segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Haverá O Protetor 4? A máfia no Brasil

Lula na Lava Jato. Sergio Moro o prendeu e o STF o soltou

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 9 DE OUTUBRO DE 2013 – O diretor Antoine Fuqua declarou que está disposto a dirigir O Protetor 4, desde que o ator Denzel Washington também esteja também disposto. O Protetor: Capítulo Final, ora em cartaz nos cinemas, é o terceiro filme da franquia. Fuqua dirigiu os três; o primeiro, em 2014. 

– Acredito que o terceiro filme é o fim. Nós dois conversamos sobre isso dessa maneira. Mas nunca se sabe. Denzel está em forma. Ele está treinando todos os dias. Se você o visse agora, você ficaria surpreso. Ele está realmente saudável. Sim, depende dele. Obviamente, se ele queria fazer outro, eu também faria – Fuqua declarou à Entertainment Weekly. 

– Não quero dizer que ele encontrou a felicidade e não quero entregar tudo, mas ele conhece alguém adorável, está em uma cidade adorável e parece estar em paz. Esse parece ser um bom lugar para parar. Eu não sabia que haveria três (filmes). Definitivamente não sabia disso quando fizemos o primeiro. Eu não sabia como isso terminaria – disse Denzel Washington à Empire, dando a entender que Robert McCall vai se aposentar realmente, desta vez. 

No Capítulo Final, Robert McCall vai ao sul da Itália em uma missão pessoal e, levado pelas circunstâncias, acaba se afeiçoando à pequena cidade onde se encontra, quando descobre que ali todos estão sob o controle da máfia. Não dá outra. Não sobra um mafioso para contar a história. 

Na trilogia, Denzel Washington encarna o agente secreto aposentado Robert McCall, que se torna justiceiro. Como tal, é uma máquina de matar. Os enredos dos três filmes nada têm de extraordinário. O deste último é do trio Richard Wenk, Michael Sloan e Richard Lindheim. Meio arrastado. Mas Denzel Washington é um dos melhores atores de Hollywood. Isso, aliado à cuidadosa produção da trilogia, fez de O Protetor um sucesso. E só. 

Não é como, por exemplo, John Wick. Nos quatro filmes da franquia, a partir do universo do assassino aposentado e da própria personagem, fascinante, encarnada por Keanu Reeves, dá para criar um mundo de histórias. 

Certa vez comecei a fazer um curso de italiano e a professora, uma senhora espirituosa e viajada, me perguntou por que eu queria aprender italiano. Talvez ela tenha feito essa pergunta a mim porque a turma tinha mais adolescentes e eu era um dos poucos velhotes em sala. Ela completou a pergunta comentando que a Itália, apesar de ser uma botinha no Mediterrâneo, tinha seis máfias, além do que o italiano tem mais grego do que latim. 

Concordei com ela, mas lhe disse que ninguém deveria morrer sem antes conhecer a Itália. Ela entendeu. Os roteiristas e Fuqua exploraram isso. 

As máfias italianas são: Ndrangheta, Camorra, Cosa Nostra, Stidda, Sacra Corona Unita, Bando della Magliana e uma sétima, Máfia Capital. A Ndrangheta, um verdadeiro sindicato do crime organizado, remonta ao século XVIII. É considerada a mais poderosa do mundo. McCall se mete com a Camorra, que fatura 5 bilhões de dólares por ano, principalmente com o tráfico de drogas. 

Contando com cerca de 110 famílias operacionais e 7 mil afiliados, também opera com agiotagem, extorsão, contrabando de cigarros e de carne, fraude, jogo clandestino, prostituição, tráfico de pessoas e taxa de proteção. Já estaria operando no Brasil? 

Máfia é um sindicato do crime organizado, secreto, regido pelo silêncio e extrema violência. É raro identificar um chefão. Procuram se infiltrar nas instituições do Estado, principalmente nos meios políticos, mas, às vezes, seus chefes são os próprios. 

De acordo com o acadêmico Diego Gambetta , a palavra “máfia” é oriunda do siciliano “mafiusu”, por sua vez do árabe “mahyas”, que significa “orgulho”, ou “marfud”,  “rejeitado”. No século XIX, significava uma pessoa orgulhosa e destemida. O etnógrafo siciliano Giuseppe Pitrè afirma que a associação da palavra máfia com o crime ocorreu em 1863, na peça I mafiusi di la Vicaria (O Belo Povo da Vicaria), de Giuseppe Rizzotto e Gaetano Mosca, que trata sobre gangs na prisão de Palermo. A palavra “máfia” foi utilizada pela primeira vez, oficialmente, em 1865, em um relatório do prefeito de Palermo, Filippo Antonio Gualterio. 

Esse tipo de organização surgiu no sul da Itália, na Idade Média, quando pequenos proprietários de terras eram explorados por senhores feudais. Assim, criaram um sistema de cotização para se armarem e sabotarem as terras dos senhores feudais. Quem não pagasse tinha o próprio gado e as plantações arrasados. Era a proteção forçada, método que se espalhou para todo o planeta. 

De modo que foi da Itália que o termo máfia passou a caracterizar o crime organizado, como a máfia russa, a máfia japonesa (Yakuza), o Primeiro Comando da Capital etc. 

A trilogia O Poderoso Chefão, dirigido por Francis Ford Coppola, baseada no livro homônimo de Mario Puzo, mostra o crescimento da máfia, a Cosa Nostra, nos Estados Unidos. A trama do último filme da série se passa em torno da lavagem de dinheiro por meio da associação com uma imobiliária, envolvendo injeção de centenas de milhões de dólares no Banco do Vaticano. 

Em meados dos anos 1980, a máfia italiana conseguiu aparelhar o poder público. Aí o Estado criou a Operação Mãos Limpas e centenas de mafiosos foram presos e condenados, apesar dos 24 juízes e promotores assassinados durante o processo. 

No Brasil, que tem 53 facções, como são chamadas as máfias locais, o então juiz Sergio Moro, hoje senador, fez uma Operação Mãos Limpas, a Lava Jato, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) soltou todo mundo e Moro quase é assassinado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), sediado em São Paulo/SP e presente em 24 estados e no Distrito Federal.

O Amapá, meu estado natal, está nas mãos do PCC, Comando Vermelho, Família Terror do Amapá e União do Crime do Amapá. O Setentrião se tornou um corredor do narcotráfico.

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