sexta-feira, 2 de maio de 2025

Fantasmas da Lava Jato vagam na Praça dos Três Poderes arrastando trilhões de reais. Mas um deles pode falar: Nadine Heredia Alarcón

Nadine Heredia Alarcón, ex-primeira dama do Peru, foi condenada
a 15 anos de cadeia por corrupção em caso envolvendo a Odebrecht.
Ela correu para a embaixada do Brasil em Lima e o presidente Lula
da Silva enviou imediatamente um avião da Força Aérea Brasileira
(FAB) para regatá-la. Agora, Nadine está sob a proteção do Brasil

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 2 DE MAIO DE 2025 – O presidente Lula da Silva providenciou, às pressas, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia Alarcón, e seu filho menor, Samin Mallko Ollanta Humala Heredia. Nadine havia se refugiado na Embaixada do Brasil em Lima, sentenciada que foi a 15 anos de prisão; o marido dela, o ex-presidente Ollanta Humala, está preso. O irmão de Nadine, Ilán Heredia, foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo processo. Todos envolvidos em corrupção da construtora brasileira Odebrecht, que ficou famosa por corromper governos para favorecê-la na execução de obras públicas. 

Parece até ficção de Mario Vargas Llosa, ou de Gabriel García Márquez. De quem, no Brasil? Há muita reportagem sobre o assunto, mas romance, mesmo, misturando ficção com realidade, há dois meus, os primeiros de uma trilogia: O CLUBE DOS ONIPOTENTES e O OLHO DO TOURO, à venda nas livrarias virtuais do Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com 

Heredia chegou ao Brasil em 16 de abril e se encontra protegida da polícia peruana, sob a proteção de Lula da Silva. Sabe-se lá o que ela tem para dizer! O Brasil já é conhecido internacionalmente como a Meca da bandidagem, incluindo terroristas. 

Humala e Nadine são acusados de receberem 3 milhões de dólares da Odebrecht, hoje, Novonor, e outros 200 mil dólares do ditador venezuelano Hugo Chávez para financiar suas campanhas presidenciais de 2006 e 2011. Humala foi eleito presidente em 2011 e ficou no cargo até 2016. Em 2017, ele e a mulher foram presos durante as investigações da construtora. Naquele ano, o ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, confessou que a empresa doou dinheiro a Humala a pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva. 

Humala foi o primeiro ex-presidente peruano julgado no caso Odebrecht, que envolveu também mais três presidentes do país: Alan García, que teria se suicidado, em 2019: Alejandro Toledo, condenado a 20 anos de prisão por receber propinas em troca de contratos com o governo; e Pedro Pablo Kuczynski, que está em prisão domiciliar. Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, foi presa por mais de um ano, em processo ligado à Odebrecht. 

Em 21 de dezembro de 2016, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que a Odebrecht havia realizado pagamentos de subornos a servidores públicos de 12 países para ganhar licitações de obras públicas. No Peru, a empresa teria pago cerca de 29 milhões de dólares em subornos a servidores públicos, o que lhe rendeu mais de 143 milhões de dólares de lucro, entre 2005 e 2014, durante os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016). Desde novembro de 2016, a Promotoria do Peru vinha investigando o caso, conhecido no Brasil como Operação Lava Jato. 

A Lava Jato foi a maior operação já realizada pela Polícia Federal (PF), que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, prisão temporária, prisão preventiva e condução coercitiva, investigando o maior esquema de desvio de verba pública e lavagem de dinheiro do planeta, denominado Petrolão, porque a principal estatal assaltada foi a Petrobras. Peritos da Polícia Federal informaram, em janeiro de 2017, que todas as operações financeiras investigadas pela Lava Jato somaram oito trilhões de reais. 

A operação teve início em 17 de março de 2014 e se desdobrou em 80 fases operacionais autorizadas principalmente pelo então juiz Sergio Moro. Foram presas e condenadas mais de cem pessoas até o término da operação, em 1 de fevereiro de 2021. Tudo começou ao se investigar o Posto da Torre, localizado no Setor Hoteleiro Sul (SHS) de Brasília/DF, usado para lavagem de dinheiro. 

Os bandidos iam desde presidentes da República e da Câmara dos Deputados, governadores de Estado, senadores, empresários, até a raia miúda, funcionários públicos menos graduados. Foram presos, entre outros: Lula da Silva; o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o seu sucessor, Luiz Fernando Pezão; o senador Delcídio do Amaral; o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; os ex-ministros da Fazenda, Antonio Palocci e Guido Mantega; o publicitário João Santana; o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu; e o empresário Eike Batista. 

Em 2017, o nome do presidente Michel Temer apareceu na lista de investigados da Lava Jato e foi denunciado pelo procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva. Em 21 de março de 2019, Michel Temer foi preso por ordem do juiz Marcelo Bretas, da Sétima Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável pela Operação Lava Jato no Estado. 

Todos estão atualmente rindo para as paredes, prósperos e gordos. 

No fim de dezembro de 2016, a Lava Jato obteve um acordo de leniência com a Odebrecht, que proporcionou o maior ressarcimento da história mundial. A partir daí, houve investigações em Cuba, El Salvador, Equador e Panamá. 

O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) era o ministro Teori Zavascki, desde 2014, durante três anos, até morrer em um dos mais estranhos acidentes aéreos. Zavascki conduzia os processos com rigor. Foi substituído pelo ministro Edson Fachin. 

Em setembro de 2023, o ministro Dias Toffoli, que foi advogado do PT e indicado por Lula da Silva ao STF, anulou todas as provas usadas pela Lava Jato, obtidas por meio do acordo de leniência. Segundo levantamento feito pelo jornal O Globo, conseguiu-se recuperar por meio de acordos de delação 1,837 bilhão de reais aos cofres públicos. Pasmem: agora, os bandidos querem de volta esse dinheiro, e, do jeito que as coisas andam, devem obtê-lo. 

Sergio Moro condenou Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas Lula ficou preso somente 580 dias, ou seja, 1 ano, 7 meses e 1 dia. No dia 8 de novembro de 2019, foi solto, um dia após o STF ter considerado a prisão de Lula em segunda instância, inconstitucional, em decisão monocrática do ministro Edson Fachin, que substituiu Teori Zavascki, o que morreu de uma maneira inexplicável. Fachin anulou os processos contra o ex-presidente na Décima Terceira Vara Federal de Curitiba, tornando o petista elegível novamente. 

O argumento de Fachin é cândido: a vara de Curitiba não teria competência para julgar os casos da Lava Jato envolvendo o ex-presidente porque os atos julgados não aconteceram no Paraná. À época, Lula era presidente e morava em Brasília, de modo que a competência para julgar o caso seria no Distrito Federal. Como diria um paraense: égua! 

Quanto à Odebrecht, agora Novonor, a Operação Lava Jato é passado engavetado. Mas a Lava Jato continua viva, inclusive nos Estados Unidos, onde a Odebrecht pagará a multa de 2,6 bilhões de dólares devido a corrupção. Lá, a Justiça funciona. Em audiência na corte federal do Brooklyn, em Nova York, o juiz Raymond Dearie determinou o pagamento de multa de 93 milhões de dólares aos Estados Unidos, 2,39 bilhões de dólares ao Brasil e 116 milhões de dólares à Suíça. 

A Odrebrecht nem chiou. As autoridades americanas acusaram a Odebrecht de pagar 788 milhões dólares em subornos a funcionários de 12 países, principalmente na América Latina, para obter contratos lucrativos. 

A Odebrecht tem pendências na Justiça de vários países, como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, República Dominicana, Venezuela, Panamá e Portugal, além do Peru. No Brasil, ela continua como dantes no quartel d’Abrantes. Mas os fantasmas da Lava Jato não morrem; afinal, são fantasmas. Pode ser que fantasmas não possam fazer mal a ninguém, pois vivem em outro plano. Contudo, nunca se sabe.

Um comentário:

  1. TENTATIVA DE ESCONDER os atos criminosos é cada vez mais APRIMORADA,...

    ...mas o VOLUME é tão GIGANTESCO, que ALGUMA COISA escapa ao controle e, pelo menos PARCIALMENTE, acaba vindo ao conhecimento público, MESMO QUE DE FORMA AMENIZADA.

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