RAY CUNHA
BRASÍLIA, 14 DE MAIO DE 2025 – Em matéria de ontem, publicada na revista Timeline, um dos mais famosos jornalistas brasileiros, Allan dos Santos, afirma que o ex-presidente Michel Temer, padrinho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é chefe de todos os chefes.
– No subsolo da política brasileira, onde a ambição caminha com o silêncio e a corrupção prospera no vaivém das alianças, o nome de Michel Temer volta a emergir. Não como protagonista de manchetes diretas, mas como o maestro invisível de um teatro cuidadosamente coreografado. Enquanto as atenções se voltavam para os escândalos do INSS, com o PDT e o PT no centro da lama, o ex-presidente parecia assistir a tudo das sombras, sorrindo, avaliando, calculando – escreve Allan dos Santos.
Segundo o jornalista, Temer está por trás da revelação para a imprensa do caso do roubo bilionário de aposentadorias e pensões.
– Não como denunciante moral, mas como estrategista; a denúncia, lançada um ano antes das eleições, parecia oferecer-lhe exatamente o que precisava: um flanco aberto na esquerda governista, colocando o PT e o PDT no banco dos réus populares, sem que ele precisasse sujar as mãos diretamente.
Para voltar ao poder total, Temer precisa tirar de cena duas pessoas: Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Este último, Temer teria entregado o caso a Alexandre de Moraes, que deverá prendê-lo, acusado de golpe de Estado. Como Bolsonaro está com a saúde delicada, devido à facada que tomou, se for preso deverá morrer na cadeia, sem os devidos cuidados médicos, segundo o próprio Bolsonaro.
Temer é muito mais articulado do que Lula. Enquanto Lula faz viagens espalhafatosas à China, os contados de Temer com a China são muito mais antigos, profundos e econômicos, especialmente nos setores de infraestrutura, energia e portos. Allan dos Santos lembra a ligação de Temer com o Porto de Santos e este ao PCC, uma das mais temidas máfias brasileiras.
Temer foi preso na manhã de 21 de março de 2019, acusado de receber 1 milhão de reais de propina de José Antunes Sobrinho, dono da empresa de engenharia Engevix, que fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3. Segundo a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Temer é chefe de organização criminosa há 40 anos.
– Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa deste país. Liderada pelo presidente. O Temer é o chefe da Orcrim (organização criminosa) da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muito perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles – declarou, na ocasião, o empresário Joesley Batista, da JBS, em entrevista à revista Época.
Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu no município de Tietê/SP, em 23 de setembro de 1940, de ascendência libanesa. É advogado, professor, escritor e político, filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi secretário da Segurança Pública e procurador-geral de São Paulo. Em 1995, é escolhido para liderar o MDB na Câmara. Em 2009, é eleito presidente da Câmara, cargo que ocupa mais duas vezes. Em 2001, é eleito presidente nacional do MDB. Em 2011, é empossado como vice-presidente da República, no governo de Dilma Rousseff, acompanhando-a na sua reeleição. Com o impeachment de Dilma, assume a Presidência em 31 de agosto de 2016.
Segundo a Wikipédia e a mídia, em 2016, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o telhadista e hacker Silvonei José de Jesus Souza comprou, na Rua Santa Efigênia, epicentro do comércio eletrônico de São Paulo, um CD com informações sobre centenas de pessoas, entre as quais Marcela Temer, de quem invadiu o celular e localizou o telefone do irmão dela. Passando-se por Marcela, imitando seu estilo de texto, enviou uma mensagem ao irmão dela pedindo dinheiro emprestado para fechar um negócio.
O irmão de Marcela respondeu que não tinha todo o dinheiro, mas que poderia transferir 15 mil reais, e fez a transferência. Aí, Silvonei descobriu que Marcela era a esposa do vice-presidente, prestes a se tornar presidente, e então fez contato diretamente com ela, exigindo 300 mil reais para não divulgar fotos íntimas dela e mensagens comprometedoras.
Alexandre de Moraes, secretário de Segurança Pública de São Paulo, ordenou ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) que resolvesse o caso para ontem. Foi criada uma força-tarefa sob o comando do delegado especial Rafael Correa.
Em 11 de maio de 2016, 40 policiais à paisana em 11 carros cercaram a casa de Silvonei, no bairro de Heliópolis, em São Paulo, e prenderam a mulher dele, no momento em que ela saía para levar o filho para a creche. Pegaram o telefone dela e enviaram uma mensagem a Silvonei, identificando sua localização, e o prenderam também. Ambos foram levados para a cadeia, após decisão do juiz que coordenava o Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), Antônio Carlos Patiños Zorz, que escreveu, no mandado de prisão, que o casal mantinha uma “organização notável”, em uma cidade que é “fértil campo para que marginais da pior espécie disseminem o terror, a violência e a maldade”.
O chantagista foi preso em 40 dias e as fotos de Marcela jamais vieram a público. O processo correu a mil por hora e a sentença foi exagerada: 5 anos, 10 meses e 25 dias no presídio de Tremembé, em regime fechado, condenado por estelionato e extorsão.
Quando Silvonei foi preso, Michel Temer estava quase para assumir a Presidência da República, e, quando assumiu, foi grato a Alexandre de Moraes, dando-lhe o Ministério da Justiça e, depois, o Supremo Tribunal Federal. Michel Temer e Alexandre de Moraes já eram velhos conhecidos, havia mais de 20 anos.
Alexandre de Moraes foi promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, de 1991 a 2002; secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, nomeado pelo governador Geraldo Alckmin, de 2002 a 2005; e secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, de 2014 a 2016, nomeado novamente pelo governador Geraldo Alckmin.
Em 12 de maio de 2016, Alexandre de Moraes assume o Ministério da Justiça. Em 2017, Temer indica Moraes para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga do ministro Teori Zavascki, que morrera em acidente aéreo desconcertante, em 19 de janeiro de 2017. Em 1 de janeiro de 2019, Temer passa a faixa para o conservador Jair Messias Bolsonaro, que estanca a roubalheira sistemática a que o país vinha sendo submetido.
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