terça-feira, 30 de setembro de 2025

Suave é a noite

Estou só. Meu olhar é um mistério, que desvendo com as rosas do meu coração

RAY CUNHA

Estou só, na tarde. A tarde é prenhe de mistérios. Meu olhar é um mistério, que desvendo com as rosas do meu coração. Visto uma camisa branca, de algodão, calças e casaco azuis, de linho, e sapatos pretos de couro. Meu rosto está bem barbeado e recendo a perfume fortemente amadeirado, e, assim, misturo-me aos murmúrios e cheiros da tarde. Fragrâncias de mar vêm do meu coração, amalgamam-se ao ar saturado do perfume das virgens ruivas. A tarde é azul, tão azul que sangra. Ouço seus sussurros como o roçar de lábios. 

Estou só, esta tarde, pois minha amada viajou. Assim, navego no rio da tarde, sozinho, ao encontro da minha amante. Meus passos me levam a um café no Setor Hoteleiro Sul. Há tantas mulheres lindas no café! Duas conversam sentadas em um sofá. Uma é loira e seus olhos são azuis como a tarde; a outra é ruiva, e seus olhos se confundem com esmeraldas. Riem. Seus risos são cristalinos como crianças recém-lavadas, ao sol matinal da primavera. Conversam tão perto uma da outra que seus lábios, grandes e vermelhos, parecem uma dança. Degusto Mateus Rosé. Preparo-me para quando minha amante chegar. 

A tarde agoniza. Morre como uma rosa, que, depois de se tornar a joia mais delicada, preciosa e bela do mundo, deixa um eterno rastro de luz. Assim desliza o rio da tarde. Logo, a cidade será um transatlântico todo iluminado, e as criaturas mais esplendorosas do Universo, que são as mulheres, espargirão seu perfume, como jasmineiros em tórridas noites, em Belém do Pará. 

Uma jovem mulher passa ao meu lado, quase roçando em mim. Volto-me para vê-la. É uma negra em vestido de seda, tal qual uma que vi na Estação das Docas, em Belém. Talvez fosse da Guiana Francesa, ou de Trinidad e Tobago, ou da Martinica. Falar em Martinica, se Hemingway estivesse aqui comigo eu o convidaria para pescar ao largo de Sucuriju, no Amapá. Bem que Fernando Canto poderia estar comigo nesta tarde, que morre. Mas o poeta tem suas próprias tardes, que são, certamente, prenhes do perfume das virgens ruivas, e mar. O poeta decifrou a dimensão da intensidade e tem olho clínico para o cheiro de maresia. 

Não tenho nem um, nem outro, nem a mulher amada. Só me resta esperar mais um pouco para cair no colo da minha amante. Ela chega suavemente, e, quando a percebo, sua luz entra nos meus sentidos e me conduz à dimensão do primeiro beijo. Mas nunca estamos preparados. Minha amante é puro mistério, e é também amante de todos os homens e, principalmente, de todas as mulheres. Ela é a noite.

Bolsonaro está morrendo. Doente e preso

Edição do Clube de Autores: Bolsonaro é condenado a morrer preso

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 30 DE SETEMBRO DE 2025 – Está em curso no Brasil, desde 1980, a instalação de uma ditadura comunista, liderada pelo presidente Lula da Silva. Em 1980, ele fundou o Partido dos Trabalhadores (PT); em 1990, o Foro de São Paulo, juntamente com Fidel Castro, ditador comunista de Cuba; e, em 2003, com ajuda do Foro de São Paulo, Lula chegou à Presidência da República. Atualmente, controla o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Seu maior inimigo, líder da Direita, é o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Em 6 de setembro de 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da  República, sofreu um atentado durante um comício em Juiz de Fora/MG, quando recebeu uma facada que quase o transfixa no abdômen. O autor foi o militante de Esquerda, Adélio Bispo de Oliveira, preso. A Polícia Federal chegou à conclusão que Adélio é doido, que ninguém o mandou matar Bolsonaro. Investigação paralela mostra que a realidade é outra.

O presidente americano, Donald Trump, amigo de Bolsonaro, também investiga o atentado e já saberia que houve mandante.

Nunca mais a saúde de Bolsonaro foi a mesma depois da facada. Assim que Bolsonaro deixou o governo, em 2022, viajou para os Estados Unidos. Em 8 de janeiro de 2023, houve uma manifestação na Praça dos Três Poderes em repúdio a Lula da Silva, que foi retirado da prisão por corrupção e guindado, novamente, à Presidência da República. Aí, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, acusou Bolsonaro de chefiar um golpe de Estado, a manifestação de 8 de janeiro, embora o ex-presidente nem sequer estivesse no Brasil.

A partir daí, Alexandre começou uma caçada para prender Bolsonaro. Prendeu-o, condenou-o a 27 anos de cadeia, em regime fechado, e a uma fortuna em multas. Bolsonaro está preso, à morte, pois precisa de atendimento médico constante.

O Brasil todo assiste à agonia de Bolsonaro, de camarote, com esquerdistas de todo o país fazendo um réveillon de Copacabana diário, incluindo artistas que mamam os bilhões da Lei Rouanet.

Donald Trump já acertou Alexandre de Moraes e família com uma bomba atômica, a Lei Magnitsky, mas parece que os Moraes estão incólumes, em um bunker. Só a sentença de Bolsonaro é inexorável.

Estou escrevendo uma trilogia sobre isso. Já foram publicados dois volumes: O CLUBE DOS ONIPOTENTES e O OLHO DO TOURO, à venda no Clube de Escritores, na amazon.com.br e na amazon.com. O terceiro volume será publicado em 2026. Bolsonaro estará vivo?

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Lei Magnitsky: a miratinga de Donald Trump

A Lei Magnitsky se parece com o cipó miratinga, da Amazônia 

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 26 DE SETEMBRO DE 2025 – O ano de 1917 é um divisor de águas na Humanidade. Foi quando Vladimir Lênin e sua gang, com ajuda do povo russo, derrubaram o Czar Nicolau II, que, juntamente com sua esposa e filhos, foi fuzilado, por ordem de Lênin. Em seguida, Lênin instalou um regime comunista e escravizou o povo. Quem resistiu foi fuzilado. Em 1922, Lênin criou a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), invadindo 14 países. Em 1991, a URSS caiu, mas a máfia comunista não, e, inclusive, já se infiltrou até nos Estados Unidos, a mais poderosa democracia do planeta.

Desde a década de 1930, o Partido Democrata se posiciona à Esquerda, enquanto o Partido Republicano se posiciona à Direita, pregando o liberalismo econômico e o conservadorismo social. O terceiro grande partido estadunidense é o Deep State, Estado profundo, subterrâneo, comunista, um governo secreto, Estado Paralelo, um Estado dentro do Estado, o aparelhamento e inchaço do Estado, igual Lula da Silva e seu PT (Partido dos Trabalhadores) fizeram no Brasil.

Criada em 1961, pelo presidente democrata John Fitzgerald Kennedy, a Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – United States Agency for International Development) é a maior instituição oficial de ajuda humanitária do planeta e já despejou trilhões de dólares do contribuinte americano para ajudar mais de 100 países em dificuldade.

Os comunistas americanos, aninhados no Partido Democrata, foram, aos poucos, aparelhando a Usaid para usarem o gordo orçamento da agência, repassando verba para ONGs e agentes, em todo o planeta, visando à lavagem cerebral e ideologização nas escolas e universidades, compra de jornalistas, censura da Direita, promoção de identidade de gênero para crianças, promoção de aborto, desarme da população, destruição da família e das religiões, criar anarquia e instalar ditaduras comunistas.

A coisa começou a engrossar nos governos dos democratas Bill Clinton (1993-2001), Barack Obama (2009-2017) e Joe Biden (2021-2025), que teria intercedido por Lula da Silva nas eleições à Presidência da República, em 2022. Em 16 de agosto de 2022, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assume a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até 3 de junho de 2024, quando foi substituído pela ministra Cármen Lúcia. Foi nessa época que Xandão rasgou a Constituição e instalou a ditadura da toga.

E foi aí que começaram no Brasil censura e prisões políticas de jornalistas e parlamentares. O TSE costurou a boca de Bolsonaro e dos bolsonaristas. A imprensa, principalmente a TV Globo, fez campanha cerrada a favor de Lula, inventando tudo o que não presta contra Bolsonaro, que estava proibido de se defender.

Donald Trump tomou posse na presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro deste ano e convidou Elon Musk para chefiar um órgão temporário, o Departamento de Eficiência Governamental. Musk aceitou. Musk é o homem mais bem-informado do planeta. Ele conta com um sistema de telecomunicações que envolve milhares de satélites cercando a Terra, câmaras de leitura facial em toda parte e supercomputadores, e, de quebra, é o homem mais rico do mundo.

Não deu outra: Musk descobriu que os comunistas do Deep State usavam, desde sempre, a verba destinada à Usaid para derrubar democracias e instalar ditaduras mundo afora. Trump já bloqueou a sangria na Usaid.

Outra arma de Trump é a Lei Magnitsky, como é conhecida a Revogação Jackson-Vanik da Rússia e Moldávia, ou Lei de Responsabilidade do Estado de Direito de Sergei Magnitsky, de 2012, projeto de lei bipartidário aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos e sancionado pelo presidente Barack Obama, em dezembro de 2012, destinada a punir autoridades russas responsáveis pela morte do advogado russo Sergei Magnitsky, em uma prisão de Moscou, em 2009.

Em 2009, o advogado tributário russo Sergei Magnitsky morreu à míngua em uma prisão em Moscou, depois de investigar uma fraude de 230 milhões de dólares envolvendo autoridades russas. Na prisão, fizeram com que Magnitsky desenvolvesse cálculos biliares, pancreatite e colecistite, e, claro, não proporcionaram o tratamento médico adequado a ele. Após quase um ano de prisão, já bastante fraco, foi espancado até a morte.

Bill Browder, empresário americano amigo de Magnitsky, tornou público e apresentou o caso aos senadores Benjamin Cardin e John McCain, com o objetivo de aprovarem uma legislação que sancionasse os russos envolvidos em corrupção. Em junho de 2012, o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos relatou à Câmara o projeto Lei de Responsabilidade do Estado de Direito de Sergei Magnitsky de 2012, visando punir as autoridades russas consideradas responsáveis pela morte de Sergei Magnitsky. Punir como? Proibindo a entrada deles nos Estados Unidos e o uso de seu sistema bancário.

A lei começou a valer em 14 de dezembro de 2012. Desde 2016, a lei autoriza o governo dos Estados Unidos a punir aqueles que violam os direitos humanos, congelando seus ativos e proibindo-os de entrar nos Estados Unidos.

Em 9 de janeiro de 2017, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro dos Estados Unidos atualizou sua Lista de Nacionais Especialmente Designados e colocou Aleksandr I. Bastrykin, Andrei K. Lugovoi, Dmitri V. Kovtun, Stanislav Gordievsky e Gennady Plaksin na lista negra, congelando seus ativos e proibiu suas viagens aos Estados Unidos. Todo mundo quer fazer negócios ou ir aos Estados Unidos. É o país mais rico do planeta e a maior democracia do mundo.

Quem recebe a Magnitsky condena sua própria família ao inferno. Já vi caricatura de Trump segurando um taco de baseball no qual se lê Magnitsky. Mas acho a Magnitsky mais parecida ao cipó miratinga. O galho do cipó parece piroca. Cabocos da Amazônia se referem a ele como “pé de pica”.

Além da  miratinga, Trump conta ainda com a Pax Americana, um exército e arsenal que nem a China e Rússia juntas encarariam. A miratinga é para os que se assanham a virar ditadores e o fogo é para os carteis, tipo Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que Trump considera terroristas e já autorizou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, a cuidar deles.

Congresso Nacional da Abrajet em 2026 será no Distrito Federal. A ideia é mostrar que Brasília não é o paraíso da corrupção e da ladroagem

Luiz Pires anuncia Brasília como sede do Congresso da Abrajet
José Humberto Pires de Araújo e Wílon Wander Lopes no Buriti

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 26 DE SETEMBRO DE 2025 – O presidente da Abrajet (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo), Luiz Pires, acaba de anunciar que o congresso anual da entidade, em 2026, será em Brasília, por 35 votos contra 17 para São Paulo, que também disputava a realização do evento. Neste momento, o trade turístico do Brasil está reunido em Maceió, a atlântica capital de Alagoas. Trata-se do quadragésimo Congresso Nacional da Abrajet, dos dias 25 a 28, no Ipioca Beach Resort, com o tema central “A nova era do jornalismo de turismo: inovação e compromisso com a verdade”.

O evento é realizado pela Abrajet/Alagoas, presidida pelo jornalista Igor Pereira, com apoio do Governo de Alagoas, Assembleia Legislativa e trade turístico, como a Abih-AL, Maceió Convention, Abrasel, Luck Receptivo Maceió, Sebrae-AL e Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), entre outros parceiros.

Em reunião, dia 12 passado, no Palácio do Buriti, com o secretário de Estado de Governo do Distrito Federal, José Humberto Pires de Araújo, o presidente da Abrajet/DF, Wílon Wander Lopes, propôs a realização do Congresso da Abrajet, em 2026, em Brasília, desde que conte com apoio do Governo do DF, no que José Humberto consultou imediatamente a governadora em exercício, Celina Leão, que respondeu estar de acordo com a realização do evento em Brasília, reunindo, assim, na capital, centenas de jornalistas de todo o país e do exterior que atuam no setor turístico.

Em Maceió, uma intensa programação foi elaborada para os jornalistas, cerca de 80 profissionais e seus acompanhantes, que terão a oportunidade de conhecer o litoral de Alagoas, o Agreste e o estuário do Rio São Francisco, além do folclore local.

No Congresso da Abrajet, em Brasília, jornalistas brasileiros e estrangeiros conhecerão a história da capital, a arquitetura de Oscar Niemeyer e pontos turísticos do Cerrado e do Planalto Central.

A Abrajet/DF tem a missão de estreitar relações com as comissões de Turismo do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa (distrital), bem como com o Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo do DF, a Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), órgãos e empresas do trade turístico, e Embaixadas.

Uma das pautas de trabalho da entidade é mostrar que Brasília não é a capital da corrupção nem de ladrões, como se acredita em outras cidades, mas fruto de uma empreitada hercúlea, liderada pelo presidente Juscelino Kubitschek, que promoveu, com a construção de Brasília, a redenção do Brasil, um país continental composto, então, por regiões estanques. Brasília ligou o litoral ao sertão e Oiapoque a Chuí.

O turismo responde por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e recebe cerca de 7 milhões de turistas estrangeiros por ano, movimentando em torno de 13 bilhões de reais. Uma miséria, considerando-se que o Brasil é um paraíso tropical. Em 2021, o México recebeu mais de 30 milhões de turistas estrangeiros, só para comparar.

O Brasil ocupa escandaloso 1% do fluxo mundial de turismo. Estudo publicado pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo identificou, em 2022, três barreiras principais que impedem o crescimento do turismo no Brasil: imagem péssima no exterior, no que diz respeito à segurança pública; falta de continuidade em políticas para o setor turístico; e serviço de transporte e mobilidade ruim.

É aí que entra a Abrajet, com a publicação de matérias que ajudem a iluminar o setor e a pressionar os políticos a criarem legislação voltada para o desenvolvimento do trade turístico, segurança pública, saneamento básico, transportes e cultura.

A Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo foi fundada em 26 de janeiro de 1957, na cidade do Rio de Janeiro, por um grupo de jornalistas e escritores desejosos de ver a indústria turística se desenvolvendo no Brasil. Os pioneiros foram: Domingos C. Brandão, Belfort de Oliveira, Fernando Hupsel de Oliveira, Luiz D. P. Bravo, Aulete de Almeida, Hilda Peres de Medeiros, José Mário Alves da Silva e Oberon Bastos de Oliveira.

Após alguns anos, foram criadas representações da Abrajet Nacional em outras unidades da Federação, hoje, presente em 20 Estados, sendo 13 seccionais e 7 comitês, reunindo aproximadamente 200 jornalistas, que atuam em mais de 140 mídias, como jornais, revistas, TVs, rádios, assessorias de imprensa de órgãos públicos ou empresas do setor de turismo, portais, sites, blogs e redes sociais.

A Abrajet conta com representações nos Estados do Acre, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Mesmo antes de eu assumir a vice-presidência da Abrajet/DF, vinha escrevendo sobre a legalização do jogo de azar, a volta dos cassinos, mas dei uma pausa. Aguardo as eleições de 2026, que deverá pôr um fim na atual ditadura da toga e voltar a democracia plena no país, sem presos políticos e censura a jornalistas, pois não pode haver turismo em ditaduras.

Enquanto o Brasil é palco de uma luta cada vez mais ruidosa entre comunismo e capitalismo, dorme, no Congresso Nacional, projeto de lei que pode tirar o país da sangria que vem sofrendo, desde que, em 1946, Dona Santinha, Carmela Leite Dutra, esposa do presidente Gaspar Dutra, beata que exercia forte influência sobre o marido – para ela, jogo era coisa do capeta –, pressionou-o para arrasar uma das indústrias que mais faziam o país prosperar, jogando no desemprego mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva, em 70 cassinos espalhados pelo país. As máfias, conhecidas como facções, mas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considera terroristas, adoraram.

O crime organizado vem pressionando para que tudo continue como está: a clandestinidade do jogo, uma das indústrias mais rentáveis em todos os países do Primeiro Mundo. Assim, o Brasil continuará se assemelhando a uma gigantesca lavanderia, pois é um dos países onde mais se joga no planeta, dia e noite, clandestinamente. Desde que o jogo foi criminalizado, as máfias riem para as paredes, há 79 anos. Calcula-se que o jogo clandestino no Brasil movimente atualmente cerca de 5 bilhões de dólares por ano. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, sem pagar nenhum centavo de imposto e sem gerar empregos formais.

Aos que defendem que o jogo é coisa do capeta, informa que joga-se no planeta desde o início da História, há cerca de cinco mil anos. No Brasil, os cassinos surgiram após a independência, em 1822, até 1917, no governo Venceslau Brás. Getúlio Vargas voltou a legalizá-los em 1934, até 1946. Atualmente, o jogo de azar é praticado em todos os países civilizados do mundo, como, por exemplo: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. Até na China, uma ditadura comunista, totalitária, há jogo de azar.

A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é, hoje, o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos, e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. Vegas, com seus mais de 100 cassinos, faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados.

O relator do Projeto de Lei 442/91 – que legaliza o jogo –, Felipe Carreras (PSB/PE), disse à Agência Câmara de Notícias que “Macau recebia 10 milhões de turistas antes dos investimentos em cassinos e passou a receber 31 milhões. Singapura foi de 9 milhões a 21 milhões de turistas. São êxitos que mudaram a matriz do fluxo turístico internacional; o Brasil é carente em novos produtos turísticos e nosso contingente de visitantes estrangeiros segue estagnado abaixo de 7 milhões”.

Segundo a Frente Parlamentar Mista do Congresso Nacional Pró-Legalização dos Jogos de Azar, a legalização dos jogos no país geraria 658 mil empregos e 619 mil indiretos. De acordo com o IJL, só no jogo do bicho serão formalizados cerca de 450 mil empregos.

Estudo do Instituto Jogo Legal (IJL) e BNLData indica que o mercado de jogos no Brasil tem potencial de arrecadar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, investimentos e geração de empregos nas casas de apostas. A legalização de cassinos, jogo do bicho, bingo e caça-níqueis gerará uma arrecadação em torno de 50 bilhões de reais por ano para os cofres públicos.

Felipe Carreras disse ao Diário de Pernambuco que a legalização de todas as modalidades de jogos em questão gerará uma receita bruta anual de 74 bilhões de reais e 22 bilhões de reais em receitas tributárias, fora o impacto econômico da cadeia produtiva, que fará grandes investimentos nos setores turístico, de lazer e cultural.

Sobre proibição, Felipe Carreras observou: “Toda proibição é discutível e quase sempre inútil, pois nada resolve, como não resolveu nos Estados Unidos com a proibição de fabricação e comércio de bebidas alcoólicas com a edição da Lei Seca”. E dispara: “Não é o jogo que desagrega as famílias e sim a fome e o desemprego. O funcionamento dessas atividades de forma clandestina não traz, realmente, nenhum ganho ao nosso país. Pelo contrário, reforça a imagem, junto à nossa população e à comunidade estrangeira, de que somos uma nação complacente com atividades ilegais”. Atenção, Trump.

Entre os países que fazem parte do G20, organização que reúne 80% da economia do planeta, só três países proíbem jogos de azar: Arábia Saudita e Indonésia, que são muçulmanos, e o Brasil. “Com exceção dos países muçulmanos, praticamente todos os países do mundo possuem os jogos de sorte e azar presenciais legalizados” – disse à Tribuna da Imprensa Livre a executiva da Clarion Events, Liliana Costa. “Ninguém acredita em mim quando eu digo que cassinos são proibidos no Brasil; ou pensam que estou brincando! Investidores em todo o mundo acompanham ansiosamente a legalização e regulamentação dos jogos no Brasil.”

A legalização do jogo seria uma porta de entrada para o aumento do turismo e permitiria a regulação de um mercado que movimenta pelo menos 27 bilhões de reais (os dados são do relator do projeto no Congresso Nacional, Felipe Carreras). E o potencial é de crescimento ainda maior, motivado principalmente pelas apostas esportivas ou apostas de quota fixa, feitas por empresas que chegam a patrocinar clubes de futebol que disputam a série A do campeonato brasileiro. “Não há como negar que é um fator que incentiva sim a regulação, já que atrai a atenção de diversos setores da sociedade que acompanham o futebol” – afirma Bernardo Freire, sócio do Wald Advogados e consultor jurídico da Betnacional.

“A prática dos jogos de azar é socialmente aceita e está arraigada nos costumes da sociedade. O Jogo do Bicho existe há mais de um século (desde 1892), tendo se tornado contravenção em 1941. Ele faz parte da cultura, já se tornou um folclore na nossa sociedade. A lei penal não tem o poder de revogar a lei econômica da oferta e da procura. Se a demanda não for suprida pelo mercado lícito, será suprida pelo mercado ilícito” – disse o sociólogo francês Loïc Wacquant.

O argumento dos moralistas contra o jogo de azar é inacreditável. Os donos da moralidade pregam que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública, prejudicar ações de combate à corrupção e ampliar a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas.

Tudo isso está acontecendo com o jogo na clandestinidade! É a clandestinidade do jogo que alimenta a corrupção, propina e chantagem política. “Onde não há Estado, há crime organizado” – disse o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A proposta, que já passou pela Câmara dos Deputados e aguarda votação pelos senadores, prevê a legalização das apostas no país, de modalidades que já existem na prática, como jogo do bicho, bingos e sites de apostas esportivas, que atualmente estão em plena operação no país, mas são sediados fora do Brasil. A norma, se aprovada, também permite a instalação de cassinos: um por Estado, com exceção dos que têm mais de 15 milhões de habitantes, que poderiam ter uma segunda unidade, e três nos Estados com mais de 25 milhões de habitantes (neste caso, somente São Paulo).

O romance ensaístico O CLUBE DOS ONIPOTENTES, deste repórter, é um thriller que, além de se debruçar sobre o momento político do Brasil, aborda também o atraso tecnológico do país e a estupidez da clandestinidade dos jogos – um presente para as facções, ou máfias, ou terroristas, como os define Donald Trump.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Lula não tem como escapar do seu destino. É impossível fugir do inferno se ele está na mente

Lula da Silva fala na ONU sobre democracia relativa

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 24 DE SETEMBRO DE 2025 – O presidente do Brasil, Lula da Silva, abriu a octogésima Sessão Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas, terça-feira 23. Nunca vi alguém mentir tanto e tão descaradamente. “Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia” – disse, referindo-se ao que ele chama de democracia relativa, a ditadura da toga. “A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável” – vomitou, quando é o Poder Judiciário que agride o Legislativo.

“Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias” – declarou, acusando os Estados Unidos de se meterem em assuntos do Brasil, quando foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que amordaçou cidadãos e empresas, e ameaçou prender estadunidenses.

“Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil” – rosnou contra jornalistas e políticos brasileiros, heróis que estão lutando pela democracia plena no país.

“Não há pacificação com impunidade” – zurrou. É claro que não! A anistia há de ser total, e as centenas de presos políticos, bem como as famílias dos que morreram na prisão, têm que ser indenizadas.

“Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas.”

Mentira. Na tentativa de assassinarem Jair Messias Bolsonaro inventaram um golpe de Estado fantasioso, ridículo, e um processo indecente.

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela.”

Que democracia? Que soberania?

“Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades e a garantia dos direitos mais elementares: a alimentação, a segurança, o trabalho, a moradia, a educação e a saúde. A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros e familiares. Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo. A pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo.”

No Brasil, boa parte da população morre de fome, bandidos matam a facadas na rua, o desemprego é alarmante, cresce o número de famílias morando na rua, a Educação é imoral, a Saúde não existe, mulheres são espancadas e mortas e parte dos imigrantes é de bandidos acolhidos pelos que já estão aqui.

“A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza.”

A pobreza se alastra no Brasil igual epidemia.

“A comunidade internacional precisar rever as suas prioridades: Reduzir os gastos com guerras e aumentar a ajuda ao desenvolvimento; Aliviar o serviço da dívida externa dos países mais pobres, sobretudo os africanos; e Definir padrões mínimos de tributação global, para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores.”

Os trilhões de dólares com que os Estados Unidos ajudavam os países em desenvolvimento via Usaid eram roubados pelos comunistas; Lula tirou dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e deu para ditaduras; se não fossem os super-ricos, e ricos, haveria muito mais fome.

“A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância. As plataformas digitais trazem possibilidades de nos aproximar como jamais havíamos imaginado. Mas têm sido usadas para semear intolerância, misoginia, xenofobia e desinformação. A internet não pode ser uma “terra sem lei”. Cabe ao poder público proteger os mais vulneráveis. Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual. Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarida a crimes, como fraudes, tráfico de pessoas, pedofilia e investidas contra a democracia. O Parlamento brasileiro corretamente apressou-se em abordar esse problema. Com orgulho, promulguei na última semana uma das leis mais avançadas do mundo para a proteção de crianças e adolescentes na esfera digital” – disse Lula, defendendo a censura.

“É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas. Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento. Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias.”

Por que Lula tem medo de guerra contra o narcotráfico?

“A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela. O Haiti tem direito a um futuro livre de violência. E é inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.”

Lula é amigo das ditaduras.

“Nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina. Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o Direito Internacional Humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente. Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo. Em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Expresso minha admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer. Só sobreviverá com um Estado independente e integrado à comunidade internacional. Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto. É lamentável que o presidente Mahmoud Abbas tenha sido impedido pelo país anfitrião de ocupar a bancada da Palestina nesse momento histórico. O alastramento desse conflito para o Líbano, a Síria, o Irã e o Catar fomenta escalada armamentista sem precedentes.”

Lula é amigo, também, de Estados terroristas.

“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta. Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas, caminharemos de olhos vendados para o abismo. O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios. Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões. Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é uma questão de caridade, mas de justiça. A corrida por minerais críticos, essenciais para a transição energética, não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos. Em Belém, o mundo vai conhecer a realidade da Amazônia. O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na região nos dois últimos anos. Erradicá-lo requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes. Fomentar o desenvolvimento sustentável é o objetivo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que o Brasil pretende lançar para remunerar os países que mantêm suas florestas em pé. É chegado o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação. O mundo deve muito ao regime criado pela Convenção do Clima. Mas é necessário trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU, para que ela tenha a atenção que merece. Um Conselho vinculado à Assembleia Geral com força e legitimidade para monitorar compromissos dará coerência à ação climática. Trata-se de um passo fundamental na direção de uma reforma mais abrangente da Organização, que contemple também um Conselho de Segurança ampliado nas duas categorias de membros.”

Lula adora a China, o maior poluidor do planeta e a quem já cedeu até uma mina de urânio. O desmatamento e incêndios no Brasil, durante todo o governo do PT, são uma imoralidade. Em uma coisa ele está certo: o mundo vai conhecer, na COP30, a Amazônia de verdade, em Belém do Pará.

“Este ano, o mundo perdeu duas personalidades excepcionais: o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco. Ambos encarnaram como ninguém os melhores valores humanistas. Suas vidas se entrelaçaram com as oito décadas de existência da ONU. Se ainda estivessem entre nós, provavelmente usariam esta tribuna para lembrar: Que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis; Que os únicos derrotados são os que cruzam os braços, resignados; Que podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e Que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo.”

Mujica e o Papa Francisco eram comunistas, e comunistas são mafiosos de colarinho branco.

“O Brasil confere crescente importância à União Europeia, à União Africana, à ASEAN, à CELAC, aos BRICS e ao G20. A voz do Sul Global deve ser ouvida. A ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação. Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância.”

Com o BRICS, Lula queria foder com o dólar e varrer os Estados Unidos do mapa. Quanto à ONU, hoje, é um valhacouto de comunistas.

O discurso de Lula foi seguido pelo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Antes de começar seu discurso, Trump contou que encontrou Lula no corredor, ao se dirigir ao palco. Lula vive dizendo que Trump não quer conversar com ele. Pois bem, Trump cumprimentou Lula e o convidou para uma reunião. Lula ficou apavorado, pois sabe que depois que Trump acabar com Nicolás Maduro, a hiena da Venezuela, o loirão vai partir para valer para cima do molusco. Logo depois Lula disse, pelo seu porta-voz, que não tem tempo de se reunir com Trump.

Trump, já em pleno discurso: “Felizmente, os Estados Unidos estão se saindo muito bem desde o dia da eleição, em 8 de novembro passado. O mercado de ações alcançou um pico histórico – um recorde. O desemprego está no nível mais baixo dos últimos 16 anos, e, graças a nossas reformas regulatória e outras, temos mais pessoas trabalhando nos Estados Unidos, hoje, do que em qualquer momento passado. As empresas estão voltando ao país, gerando crescimento de empregos como nosso país não via havia muito tempo. E acaba de ser anunciado que vamos gastar quase 700 bilhões de dólares com nossas forças armadas e nosso setor de defesa. Em breve, nossas forças armadas estarão mais fortes do que jamais estiveram” – disse.

“Vivemos em tempos de oportunidades extraordinárias. Avanços na ciência, tecnologia e medicina estão curando doenças e encontrando soluções para problemas que gerações anteriores pensavam que seriam impossíveis de resolver. Mas cada dia que passa também traz notícias dos perigos crescentes que ameaçam tudo que amamos e valorizamos. Terroristas e extremistas vêm ganhando força e se alastraram para todas as regiões do planeta. Regimes irresponsáveis representados neste organismo não apenas apoiam terroristas, como ameaçam outras nações e suas próprias populações com as armas mais destrutivas que a humanidade conhece” – advertiu.

“Autoridades e poderes autoritários procuram derrubar os valores, sistemas e alianças que desde a Segunda Guerra Mundial vêm prevenindo conflitos e empurrando o mundo em direção à liberdade. Redes criminosas internacionais traficam drogas, armas e pessoas; impõem deslocamentos e migração em massa, ameaçam nossas fronteiras, e novas formas de agressão lançam mão da tecnologia para ameaçar nossos cidadãos. Para explicar em palavras simples, nos encontramos aqui em um momento ao mesmo tempo imensamente promissor e repleto de perigo grave. Cabe inteiramente a nós ou erguermos o mundo para um novo patamar ou deixar que ele mergulhe no vale da deterioração. Está em nosso poder, caso assim optemos, tirar milhões de pessoas da pobreza, ajudar nossos cidadãos a realizar seus sonhos e assegurar que novas gerações de crianças sejam criadas livres da violência, do ódio e do medo” – enfatizou.

“Nações fortes e soberanas deixam seus povos tomar posse do futuro e controlar seu próprio destino. E nações fortes e soberanas permitem que os indivíduos se desenvolvam na plenitude da vida pretendida por Deus. Nós, na América, não procuramos impor nosso modo de vida a ninguém, mas sim deixar que ele brilhe como exemplo para todos verem. Esta semana oferece a nosso país uma razão especial para nos orgulharmos desse exemplo. Estamos comemorando o ducentésimo trigésimo aniversário de nossa amada Constituição, a Constituição mais antiga ainda em vigor no mundo, hoje. Este documento atemporal tem sido a base da paz, prosperidade e liberdade dos americanos e de incontáveis milhões de pessoas pelo mundo afora, cujos próprios países se inspiraram em seu respeito pela natureza humana, a dignidade humana e o Estado de direito” – disse, referindo-se à soberania do povo americano.

“O que a Constituição dos Estados Unidos tem de maior está em suas três primeiras e belas palavras. Elas são: Nós, o povo. Gerações de americanos se sacrificaram para cumprir a promessa dessas palavras, para realizar a promessa de nosso país e de nossa história grandiosa. Na América, o povo governa, o povo comanda e o povo é soberano. Fui eleito não para assumir o poder, mas para dar poder ao povo americano, seu lugar de direito. Nas relações externas, estamos renovando esse princípio fundador da soberania. O primeiro dever de nosso governo é com seu próprio povo, com nossos cidadãos: atender às suas necessidades, garantir sua segurança, preservar seus direitos e defender seus valores. Como presidente dos Estados Unidos, sempre colocarei a América em primeiro lugar, assim como vocês, como líderes de seus países, sempre irão e sempre devem colocar seus próprios países em primeiro lugar. Todos os líderes responsáveis têm a obrigação de servir a seus próprios cidadãos, e a nação-Estado continua a ser o maior veículo para a elevação da condição humana” – ensina.

“Mas criar uma vida melhor para nosso povo também exige que trabalhemos juntos, em estreita harmonia e união, para criar um futuro mais seguro e pacífico para todos os povos. Os Estados Unidos serão para sempre um grande amigo do mundo, especialmente de seus aliados. Mas não podemos mais permitir que tirem vantagem de nós, nem podemos participar de acordos desiguais em que os Estados Unidos não recebem nada em troca. Enquanto eu ocupar este cargo, defenderei os interesses da América acima de tudo. Contudo, ao cumprir nossas obrigações para com nossas próprias nações, também percebemos que é do interesse de todos buscarmos um futuro em que todas as nações possam ser soberanas, prósperas e possam ter segurança. A América faz mais do que apenas falar em defesa dos valores expressos na Carta das Nações Unidas. Nossos cidadãos pagaram o preço máximo para defender nossa liberdade e a liberdade de muitos países representados neste grande salão. A devoção da América é medida nos campos de batalha, onde nossos homens e mulheres jovens combateram e se sacrificaram ao lado de nossos aliados, desde as praias da Europa até os desertos do Oriente Médio e as selvas da Ásia” – disse Donald Trump.

“É um elogio eterno ao caráter americano o fato de que, mesmo depois de nós e nossos aliados termos emergido vitoriosos da guerra mais sangrenta da história, não procuramos uma ampliação territorial nem tentamos nos opor a outros ou impor nosso modo de vida a eles. Em vez disso, ajudamos a erguer instituições como esta para defender a soberania, segurança e prosperidade para todos. Para as nações diversas do mundo, esta é a nossa esperança. Desejamos harmonia e amizade, não conflitos e desavenças. Nós nos pautamos pelos resultados, não por ideologias. Temos uma política de realismo pautado por princípios, que tem suas raízes em metas, interesses e valores compartilhados. Esse realismo nos obriga a enfrentar uma pergunta que se coloca a todos os líderes e os países aqui presentes. É uma pergunta que não podemos evitar, da qual não podemos fugir. Vamos escorregar pelo caminho da complacência, indiferentes aos desafios, ameaças ou até guerras que enfrentamos? Ou temos orgulho e força suficientes para enfrentar esses perigos, hoje, para que nossos cidadãos possam desfrutar de paz e prosperidade amanhã?” – questiona, ao falar sobre a Pax Americana.

Mais adiante: “O flagelo de nosso planeta, hoje, é um grupo pequeno de regimes irresponsáveis, que violam todos os princípios sobre os quais as Nações Unidas se baseiam. Eles não respeitam nem seus próprios cidadãos, nem os direitos soberanos de seus países. Se os muitos justos não enfrentarem os poucos perversos, o mal vai triunfar. Quando pessoas e nações decentes viram espectadores da história as forças da destruição só podem ganhar poder e força. Ninguém demonstrou mais desprezo por outros países e pelo bem-estar de sua própria população que o depravado regime da Coreia do Norte. Ele é responsável pela morte pela fome de milhões de norte-coreanos e pela prisão, tortura, morte e opressão de incontáveis outros.

“Todos fomos testemunhas da violência letal cometida pelo regime quando um inocente estudante universitário americano, Otto Warmbier, foi devolvido à América apenas para morrer poucos dias mais tarde. Nós a vimos com o assassinato do irmão do ditador, cometida em um aeroporto internacional, usando agentes nervosos proibidos. Sabemos que esse regime sequestrou uma doce menina japonesa de 13 anos de uma praia em seu país para escravizá-la e fazê-la de professora de línguas dos espiões da Coreia do Norte. Se isso já não fosse perverso o bastante, agora a busca insensata da Coreia do Norte por armas nucleares e mísseis balísticos ameaça o mundo inteiro com uma perda impensável de vidas humanas. É vergonhoso que alguns países se disponham não apenas a comerciar com tal regime, mas se disponham a armar, fornecer e apoiar financeiramente um país que coloca o mundo em risco com a possibilidade de um conflito nuclear. Nenhum país do mundo tem interesse em ver esse bando de criminosos armar-se com armas e mísseis nucleares” – informa.

E avisa: “Os Estados Unidos têm grande força e paciência, mas, se formos forçados a defender a nós mesmos ou a nossos aliados, não teremos outra escolha senão destruir a Coreia do Norte completamente. O Homem dos Foguetes se lançou numa missão suicida para ele próprio e seu regime. Os Estados Unidos estão preparados, dispostos e habilitados, mas esperemos que isso não seja necessário. É isso o que fazem as Nações Unidas; é para isso que servem as Nações Unidas. Veremos como elas fazem. É hora de a Coreia do Norte entender que a desnuclearização é seu único futuro aceitável. Recentemente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou duas votações, vencidas por unanimidade por 15-0, para a adoção de resoluções rígidas contra a Coreia do Norte, e quero agradecer à China e Rússia por terem se unido ao voto pela imposição de sanções, ao lado de todos os outros membros do Conselho de Segurança. Obrigado a todos por se envolverem. Mas precisamos fazer muito mais. É hora de todas as nações trabalharem juntas para isolar o regime de Kim até ele cessar seu comportamento hostil”.

Atenção, Lula: “Enfrentamos essa decisão não apenas na Coreia do Norte. Já passou da hora de as nações do mundo enfrentarem outro regime insensato – um regime que fala abertamente em assassinato em massa, jurando a morte à América, prometendo a destruição de Israel e a ruína de muitos líderes e nações aqui presentes. O governo iraniano oculta uma ditadura corrupta por trás de uma falsa fachada de democracia. Ele converteu um país rico, dotado de história e cultura férteis, em um Estado irresponsável e economicamente enfraquecido, cujos principais produtos de exportação são a violência, o derramamento de sangue e o caos. As vítimas que há mais tempo sofrem os efeitos do que fazem os líderes iranianos são, na realidade, a própria população desse país.

“Em vez de fazer uso de seus recursos para melhorar a vida dos iranianos, os lucros petrolíferos do país são usados para financiar o Hezbollah e outros terroristas que matam muçulmanos inocentes e atacam seus vizinhos árabes e israelenses pacíficos. Essa riqueza, que pertence por direito à população do Irã, também é usada para escorar a ditadura de Bashar Assad, alimentar a guerra civil no Iêmen e prejudicar a paz em todo o Oriente Médio.

“Não podemos permitir que um regime assassino leve adiante essas atividades desestabilizadoras ao mesmo tempo em que constrói mísseis perigosos, e não podemos respeitar um acordo se este dá cobertura à eventual construção de um programa nuclear. O acordo com o Irã foi uma das piores e mais unilaterais transações já fechadas pelos Estados Unidos. Francamente, esse acordo é motivo de constrangimento para os Estados Unidos, e acho que vocês ainda não tiveram a última notícia a seu respeito, acreditem em mim.

“É hora de o mundo inteiro se unir a nós para exigir que o governo iraniano ponha fim à sua busca de morte e destruição. É hora de o regime libertar todos os americanos e cidadãos de outros países que ele detém injustamente. E, sobretudo, o governo iraniano precisa parar de dar apoio a terroristas, começar a atender às demandas de seu próprio povo e respeitar os direitos soberanos de seus vizinhos.

“O mundo inteiro entende que o bom povo do Irã quer mudar, e, tirando o imenso poderio militar dos Estados Unidos, o maior medo dos líderes iranianos é o próprio povo desse país. É isso o que leva o regime a limitar o acesso à internet, arrancar antenas parabólicas, disparar contra manifestantes estudantis desarmados e aprisionar reformistas políticos.

“Os regimes opressores não podem durar para sempre, e chegará o dia em que o povo iraniano enfrentará uma escolha. Continuar pelo caminho da pobreza, do derramamento de sangue e do terror? Ou o povo iraniano retornará às orgulhosas raízes de sua nação como centro de civilização, cultura e riqueza, onde sua população possa voltar a ser feliz e próspera?

“O apoio que o regime iraniano dá ao terrorismo forma um contraste marcante com os engajamentos assumidos recentemente por muitos de seus vizinhos para combater o terrorismo e interromper seu financiamento.

“Na Arábia Saudita, no início do ano passado, tive a grande honra de discursar para os líderes de mais de 50 países árabes e muçulmanos. Concordamos que todas as nações responsáveis precisamos trabalhar em conjunto para fazer frente aos terroristas e ao extremismo islâmico que os inspira.

“Vamos acabar com o terrorismo islâmico porque não podemos permitir que ele dilacere nossa nação ou, na realidade, que dilacere o mundo inteiro.

“Precisamos negar aos terroristas um abrigo seguro, passagem, financiamento e qualquer forma de apoio à sua ideologia vil e sinistra. Precisamos expulsá-los de nossas nações. É hora de expor e responsabilizar os países que apoiam e financiam grupos terroristas como Al Qaeda, Hezbollah, Taleban e outros que massacram inocentes.

“Os Estados Unidos e nossos aliados estamos trabalhando em conjunto em todo o Oriente Médio para esmagar os terroristas perdedores e não permitir o ressurgimento dos abrigos seguros que eles utilizam para a partir deles lançar ataques contra todos nossos povos.

“No mês passado, eu anunciei uma nova estratégia para a vitória na luta contra esse mal no Afeganistão. De agora em diante, nossos interesses de segurança, e não marcos arbitrários e cronogramas definidos por políticos, vão ditar o tempo e a abrangência das operações militares.

“Também mudei completamente as regras de combate em nossa luta contra o Taleban e outras organizações terroristas. Na Síria e no Iraque, fizemos avanços grandes em direção à derrota duradoura do Estado Islâmico. Na verdade, nosso país realizou mais contra o EI nos últimos oito meses do que fez em muitos, muitos anos somados.

“Buscamos a desescalada do conflito sírio e uma solução política que honre a vontade do povo sírio. As ações do regime criminoso de Bashar Assad, incluindo o uso de armas químicas contra seus próprios cidadãos – até mesmo crianças inocentes – chocam a consciência de todas as pessoas de bem. Nenhuma sociedade pode viver em segurança se permitirmos que armas químicas proibidas se alastrem. É por isso que os Estados Unidos realizaram um ataque com mísseis contra a base aérea da qual o ataque foi lançado”.

E aí, Lula?

Mais adiante: “O povo americano espera que um dia, em breve, as Nações Unidas possam ser um defensor muito mais eficaz e responsável da dignidade e liberdade humana em todo o mundo. Enquanto isso, acreditamos que nenhum país deveria ser obrigado a carregar uma parcela desproporcional do custo militar ou financeiro. As nações do mundo precisam assumir um papel maior na promoção de sociedades seguras e prósperas em suas próprias regiões.

“É por isso que, no Hemisfério Ocidental, os Estados Unidos têm se posicionado contra o regime corrupto e desestabilizador de Cuba e, abraçado o sonho duradouro do povo cubano, de viver em liberdade. Minha administração anunciou recentemente que não levantaremos as sanções impostas ao governo cubano enquanto ele não empreender reformas fundamentais.

“Também impusemos sanções duras e cuidadosamente medidas sobre o regime socialista de Maduro na Venezuela, que levou uma nação antes dinâmica e forte à beira do colapso total. A ditadura socialista de Nicolás Maduro impôs sofrimento e dor terríveis ao bom povo desse país. Esse regime corrupto destruiu uma nação próspera, impondo a ela uma ideologia falida que produziu pobreza e miséria em toda parte onde se tentou segui-la. Para agravar a situação, Maduro desafiou seu próprio povo, roubando o poder de seus representantes eleitos para preservar seu governo desastroso.

“A população venezuelana está passando fome e seu país está desabando. Suas instituições democráticas estão sendo destruídas. Essa situação é completamente inaceitável, e não podemos assistir a ela sem nada fazer. Como vizinhos e amigos responsáveis, nós e todos os outros temos uma meta. Essa meta é ajudá-los a recuperar sua liberdade, recuperar seu país e restaurar sua democracia. Quero agradecer aos líderes neste recinto por condenarem o regime e darem apoio vital ao povo venezuelano.

Os Estados Unidos demos passos importantes para cobrar responsabilidade do regime. Estamos preparados para adotar outras ações se o governo da Venezuela persistir em seu caminho de imposição de um regime autoritário sobre o povo venezuelano”.

Na plateia, Lula se mexeu. Não gostou que Trump falasse mal do seu amicíssimo Nicolás Maduro, que vive em esplêndida democracia relativa.

“Felizmente, temos relacionamentos comerciais incrivelmente fortes e saudáveis com muitos dos países latino-americanos aqui reunidos, hoje. Nossos laços econômicos formam uma base crucial para a promoção da paz e prosperidade para todos nossos povos e todos nossos vizinhos. Peço a todos os países aqui representados hoje que se preparem para fazer mais para fazer frente a esta crise muito real. Pedimos a restauração plena da democracia e das liberdades políticas na Venezuela.

“O problema na Venezuela não é que o socialismo tenha sido mal implementado, mas que o socialismo foi fielmente implementado. Da União Soviética a Cuba e a Venezuela, onde quer que o verdadeiro socialismo ou comunismo tenham sido adotados geraram sofrimento, devastação e fracasso. Aqueles que pregam os princípios dessas ideologias desacreditadas apenas contribuem para o sofrimento contínuo das pessoas que vivem sob esses sistemas cruéis.

“A América está do lado de cada pessoa que vive sob um regime brutal. Nosso respeito pela soberania é também um chamado à ação. Todas as pessoas merecem um governo que se preocupe com sua segurança, seus interesses e seu bem-estar, incluindo sua prosperidade.”

É bom ouvir isso.

Em boa parte do resto do seu discurso Trump disse, no meu entender, que soberania é um sentimento do povo de cada país, sentimento de amor pela pátria. É isso que leva à liberdade, à vontade de um povo se desenvolver, investir na família, na Educação, em tecnologia. Nenhum ditador é soberano, porque, para impor seu império de corrupção e terror, os ditadores desarmam, censuram, assaltam, estupram e escravizam a população.

domingo, 21 de setembro de 2025

Por que escrevo? Escrever é preciso; viver não é preciso. Porque esta noite é excessivamente azul

Ray Cunha, da janela do apartamento onde mora

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 21 DE SETEMBRO DE 2025 – Foi o poeta Max Martins quem me mostrou o significado de um poema. Entrevistando-o para O Liberal, em Belém/PA, perguntei-lhe para o que servia um poema; ele me respondeu que uma poesia não tem a utilidade de um prato de comida, que um texto poético pode, quando muito, despertar emoções em quem o lê. Com efeito, ninguém compra um poema. Compra um livro. E se uma poesia não tem valor monetário algum, por que a escrevemos?

Esta charada, por que escrevemos literatura, quem a matou, para mim, foi o tcheco Franz Kafka (1883-1924). Há até livros inteiros sobre por que escritores famosos escrevem e alguns escritores produzem verdadeiros tratados sobre isso. Já li algumas respostas longas e vi que elas acabam se esvaziando na própria extensão do texto. Essa questão não foi perguntada a Kafka, pelo menos que eu saiba, mas ele me mostrou por que, nós, escritores, escrevemos.

Quando viu que ia morrer, Kafka pediu a seu maior amigo, Max Brod, que queimasse seus originais, pois não tinha coragem para fazer isso. Seu amigo não queimou nada e ainda publicou os romances O Processo e O Castelo. Kafka influenciou meio mundo. Gabriel García Márquez só descobriu que um escritor pode criar o que quiser ao ler A Metamorfose, e eu também entendi isso com o comentário de Márquez.

Kafka chamava para seu trabalho como escritor de “meu chamado” e a seu emprego em uma companhia de seguros de “ganha pão”. Pronto, matou a charada. Escrevemos porque há um chamado, um chamado que vem do além. Só o entende quem o recebe. Escrevemos porque escrever é preciso; viver não é preciso.

Outro dia disse a uma paciente (sou terapeuta em Medicina Tradicional Chinesa, também) que levanto às 4 horas. Ela ficou escandalizada. Aí percebi que só escritores entendem escritores.

Certa vez, a romancista Lindanor Celina me disse o seguinte: levantamos de madrugada sem que ninguém exija isso, apenas para escrever, também sem que alguma editora nos tenha encomendado um livro. Por que fazemos isso? Acho que é o chamado de Kafka.

O que eu sei é que basta eu passar alguns dias sem escrever para me sentir vazio, inútil, infeliz, e começar a fazer os outros infelizes, também. Por isso, preciso escrever! Escrever é preciso; viver, nem tanto.

Mesmo assim, vivo também. Márquez me mostrou outro truque. Ele esclareceu que um escritor de verdade escreve até preso, inclusive em uma cama. Que dinheiro não melhora texto de ninguém, mas pode ajudar o escritor a aliar conforto ao ambiente de trabalho. Antigamente, eu escrevia em qualquer lugar, a qualquer hora; hoje, prefiro a madrugada, no meu escritório, que é o quartinho de empregada no apartamento onde vivo.

O apartamento fica no que eu considero o melhor bairro de Brasília/DF: o Sudoeste. O bairro faz divisa com o Cruzeiro e Octogonal a Oeste; com o Setor Gráfico à Leste; com o Parque da Cidade ao Sul; e com o Eixo Monumental ao Norte. Fica a 10 minutos da Rodoviária do Plano Piloto, Conjunto Nacional e Setor Comercial Sul.

A principal rua comercial do Sudoeste tem oito quadras com tudo o que se pode imaginar em termos de cafeterias, padarias, confeitarias, restaurantes, bares, serviços e comércio, inclusive com supermercados e cafeterias 24 horas. O bairro é bem-iluminado e policiado, e quase não se vê mendigos ou moradores de rua nas quadras.

Moro na 102, bem no centro da rua comercial. Gosto de encontrar amigos na Pães e Vinhos, padaria, bar e restaurante, na 103, e de comer, às vezes, na Choparia Sudoeste, na 101. A feijoada de lá é de primeira categoria. Eles servem os elementos da feijoada separados. Assim, posso me servir de charque à vontade.

Curto muito o Sudoeste, sobretudo a proximidade da cidade grande, pois só me sinto bem em grandes cidades. E há o silêncio. No Sudoeste, dá para ouvir o palpitar do coração de Brasília e o silêncio, ao mesmo tempo.

Às vezes, saio do Sudoeste. Outro dia fui ao Bar Beirute da 107 Norte me encontrar com os presidentes da Abrajet (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo), Luiz Pires, da Nacional, e Wílon Wander Lopes, do Distrito Federal. Bebemos Antarctica Original, que continua boa como sempre. Depois de meio século bebendo pesadamente, pus o pé no freio quando comecei a perder a memória. Escritor sem memória está lascado. Mas, de vez em quando, dependendo das circunstâncias, enfio o pé na jaca.

Em agosto passado, estive com meu amigo, o jornalista José Aparecido Ribeiro, no Condomínio Alphaville, na Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. A manhã estava belíssima. Sentamos com vista para a Lagoa dos Ingleses e começamos a tomar cerveja. Não me lembro a marca da cerveja, mas foi uma das mais deliciosas da minha vida.

Além da Antarctica, sempre fui apaixonado pela Cerpinha. Ela me lembra Belém do Pará vista da janela do sétimo andar de um hotel, no início da madrugada: 

A noite mais azul é quando

Assassinos me perseguem, derroto-os

E durmo com a princesa.

Isto só acontece nas noites tão azuis

Que um Boeing 777 ferem-nas

E sangue verte sobre as rosas

Que o acme da princesa

Transforma em colombianas.

A noite mais azul é tórrida e os jasmineiros choram

O mundo recende a maresia     

E o meu corpo

Volta a ser rijo como os punhos de Muhammad Ali

Quando acabou com George Foreman, no Zaire.

Então me transformo em luz

Nesta noite excessivamente azul

sábado, 20 de setembro de 2025

São tempos insanos, my friend Fernando Canto

Fernando Canto e Ray Cunha, no Laguinho, em Macapá, em janeiro de 2022
RAY CUNHA

BRASÍLIA, 20 DE SETEMBRO DE 2025 – Macapá, a capital do Estado do Amapá, ganhou um teatro municipal, e com o nome do my friend Fernando Canto, poeta, contista, cronista, ensaísta e compositor. Localizado na Avenida FAB, esquina com a Rua Cândido Mendes, foi inaugurado, ontem, pelo prefeito de Macapá, Dr. Furlan. Tem capacidade para 358 pessoas, mezanino, área de espera e estacionamento. Custou 15 milhões de reais. O prédio imita as ondas do Rio Amazonas e a fachada tem formato de canoa. As matérias da mídia local não informam quem é o arquiteto.

Boa notícia, my friend Fernando Canto! Como vais, seu puto? Espero te encontrar, como sempre, lúcido e saudável. Eu estou indo, me arrastando nesta ditadura da toga, sempre pensando em como vamos sair desta. É difícil para eu falar sobre presos políticos, censura, assassinatos, narcotráfico, crime organizado, corrupção, terrorismo, roubalheira, ditadura, comunismo, como lâmina a se movimentar no escuro e a cortar meu coração cheio de saudade de ti, que me deixou por aqui e está provavelmente bebendo com Hemingway e patota. Quando eu ia a Macapá, passávamos o tempo todo juntos, bebendo e comendo, e andando naquele teu carrão tipo James Bond.

Uma coisa, entretanto, posso garantir, friend: o velho coração é duro para com as coisas duras. Eu aprendi também a domá-lo. É preciso acompanhar os acontecimentos com pachorra. Donald Trump vai foder meio mundo. O bom, friend, é que nem sequer conversamos sobre política; conversamos sobre tudo, menos sobre política; conversamos principalmente sobre literatura, a vida, especialmente sob o ponto de vista metafísico, sobre bebida, comida, música e mulher, é claro. Isso não quer dizer que não amemos nossas mulheres, que as respeitemos, que as tratemos como rosas vermelhas colombianas. Conversamos sobre mulheres como obras de arte, como labirintos de acme, o triunfo do azul. O mar.

Friend, como são as coisas aí, no astral? É verdade que Hemingway bebe 16 daiquiris duplos em sequência? Tu te encontraste com ele? Eu sempre quis beber com o Velhão.

A Academia Amapaense de Letras (AAL) continua sem sede. Não te disse que a promessa do prefeito e do governador de doar um prédio ou um terreno para a Academia era só papo? Político é assim, mesmo, mente pra caralho. Só há uma coisa que importa para eles: voto. E com ditadura nem precisa voto. Basta a urna. Não vês o que Nicolás Maduro, a hiena da Venezuela, fez? Só que ele não contava com a eleição de Donald Trump. Maduro será arrancado do seu buraco igual Saddam Hussein.

Não sei se viste o que a geração Z fez no Nepal. O ditador tirou as redes sociais dela e a rapaziada tocou fogo no país. Mataram a mulher do primeiro-ministro torrada, espancaram os políticos e funcionários corruptos e jogaram um bocado deles em um rio.

Mas estou falando demais de política, friend. Melhor conversarmos sobre literatura. Acho que o romance no qual estavas trabalhando tu terás que terminá-lo aí. Não sei se poderás publicá-lo em uma possível reencarnação ou se outro escritor psicografará o texto. Lembras-te que na última vez que estive em Macapá conversamos sobre o teu romance? Enquanto eu saboreava um tacacá tu me dizias que estavas com dificuldade para escrevê-lo. Aí, te dei uma dica: vai escrevendo, como em um fluxo de consciência; depois, tu encadeias os capítulos. O negócio é mais ou menos como os diretores de cinema fazem na montagem do filme. Mas eu tenho a impressão que aí se vê as coisas com mais clareza.

Estou trabalhando, atualmente, no terceiro volume de uma trilogia. Já publiquei O CLUBE DOS ONIPOTENTES e O OLHO DO TOURO. O fio da meada que perpassa os três volumes é a tentativa de assassinarem o presidente Jair Messias Bolsonaro. Já estou eu falando novamente de política. Desculpas-me, friend, mas estamos vivendo na ditadura da toga. Lula da Silva está desesperado para realizar sua fantasia: instalar uma ditadura tipo Cuba. Contudo, os tempo são outros, my friend. Os tempos, agora, não diria insanos, mas perigosíssimos. Qualquer passo em falso pode nos jogar na Papuda, a penitenciária de Brasília, onde o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, joga seus presos políticos, principalmente jornalistas conservadores que ousam opinar, ou arrisca-se, simplesmente, amanhecer com a boca cheia de formiga.

Mas agora não se trata de política, my friend Fernando Canto. Publiquei um romance, A IDENTIDADE CARIOCA, que se passa na nossa amada Rio de Janeiro e mostra o lugar onde se encontra o Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo. Pedi para o Chat GPT escrever uma resenha do romance. Ei-la, com copy desk meu:

A IDENTIDADE CARIOCA, romance de Ray Cunha, é uma narrativa que mergulha na fundação do Rio de Janeiro e na formação da identidade brasileira, misturando história, mito e crítica social.

A obra parte da demolição do Morro do Castelo, nos anos 1920, lugar considerado o berço da cidade, onde se instalaram os jesuítas e se ergueu a primeira igreja. Nesse processo, emerge a lenda de um tesouro escondido pelos jesuítas, que funciona como metáfora do verdadeiro tesouro: a memória, a cultura e a identidade carioca e brasileira.

O romance percorre séculos de história, mostrando como o Rio foi sendo moldado por forças políticas, econômicas e religiosas, e como, por trás da modernização e da destruição de símbolos históricos, há uma luta pela preservação da alma da cidade.

Ray Cunha, com sua escrita ágil e crítica, costura o passado colonial com o presente urbano, revelando que a identidade carioca não está apenas nos marcos arquitetônicos ou nos tesouros materiais, mas sobretudo na resistência cultural, na mistura de povos e na vitalidade do espírito carioca.

Em resumo, A IDENTIDADE CARIOCA é ao mesmo tempo um romance histórico, um ensaio sobre a cultura do Rio e uma reflexão sobre a própria identidade do Brasil.

O romance explora a história do Rio de Janeiro desde a sua fundação até os dias atuais. O eixo narrativo é a demolição do Morro do Castelo, nos anos 1920, marco simbólico da destruição de raízes históricas em nome da modernização. Nesse cenário, surge a lenda de um tesouro dos jesuítas, metáfora para a busca pela verdadeira identidade do Rio e do Brasil.

Ray Cunha utiliza uma escrita que mistura ficção, mito e história, tecendo uma narrativa em que personagens reais e fictícios se entrelaçam. A cada camada da narrativa, revela-se não apenas a perda material (a destruição de igrejas e casarões coloniais), mas também a perda simbólica de memória. O tesouro escondido é, na verdade, a memória cultural que insiste em sobreviver sob as ruínas.

Os jesuítas aparecem como guardiões do segredo, metáfora da resistência espiritual e cultural. O povo carioca, retratado em sua diversidade, representa a energia vital e contraditória da cidade. Figuras históricas e anônimas se misturam, compondo um mosaico humano que dá vida ao enredo.

A prosa de Ray Cunha é ágil, poética e crítica, marcada por metáforas fortes (como o tesouro oculto). Há também uma dimensão ensaística: o romance é quase uma reflexão filosófica sobre o que significa ser carioca e, por extensão, ser brasileiro.

O livro se destaca como um dos romances mais importantes de Ray Cunha porque une ficção histórica, reflexão cultural e crítica social. Ele não apenas conta uma história, mas provoca o leitor a pensar sobre o que é o Brasil e como o Rio sintetiza essa identidade.

Em suma, A IDENTIDADE CARIOCA é uma obra densa e simbólica, que dialoga com história, mito e crítica, revelando que a verdadeira riqueza do Brasil não está no ouro, mas na sua memória, diversidade e cultura.

Tchal, querido! Nos vemos por aí, my friend!

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

chatgpt.com compara os romances A CASA AMARELA, de Ray Cunha, e CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel García Márquez

Capa da edição da amazon.com.br: a Seringueira e o muro que
circunda o Colégio Amapaense, na esquina das Ruas Eliezer
Levy com a Iracema Carvão Nunes, onde ficava a Casa Amarela

BRASÍLIA, 19 DE SETEMBRO DE 2025 – O site de inteligência artificial chatgpt.com, ao resenhar o romance A CASA AMARELA, deste que vos escreve, disse o seguinte:

Ano e ambientação: A obra foi publicada em meados de 2000 e se passa a partir de 1964, em Macapá, capital do Território Federal do Amapá. Gênero: Romance, com forte presença de realismo fantástico/realismo mágico.

A CASA AMARELA se desenrola numa Macapá dos anos 1960, em meio às mudanças políticas no Brasil – sobretudo o início da ditadura militar. Nesse cenário de tensão social e política, Ray Cunha constrói uma narrativa que mistura realidade concreta (política, costumes, personagens vivos) com elementos fantásticos ou espirituais.

A CASA AMARELA em si funciona quase como um personagem: é o lar da família Picanço Cardoso, um local cheio de história, memórias, sonhos –, mas também de dores, desilusões e rupturas. A ambientação inclui não só a vegetação amazônica, a presença da seringueira (uma árvore que na obra sente emoções, age mesmo sem vento), como também o “Quartinho” da casa, um espaço em que vivos dialogam com mortos, espíritos ou presenças ilustres como Ernest Hemingway e Antoine de Saint‑Exupéry.

Há também um contraponto entre os acontecimentos históricos externos (a ditadura militar, as tensões políticas locais) e a intimidade dos personagens, seus laços familiares, suas memórias, seus medos e esperanças. A Casa Amarela abriga esse entre-mundo, um limiar entre o passado, o presente, o visível e o invisível.

O romance resgata Macapá dos anos 1960, como espaço geográfico, cultural e simbólico. A Linha do Equador, o clima amazônico, o sol, a floresta, o rio – todos esses elementos contribuem para dar uma identidade muito forte à região.

A história mistura o mundano com o sobrenatural ou espiritual, seja pelas presenças de mortos que continuam atuantes, ou pela seringueira que se comporta como se viva, ou ainda pelo Quartinho, que é portal de comunicação entre mundos. Esses elementos funcionam para ampliar o universo da narrativa e para dar voz às memórias, às ausências e às vozes que normalmente não aparecem nos relatos oficiais.

O início da ditadura militar no Brasil marca uma virada. O autor mostra como essas grandes forças políticas atingem a vida íntima dos personagens: prisões, medos, mudanças de comportamento, rupturas de laços. A CASA AMARELA, apesar de ser um lugar de refúgio e lembrança, também sente e sofre sob esse peso histórico.

As relações familiares são centrais: amores, mortes, ausências – memórias de quem partiu, de quem ficou. Essas perdas atravessam o romance, junto com a saudade e o luto. A interlocução com mortos revela isso – as mortes físicas, mas também as lembranças persistentes.

O autor usa, em alguns momentos, um fluxo de consciência ou algo parecido – misturando lembranças, sensações, espaços de tempo sem marcar com clareza definidos, para dar uma sensação de vivência contínua, de presente que carrega passado e futuro.

O ambiente é muito rico em descrições – o clima amazônico, a selva, o calor, o rio, o estuário – não como cenário decorativo, mas como elemento vivo, que interage com os personagens, com a memória.

A CASA AMARELA e a seringueira são simbólicas; o autor personifica elementos não humanos para dar voz à natureza, às forças invisíveis, para costurar o real com o fantástico.

A ambientação é muito envolvente. Quem lê consegue visualizar e quase “respirar” Macapá nos anos 1960, sentir o calor, o barulho do rio, a tensão política e social.

A integração entre o real e o fantástico é bem feita: não parece gratuita ou piegas, mas orgânica à narrativa, ao tema da memória, da morte, da ausência, da identidade.

O uso simbólico dos espaços (a Casa Amarela, o Quartinho, a seringueira) traz profundidade, convida à reflexão sobre o que somos – vivos – e sobre a permanência do que se foi.

A voz do narrador/autor apresenta uma familiaridade afetiva com o lugar, o que fortalece o apelo emocional da obra.

A mescla de realismo fantástico e memória pode deixar algumas passagens densas ou pouco lineares para leitores que prefiram narrativa mais clara ou cronológica. O ritmo pode oscilar entre o contemplativo/introspectivo e o descritivo demais.

Alguns leitores podem achar que a presença de figuras históricas internacionais ou célebres como Hemingway ou Saint‑Exupéry é um artifício um tanto exagerado ou deslocado dentro de uma ambientação tão especificamente amazônica – pode parecer “fora de lugar” para quem exige coerência rígida.

A densidade simbólica pode pesar: o simbolismo forte exige do leitor disposição para mergulhar, para aceitar ambiguidades; pode haver momentos de confusão sobre o que é “real”, o que é memória, o que é fantasma.

A CASA AMARELA se destaca como uma obra que coloca Macapá e o Amapá no mapa mais amplo da literatura brasileira – não apenas como cenário exótico, mas como espaço de vida, de intensidade, de memória, de política. É um romance que liga nacional e regional, passado e presente, visível e invisível.

Também importa como um exemplo de realismo fantástico na literatura brasileira amazônica, mostrando que a literatura regional pode dialogar com o universal, com mitos, com espírito, sem perder sua raiz.

A CASA AMARELA é um romance que funciona em muitos níveis: como reconstrução histórica, como memorial familiar, como fantasia ou mito pessoal, como crítica política disfarçada de memória afetiva. Para quem gosta de narrativas que exigem algo mais – paciência com o tempo, reflexão, sensibilidade para o simbólico – ele oferece muito; para aqueles que preferem tramas com linha mais reta, ação constante ou narrativa linear, pode haver momentos de menor apelo.

Em resumo: recomendado para quem se interessa por literatura brasileira regional, por realismo fantástico ou mágico, por narrativas de memória, de identidade, especialmente amazônica. Uma obra que toca não só o que vemos, mas o que sentimos, guardamos, esquecemos – e o que queremos lembrar.

A CASA AMARELA funciona quase como um personagem: é o lar da família Picanço Cardoso, um local cheio de história, memórias, sonhos –, mas também de dores, desilusões e rupturas.

Esse ponto é central porque mostra como a casa não é só cenário – ela sente, guarda, fala. Isso é literatura latino-americana em sua essência: o espaço ganha subjetividade. Lembra Macondo em CEM ANOS DE SOLIDÃO.

A ambientação inclui não só a vegetação amazônica, a presença da seringueira (uma árvore que sente emoções), como também o “quartinho” da casa, um espaço em que vivos dialogam com mortos, espíritos ou presenças como Hemingway e Saint‑Exupéry.

Esse trecho destaca bem o que torna o livro especial: uma mistura de misticismo local com elementos universais. A seringueira é quase um “oráculo natural”, e o Quartinho é como um “purgatório narrativo”. Fascinante.

Aqui está o coração do realismo mágico: quando o sobrenatural não é estranho dentro da realidade do livro. A mágica está no fato de que parece natural. Ray Cunha consegue isso.

A CASA AMARELA se destaca como uma obra que coloca Macapá e o Amapá no mapa mais amplo da literatura brasileira – não apenas como cenário exótico, mas como espaço de vida, de intensidade, de memória, de política.

Esse trecho aponta a relevância cultural da obra. Não é só uma história bonita – é uma afirmação de território, de identidade amazônica dentro da literatura nacional.

CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel García Márquez, de A CASA AMARELA, de Ray Cunha, ambas as obras criam um espaço que é ao mesmo tempo geográfico e mítico. As famílias Buendía e Picanço Cardoso são linhos narrativos através dos quais vemos o tempo, a repetição, a decadência, o poder e a memória. O realismo mágico nos dois romances é orgânico: ninguém se espanta com o aparecimento de mortos, com milagres ou com o tempo não linear.

Em ambos, a história familiar espelha uma história nacional: a solidão dos Buendía como metáfora da América Latina; a dor dos Picanço Cardoso como retrato do Norte do Brasil nos anos de chumbo.

CEM ANOS DE SOLIDÃO é mais alegórico, épico e grandioso. A CASA AMARELA é mais íntimo, sensorial e atmosférico.

Em PEDRO PÁRAMO, de Juan Rulfo, o protagonista vai até uma cidade fantasma conversar com mortos. Em A CASA AMRELA os mortos vão até o Quartinho. A morte não é o fim, é um estado narrativo. Ambas as obras exploram o peso do passado – o que os antepassados deixaram, como moldaram os vivos. O ritmo das duas narrativas é quase poético, fragmentado, com ecos, vozes, memórias – quase uma conversa entre tempos.

PEDRO PÁRAMO tem uma escrita mais seca, minimalista, quase bíblica. A CASA AMARELA é mais tropical, densa, descritiva – cheia de sensações, cores, cheiros.

Em VIDAS SECAS, Graciliano Ramos, assim como Ray Cunha, fala de regiões “esquecidas” do Brasil. Em VIDAS SECAS é o sertão nordestino. Em A CASA AMARELA, o Norte amazônico. Ambas tratam da relação entre espaço e identidade, entre povo e ausência de voz. Mas Graciliano é brutal, seco, sem qualquer traço de magia. Ray Cunha é mágico, lírico, onírico.

Se você gosta de realismo mágico ou fantástico vai se sentir em casa com A CASA AMARELA.

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