eu fosse impedido de escrever

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 16 DE JULHO DE 2023 – O cronista Edevaldo Leal publica, hoje, na sua página do Facebook, comentário de Vanessa Bárbara para o New York Times: 

– Deveria ter destinado meu corpo para a ciência – ela escreve.  – Ser escritor no Brasil é a mais patética das profissões. Eu escrevi um livro, em 2008, que venceu um prêmio literário e recentemente (2013) vendeu a cópia de número 3 mil. O livro custa, em média, 15 dólares (34,8 reais). O valor repassado para o autor é de 5%, então, eu recebia 0,75 centavos de dólar (1,34 real) por cópia vendida. Pelo livro que eu levei um ano para escrever e mais quatro anos para vender, eu recebi em torno de 2.250 dólares (5.220 reais). Deveria ter destinado meu corpo para a ciência. 

Edevaldo Leal publica também um comentário meu sobre o texto de Vanessa Bárbara, feito naquele 17 de dezembro de 2013: 

– Sou escritor com mais de meia dúzia de livros publicados, entre romances, novelas, contos e poemas. Sou também jornalista. Transito em vários setores da sociedade. Exceto quando estou entre artistas, noto que as pessoas não leem livro e, por conseguinte, não devem saber o que é literatura. Meus livros vendem a conta-gotas. Essas reflexões levam ao seguinte: o Brasil é um país em construção, semialfabetizado. Políticos, aqui, dedicam-se a roubar, roubar e roubar. Quanto a mim, literatura é missão. Pago as contas com jornalismo e como terapeuta. 

Não faz muito tempo, um poeta, amigo meu, com volumosa obra publicada, me disse que estava pensando em pendurar as chuteiras porque ninguém comprava seus livros. Faz alguns anos, em uma Feira do Livro de Brasília, uma escritora me procurou com seu primeiro livro publicado, de poemas, implorando para que eu comprasse um exemplar, porque tinha que pagar a gráfica que imprimiu seu livro. Disse-lhe, com palavras mais amenas do que as que estou usando agora, que sua dívida era problema dela e que eu só comprava livros, e os compro muitos, quando me interessam. 

Reunindo esses três casos, responderia, hoje, à Vanessa Bárbara, o seguinte: 

– Escreve quem quer, e classificar uma profissão, qualquer profissão, de patética, é uma qualificação pessoal. E eu não escrevo focado em vender e ficar rico financeiramente, ou pagar as contas com literatura. Escrevo porque se fosse impedido de escrever minha vida seria um inferno, pois não sinto mais prazer do que experimento quando estou criando, especialmente quando me sinto imerso nos sons da madrugada. 

Dinheiro é uma consequência; nunca um objetivo. Viver para ganha dinheiro é de total falta de conhecimento da vida. A vida é mental, ou seja, espiritual, e no plano espiritual, moeda, dólar, libra, ouro etc., não vale nem um quark. Continuo pondo comida na mesa com jornalismo; sou aposentado como jornalista. Aposentadoria significa que contamos com salário vitalício sem precisar bater ponto em uma empresa. Continuo trabalhando, como jornalista, escritor e terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa. 

Temos a tendência de acreditar prontamente em tudo o que vemos, sem analisar pessoas e acontecimentos. Todos os grandes escritores ralaram pacas para chegarem ao sucesso atual. Muitos se endividaram para pagar as primeiras edições de seus livros e alguns nem isso conseguiram, como Franz Kafka, por exemplo. O sucesso de público e de dinheiro não tem receita. É consequência das circunstâncias de cada qual, o que envolve até questões cármicas.

Critica-se muito o Brasil como país de semialfabetizados e analfabetos, onde poucos leem, mas isso não impediu que Paulo Coelho se tornasse o maior vendedor de livros do planeta. Nem impediu que contássemos, hoje, com a obra de escritores como Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, João Guimarães Rosa, Rubem Fonseca, Dalcídio Jurandir, Márcio Souza, para citar uns pouquíssimos de um grande clube.

Esses escritores contaram com um fator fundamental para obterem sucesso: talento. Escritor sem talento é como qualquer artista sem talento: só produz lixo. Nesse caso, é melhor se tornar resenhista ou apenas gozar da companhia de artistas talentosos, e até escrever sobre eles. Outro fator importante é a disciplina. Se o escritor quiser usufruir de sucesso, algum dia, há de ter produção. Outros fatores são ler, viajar, fornicar, vagabundar, bater papo, viver o agora. E fazer marketing.

Porém há um fator sine qua non para o sucesso, o sucesso total: compreender, mas compreender realmente, que somos seres espirituais. Que a matéria, como dizem os budistas, não existe. Razão pela qual o cânon literário não pode prescindir de escritores como: William Shakespeare, Franz Kafka, Miguel de Cervantes, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Fiódor Dostoiévski etc. etc. etc. Esses, não estavam nem aí para sucesso financeiro. Estavam, sim, conscientes de que cumpriram com sua missão: escrever.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Castraram Indiana Jones

Um arqueólogo e professor aposentado no mundo da Disney

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 12 DE JULHO DE 2023 – O cineasta George Lucas criou o personagem Henry Jones, Jr., ou Indiana Jones, e seu colega Steven Spielberg o recriou na tela. Trata-se de um professor de arqueologia e aventureiro americano dos anos 1930. Desde o primeiro filme, de 1981, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, o ator Harrison Ford encarna Indiana, que nas suas viagens em busca de alguma relíquia não se esquecia do chicote, sua arma predileta, chapéu, mochila e jaqueta de couro, além do conhecimento, profundo, de civilizações e línguas antigas, e senso de humor. E um revólver também. Indiana era o nome do cão que Henry tinha quando criança. Na realidade, esse era o nome do cachorro de George Lucas. 

Reza a história que em 1977, Spielberg disse a Lucas que queria dirigir um James Bond. Lucas respondeu que tinha algo ainda melhor para Spielberg, e lhe apresentou o arqueólogo. 

Depois de Os Caçadores da Arca Perdida vieram   Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), Indiana Jones e a Última Cruzada (1989) e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), sempre sob a batuta de Steven Spielberg, para quem a franquia deveria ser encerrada com A Última Cruzada. Mas Spielberg, Lucas e Ford acabaram decidindo por mais um filme, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, com um Ford já sem a energia dos anos 1930. 

Pois bem, a Disney produziu Indiana Jones e a Relíquia do Destino, em cartaz nos cinemas. Com Harrison Ford, sob a direção de James Mangold e roteiro de James Mangold e John-Henry Butterworth. São duas horas e meia de decepção, e de castigo também, se o cinema é um daqueles com temperatura em zero grau e som bate-estaca. Chega uma hora que o roteiro vira um samba do crioulo doido e de repente a ação pula para a Era Clássica. O filme termina com dois velhos, Indiana e a mulher dele, que resolve voltar para casa, se beijando; um beijo mofado. 

As personagens de ficção não morrem. Mas o que aconteceu com Indiana é que tiraram dele seu espírito aventureiro por causa da sua idade avançada. Ele foi castrado. Foi transformado em um cidadão comum. Mataram o herói.

É aí que entra a Disney. A empresa americana determinou que sexo é cultural. Machos são transformados em bamby e mulheres tem casos cabeludos com outras mulheres; personagens brancas são agora negras; comunistas são santos; e na Amazônia há girafas, zebras e leões. Não demora e surgirá um Tarzan se beijando com bonobos.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Realismo fantástico: de Edgar Rice Burroughs a Joseph Conrad, passando por Fernando Canto

A CASA AMARELA, edição da amazon.com. A seringueira fictícia
do romance existe realmente, na Rua Eliezer Levy, junto ao muro
do Colégio Amapaense, na Cidade do Meio do Mundo, Macapá/AP

RAY CUNHA

Edição do Clube de Autores

BRASÍLIA, 6 DE JULHO DE 2023 – Outro dia passei no Sebo do Ed, na Quadra II do Setor Comercial Sul, e vi lá um velho volume de capa dura do Círculo do Livro de TARZAN, O MAGNÍFICO (1939), de Edgar Rice Burroughs. Comprei-o e já o li. Já o havia lido creio que há mais de meio século. Tarzan foi para mim como Harry Potter, de J. K. Rowlling, para a geração da minha filha, Iasmim, timoneiro em mares nunca dantes navegados. 

Conheci Tarzan quando tinha uns quatro anos de idade, no quarto do meu irmão mais velho, Paulo Cunha, onde havia tudo quanto se possa imaginar de revistas e livros, e eu ficava horas, o que desse, folheando revistas como a Seleções Reader's Digest e de quadrinhos, entre as quais Tarzan. Fascinado por aquele mundo que descobri no Quartinho, tinha urgência em decifrar as palavras que acompanhavam as fotografias e ilustrações, o que aprendi aos cinco anos, com ajuda da minha mãe, Marina Cunha. 

Tarzan influiu tanto na minha vida que aos 12 anos queria ser aventureiro, explorador, biólogo, ou Jim das Selvas (Jungle Jim), que nasceu como tira de jornal, em 7 de janeiro de 1934, nos Estados Unidos, escrita por Don Moore e desenhada por Alex Raymond, e depois desenhada por John Mayo e Paul Norris, até 1954. Jim das Selvas era uma espécie de Tarzan mais refinado. Acabei ponto comida na mesa como jornalista, como Edgar Rice Burroughs, antes de se tornar best-seller. Burroughs era de Chicago, onde nasceu em 1 de setembro de 1875, e morreu em Los Angeles, em 19 de março de 1950, novo, aos 74 anos. 

Papai, João Raimundo Cunha, era leitor inveterado, mas pensava que Tarzan fosse real, tal a força que tem essa personagem de ficção, puro realismo fantástico. Ele surgiu na imaginação de Burroughs na revista pulp All-Story Magazine, em 1912, e em livro, em 1914. Burroughs escreveu 26 títulos tendo Tarzan como protagonista. 

Tarzan é uma das personagens de ficção mais inverossímeis e mais fascinantes de toda a literatura universal. Burroughs não entendia nada da África. Nunca fora lá, e a visão que se tinha do continente nos Estados Unidos na primeira metade do século XX era paupérrima, com poucas informações, de modo que o autor cria uma África especial para Tarzan, cheia de civilizações perdidas e fascinantes. Foram feitos vários filmes com Tarzan, mas o do cinema jamais chegou aos pés do literário, pois a ficção literária é a arte com maior número de recursos e tem o poder de criar personagens sofisticadíssimas. 

Um casal de aristocratas ingleses, na África, tem um filho, que fica órfão e é adotado por um gorila fêmea, na tradição mitológica de Rômulo e Remo, criados por lobos e que fundaram Roma. Os macacos chamam para a criança, que virá a se chamar John Clayton III, Lorde Greystoke, de Tarzan, que, na língua criada por Burroughs, significa “pele branca”. A educação que Tarzan recebe dos macacos traz duas vantagens: habilidades físicas superiores e comunicação com os animais. 

Tarzan é alto, atlético, bronzeado, de olhos cinzentos, longos cabelos negros e traços bem feitos. Anda de tanga. É também ético e leal, absolutamente firme em suas decisões e generoso. Não tem medo de nada, mas é inteligente. E fica claro que sua inteligência, refinadíssima, só pode vir do mundo espiritual, pois ele é autodidata e fala inúmeras línguas. Sim, só pode ser isso. 

Realismo mágico? Se algum crítico literário ler este artigo vai revirar os olhos. Mas vamos lá. O que é realismo mágico? Trata-se de uma corrente artística da primeira metade do século XX, também conhecida como realismo fantástico. Notam-se elementos dessa corrente em todos os povos. Mas como movimento artístico se desenvolveu nas décadas de 1960 e 1970, na Ibero-América, fazendo crer que o fantástico é real. Ou que o real é fantástico? Nele, a física é outra e os planos material e espiritual se comunicam. Os médiuns que gostam de literatura compreendem isso perfeitamente. A propósito, há também o realismo fantástico de Edgar Allan Poe. 

Gabriel García Márquez e seu 100 Anos de Solidão são arquetípicos. No Brasil, destacam-se os baianos Jorge Amado e Dias Gomes. No Amapá, a região brasileira mais à boca da América Central e do Caribe, temos Fernando Canto. Também do Amapá, este escrevinhador publicou A CASA AMARELA. Em um dos quartos dessa casa, o Quartinho, escritores mortos como Ernest Hemingway e Antoine de Saint-Exupéry se reúnem para bater papo e beber, e uma seringueira tem reações humanas, sacudindo os galhos, sem vento algum, e vertendo látex, quando o herói da história é assassinado. 

A expressão “realismo mágico”, ou maravilhoso, aparece pela primeira vez em 1925, pelo crítico de arte alemão Franz Roh, incorporada, em 1948, pelo venezuelano Arturo Uslar Pietri. O mágico é alemão; o maravilhoso, espanhol. O maravilhoso Mundo Novo. O Trópico – que os europeus jamais entenderam. O choque entre colonizadores ibéricos e o Novo Mundo, especialmente a Amazônia; no caso de Tarzan, entre colonizadores europeus e a África. O Coração das Trevas, de Joseph Conrad.