sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

A Amazônia está fadada a ser eterna colônia do Brasil e os amazônidas a comer folha de árvore?

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 26 DE FEVEREIRO DE 2021 – Os dois principais intelectuais da Amazônia, o jornalista e ensaísta paraense Lúcio Flávio Pinto e o ficcionista e ensaísta amazonense Márcio Souza, volta e meia reclamam do tratamento que a capital do país dispensa à Amazônia: apenas tira, e que se dane o povo que vive lá. Com efeito, o que se vê, hoje, é que, embora a Amazônia tenha se tornado a grande produtora de energia elétrica limpa do país, a maior parte da energia produzida é canalizada para outras regiões, enquanto muitas localidades do subcontinente ainda não contam com energia firme. 

Também, o país equilibra a balança comercial exportando minerais da Amazônia, como ferro e alumina, por exemplo. E o comércio clandestino na Hileia vai desde árvores, passando por ouro e pedras preciosas, até mulheres e crianças, traficadas geralmente para escravidão sexual. 

A Amazônia é a maior província biológica, mineral e fitoterápica do planeta, mas os amazônidas são vistos pela capital do país como subespécie, como os paus-de-arara nordestinos em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

A revolução da Cabanagem mostra bem isso. Mas mostra ainda que os cabanos, quando se viram no poder, não sabiam o que fazer. Assim, Lúcio Flávio Pinto e Márcio Souza têm razão, também porque a Amazônia é o que é devido à sua elite. 

O amapaense Davi Alcolumbre (DEM/AP), penúltimo presidente do Senado da República, gastou dois anos fazendo uma política de quintal. Esta semana, foi eleito presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); no seu discurso de posse disse que agora teria mais tempo para se digladiar contra seus detratores, que o acusam de ter passado dois anos protegendo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), engavetando pedidos de impeachment com acusações robustas. 

Outro, também ligado ao Amapá, que poderia ter feito uma política amazônica, foi o ex-presidente José Sarney. Corrido do Maranhão, seu estado natal, Sarney saltou de paraquedas em Macapá, a capital do Amapá, que o elegeu senador perpétuo; ele só largou o osso porque não tinha mais energia para isso. 

O que fez Sarney? Além de ter anexado o Amapá como quintal do Maranhão atraiu para Macapá, com a história de uma zona franca de quinquilharias, uma migração insustentável. Resultado: Macapá, que não tem um metro de esgotamento sanitário e é tratada pelos prefeitos e governadores como aquelas vacas que passam a vida amarradas e com as tetas cheias de pus de tão inchadas, se tornou uma das cidades mais violentas do país. 

A propósito, Macapá se tornou famosa até no Sul, pelo apagão que sofreu recentemente, já que suas instalações elétricas são uma piada de mal gosto. As trevas somadas ao vírus chinês matou igual na guerra. 

Quanto a Cabanagem, como se sabe, em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chega a Porto Seguro, na Bahia. Nas décadas seguintes, a Coroa Portuguesa tratou de garantir a posse das terras no Novo Mundo, distribuindo capitanias hereditárias a membros da nobreza. Mas somente as capitanias de Pernambuco e de São Vicente (São Paulo) prosperaram. Em 1549, Portugal cria o Estado do Brasil, com um governo-geral sediado em Salvador, e, em 1763, no Rio de Janeiro. 

Mas, em 1621, durante o domínio espanhol, Filipe II de Portugal (Filipe III da Espanha) dividiu a colônia portuguesa em duas: o Estado do Brasil, que abrangia de Pernambuco até a atual Santa Catarina; e o Estado do Maranhão, do atual Ceará até a Amazônia, com a capital em São Luís, e, a partir de 1737, em Belém, quando o Estado do Maranhão passou a ser chamado de Grão-Pará e Maranhão. Então, era mais fácil navegar de Belém para Lisboa, vice-versa, do que de Belém para Salvador, vice-versa, devido aos ventos. 

Em 1823, Dom Pedro I anexa o Grão-Pará e Maranhão ao Império do Brasil. Em 1835, explode uma revolução em Belém, a Cabanagem, estendendo-se, até 1840, para toda a Amazônia. A resposta do Império do Brasil foi de uma ferocidade que até hoje causa ressentimento. 

Influenciada pela Revolução Francesa, a Cabanagem eclodiu devido à pobreza, fome e doenças na Amazônia, principalmente entre índios e mestiços que viviam em cabanas à beira dos rios, verdadeiros escravos da elite branca. Liderados por integrantes da classe média alijada pelo Rio de Janeiro desde a Independência, tomaram o poder em 6 de janeiro de 1835. 

Trocando em miúdos: o Estado do Grão-Pará reportava-se diretamente à Lisboa. Quando o Estado do Brasil proclamou a independência Dom Pedro I anexou a Amazônia ao Império do Brasil, desprezando a elite paraense que se reportava diretamente à Lisboa. Abandonada, já que agora não contava mais com Portugal, a população começou a passar necessidade. Então revoltou-se contra o Brasil, numa tentativa de se unir novamente a Portugal. 

Mas, sem planejamento, os cabanos permaneceram no poder apenas dez meses, quando Belém foi bombardeada sem dó nem piedade; segundo os historiadores, as tropas do Império do Brasil reduziram a população belenense, de 100 mil habitantes, quase pela metade. 

Isso se tornou um emblema. O Rio de Janeiro e, depois, Brasília, têm governado de costas para a Amazônia. Mas a tragédia nem é isso; consiste em que a elite da Hileia só defende, com unhas e dentes, o próprio pirão. Aí nem jacaré aguenta. 

Pior é que as vozes que se levantam geralmente beberam também na fonte da Revolução Francesa e hoje se tornaram fabianos, ecologistas radicais, do tipo que quer que a floresta e os animais fiquem intocados e aos ribeirinhos seja permitido comerem apenas folha de árvore. Como diz o coronel Gélio Fregapani, mentor da Doutrina Brasileira de Guerra na Selva:

– A Amazônia será ocupada, por nós, ou por uma ou mais potências estrangeiras!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A vida é como a eternidade das rosas vermelhas

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 25 DE FEVEREIRO DE 2021 – A tarde imobilizava a cidade com um bafo quente, afrouxando o ânimo, escoando energias, lenta como lesma. Os dois rapazes e quatro moças comiam sanduíches e tortas com refrigerante na lanchonete. Eram estudantes. Haviam saído cedo da faculdade, que ficava ali perto. A três mesas deles encontrava-se um velhote empertigado lendo um jornal. Os garotos olharam para ele numa sequência de cochichos, rindo furtivamente, enveredando numa conversa sobre o quanto aquele velhote era ridículo. Um deles mostrava-se preocupado porque era o mais velho da turma, completara 21 anos e sentia-se envergonhado, um avô. A mais jovem, de 17 anos, sentia-se ansiosa, pois ainda faltavam seis meses para completar 18 anos. “Quando isso acontecer” – pensou – “vou mostrar ao meu pai quem manda na minha vida.” Imaginava-se voltando para casa com o sol nascendo, depois de uma noitada com seu gatão, aquele rapagão de um metro e oitenta, olhos verdes, moreno claro, os cabelos caindo na testa e aquele beijo que ia até a garganta. 

O que é a velhice? Por que a velhice arrepia os cabelos de tanta gente? Por que muitos a entendem como doença? Por que inspira tanta repugnância? A preocupação com a velhice perpassa idades, gêneros, etnias, regiões e sociedades. Do ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa, velhice é quando a energia pré-celestial – aquela que garante o desenvolvimento do feto, o crescimento do corpo e a manutenção da vida até a morte – vai para o ralo; do ponto de vista existencial, é a aproximação natural da morte física, quando a energia vital vai se acabando, os órgãos começam a falhar e a defesa orgânica cai para zero. 

O desdém que algumas pessoas dispensam aos velhos decorre de dois fatores: um, a forte animalidade principalmente dos jovens, para os quais a morte, e a velhice, não existem no seu estado de consciência, no qual só há beleza, vigor, primavera. O outro fator é o apego, a ilusão de que nossas quatro dimensões são para sempre. Notaram que as crianças não excluem os velhos? Pois elas ainda têm aberto o portal que transcende as quatro dimensões, e que só pode ser transposto por meio do não apego. 

Mas o tempo só existe no mundo material. Somos espíritos, e na dimensão espiritual não existe tempo. Existe a eternidade, o agora. O fato é que o tempo não é importante. Importante é a energia. Há velhos que jamais deixam de amar, de trabalhar, de produzir, de ajudar os jovens a construírem seus mundos. E há os que morrem mentalmente, mas seus corpos continuam vagando por aí, deteriorando-se. A energia está, pois, na mente; os corpos são apenas prisão. 

Como terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, atendo dezenas de pacientes por mês; expressiva parcela deles sente mais medo da velhice do que da morte, porque associam a velhice à tragédia, à dor, a sofrimento, a doenças degenerativas, à feiura, a lixo, ao fim dos prazeres mundanos, à renúncia, ao nada. Mas quando vivemos o agora não morremos nunca. Cinquentão quando me formei em Medicina Tradicional Chinesa, na Escola Nacional de Acupuntura (Enac), ouvia, de vez em quando, nos corredores da escola, que um acupunturista é realmente bom com 20 anos de atividade. Assim, eu não estaria velho demais dali a vinte anos? Eu ouvia, em perguntas não verbalizadas, formuladas em olhares zombeteiros dos que sentem o sabor de imortalidade física da juventude. Não! A eternidade é agora. E a Medicina Chinesa é tão generosa que, por pouco que se conheça dela, aplicada com honestidade e amor ao paciente, proporciona felicidade inesgotável. 

Falar em sabor de imortalidade física, senti isso durante muito tempo, ainda quarentão. Lembro-me que aos 21 anos sentia-me fisicamente um deus, e podia ouvir uma noite inteira a música que só as mulheres sabem reproduzir dos abismos labirínticos das suas almas, os sons que somente as rosas vermelhas vibram e os jasmineiros choram. Mas quando quis peitar o mundo com a força dos meus músculos, me senti esmagado. Cheguei a flertar com a morte; queria enfrentá-la. Mais tarde, lendo o filósofo japonês Massaharu Taniguchi, descobri que o mundo material é limitado, só há morte física, mas o caminho é eterno. 

A vida carnal, a parte espinhosa do caminho, pode durar o instante da concepção, e pode passar dos 100 anos. Às vezes, nossa missão só pode ser cumprida durante longa caminhada, ao cabo da qual nosso corpo, exaurido, estará enrugado, os cabelos terão caído; os lábios, os seios, o pênis, os músculos, estarão murchos; os ossos, quebradiços; o coração, fraco. Mas isso só incomoda as pessoas apegadas à matéria. Pois o que é a vida material senão uma caminhada repleta de obstáculos, caminhada evolutiva, oportunidade para o espírito ascender! 

Todos nós temos encontro marcado com a vida, permanentemente. E o que é a vida senão amar? Às vezes, aqui no mundo material, tudo fica tão maçante, tão chato, e de repente uma rosa incendeia de amor o coração, e então o Qi da alegria transforma de novo a vida em um jardim, e sentimos que a eternidade é agora, intensa, mergulho para cima, que jamais se extingue. Ser jovem é possuir a eternidade das rosas, que são indestrutíveis na sua poesia. 

Já estou descendo a ladeira da existência material, sem freio, mas essa velocidade é nada perante o cheiro azul do mar, o perfume das virgens ruivas, o orgasmo das rosas colombianas vermelhas, o triunfo da luz. De tanto ouvir o riso das crianças, de observar as rosas, de sentir os jasmineiros umedecendo as noites tórridas do trópico, e o cheiro do mar, de tanto montar a luz e sentir o cataclismo do primeiro beijo, e de ouvir o atrito da Terra no espaço, como música de Mozart, transcendi o tempo.

Masaharu Taniguchi disse que o mundo físico é apenas criação da mente; o segredo para entendermos isso está no iceberg da vida. Como bem observou o criador de O Velho e o Mar, Ernest Hemingway, o iceberg flutua com tanta elegância porque sete oitavos ficam submersos e somente um oitavo aparece fora d’água, o equivalente ao mundo físico, limitado pelo espaço e pelo tempo. Os sete oitavos dentro da água podem ser identificados como realidades múltiplas, universos multidimensionais, ou qualquer outra coisa que se aproxime do que rotulamos de realidade. E o que é realidade? Matéria? Sonho? Poesia? Gosto de pensar que realidade é o nada, o éter, algo que apenas flui, e que sou leão de asas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Por que a gasolina custa o olho da cara? A Petrobras continua aparelhada?

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 24 DE FEVEREIRO DE 2021 – A gasolina vendida no Brasil é uma das mais caras do mundo, devido à carga tributária: Cide, PIS, Cofins e ICMS, enumera o analista de energia e petróleo da Tendências Consultoria, Walter De Vitto. A isso, soma-se a falta de autossuficiência do Brasil no setor. O economista André Suriane também atribui o alto preço dos combustíveis ao monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e refino da gasolina, distribuição concentrada em poucas empresas e cartel dos postos. 

Segundo a Petrobras, o preço dos combustíveis na bomba é a soma de 31% dos custos de produção, 10% de impostos da União (Cide, PIS, Cofins), 28% de impostos estaduais (ICMS), 15% do etanol adicionado à gasolina e 16% da distribuição e revenda. 

Também o transporte rodoviário de diesel, gasolina e querosene contribui para aumentar o preço dos combustíveis, além de ampliar o risco de acidentes. Melhor seria ter refinarias espalhadas pelo país todo, um verdadeiro continente, e serem utilizados oleodutos. Ainda, aqui e ali, paira ameaça de greve dos caminhoneiros. 

Só reduzir impostos em um país depauperado por assalto permanente à burra e que de 2003 a 2016 quase foi à lona é uma coisa que os governadores dos estados não querem nem ouvir falar, porque estão falidos. Que tal, então, uma reforma tributária para valer e a privatização da Petrobras? 

Giovana Araújo, da consultoria MB Agro, fez uma observação interessante: os preços dos combustíveis no Brasil são regulados pela Petrobras, e numa lógica que os economistas não entendem, muito menos o mercado, pois fixam os preços com critérios próprios. Por que será? 

Mesmo com os combustíveis valendo os olhos da cara, a empresa quase vai para o brejo. Entre 2004 e 2012, a Petrobras sofreu um prejuízo de 6,194 bilhões de reais. Em 2014, o prejuízo foi de 21,587 bilhões de reais. Em 2015, foi de 34,8 bilhões de reais. A empresa estava cheia de ratos; atrevidos, furtavam até leite de mãe amamentando. 

Segundo a Operação Lava Jato, entre 2014 e 2017, a Petrobras acumulou mais de 70 bilhões de reais em prejuízo, devido a desvio de dinheiro. E atualmente? O candidato a presidente Jair Bolsonaro, mesmo segurando as tripas, depois de ter sido estripado com uma peixeira, disse que se saísse vivo e ganhasse as eleições promoveria uma limpa no país da qual não escaparia nem barata, quanto mais rato. 

Então, ainda há esquemas mafiosos dentro da Petrobras? Até onde Lula Rousseff (sic), e o PT, conseguiram aparelhar a empresa?

O presidente Jair Bolsonaro está prestes a descobrir. Sexta-feira 19, ele indicou para presidir a Petrobras, no lugar de Roberto Cunha Castello Branco, o general Joaquim Silva e Luna, ex-ministro da Defesa e atual diretor-geral da Itaipu Binacional, onde mostrou que é bom em pegar fabianos, lobos em pelo de cordeiro, comunistas disfarçados de democratas, que não querem o bem, mas os bens dos brasileiros.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos já nasce como um clássico da exumação do comunismo e do lulo-petismo

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 22 DE FEVEREIRO DE 2021 – Jorge Bessa, 66 anos, belenense, escritor, psicanalista, acupunturista formado em Medicina Tradicional Chinesa pela Escola Nacional de Acupuntura, graduado em Economia pela Universidade Federal do Pará, especialista em assuntos relacionados à atividade de inteligência e de planejamento estratégico, chefiou os Departamentos de Contra-Espionagem e de Contra-Terrorismo da antiga Secretaria de Inteligência da Presidência da República, atual Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pesquisador de assuntos metafísicos e espiritualistas, tentando estabelecer pontes entre ciência e espiritualidade, autor de 18 livros, alguns relacionados à atividade de inteligência de estado e outros ligados às áreas de saúde mental, poliglota, incluindo-se aí o russo, após longa e intensa pesquisa, publicou, em 2020, um dos mais cirúrgicos mergulhos no ventre da besta: Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos (Thesaurus Editora/Tagore Editora, Brasília, 2020, 444 páginas). 

Segundo ele, comunismo é o socialismo armado, até os dentes. Ou melhor, o estado armado, pois os trabalhadores ficam desarmados. Vários intelectuais embarcaram no comunismo, mas só continuaram inalando ópio os intelectoides. 

O comunismo começou a desmoronar juntamente com do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética. O sonho que seduziu grande parte dos intelectuais do Ocidente virou pesadelo, o maior dos fracassos políticos da humanidade, levando consigo pelo menos uma centena de milhões de mortos diretos, a maioria pela fome. Contudo, os arautos do comunismo estão sempre de plantão, prontos para enganar, iludir, prometendo o paraíso na Terra e promovendo o terrorismo intelectual contra seus desafetos, pois só assim, como nuvem de gafanhotos, podem chegar às tetas do estado inchado. 

No Brasil, os comunistas vêm tentando pousar desde o começo do século passado, mas foi a partir do Foro de São Paulo, do Partido dos Trabalhadores (PT) e de Luiz Inácio Lula da Silva que conseguiram dominar o país, mergulhando-o durante uma década e meia em uma bacanal de corrupção, com o furto de trilhões de reais da burra. 

“Essa guerra eu já conheço. Como já expliquei em outras obras, fui um combatente na Guerra Fria, uma guerra ideológica em que os dirigentes de diversos países, conhecedores dos resultados de se provar dos frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, preferiram evitar essa nova queda do homem e se juntaram a combater esse mal, a doutrina marxista-leninista que emanava da então poderosa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que se autointitulava A Pátria Mãe do Comunismo e que se arvorou em ser a condutora de revoluções comunistas por todo o mundo” – diz Bessa. 

“Não se sabe ao certo se o colapso do regime soviético se deu pela eficácia dos serviços de inteligência do Ocidente, pela debacle econômica ou pelo processo de autofagia interna que consumia a liderança daquele país. Aliás, justiça seja feita: os comunistas não devoram criancinhas; eles se devoram uns aos outros. O certo é que, ao final de 46 anos de Guerra Fria, os países capitalistas saíram vencedores, e parecia que o comunismo havia sido mortalmente ferido e perdido essa guerra.” 

Bessa disseca o comunismo desde a sua origem, na Revolução Francesa, passando pela Revolução Comunista na Rússia e atravessando o período da Guerra Fria, até chegar ao Foro de São Paulo, “organização que pretende realizar na América Latina aquilo que fracassou no Leste Europeu: o comunismo transvestido em socialismo do século XXI, socialismo bolivarianista, socialismo moreno, neocomunismo ou simplesmente socialismo petista”. 

“A exemplo da fênix grega, que ressurgia das próprias cinzas, ou da conhecida besta do apocalipse, que teve sua cabeça decepada e logo restaurada, o comunismo – que muito de seus defensores envergonhadamente preferem chamar simplesmente de socialismo, para se confundirem com os setores do socialismo não comunista revolucionário conhecido como Socialismo Fabiano – não morreu, como muitos pensam, e fincou suas garras em vários países, principalmente na América do Sul, onde seus adeptos modificam conceitos e ocultam intenções pouco democráticas para enganar os desavisados, utilizando-se, para isso, das armas que conhecem muito bem: a mentira, a hipocrisia, a subversão cultural, a distorção da realidade, tudo isso ampliado pelo poder hipnótico do marketing político, o ilusionismo que, sabiamente utilizado pelo magos da mentira, transformam mitômanos contumazes em gênios políticos, intoxicando o pensamento da nação e conquistando multidões de fanáticos. 

“Muitos intelectuais, ou pseudointelectuais, a quem denomino de intelectoides, em seus sonhos e devaneios, alguns até movidos por bons e sinceros desejos de melhoria para a sociedade, estão sempre dispostos a seguir líderes espertalhões, egoístas e sedentos de poder, que prometem que finalmente vão executar suas velhas, surradas e já derrotadas utopias, pois a coisa mais fácil é manipular gente sonhadora, mas sem os pés fincados na realidade, e a quem o líder comunista Vladimir Lenin chamava de Idiotas Úteis. 

“A grande massa da sociedade não sabe como é fácil empregar a hipnose coletiva, que hoje é realizada através da televisão e das redes sociais, e por meio dela conseguir dominá-la. Hitler fez isso com facilidade na Alemanha e levou seu país e seus compatriotas à destruição. Não sabe, também, como é fácil corromper a consciência e a alma dos políticos: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu ministro José Dirceu fizeram isso com grande maestria. 

“Os esquerdistas de hoje têm vergonha de assumir que defendem o regime que mais matou na história da humanidade e o fazem ou por conveniência política, por falta de caráter, ou por serem avessos aos estudos, a exemplo de Lula, que reiteradamente declara ser avesso a qualquer estudo. Em um arroubo de franqueza, em 1981, um ano depois de ter criado o PT e quando participava de uma entrevista no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, respondendo a uma provocação do teatrólogo Flávio Rangel, que lhe perguntou: – Você não está estudando nada? Você sente necessidade de estudar? Lula respondeu: – Primeiro, eu acho que eu sou muito preguiçoso. Até pra (sic) ler eu sou preguiçoso. Eu não gosto de ler, eu tenho preguiça de ler. Pelo hábito, isso é questão de hábito. Tem companheiro que passa um dia lendo um livro. Eu não consigo.”

Alicerçada na experiência do autor na área da informação e contrainformação e em incansável pesquisa bibliográfica, Marxismo: O Ópio dos Intelectoides Latino-Americanos nasce clássico, um livro a ser indicado a todos os estudantes e professores de História, Política, Economia e Jornalismo.

A fragrância da luz

Nasceu, no Planalto Central, sob o sol, o vento e as estrelas

Um arbusto, que cresceu ouvindo a música dos pássaros

E desabrochou em flores brancas como leite

Exalando tal fragrância a ponto de atrair todas as fadas

 

Entre as flores, havia uma de olhos negros, grandes e atentos

Que nasceu rindo e ria para tudo, para as borboletas e os pirilampos

E era tão graciosa e meiga que todo mundo parava ali só para vê-la

Deixando-se ficar na sua companhia e sentir o perfume que exalava

 

E a flor foi crescendo, desabrochando, de bebê se tornou criança

Adolescente e, finalmente, mulher, forte na sua delicadeza

Como os próprios sonhos, que a faziam voar como um anjo

 

Feliz por gerar uma flor tão especial naquele eterno jardim

O arbusto muniu-se de luz e na galáxia escreveu

Um nome, doce como as manhãs ensolaradas: Iasmim

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Só voltaremos à normalidade em 2023. O planeta passa por reforma nestes 2021 e 2022. Os ETs caminham ao nosso lado, nas ruas

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 21 DE FEVEREIRO DE 2021  O astrofísico e médium Laércio Fonseca sustenta no seu livro Projeto Terra que a vida em nosso planeta, e o próprio planeta, foram projetados por seres cósmicos, visando ao aprimoramento e à ampliação do espírito, de modo que esses seres superiores mantêm controle absoluto sobre a Humanidade, embora respeitem o livre arbítrio, sem o qual não haveria evolução. 

A Humanidade, desde seus primórdios, sempre esteve às voltas com pandemias. Aqui e ali uma pandemia leva a mudanças radicais de hábitos, relacionamentos humanos e pontos de vista. A Peste Negra ceifou metade da população mundial; a Gripe Espanhola, como outras pestes, levou outro tanto. Agora, o novo coronavírus, que vem matando a torto e a direita, pôs o planeta em quarentena. Astrólogos vêm apontando 2020 como um divisor de águas para a Humanidade. 

Em 2016, o astrólogo Boris Cristoff (1925-2017) previu para 2020 um acontecimento que sacudiria a Humanidade, com índices pavorosos de desencarnes e radicais mudanças políticas e econômicas mundiais. Também os astrólogos Henri-Joseph Gouchon (1898-1978), Andre Barbault (1921-2019) e a brasileira Celisa Beranger previram a mesma coisa. Mas previram também que a partir de 2023 começaremos o maior período de crescimento já experimentado pela Humanidade. 

Segundo o médium Chico Xavier, forças angélicas da Terra se reuniram em 20 de julho de 1969, data em que o homem pisou na lua, para deliberar sobre os terráqueos, ameaçados por uma terceira guerra mundial, atômica, seguida de cataclismos arrasadores. 

Jesus Cristo, que participava do conclave planetário, deliberou por uma moratória de 50 anos aos terráqueos, a iniciar-se naquela data, até 20 de julho de 2019. Desde 1969, a presença de discos-voadores e seres extraterrestres aumentou em todo o planeta. Estariam atentos para intervirem e evitarem a batalha final? 

Em 2020, explodiu a pandemia do novo coronavírus, desestruturando sociedades, levando à anomia e ao medo. Nos países com regime Fabiano, agentes, que se beneficiam do inchaço do Estado, aproveitam para tentar derrubar governos conservadores e instalar uma ditadura mais feroz. 

A reclusão forçada no lar, devido à quarentena, levou a ajustes de contas na família, a separações, assassinatos e suicídios. Agora, a vida é on-line mais do que nunca. Quem tem grana está se lixando se cai um temporal lá fora; basta ligar para o fast-food com entrega em domicílio e garantir a boia. Sabem que esta pandemia vai passar. 

Mas não será a última. Ela é apenas mais uma amostra de que a matéria é nada, como dizem os budistas; de que nossa estada neste planeta é apenas um pequeníssimo ciclo evolutivo na eternidade. Mostra que a luta encarniçada pelo poder e pela posse é própria dos espíritos mais baixos, mais animalizados. 

A morte, individual ou em massa, é uma certeza absoluta da Humanidade. Por que? Porque não somos daqui, da Terra. Por isso não ficaremos aqui. Quando os engenheiros siderais projetaram a Terra, não havia vivalma, aqui, e agora são 7,7 bilhões de almas. De onde vieram? De outros planos e orbes, para viverem a experiência da matéria, que é esta, feita de átomos. As naves dos ETs movem-se em velocidade quântica, passando de um plano, ou dimensão, para outro. O Universo é infinito e as raças que o habitam, inúmeras. Mas todos são espíritos. 

Em 2010, o físico teórico Stephen Hawking fez uma advertência: “Se os alienígenas nos visitarem, o resultado será parecido a quando Colombo desembarcou na América, o que não deu muito certo para os nativos americanos”. Os ETs sabem desde sempre da raça humana e da Terra, e, ao contrário do que sustentou Hawking, procuram nos proteger de nós mesmos. 

Quanto a discos-voadores, a Operação Prato, realizada pela Aeronáutica, no Pará, é a prova brasileira mais contundente da existência de ETs e Ovnis. E o sinal mais pungente de que as coisas vão mudar de água para vinho, como se diz, é justamente a presença de Ovnis nos céus do mundo.

Segundo Laércio Fonseca, os ETs estão entre nós desde sempre, inclusive ao nosso lado, caminhando, nas ruas. Em 2023, quem sabe aconteça uma prova mais convincente.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Como se precaver e combater a covid-19 segundo a Medicina Tradicional Chinesa e a fitoterapia

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 19 DE FEVEREIRO DE 2021 – A palavra latina vírus significa veneno, toxina. Trata-se de animais tão pequenos que só podem ser vistos em microscópios eletrônicos, mas são semelhantes aos submarinos preparados para guerra nuclear. Agentes infecciosos, desestabilizam totalmente o corpo até matá-lo. Parasitas intracelulares, não são considerados seres vivos, mas mortos-vivos, como os vampiros da ficção. Fora das células ficam inertes, mas, dentro, viram o diabo. Quando entram em uma célula se multiplicam de forma inacreditável. Há centenas de milhares de tipos de vírus. 

Esses vampiros começaram a ser descobertos em meados do século XIX, quando Louis Pasteur propôs a teoria de que todas as doenças são causadas e propagadas por algum “tipo de vida diminuta”, que se multiplica em escala no organismo doente e contamina outros organismos. Mas, ao pesquisar a raiva, Pasteur não conseguiu ver o agente da doença, concluindo que se tratava de algo tão pequeno que nem ao microscópio podia ser observado. Em 1898, o microbiologista Martinus Beijerinck chamou ao animal que não podia ser visto de vírus. Mas só em 1931, com a invenção do microscópio eletrônico, pelos engenheiros Ernst Ruska e Max Knoll, é que se pode ver que diabo era aquilo. 

Quando as células do organismo parasitado são atacadas por vírus, o sistema de defesa produz anticorpos específicos para combater o invasor, identificando-os, já que os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Assim, quando o mesmo tipo de vírus invade o organismo novamente, a memória imunológica é acionada e o exército dos soldados do sistema imune atacam os vírus. Este, é o princípio da vacina, produzida a partir de vírus inativados ou atenuados, ou de proteínas virais, sem força para atacar o organismo, mas identificados pelo sistema imune. Introduzida em um indivíduo, a vacina estimula a resposta imunológica preventiva. 

O vírus da covid-19, do inglês: coronavirus disease 2019, doença por coronavírus, provoca a síndrome respiratória aguda grave 2, Sars-CoV-2. Seus sintomas mais comuns são febre, tosse seca e cansaço; mas há outros sintomas, menos comuns: dores musculares, de garganta, de cabeça, congestão nasal, conjuntivite, perda do olfato e do paladar, erupções cutâneas, dor ou pressão no peito, dedos com tom azul e perturbações na fala e no movimento. Somente cerca de 15% das vítimas sente falta de ar e necessita de ventilação assistida em ambiente hospitalar, pois essa sintomatologia pode evoluir para pneumonia, insuficiência respiratória, septicemia, falência de órgãos e morte. 

A doença pode ser transmitida por meio de gotículas produzidas nas vias respiratórias das pessoas infectadas em contato com pessoas sadias. Os sintomas podem se manifestar entre 2 a 14 dias, ou não; podem ser casos assintomáticos. O diagnóstico é feito com base nos sintomas e exame clínico de muco ou de sangue. Idosos e portadores de doenças crônicas graves são o grupo de risco. 

Para se precaver, além de vacina, criada recentemente e produzida a toque de caixa, deve-se usar álcool 70 em superfícies que se está manuseando e máscara cirúrgica, evitar expor-se em aglomerações, lavar as mãos com a frequência necessária, evitar contacto próximo com outras pessoas e evitar tocar o rosto com as mãos. Antibióticos são inúteis contra vírus. 

O Sars-CoV-2 foi identificado pela primeira vez em seres humanos em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, China. Até hoje, 19 de fevereiro de 2021, já morreram 2.441 084 pessoas em todo o mundo. 

E a Medicina Tradicional Chinesa, o que tem a dizer sobre a covid-19? Além de jornalista, sou também terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa. Em atendimento a pessoas com sintomas de covid-19 e a pacientes que já tiveram a doença levei em consideração que o Qi – ou energia – pestilento da covid-19 ataca sobretudo os pulmões, atingindo, aos poucos, todos os órgãos, levando ao colapso do organismo. 

Assim, com as agulhas, fiz a limpeza do meridiano do pulmão, introduzindo agulha no P1 do lado esquerdo e no P11 do lado direito; 20 minutos após a inserção da última agulha da sessão, retirei primeiramente o P11 e depois o P1. Utilizei mais o P3, o VG20 e o Yintang, para abrir os orifícios da mente e facilitar o contato com os mentores espirituais; VB 31 e 32, para aumentar a imunidade; tonifiquei o baço, que produz e tonifica o sangue, governa os músculos e estimula a sentimentos nobres; desopilei o fígado; e limpei a garganta. Os pacientes experimentaram alívio imediato das sensações agudas, como dor de cabeça, por exemplo. 

Para manter o corpo tonificado, receitei três cápsulas de 500 miligramas de açafrão, ou cúrcuma, ao dia, após as refeições, durante um mês. No caso de continuarem a tomar esse fitoterápico recomendei fazer pausa de uma semana a cada mês, para não estimular a dependência do organismo. 

O açafrão é utilizado há mais de 4 mil anos no Oriente, tanto na Medicina Ayurvédica, da Índia, como na Medicina Tradicional Chinesa. Trata-se do mais potente anti-inflamatório encontrado em a natureza. Inúmeros estudos científicos comprovam que açafrão combate até Alzheimer, depressão, esclerose múltipla e o temível câncer, pois a ação antioxidante da curcumina protege as células de radicais livres que podem danificar o DNA celular, origem de células cancerígenas, e ajuda o corpo a destruir células cancerosas desgarradas, evitando a metástase. 

Além disso, a curcumina inibe a síntese de proteínas que atuam na formação do tumor, evitando a angiogênese, a formação de novos vasos sanguíneos sob medida para alimentar as células cancerígenas no tumor em crescimento. A única contraindicação à cúrcuma é para quem esteja tomando medicamento para afinar o sangue, como quando após infarto; o açafrão afina ainda mais o sangue, gerando facilmente hemorragias. 

Porém, o recurso mais eficiente contra o vampiro virótico é a serenidade da mente, que garante um exército imunológico capaz de neutralizar até os submarinos atômicos viróticos mais letais. Mas como alcançar e manter a mente serena? Não pense no mal nem diga palavras que maltratam e matam; seja útil; e medite, entrando em contato com seus mentores espirituais. É difícil? O que é fácil?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Legalização do jogo pode bancar o Auxílio Emergencial e o Bolsa Família. Falta mobilização no setor turístico e mais empenho do governo

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 17 DE FEVEREIRO DE 2021 – Ainda este mês, o senador Angelo Coronel (PSD/BA) apresentará seu relatório, favorável, do projeto de lei do senador Roberto Rocha (PSDB/MA), que propõe a legalização de cassinos no país, além do jogo do bicho, bingo e caça-níqueis, o que gerará uma arrecadação em torno de 50 bilhões de reais por ano para os cofres públicos, dinheiro suficiente para bancar, por exemplo, o Auxílio Emergencial e o Bolsa Família. 

Para que a coisa ande, só está faltando mobilização e campanha dos empresários do setor turístico e mais empenho do governo federal e mais diálogo com o Congresso Nacional. 

A clandestinidade do jogo no Brasil é uma idiotice que já passou dos limites. Joga-se no planeta desde o início da História, há cerca de cinco mil anos, entre povos como os sumérios e os egípcios. No Império Romano, os dados rolavam o tempo todo; foram os romanos que introduziram os jogos de azar na Europa toda, via Terceira Cruzada. Na China, já havia carteado no século 9 e na Europa cinco séculos depois. 

Quanto às loterias, também os primeiros registros são da China, na Dinastia Han, entre 205 e 187 aC. Na Europa, as primeiras loterias começaram no Império Romano. Pôquer e roleta são mais recentes, do século 19. 

O jogo de azar é praticado em todos os países civilizados do planeta, como, por exemplo, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é hoje o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. 

Os mais de 100 cassinos de Las Vegas faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados. 

No Brasil, os cassinos surgiram após a independência, em 1822, até 1917, no governo Venceslau Brás. Getúlio Vargas voltou a legalizá-los em 1934, até 1946, proibidos agora pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, até hoje. 

Dona Santinha, Carmela Leite Dutra, esposa do presidente Gaspar Dutra, era beata e exercia forte influência sobre o marido. Para ela, jogo era coisa do capeta. Dutra cedeu e de um momento para o outro arrasou uma das indústrias que mais faziam o país prosperar, jogando no desemprego mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva, em 70 cassinos espalhados pelo país. 

Para o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (ILJ), professor do curso de pós-graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Candido Mendes (Ucam/RJ), editor do BNLData e jornalista especializado em loterias e apostas Magno José Santos de Sousa, “a clandestinidade não anula a prática”. 

Com efeito, o Brasil, hoje, é um dos países onde mais se joga no mundo, dia e noite, como uma gigantesca lavanderia. Quando o jogo foi criminalizado, as máfias riram para as paredes. Calcula-se que o jogo clandestino no Brasil movimente atualmente cerca de 5 bilhões de dólares por ano. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, sem pagar nenhum centavo de imposto e sem gerar empregos formais. 

Estudo do IJL/BNLData indica que o mercado de jogos no Brasil tem potencial de arrecadar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, isso, sem somar investimentos e geração de empregos na implementação das casas de apostas. Calcula-se que a legalização do jogo gerará mais de 658 mil empregos diretos e mais de 619 mil indiretos. 

O senador Angelo Coronel declarou à Agência Senado que “a geração de recursos da tributação de jogos poderia ampliar o alcance do Bolsa Família de 14 milhões de famílias para 22 milhões, ainda aumentando o valor médio recebido de 200 para 300 reais”. 

O argumento da oposição ao jogo é inacreditável. Os donos da moralidade acham que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública, prejudicar ações de combate à corrupção e ampliar a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. 

Seria cômico se não fosse sério. Tudo isso está acontecendo com o jogo na clandestinidade! É a clandestinidade do jogo que alimenta a corrupção, propina e chantagem política. Por isso é que a legalização do jogo é inadiável e irreversível.

“Ninguém acredita em mim quando eu digo que cassinos são proibidos no Brasil ou pensam que estou brincando! Investidores em todo o mundo acompanham ansiosamente a legalização e regulamentação dos jogos no Brasil – disse, em entrevista à Tribuna da Imprensa Livre, a executiva da Clarion Events, Liliana Costa. “Com exceção dos países muçulmanos, praticamente todos os países do mundo possuem os jogos de sorte e azar presenciais legalizados.”

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

O Copacabana Palace, que começa 2021 com novo gerente geral, voltará a ter cassino?

Copacabana Palace: o mais emblemático hotel do Brasil

RAY CUNHA 

Ulisses Marreiros é o novo comandante

BRASÍLIA, 8 DE FEVEREIRO DE 2021 – Um dos ícones do Rio de Janeiro, o Belmond Copacabana Palace, começa 2021 com novo gerente geral, o português Ulisses Marreiros, que tem mais de 20 anos de estrada na hotelaria internacional, como diretor geral do Belmond La Residencia, em Maiorca, Espanha, desde 2013; diretor geral do Belmond Reid´s Palace, na Madeira; e trabalhou em hotéis e resorts de luxo nas Maldivas, Índico, e em Portugal. Entra no lugar de Andrea Natal, que deixou o cargo em novembro do ano passado, após 18 anos comandando o hotel. 

É uma grande responsabilidade. O Copacabana é lendário, e é uma das joias do Rio. Mas pelos seu currículo, além da experiência, não será difícil para Ulisses comandar o ícone da hotelaria carioca. Ele é formado em gestão hoteleira pela Universidade do Algarve e fez vários cursos de liderança e gestão na Harvard Business School, Cornell University e Bocconi University, em Milão. Além disso, é do ramo mesmo: é apaixonado por gastronomia, e, de quebra, por esportes de ação. Mais: poliglota, Ulisses fala inglês, espanhol, italiano e alemão, além de português. 

O Copacabana fica no Posto 3 da Avenida Atlântica, construída em 1906, bordejando a praia mais famosa do Brasil, Copacabana. Com 239 apartamentos e suítes, o prédio principal e o anexo abarcam 11 mil metros quadrados. Virou celebridade por hospedar celebridades internacionais, por apresentar artistas famosos, pelos seus eventos disputadíssimos pela elite e por ser cenário de filmes. 

Em dezembro de 2018, o grupo Moët Hennessy Louis Vuitton SE (LVMH), holding francesa formado pelas grupos Moët et Chandon, Hennessy e Louis Vuitton, comprou o Copacabana e demais hotéis da rede Belmond por 3,2 bilhões de dólares, algo em torno de 12 bilhões de reais. Além do Copacabana são mais 25 hotéis de luxo. 

O Copacabana foi construído por Octávio Guinle e Francisco Castro Silva, entre 1919 e 1923, atendendo ao presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), que queria um hotel que fizesse justiça ao Rio de Janeiro, visando hospedar os mais ilustres visitantes que viriam para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, evento realizado na esplanada do Castelo, em 1922. 

Em troca, o governo federal concederia incentivos fiscais e licença para um cassino, exigência de Octávio Guinle, que adquiriu um terreno na Avenida Atlântica, alargada em 1919 pelo engenheiro Paulo de Frontin. 

Para projetar o hotel, foi contratado o arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou no Negresco, em Nice, e no Carlton, em Cannes, na Riviera Francesa. O engenheiro da obra, César Melo e Cunha, utilizou mármore de Carrara e cristais da Boêmia em larga escala. 

Mas o hotel só foi inaugurado em 13 de agosto de 1923, após quase um ano da Exposição do Centenário, devido às dificuldades na importação de mármores e cristais e na execução das suas fundações, com 14 metros de profundidade, e, em 1922, uma ressaca causou danos ao prédio. Inaugurado, foi o primeiro grande edifício em Copacabana, cercado apenas por casas e mansões. 

Em 1924, devido ao atraso na execução do projeto, o presidente Artur Bernardes (1922-1926) tentou cassar a licença do cassino, mas após dez anos de disputa Guinle ganhou a causa na Justiça. Em 1934, o hotel ganhou uma piscina, projeto do engenheiro César Melo e Cunha, ampliada em 1949.

Mas em abril de 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) proibiu o jogo no país, pondo na rua cerca de 40 mil trabalhadores. O cassino virou casa de espetáculo e o hotel passou por reforma, a cargo do arquiteto Wladimir Alves de Sousa, ganhando mais dois pavimentos e o anexo nos fundos, inaugurado em 1949.

Em 1960, com a transferência da capital para Brasília, o Copacabana entrou em decadência, e, em 1985, planejou-se sua demolição. Mas isso não se concretizou, e houve uma reviravolta. O prédio foi tombado nas esferas federal (Iphan), estadual (Inepec) e municipal (Sedrepahc). Em 1989, José Eduardo Guinle o vendeu para o grupo Orient-Express, hoje, Belmond, que, sem descaracterizá-lo, modernizou o prédio todo. 

Em 1956, o Copacabana ganhou um vizinho, o Edifício Chopin, em estilo modernista, projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon, e onde são realizadas as mais memoráveis festas da high society carioca. 

Além da beleza arquitetônica e do charme da história do Copacabana, ele é situado no bairro mais icônico do país e um dos mais conhecidos do planeta, a Princesinha do Mar, ou Coração da Zona Sul, onde acontece um dos mais famosos e disputados réveillons do mundo, reunindo mais de 2 milhões de pessoas de todo os quadrantes do planeta. 

Provavelmente do quíchua inca “lugar luminoso”, ou “praia ou mirante azul”, ou do aimará boliviano “vista do lago”, Copacabana é uma cidade às margens do Lago Titicaca, fundada sobre antigo sítio de culto inca a uma divindade chamada Kopakawana, protetora do casamento e da fertilidade. 

Diz a lenda que depois da chegada dos espanhóis à Copacabana boliviana, Nossa Senhora teria aparecido no local para Francisco Tito Yupanqui, jovem pescador, que teria esculpido uma imagem da santa, conhecida como Nossa Senhora de Copacabana. 

No século XVII, comerciantes bolivianos e peruanos de prata levaram uma réplica da imagem para a praia carioca, então chamada de Sacopenapã, do tupi “caminho de socós”, e, sobre um rochedo, construíram uma capela em homenagem à santa, demolida e no seu lugar construído o Forte de Copacabana, entre em 1908 e 1914. 

No fim do século XIX, a praia passou por uma limpeza e começou a ser procurada por famílias abastadas, e com o advento dos bondes e a abertura de túneis ligando a praia ao centro do Rio, Copacabana começou a ser frequentada pela população. O Túnel Velho, que atravessa o Morro de Vila Rica, foi inaugurado em 6 de julho de 1892, pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, atual Light, ligando Copacabana a Botafogo. 

Foi nesse cenário que o jogo de azar, braço da indústria turística presente em todos os países civilizados do mundo, floresceu até 74 anos atrás, proibido em 30 de abril de 1946 pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, influenciado pela sua esposa, Carmela Teles Leite Dutra, devota da Igreja Católica, sob o argumento de que era degradante. 

A última roleta girou no Brasil no cassino do Copacabana Palace, naquela fatídica data. Havia então no Brasil cerca de 70 cassinos e 40 mil trabalhadores na indústria do jogo. Sobre o jogo, há algumas verdades que devem ser ditas, com urgência. 

1 – A clandestinidade do jogo de azar leva a potencialização do crime organizado, já que essa atividade corre à margem do Estado, que, assim, corre solta, sem fiscalização, sem deveres legais e sem contribuir com sequer um centavo para com o orçamento do país. 

2 – Um dos países onde mais se joga no mundo é o Brasil, movimentando cerca de 5 bilhões de dólares por ano, sem fiscalização e sem pagar nenhum centavo de imposto, nem gerar emprego formal. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, segundo estudo do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL)/BNLData. 

3 – Também de acordo com o IJL/BNLData, o mercado de jogos no Brasil tem potencial de faturar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, isso, sem somar investimentos e geração de empregos na implementação das casas de apostas. E geraria mais de 658 mil empregos diretos e 619 mil empregos indiretos. 

4 – O jogo de azar é praticado em muitos países, como, por exemplo, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é hoje o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos, e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. Os mais de 100 cassinos de Las Vegas faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados. Quando o jogo foi proibido no Brasil, em 1946, havia 70 cassinos espalhados pelo país empregando mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva; era, então, a indústria que mais fazia o país prosperar. 

5 – Para o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), professor do curso de pós-graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Candido Mendes (Ucam/RJ), editor do BNLData e jornalista especializado em loterias e apostas Magno José Santos de Sousa o Brasil se submete a uma das legislações mais atrasadas do mundo para o setor, e adverte: “A clandestinidade não anula a prática”. 

6 – Contratada pelo portal BNLData/Instituto Brasileiro Jogo Legal, a Paraná Pesquisas consultou 238 deputados federais, em maio de 2019, com a pergunta: “O Sr. (a) é a favor ou contra a legalização de todos os jogos de azar no Brasil, ou seja, a legalização de cassinos, jogo do bicho, casas de bingo, vídeo-jogo e jogo online?” Resultado: 52,1% dos deputados federais manifestaram-se favoráveis à legalização dos cassinos, jogo do bicho, bingos, vídeo-jogo e jogo online; 40,8% foram contrários; e 7,1% não responderam. 

7 – Pesquisa realizada pela Global Views on Vices, em 2019, estima que no mundo 70% da população são favoráveis aos jogos de azar e 25% não. Aqui, 66% dos brasileiros são favoráveis ao jogo, contra 25%. 

8 – Argumento da oposição ao jogo acha que a legalização dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública e prejudicar ações de combate à corrupção, aumentando lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. Ora, tudo isso ocorre agora, precisamente por causa da clandestinidade do jogo de azar, alimentando a corrupção, propina e chantagem. 

9 – Somente no Senado há quatro propostas de legalização do jogo, a mais adiantada delas pronta para ser votada em Plenário, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 186/2014, do senador Ciro Nogueira (PP/PI), que autoriza a exploração de “jogos de fortuna” on-line ou presenciais em todo o território nacional, incluindo o jogo do bicho, videobingo e videojogo, bingos, cassinos em complexos integrados de lazer, cassinos on-line e apostas esportivas e não esportivas. Os demais são o PLS 2.648/2019 do senador Roberto Rocha (PSDB/MA); PLS 4.495/2020, do senador Irajá (PSD/TO); e o PLS 595/2015, do ex-senador Donizetti Nogueira, que seguem na mesma linha do PLS do senador Ciro Nogueira. 

10 – Por todas essas razões, a clandestinidade do jogo de azar é um equívoco que já dura 74 anos. A legalização do jogo de azar é inadiável e irreversível. 

O Congresso Nacional deverá aprovar a legalização do jogo este ano. Já está tudo pronto para isso.


Com informações da Wikipédia

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Um dos maiores destinos turísticos da Amazônia, a ilha do Marajó só precisa de uma hidrovia e uma base de lançamento de foguete

Nem só de búfalos vive o Marajó. Que tal uma
base de 
lançamento de foguetes, ministro 
da
Infraestrutura, 
Tarcísio Gomes de Freitas? 

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 5 DE FEVEREIRO DE 2021 O arquipélago do Marajó, no estado do Pará, Amazônia Oriental, derrama-se abaixo da Linha Imaginária do Equador, emergindo das águas do maior rio do mundo, o Amazonas, a norte e oeste; do rio Pará, ao sul; e do oceano Atlântico, a leste. É impossível dizer com precisão quantas ilhas o integram, pois há sempre novas ilhas nascendo ou sucumbindo na ditadura das águas. Contudo, registram-se 1.200 ilhas, a maior delas, Marajó, do tamanho da Suíça, a maior ilha na costa do Brasil e do planeta em águas salobras. 

No Mapa Múndi, Marajó se destaca maior do que a Jamaica, Porto Rico ou Trinidad e Tobago, no Caribe, ou do que a Córsega, na França mediterrânea, ou a ilha de Creta, no mesmo mar europeu-africano. O arquipélago é rico. Suas praias atlânticas são deslumbrantes; seus açaizais, imensos; seu rebanho bubalino, o maior do Brasil; sua cerâmica, exportada para o mundo inteiro, via Icoaraci, ou Vila Sorriso, bairro de Belém; sua produção de pescados faz do Pará o maior produtor de peixes do país; e o genial romancista Dalcídio Jurandir nasceu no município marajoara de Ponta de Pedras. 

Mas neste arquipélago paradisíaco curumins morrem devorados por verme, ameba, giárdia, malária; crianças são estupradas dentro de carros enquanto balsas cruzam os rios, e no interior de embarcações, silenciadas no seu sofrimento, por comida; ratos d’água atacam casas de ribeirinhos, roubam e estupram as mulheres; e contrabandistas pilham sítios arqueológicos e traficam para a Europa a cerâmica mais famosa do Brasil. 

Quando as embarcações se aproximam, meninas partem em grupo em canoas e remam em direção a balsas, barcos e navios. É lançada uma corda para ajudar as “balseiras”, como são chamadas, a subir às embarcações, onde tentam vender produtos agrícolas. Mas os homens geralmente estão interessados em outra coisa, e as estupram a troco de pacotes de biscoito, leite em pó ou condensado, ou óleo diesel. Disso, todo mundo sabe, inclusive pesquisadores acadêmicos e, é claro, o Estado. 

Em declaração ao jornal Beira Rio, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a pesquisadora Monique Loma explicou que as famílias não veem isso como exploração sexual, mas como “uma oportunidade para eles; além de gerar renda, os pais olham para a prática como uma chance de as meninas se casarem com algum marinheiro e terem uma chance melhor na cidade”. E revela: “Quando contamos à família o que está acontecendo, o que essa atitude gera, percebemos que eles não tinham noção sobre a legislação ou sobre os Direitos da Criança e do Adolescente. Jamais poderiam fazer uma ocorrência, pelo simples fato de aquilo ser o cotidiano deles, não um crime”.

Então, o choque: “Foi uma surpresa ver que, para elas, aquilo era brincadeira. Algumas afirmaram estar procurando o príncipe encantado. A naturalidade com que elas falavam de tudo foi um choque. Como eu poderia falar de violência sexual, de exploração, se elas nunca tinham ouvido esses termos?” 

Os governos federal e do Pará estiveram, sempre, de costas para o paraíso. Para se desenvolver, o Marajó precisa de energia elétrica firme e da Hidrovia do Marajó. Há uma terceira linha de desenvolvimento, esta, mais arrojada, porém absolutamente viável: uma base de lançamento de foguete no cabo Maguari, município de Soure. 

O cabo Maguari talvez seja o melhor ponto do planeta para o lançamento de foguetes, pois está situado praticamente na Linha Imaginária do Equador, ponto de rotação mais veloz da Terra, o que impulsiona o lançamento de foguetes, e defronte para o oceano Atlântico, área de escape por excelência em caso de acidente, além de afastado de aglomerações humanas, diferentemente das duas bases brasileiras de lançamento de foguetes: o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, em Natal/RN, e o Centro de Lançamento de Alcântara/MA, ambos na Região Nordeste. 

Tanto um quanto o outro vem sendo estrangulado, o do Rio Grande do Norte por especulação imobiliária e o do Maranhão por questões fundiárias, referentes a demarcações de terras quilombolas. 

A cidade de Soure fica a 80 quilômetros de Belém, a capital do Pará, este, o estado mais emblemático da Amazônia, pois encerra amostras de todo o Trópico Úmido. Componentes, e até foguetes, mesmo, e satélites, poderiam ser fabricados no Distrito Industrial de Barcarena, com energia hidroelétrica da usina de Tucuruí, e serem transportados de balsa, do Porto de Vila do Conde, o maior do Pará, para Soure, e, de lá, para o cabo Maguari. 

Atualmente, o PIB francês é ampliado por três foguetes lançados na base espacial em Kourou, no meio da selva, no Departamento Ultramarino francês, a Guiana Francesa: Ariane, Soyuz e Vega. O maior deles, o Ariane 5, foi criado em 1996, levando para o espaço alguns dos maiores satélites de telecomunicações e meteorologia do planeta. O projeto do Ariane 6, foguete de 62 metros de altura, desenvolvido para lançar espaçonaves ainda maiores do que as transportadas pelo Ariane 5, tem orçamento de 2,4 bilhões de euros, dinheiro dos países da Agência Espacial Europeia (ESA), mais barato e eficiente do que o Ariane 5. Cada lançamento do Ariane custa em torno de 100 milhões de dólares. 

Mas já surgiu uma nova geração, como a da SpaceX, Space Exploration Technologies, do bilionário Elon Musk, que pode fazer a mesma coisa que o Ariane 5 dezenas de milhões de dólares mais barato. Os dois primeiros foguetes da empresa são os Falcon 1 e Falcon 9, homenagem à Millennium Falcon, de Star Wars, e sua primeira nave espacial é a Dragon, em homenagem ao filme Puff the Magic Dragon, tudo isso concretizado em apenas sete anos. Em setembro de 2008, o Falcon 1 fez história: tornou-se o primeiro foguete privado a colocar um satélite na órbita terrestre, e, em 25 de maio de 2012, a Dragon ancorou na Estação Espacial Internacional, tornando-se a primeira empresa privada a fazer isso. Mas este artigo é sobre a Hidrovia do Marajó. 

Se a região conta com beleza estonteante, vista em profundidade mergulha no ventre da besta. Daí porque a Hidrovia do Marajó é fundamental para o desenvolvimento do arquipélago e do vizinho estado do Amapá, já que encurtará pela metade a distância entre Belém, a mais importante cidade da Amazônia, considerando a história da região e o aspecto geográfico, e Macapá, capital do Amapá, que mantém intenso comércio com os belenenses. 

Tem um porém! Em 1998, o Ministério Público Federal entrou com ação civil pública embargando a obra, apesar de ser, então, considerada como a única possibilidade de reverter o secular isolamento e empobrecimento da região, e apesar de a obra ser tão simples: abrir um canal ligando os rios Atuá e Anajás. Acontece que encontraram um sítio arqueológico durante a elaboração do relatório de meio ambiente da hidrovia. 

Segundo o Departamento de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi, os primeiros grupos ceramistas chegaram ao Marajó há 3 mil anos antes de Cristo, vindos do Caribe e da Colômbia, descendo a costa paraense até o rio Gurupi, que divide o Pará do Maranhão. Na ilha, construíram, habitaram e utilizaram, como cemitério, tesos (aterros) e sambaquis (aterros de conchas), e produziram peças de cerâmica e utensílios de pedra, osso e concha. 

Foram identificadas cinco ocupações sucessivas no Marajó. A primeira, conhecida como Ananatuba, habitou a costa norte, entre 1100 e 200 antes de Cristo; a segunda, Mangueiras, conquistou e assimilou a anterior, entre 1000 antes de Cristo e 100 depois de Cristo, convergindo para o centro da ilha; a terceira, Formiga, que habitou a região do lago Arari, viveu de 100 a 400 - sua cerâmica era inferior a dos grupos anteriores; e a cultura Marajoara ocupou a ilha de 400 até 1350, também na região do lago Arari; seguiu-se a cultura Aruã, único grupo existente no Marajó quando da chegada dos portugueses, que, a partir de 1500, dizimaram o gentio. 

No século XVIII, descobriu-se a cerâmica marajoara, da mais complexa das culturas que habitaram a grande ilha. Os pesquisadores Mário F. Simões e Fernanda Araújo-Costa identificaram 45 sítios arqueológicos na ilha do Marajó. O mais famoso, visitado e explorado continuamente há mais de um século, é o sítio-cemitério Pacoval, da fase Marajoara, situado na praia leste do lago Arari, acima da boca do igarapé das Almas. 

O Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, possui um acervo de cerâmica marajoara inigualável. Em Icoaraci, subúrbio de Belém, produz-se imitação de cerâmica marajoara em escala. Turistas de todo o mundo aparecem por lá para comprar e ver como se faz a cerâmica. Há vasos de todos os tamanhos e preços; alguns, belíssimos. 

Um sítio arqueológico! E daí? O rio Anajás vem sendo poluído por óleo e graxa de embarcações que trafegam na área e há devastação da floresta e dos açaizais para a extração de palmito na região. A hidrovia acabaria com esses problemas, pois facilitaria a fiscalização das embarcações e das atividades madeireiras e de coletores de palmito. A facilidade de acesso que a hidrovia proporcionaria permitiria também a implementação ininterrupta das campanhas de saúde junto às comunidades na parte central do arquipélago, varrido pela malária. Mas há o sítio arqueológico! 

Em entrevista a este repórter, em 2008, o deputado federal Nilson Pinto (PSDB/PA), doutor em geofísica, ex-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou: “A Hidrovia do Marajó é uma obra de infraestrutura fundamental para o estado do Pará, promovendo a ligação mais eficiente entre Belém e Macapá, passando pelo centro da ilha do Marajó e economizando horas de viagem. Essa obra, que é simplíssima, enfrenta percalços por falta de conhecimento, pelo excesso de zelo gerado pelo desconhecimento de algumas autoridades. O Ministério Público entende que a obra criaria problemas ambientais e tem procurado impedir de todas as formas que seja realizada, e tem conseguido isso, até agora. Há excesso de zelo de um lado e desconhecimento de causa por outro lado. Tem-se apenas de construir um canal de 32 quilômetros, numa região plana, desabitada, sem, absolutamente, nenhum tipo de problema que possa surgir com a construção do canal. A obra se resume, praticamente, na construção do canal. 

“Para quem acha que isso é algo portentoso e agressivo ao meio ambiente, eu recomendo que faça uma visita, in loco, ou pela internet, ao canal Reno-Danúbio, na Alemanha, concluído há várias décadas e que liga a bacia do rio Reno à bacia do rio Danúbio. O Reno deságua no Mar do Norte. O rio Danúbio deságua no Mar Negro. Assim, os alemães ligaram o Mar do Norte ao Mar Negro. Trata-se de um canal de 171 quilômetros de extensão, com 66 eclusas, com desníveis fantásticos, tudo em plena operação, no coração da Alemanha, avançando por terras que têm toda uma história pretérita, que vem do tempo do Império Romano, passando por preciosidades arqueológicas e pelo coração de um país que tem um amor pela questão ambiental fantástico. A obra foi feita no meio da Alemanha e não gerou absolutamente nenhuma reclamação, no país que mais cuida do meio ambiente no mundo. 

“Para fazer uma obra cinco vezes menor, de impacto ambiental mil vezes menor, na ilha do Marajó, nós temos um problema terrível com o Ministério Público. Eu não acredito que seja por conhecimento de causa, o que mostraria que essa obra não causará praticamente nenhum impacto ambiental. Acredito, sim, que é desconhecimento de quem acha que vai preservar a Amazônia impedindo que as pessoas que nela moram de ter melhores condições de sobrevivência. É um enorme equívoco do Ministério Público, que não tem competência técnica para opinar e está exorbitando da sua função. Deveriam se basear nos trabalhos dos órgãos técnicos competentes nessa área e não emitir pareceres apenas para defender uma posição aparentemente de defesa da Amazônia, do meio ambiente, mas que, na verdade, é uma posição absolutamente retrógrada, que nada tem a ver com desenvolvimento sustentável.

“O Ministério Público se arvora o direito de defender uma causa que não é de ninguém, mas causa de um ou outro visionário que resolveu fazer de uma questão pequena algo grandioso, não sei com que finalidade. O caso está na Justiça, que tem de se basear naquilo que é correto do ponto de vista do aproveitamento das nossas hidrovias, dos rios, que são as vias naturais que temos para deslocamento na Amazônia; tem que se basear na verdade extraída da competência técnica das instituições amazônicas, para poder dar a decisão. Não podemos ficar com uma visão unilateral emperrando o desenvolvimento da região, a melhoria da qualidade de vida da população. O Ministério Público precisa se reciclar. A minha sugestão é que o pessoal do Ministério Público estude mais. Não basta trabalhar com a visão ideológica. Aliás, o Ministério Público não existe para trabalhar com visão ideológica. Ele tem de trabalhar pelo interesse da sociedade, dentro da visão legal. 

“Há um claro exagero por parte dos ambientalistas. É necessário para qualquer obra importante, em qualquer lugar e, principalmente, na Amazônia, que se tomem os cuidados para se evitar impactos ambientais de porte. Isso é necessário e existe conhecimento técnico em várias instâncias, neste país, para assessorar a realização de uma obra sempre que isso é necessário. O que nós não podemos aceitar é a visão da redoma. Somos frontalmente contra a visão preservacionista que vê apenas a floresta e esquece as pessoas que moram na floresta, uma posição absolutamente atrasada” – argumentou Nilson Pinto. 

Segundo o marajoara ex-senador Mário Couto (PSDB/PA), candidato a prefeito de Belém, em declaração feita ainda no governo tucano de Simão Jatene (2003-2006), “o Ministério Público Federal já recebeu mais de 50 quilos de documentos da parte do governo do Pará, mostrando que os impactos ambientais da hidrovia serão mínimos, comparados aos impactos positivos que ela proporcionará; as medidas mitigadoras e ações compensatórias, já detalhadas em farta documentação, superam qualquer dano que a obra possa causar”. 

O projeto da Hidrovia do Marajó é fruto de convênio celebrado entre os governos estadual e federal, com contrapartida de 50%. Segundo relatório da Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental (Ahimor), “já foram realizados todos os estudos técnicos e ambientais (EIA/Rima) para a dragagem de 32 quilômetros do canal destinado a perenizar a interligação das bacias dos rios Atuá e Anajás, interligação já existente pela própria natureza, mas durante somente seis meses de cheia”. 

A construção da hidrovia consiste na dragagem de 9 milhões de metros cúbicos entre os rios Atuá e Anajás, a fim de garantir a navegação na época da seca, de comboios com até 2.800 toneladas de capacidade de carga em quatro chatas, de Belém a Macapá, vice-versa. Segundo o projeto, a hidrovia atravessará pelo meio o arquipélago no sentido sudeste-noroeste, levando novas oportunidades de emprego e de renda para a população local e facilitando o escoamento da produção de todo o Marajó. Os 580 quilômetros que hoje separam Belém de Macapá, porque a ilha do Marajó tem de ser contornada, diminuirão para 432 quilômetros pelo meio da ilha. Haverá uma redução de 148 quilômetros entre a capital do Pará e a capital do Amapá. 

A proximidade da hidrovia com o porto de Santana, na zona metropolitana de Macapá, possibilitará que produtos paraenses, como, por exemplo, açaí, piramutaba, cerâmica de Icoaraci e minérios cheguem aos Estados Unidos, Europa e Japão com redução de custo. 

“Além disso, a obra vai permitir acesso aos diversos recursos naturais da região marajoara, modernização do seu parque agropecuário e suprimento dos mercados consumidores de Belém e Macapá, viabilizando a criação de bacias leiteiras e estimulando a piscicultura” – observa ainda o relatório da Ahimor, alinhando ainda, entre os impactos sócio-econômicos, o desenvolvimento do turismo flúvio-ecológico e a integração nacional do Marajó e do Amapá por meio da Hidrovia Araguaia-Tocantins, outra obra da maior importância para a Amazônia. 

Como já foi dito, a Secretaria Executiva de Transportes do Pará e a Ahimor cumpriram todas as exigências legais, tais como elaboração de EIA/Rima e realização de audiências públicas. Em setembro de 1998, a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio-Ambiente do Pará concedeu a licença ambiental para instalação da obra, que foi renovada anualmente, até 2002. Acontece que, por força da ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, até hoje o projeto da hidrovia não conseguiu sair do papel e a consequência disso é que a população do Marajó sofre os efeitos devastadores de doenças infecto-contagiosas, principalmente malária, de erradicação remota diante da dificuldade de acesso para a implementação de ações necessárias para debelar a doença. 

O governo do estado e o Ministério dos Transportes chegaram a tomar todas as providências para o início das obras, inclusive a avaliação das terras localizadas nos municípios de Anajás e Muaná, feita por técnicos do Instituto de Terras do Pará (Iterpa). Procuradores do estado foram ao encontro dos comunitários para fazer o pagamento das indenizações no próprio local. Um convênio para distribuição do material lenhoso também foi celebrado com as prefeituras de Anajás e Muaná. Além disso, um plano de saúde foi elaborado para atender a área de influência da futura hidrovia. O plano envolve a construção de ambulatórios, proteção aos operários que trabalharão na obra e imunização contra doenças endêmicas. O fato é que está tudo pronto para que a obra seja realizada. Só depende do Ministério Público Federal.

A Hidrovia do Marajó só sairá do papel se os governos federal, do Pará e do Amapá se unirem para valer por essa causa, levando-a ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, atualmente, decide tudo no país, e não somente questões constitucionais. E depois os parlamentares do Pará e do Amapá no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas dos dois estados, comprometidos com o desenvolvimento da região, podem sair a campo e coletar assinaturas para entrarem no Congresso com um projeto popular que crie exceção em prol do desenvolvimento da Amazônia. No Congresso Nacional, quando uma bancada se une em torno de um projeto, pode qualquer coisa.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Descoberto rio equivalente ao Amazonas a 4 mil metros de profundidade. Leia em JAMBU, pelo clubedeautores.com.br e amazon.com.br

Edição da amazon.com.br
RAY CUNHA

clubedeautores.com.br
BRASÍLIA, 3 DE FEVEREIRO DE 2021 – A trama do romance ensaístico JAMBU (clubedeautores.com.br e amazon.com.br, 190 páginas), deste jornalista, desenrola-se durante o Festival de Gastronomia do Pará e Amapá, no monumental Hotel Caranã, em Macapá/AP, cidade situada na esquina do rio Amazonas com a Linha Imaginária do Equador, onde se ouve merengue e, nas tórridas noites de julho, o perfume dos jasmineiros inebria até a alma.

Enquanto nos salões do Hotel Caranã são servidos pratos da mais saborosa culinária do planeta, a paraense, o oceanógrafo, arqueólogo, taxidermista e jornalista João do Bailique, editor da revista Trópico Úmido, e sua esposa, a chefe de cozinha e oceanógrafa Danielle Silvestre Castro, dona do Hotel Caranã, estão à caça do traficante de crianças e de grude de gurijuba Jules Adolphe Lunier.

João do Bailique trabalha uma edição especial sobre a Hileia, além de investigar o tráfico de crianças e mulheres para escravidão sexual, enquanto, no mesmo plano de ação, como no cinema, quando se alinha numa sequência o primeiro e o segundo planos, a Amazônia profunda está presente, completamente nua, e a Bacia Amazônia se espraia em vários planos, inclusive o espiritual e o dos extra terrestres e objetos voadores não identificados.

É essa nudez que torna JAMBU um trabalho também ensaístico. Personagens de ficção convivem com pessoas reais, mortas e vivas, como, por exemplo, o filósofo japonês Masaharu Taniguchi; o escritor, astrofísico e médium Laércio Fonseca; o escritor, psicanalista e acupunturista Jorge Bessa; a cantora lírica Marina Monarcha; o compositor belenense Waldemar Henrique; e o pintor genial Olivar Cunha, para citar alguns.

Essas personagens, fictícias ou reais, transitam nas ruas da cidade mais emblemática da Amazônia, onde índios, negros, descendentes de europeus, mulatos, mamelucos e cafuzos se amalgamam em um cadinho étnico, línguístico e culinário.

E como a paisagem do romance é a Amazônia nua, seus mistérios vão se revelando, desde a trágica luta intestina entre colonos e colonizados aos tesouros sem preço que o Trópico Úmido guarda nas suas vísceras, um deles, a água. Um dos veios desse tesouro é o rio Hamza. Segue trecho de JAMBU.

“Santarém é a maior cidade do Baixo Amazonas, no oeste do Pará, à margem direita do rio Tapajós, de águas cristalinas, com mais de 100 quilômetros de praias, e que desemboca no Amazonas na frente da cidade, conhecida também como Pérola do Tapajós, fundada em 22 de junho de 1661. Suas praias são famosas, especialmente na vila de Alter do Chão, a 40 quilômetros do centro de Santarém, e que, segundo o jornal inglês The Guardian, é a praia de água doce mais bonita do mundo, palco de uma manifestação folclórica, a Festa do Sairé, que atrai, em setembro, mais de 100 mil turistas. O termo Santarém é uma homenagem à cidade portuguesa homônima, situada numa região vinícola, e remete a uma espécie de uva, mas pode também derivar de Santa Irene, mártir cristã de Portugal.

“Em 1626, Pedro Teixeira, fundador de Belém, frei Cristóvão, 26 soldados e uma grande quantidade de índios, exploravam o rio Amazonas quando encontraram uma aldeia na foz do rio Tapajós, e atracaram ali. Os espanhóis já haviam feito contato com aqueles índios. De lá, Pedro Teixeira subiu o Tapajós, deixando aos jesuítas a incumbência da fundação de uma aldeia naquele lugar, onde o padre Antônio Vieira esteve, em 1659. Em 22 de junho de 1661, o padre João Felipe Bettendorff deu o nome para a localidade de Aldeia dos Tapajós, e construiu a capela de Nossa Senhora da Conceição.

“Em 1697, os portugueses construíram ali uma fortaleza, e em 14 de março de 1758, a Aldeia dos Tapajós foi elevada, pelo governador da Província do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, à categoria de Vila de Santarém, que, em 24 de outubro de 1848, foi elevada à categoria de cidade. Hoje, o Porto de Santarém possui capacidade de receber navios de até 16 metros de calado. Além de aeroporto, a cidade conta ainda com a rodovia Santarém-Cuiabá, a BR-163, de 1.865 quilômetros.

“Mas a grande riqueza da cidade é o Aquífero Alter do Chão. Localizado sob os estados do Pará, Amapá e Amazonas, é o maior do planeta, com 86,4 trilhões de metros cúbicos, ou 86 mil quilômetros cúbicos de água, contra 45 mil quilômetros cúbicos do Aquífero Guarani, no subsolo do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, medindo 1,2 milhão de quilômetros quadrados.

“E tem o rio Hamza” – pensou Bailique. Esse rio subterrâneo foi descoberto pelo pesquisador Valiya Hamza, após análise de 241 poços de petróleo desativados da Petrobrás, perfurados entre 1970 e 1980, fruto do trabalho de doutorado da pesquisadora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, coordenado por Hamza. O trabalho dá conta de que existe uma grande movimentação de água a 4 mil metros sob a superfície de oeste para leste sob a bacia do rio Solimões-Amazonas e a ilha de Marajó, desaguando no oceano Atlântico, sob a foz do rio Amazonas, com vazão de 3.090 metros cúbicos por segundo, 40 vezes menor que a do Amazonas.

“O aquífero ainda é um mistério, mas os pesquisadores afirmam que sua nascente fica no estado do Acre e percorre 6 mil quilômetros até o Atlântico, com a distância entre uma margem e outra de 200 a 400 quilômetros. Foi constatada uma grande movimentação de água a 4 mil metros abaixo da superfície de oeste para leste sob as bacias do rio Solimões/Amazonas e a ilha de Marajó, desaguando nas profundezas do oceano Atlântico, sob a foz do rio Amazonas.

“Para alguns pesquisadores, o Hamza, que começou a ser formado no Cretáceo, há 135 milhões de anos, é um aquífero; mas não para Valiya Hamza. “Não é um aquífero, que é uma reserva de água sem movimentação. Nós percebemos movimentação de água, ainda que lenta, pelos sedimentos. A velocidade de curso do Hamza é menor também, porque o fluxo de água tem que vencer as rochas existentes há 4 mil metros de profundidade. Enquanto o Amazonas corre a 2 metros por segundo, a velocidade do fluxo subterrâneo é de 100 metros por ano. Contudo, ainda vamos determinar a velocidade exata do curso da água” – afirmou ao jornal O Globo.

“Alimentado pela infiltração das águas dos rios da bacia amazônica e das chuvas, suas águas correm por via subterrânea a uma velocidade de 10 a 100 metros por ano. Apesar de ser um rio subterrâneo, sua vazão é maior que a do rio São Francisco, no Sudeste e Nordeste. Enquanto o Hamza tem vazão de 3,1 mil metros cúbicos por segundo, a do rio São Francisco é 2,7 mil metros cúbicos por segundo. Estima-se que o Hamza contenha pelo menos 160 trilhões de metros cúbicos de água, 3,5 vezes maior que o Aquífero Guarani, ou mais de 80% de toda a água da Amazônia. Já a água dos rios amazônicos representa apenas 8% do sistema hidrológico da região, o mesmo percentual das águas atmosféricas da Hileia.”

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