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| A matéria é impermanente. Somos eternos, agora, como rosas de nióbio |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 20 DE NOVEMBRO DE 2025 – Meus amigos partiram. Alguns,
para o mundo espiritual; outros permanecem fiéis a Karl Marx. Houve, inclusive,
um, que, depois de ler artigo meu referindo-me a Lula como aborto de ditador
enjaulado, pôs fim a uma estupenda amizade. E há os que sumiram nas dobras do
tempo.
Mas isso não mudou nada na minha
vida; continuo rico, paparicado pelos meus amores, e na minha estante encontro
todo o planeta e amigos eternos, como Ernest Hemingway, Antoine de
Saint-Exupéry, Gabriel García Márquez, Masaharu Taniguchi, bem como novos
amigos, que estão me levando para conhecer a Via Láctea.
Além da família, da estante e dos
amigos que vivem no meu coração, como Fernando Canto, tenho as madrugadas,
jasmineiros e rosas, que são eternas, o mar, o azul, o Sudoeste e o Rio de
Janeiro. Às vezes, Mozart toca ao piano o som da Terra no espaço. E quando
escrevo um poema, o terremoto do primeiro beijo se instala em mim durante
vários dias.
O amigo com quem eu conversava
durante horas sobre escritores foi para Cuba e eu voltei a conversar com vivos
e mortos nos livros e ao computador. O século 20 ficou para trás. Com a
invenção da web os políticos são flagrados, um a um, mentindo, roubando,
assassinando, e a população toda agora é de jornalistas, e suas redações são a
internet.
Desde 20 de janeiro de 2025,
ditadores, terroristas, mafiosos, ladrões, assaltantes, estupradores,
traficantes, escravocratas, assassinos, corruptos em geral, estão furiosos,
especialmente os supremos, mergulhados em bacanais nos seus palácios, nos seus
automóveis com vidraças negras, nas suas mansões. Bandidos honoráveis, carcaças
carcomidas pelas larvas da corrupção, os beiços macilentos agarrados, numa
bocada, nas tetas da burra, estão desmoronando.
Macapá/AP, minha cidade natal,
ainda não saiu do século passado; continua sobre fossas sépticas e com falta de
água tratada, embora durma à margem do maior rio do mundo, o Amazonas. Macapá não
tem rede de esgoto porque seus prefeitos, e os governadores do Amapá, estão, e
estiveram sempre, absolutamente ocupados com mordomias, diárias, cabides de
emprego e verbas federais.
Mas os novos tempos vieram para
ficar. Lula da Silva foi enjaulado para sempre, porque ninguém, por mais
trevoso que seja, poderá, jamais, soltá-lo da prisão moral onde a hiena velha foi
esquecida. A boca do abismo se escancarou tragando as cinzas da injustiça. 2026
é o ano do resgate das nossas esperanças.
A ciência começa a descobrir que a
raça humana é de seres espirituais, que o corpo é somente uma experiência material
necessária para evoluirmos para a sabedoria e ascendermos, e que a matéria não
existe de fato, pois tudo muda de um momento para outro. A matéria é
impermanente. Nascemos, tornamo-nos criaturas magníficas, perdemos energia, regredimos,
assemelhamo-nos a maracujá de gaveta e desaparecemos fisicamente.
O passado não existe, nem o
futuro. Somos eternos, agora, como rosas de nióbio, intensos como o perfume dos
jasmineiros no verão. A felicidade é o porto seguro do apartamento, a mulher
amada, uma xícara de café gourmet do sul de Minas, às 4 horas da madrugada.

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