O jornalista José Aparecido Ribeiro acende a lanterna de Diógenes
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 1 DE JULHO
DE 2025 – Em agosto de 2011, José Aparecido Ribeiro, jornalista, editor do
Blog Conexão Minas, bacharel em Turismo, licenciado em Filosofia e MBA em
Marketing, com pós-graduação em Gestão de Recurso de Defesa, sugeriu, em
artigo, que cidadãos em todo o país mantivessem os faróis dos seus carros
acesos durante o dia como protesto contra a corrupção.
– Os paulistanos querem mobilizar um milhão de cidadãos
usando a internet para uma passeata na Avenida Paulista contra a corrupção. A
ideia é excelente e louvável, especialmente para uma cidade que consegue
mobilizar dois milhões de gays ou de religiosos em passeatas gigantescas. Porém,
a indignação não é só dos paulistanos, mas dos brasileiros de todos os cantos,
níveis sociais, sexo, religiões, cores e gêneros, de norte a sul e de leste a
oeste. Então, ao invés de um milhão, vamos mobilizar 78 milhões de cidadãos em
um simples gesto: vamos acender os faróis dos carros no Brasil todo e mostrar
que o país está indignado com a corrupção e com o modelo eleitoral que faliu e
só atende aos oportunistas. Acenda os faróis do seu carro durante o dia e passe
essa ideia para frente em uma corrente pela ética e pela decência na política –
conclamou.
Essa ideia é mais atual do que nunca. Já imaginaram 123,9
milhões de carros com os faróis acesos durante o dia em declarada manifestação
contra a corrupção que assola o país? Nunca tivemos arrecadação de impostos tão
alta, bem como déficits orçamentários tão estratosféricos. Para onde esse
dinheiro vai? O que estão fazendo com o dinheiro dos brasileiros? Até os
aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foram assaltados e as
estatais estão cada vez mais atoladas.
– Comece agora mesmo e faça a sua parte. Em breve o país
inteiro vai estar aceso cobrando atitudes dos políticos de um modo nunca antes
visto. Se a imprensa quiser, uma revolução pode ser provocada no Brasil, com
criatividade e eficácia, através de um gesto simples, o de acender os faróis
dos carros, silenciosamente – dizia José Aparecido Ribeiro, em 2011, para quem “o
tamanho da corrupção é proporcional ao da letargia do povo”. – Nunca na
história deste país a imprensa prestou tantos serviços, cumprindo a sua missão
ao retratar a realidade nos bastidores do poder, trazendo à tona o lamaçal que
virou a política. Parece um novelo e, quanto mais puxamos, mais absurdos são
revelados em um ciclo que está longe de ter fim.
Observava o jornalista mineiro, em 2011: “Escândalos se
sucedem todas as semanas e nada é capaz de tirar o povo do sono profundo em que
ele se encontra. Casa Civil, Transporte, Turismo, Agricultura… E qual será o
próximo? O modelo eleitoral faliu, os partidos são agremiações de aluguel que
trocam até a mãe por cargos no governo. Não existe oposição capaz de mobilizar
a sociedade para uma reação à altura. Triste realidade”.
Nada mudou. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
– A Sociedade prefere o espetáculo midiático, não quer ou
finge não ver o que está explícito debaixo do seu nariz. Parece entender
inconscientemente que ela é a responsável por tudo isso ao não fazer o bom uso
do voto. Como juiz da democracia, o povo colhe o resultado das suas escolhas,
ao preço de um rombo incalculável nos cofres públicos e contrapartida perto de
zero. Impostos nas alturas e serviços precários em quase tudo – escreveu José
Aparecido Ribeiro, em 2011.
– O fato é que não tem como ficar alheio ao que se passa.
Por mais ignorante que seja, o cidadão lê jornais, revistas, ouve rádio ou
assiste a programação da TV aberta. E o noticiário traz uma grade farta de denúncias
e escândalos que mudam apenas de endereço em um espetáculo que nos faz lembrar a
Roma dos Césares. A mesma do “pão e do circo”… Diante deste cenário sombrio e
da passividade, a sugestão para os que ainda não perderam a capacidade de se indignar
e não sabem o que fazer é que acendam os faróis dos carros em protesto. Acender
os faróis e mantê-los acesos durante o dia, até que alguma coisa aconteça para
tirar o povo da letargia…
A ideia de José Aparecido Ribeiro remete ao filósofo grego Diógenes
de Sinope, que viveu no século IV a.C. Ele andava pelas ruas de Atenas, durante
o dia, com uma lanterna acesa, procurando um homem honesto. A busca do filósofo
continua representando um ato de esperança.
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