sexta-feira, 13 de junho de 2025

O diabo mora nos detalhes

O OLHO DO TOURO na edição da amazon.com: sequência
da trilogia que começou com O CLUBE DOS ONIPOTENTES.
O terceiro volume será publicado no ano eleitoral de 2026 

MARCOS MACHADO*

Por vezes, a verdade política se insinua com mais precisão pela ficção do que pelos noticiários. O OLHO DO TOURO, de Ray Cunha, é uma dessas obras raras que, ao se valer de personagens fictícios fortemente inspirados em figuras reais, pinta com tintas vivas os bastidores da política nacional, não com panfletarismo ou caricatura, mas com minúcia, ritmo e inteligência. É um romance que prova o velho ditado: o diabo mora nos detalhes.

A força da obra reside justamente nesse olhar atento aos pequenos vestígios que escapam aos desatentos. Um olhar torto, um gesto fora de tempo, uma escolha de palavras mal calculada, e toda uma arquitetura de mentira desmorona. É nesse ponto que a trama se ergue: como uma rede de intrigas políticas, onde a vaidade, a corrupção, o jogo de poder e as alianças escusas não são o pano de fundo, mas o próprio enredo. Cada detalhe é uma chave, e cada chave abre portas que o leitor talvez preferisse manter trancadas.

Ray Cunha traça um retrato firme e dinâmico da política brasileira contemporânea, jogando luz sobre os bastidores, os conchavos e as conspirações que moldam não apenas governos, mas também a percepção pública. Em meio a esse emaranhado, o autor constrói uma narrativa que não cede ao maniqueísmo barato, mas que sabe reconhecer — ao final — a necessidade moral do triunfo do bem sobre o mal, e o faz com naturalidade, sem didatismo nem soluções mágicas.

O OLHO DO TOURO é, também, uma alegoria sobre vigilância, sobre o olhar que tudo vê, que tudo grava, que tudo deduz. A metáfora do “olho” que observa, detecta e denuncia, é uma ode à inteligência e à sensibilidade, atributos muitas vezes deixados de lado em narrativas políticas. Aqui, eles são protagonistas invisíveis.

O romance acerta ao unir ação, análise política e psicologia dos personagens, num equilíbrio que evita tanto o sensacionalismo quanto a frieza. O leitor se vê envolvido por uma trama que, ainda que ficcional, ressoa com a história recente do Brasil, e talvez por isso, seja tão inquietante quanto real.

Ao final, como todo bom thriller político, o mal é desmascarado, mas mais do que isso: O Olho do Touro mostra que, na política como na vida, não é o barulho que denuncia a verdade, mas o sussurro. E que o menor dos detalhes — um simples olho fora do lugar — pode revelar a mais profunda das fraudes.

Em um tempo de narrativas rasas e análises apressadas, a obra de Ray Cunha se impõe como leitura necessária. Um lembrete literário de que, na arte de compreender o poder, os pequenos vestígios são, muitas vezes, as únicas pistas confiáveis.

O OLHO DO TOURO pode ser adquirido no Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com

*Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, cientista político ocasional autoproclamado, analista sensorial, enófilo, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira

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