segunda-feira, 9 de junho de 2025

A quinta dimensão

DE TÃO AZUL SANGRA em capa da edição da amazon.com.br

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 9 DE JUNHO DE 2025 – Na física clássica, dimensão é um espaço matemático delimitado pelo número de parâmetros necessários para identificar um ponto nesse espaço. A reta, por exemplo, precisa de uma coordenada apenas para localizarmos, nela, um determinado ponto; por conseguinte, tem uma só dimensão. Já uma superfície plana cilíndrica tem duas dimensões porque sua estrutura precisa de duas coordenadas para localizarmos, nela, um ponto – por exemplo, uma latitude e uma longitude. E uma esfera é tridimensional porque são necessárias três coordenadas para se localizar, nela, um ponto.

A teoria da relatividade geral, de Albert Einstein, propõe uma geometria quadridimensional, o espaço-tempo. Tempo depende de duas coordenadas dentro das três dimensões conhecidas: posição do observador e movimento. Para um observador na Terra o aparente movimento do Sol gera dia e noite, mas para um observador na Lua o dia e noite terráqueo não existe.

Assim, dentro do tempo, uma pessoa pode se mover em uma realidade de três dimensões: para frente, para trás e para os lados, e de cima para baixo ou de baixo para cima. Alguém que viva em uma dimensão não pode ver quem vive em dimensões superiores e quem vive na quarta dimensão pode ver quem vive nas dimensões inferiores.

A dimensão pode também ser percebida indiretamente. Por exemplo, uma pintura clássica. É plana, mas a perspectiva em que ela é apresentada permite que o cérebro a perceba em profundidade. Da mesma forma, objetos apresentados na quarta dimensão podem ser sugeridos, como no cubismo e no expressionismo, por exemplo, em trabalhos de Pablo Picasso e Marcel Duchamp. Porque os grandes artistas vivem na quinta dimensão. Sem isso, não poderiam criar mundos na quarta dimensão.

As três dimensões estão ligadas à matéria, que é energia em estado denso. A quarta dimensão seria um ponto subjetivo, o do observador. E a quinta dimensão? Se não é matéria, o que seria? É também matéria, mas matéria em estado quântico. Matéria enquanto elétron. Pensamento?

Fisicamente, pensamento é vibração emitida no espaço. Logo, é mente em ação. A mente é, basicamente, a consciência, ou espírito, que é a centelha básica da vida, e propriedades da realidade humana: sentimentos evocados por emoções, cultura, imaginação, intelecto, memória, vícios, doenças e os acontecimentos terrenos do dia a dia.

A realidade está na mente. Se assim é, então a matéria se adensa por meio da mente. Por exemplo: raças superiores, os chamados ETs, adensam seus óvnis, ou discos voadores, por meio da mente de inteligência artificial, computadores quânticos com os quais a raça humana nem sonha. Mas o homem pesquisa e já construiu computadores quânticos, ainda rudimentares.

Por hora, as pessoas estão mais preocupadas em acumular dinheiro, mesmo que seja roubando, buscam o poder de controlar os outros, de escravizar, perseguem o prazer, tentam desesperadamente preencher o vazio, mas a matéria tem mais vazio, muito mais, do que massa.

O pensamento pode se manifestar como palavra, ou verbo, daí porque a palavra tem poder de criação. Mas de onde vem o pensamento, a palavra? Vem da mente. Não confundir mente com cérebro. O cérebro é apenas um órgão biológico, um chip. Funciona com memórias, abastecidas pela experiência. Se ele adoece, funcionará mal. Se é saudável e rico em memórias, a consciência que o habita sentirá a plenitude material.

Cérebros doentes ou experiências ruins geram o que conhecemos como ansiedade, que são narrativas, falácias, captadas no espaço-tempo, na quarta dimensão. As falácias são, assim, pensamentos defeituosos. A ansiedade se caracteriza por criar um futuro incerto. Pessoas sem senso crítico são as maiores vítimas da ansiedade. Os maiores vetores do senso crítico são a filosofia e a ciência; em termos práticos, são leitura, pesquisa, observação, leitura e mais leitura. É o que nos guinda à quinta dimensão.

Quanto ao futuro, podemos, no máximo, planejá-lo, e o planejamos agora, pois o futuro não existe. Nem o passado. Com relação ao passado, ele é fundamental, pois nos proporciona experiência, sabedoria. E só. Experiências ruins só servem como orientação para alinhar a nossa caminhada. Devemos esquecer as experiências ruins, apagá-las da nossa mente, queimar a ponte que leva a elas, pois se voltarmos a ela sentiremos as mesmas emoções ruins, o mesmo desequilíbrio emocional, a mesma dor.

Em suma, a quinta dimensão transcende a matéria, pois conta com todo o conhecimento das quatro dimensões. Outra evidência da quinta dimensão é o da criação, que é a missão dos artistas, bem como as descobertas dos cientistas. Ainda: liberdade seria viver na quinta dimensão em relação à quarta dimensão, porque liberdade é transcendência.

E como sintonizar com a transcendência? Não nos apegando a nada, não procurando controlar a vida de ninguém e anular o ego. E como fazer isso? Meditando, ou seja, conversando conosco mesmo dentro da mente, ou melhor, orando. Toda palavra, pensada ou dita, é oração. Fazendo o bem; por exemplo, trabalhos voluntários que beneficiam a sociedade. Não prejudicar o próximo, não roubando, não corrompendo, não escravizando, não humilhando.

Liberdade é montar a luz, aspirar o perfume dos jasmineiros, sentir o cheiro do mar, mergulhar na beleza da rosa.

Por que escreves? – pergunta-me o jornalista. 

– Para viver – respondo. – Pois só com as palavras desnudo a luz e voo até o fim do mundo. Por isso, escrevo granadas intensas como buracos negros e garimpo o verbo como o primeiro beijo. Escrevo porque escrever traz aos meus sentidos cheiro de maresia, Dom Pérignon, safra de 1954, o labirinto do púbis no abismo do acme, mulher nua como rosa vermelha desabrochando. 

Haverá obra de arte mais emocionante do que mulher muito linda? Sim, nua! Cheirando a púbis! E mais bela do que isso? Grávida! Amamentando! Mais belo só crianças rindo! Luz se eternizando!

DE TÃO AZUL SANGRA pode ser adquirido nas livrarias virtuais do Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com

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