terça-feira, 26 de outubro de 2021

Daniel Craig tem agora todo o tempo para viver

Daniel Craig e Léa Seydoux, inimagináveis como um
casal comum, ele lavando pratos e ela engordando

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 26 DE OUTUBRO DE 2021 – Nunca um ator emprestou tanto charme a uma personagem complexa como o 007 James Bond quanto o ator inglês Daniel Craig, nos cinco filmes que estrelou encarnando o agente secreto do MI6. Na vigésima quinta sequência da saga, 007 – Sem Tempo Para Morrer (2h43), pronta desde 7 de março de 2020 e só agora em cartaz, devido à pandemia, a franquia produziu cinema na medida para Craig, que se aposenta da personagem ainda jovem, com saúde, celebridade, dinheiro e todo o tempo para viver. 

Os filmes com 007 foram baseados em histórias independentes umas das outras, mas nos cinco filmes com Craig houve uma sequência, com ligação entre os vilões. 

Em 2005, a Universal decidiu substituir Pierce Brosnan por Daniel Craig no papel de James Bond. Quando os cinéfilos da série souberam, choveu crítica contra Craig, principalmente porque o consideraram baixinho, 1,78. Mas Craig começou com o pé direito: em Casino Royale (2006) baseado no livro em que Iam Fleming cria o agente, e com direção de Martin Campbell, que já tinha dirigido 007 Contra GoldenEye. Em Casino Royale, Craig estoura uma organização terrorista. 

Já nesse primeiro filme com Craig o agente começa a se humanizar; apaixona-se por Vesper Lynd (Eva Green), funcionária do Tesouro do MI6. Essa característica, sentimental, atravessa os cinco filmes com Craig. Isso é a tragédia, pois um agente como 007 não deve se apaixonar, considerando que seu trabalho é perigoso, e violento, capaz de varrer do mapa Bond e tudo o que está muito perto dele, literalmente. 

Voltando a Casino Royale, Bond decide se aposentar para viver com Vesper, mas descobre que há outro homem na vida dela e em dívida com a organização criminosa que Bond estourou. Vesper furta dinheiro de Bond para quitar a dívida do namorado e do próprio ex-agente, mas, na transação, morre. Bond retorna à ativa para chegar ao chefão da quadrilha, Mr. White. 

Segue-se Quantum Of Solace (2008), que começa com Bond levando Mr. White para ser interrogado e descobrindo que a organização da qual ele faz parte se chama Quantum. Mr. White foge. Bond descobre um agente da Quantum no Haiti, envolvido com um golpe de estado na Bolívia. 007 estoura também a Quantum e descobre o namorado de Vesper na Rússia, e que é agente da Quantum. 

A terceira participação de Craig foi em Skyfall (2012). Ao tentar recuperar um vídeo comprometedor, Bond é baleado e considerado morto, aproveitando isso para se aposentar novamente. O vídeo é divulgado, revelando a identidade de agentes secretos no mundo todo. Bond decide então retornar ao MI6 para capturar o responsável, um ex-agente do MI6, Silva, que virou ciberterrorista. Pega Silva, mas isso fazia parte do plano insuspeito do terrorista. 

O penúltimo filme com Craig foi Spectre (2015), que teve a participação da estonteante francesa Léa Seydoux, na pele da psiquiatra Madeleine Swann. Bond está prestes a descobrir uma organização criminosa relacionada a Mr. White e à Quantum, que é parte de algo maior, a Spectre, liderada por Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz), e descobre que Blofeld estava por trás de tudo o que aconteceu com ele, desde Vesper, mas descobre também Madeleine, por quem se apaixona e parte para sua terceira aposentadoria. 

James Bond e Madeleine Swann são inimagináveis como um casal comum, ele lavando pratos e ela engordando.

Um parêntese: a bond girl cubana Ana de Armas dá um show à parte. Ela e Léa Seydoux são uma bomba de sensualidade. 

Só que em Sem Tempo Para Morrer Bond descobre segredos envolvendo Madeleine e é chamado de volta à ativa para combater o sinistro vilão Lyusifer Safin (Rami Malek), detentor de uma tecnologia perigosíssima, com a qual ameaça todo o planeta. Sem Tempo Para Morrer conta com elenco de primeira categoria, roteiro impecável de Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga e Phoebe Waller-Bridge, trilha sonora primorosa e direção de Cary Fukunaga. 

Ian Fleming (1908-1964) foi um militar, jornalista e escritor britânico. Seus livros já venderam mais de 100 milhões de exemplares. Quando Bond foi criado por Fleming, em 1953, no romance Casino Royale, os leitores adoraram. Em 1962, com O Satânico Dr. No, encarnado pelo escocês Sean Connery, o agente ganhou os cinemas. Fleming tirou o nome James Bond do autor do livro favorito de sua esposa, Birds of the West Indies, sobre ornitologia, e escreveu doze livros e dois contos protagonizados por Bond. Após sua morte, em 1964, Kingsley Amis e Raymond Benson, entre outros, deram sequência a livros protagonizados pelo agente secreto mais famoso de todos os tempos. 

Bond, segundo Fleming, é alto (nos padrões ingleses), moreno, caucasiano, de olhar penetrante, atlético, viril, sedutor, elegante, com idade entre 33 e 40 anos, gosta de vodka-martini batido (não mexido), é perito em artes marciais, pode meter uma bala no buraco da outra e tem licença para matar (quando é preciso, esclareça-se). Também é uma bomba de testosterona, sempre cercado de mulheres sensuais, boas de briga e de pontaria, e que não perdem a chance de se deixarem seduzir pelo irresistível agente, Bond, James Bond.

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