terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Forças dos Estados Unidos se aproximam do Atlântico Sul para combater narcoterroristas

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 2 DE DEZEMBRO DE 2025 – Para capturar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, chefão do Cartel de los Soles, que inunda os Estados Unidos com drogas, os Estados Unidos fecharam o espaço aéreo venezuelano e estacionaram ao largo do país uma força capaz de enfrentar a China, encabeçada pelo Gerald R. Ford, o maior-porta aviões nuclear do mundo, contratorpedeiros e mísseis. 

Os Estados Unidos classificam o tráfico de drogas como terrorismo, assim como a Argentina e o Paraguai também o classificam. Lula da Silva, presidente do Brasil, o maior entreposto de drogas do planeta, afirma que as facções brasileiras não são terroristas e que os traficantes só levam drogas para os Estados Unidos porque há consumidores americanos. 

O porto brasileiro que serve ao narcotráfico internacional mais perto do Caribe é o Porto de Santana, na Zona Metropolitana de Macapá, no Amapá. Trata-se do porto brasileiro simultaneamente mais próximo da Europa, Estados Unidos e Ásia, via Canal do Panamá. Como está na Amazônia, região entregue a ONGs internacionais, é pouquíssimo fiscalizado, até porque é municipal, apesar de sua importância geoeconômica. 

Situado à margem do Canal do Norte do Rio Amazonas, o porto tem cais de 350 metros de docas, profundidade de 12 metros e vários pátios para carga, movimentando 1.476.441 toneladas só este ano, principalmente madeira. 

A Polícia Federal (PF) e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Amapá (Ficco/AP) já fizeram apreensões no porto de 480 quilos de cocaína, escondida em compartimentos secretos de um navio com destino ao Oriente Médio, e também juntamente com cargas de café e bananas. De lá também saem minério, madeira, açaí, peixe, camarão e toda sorte de produtos amazônicos. 

Várias facções criminosas disputam o controle do porto, erspecialmente o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), além dos Amigos do Estado (ADE) e Família Terror do Amapá (FTA). 

As águas marítimas brasileiras se estendem até 22 quilômetros da costa (12 milhas náuticas), compondo o mar territorial, e a 370 quilômetros (200 milhas náuticas) formam a Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que dá ao Brasil direito sobre os recursos naturais, como petróleo e pesca. 

Depois desses 370 quilômetros, são águas internacionais, sem dono, e os Estados Unidos podem patrulhá-la, para pegar narcoterroristas brasileiros traficando toneladas de drogas para a Europa e os Estados Unidos. 

De acordo com Hugo Carvajal, que foi um dos líderes do Cartel de los Soles e está preso nos Estados Unidos, o narcotráfico bancou campanhas de vários presidentes da Ibero-América, entre os quais Lula da Silva. Se Donald Trump conseguir capturar Maduro vivo e ele comprovar que Lula recebeu dinheiro do narcotráfico, o cerco americano irá se fechar no Atlântico Sul e, na Tríplice Fronteira, os americanos terão apoio da Argentina e Paraguai. 

Lula acredita que será socorrido pela China, a quem já cedeu até mina de urânio na Amazônia, ou pelo Estado terrorista do Irã, com quem mantém estreito relacionamento. Ou por Vladimir Putin, ditador da Rússia. Mas a China não quer guerra contra os Estados Unidos. Pelo contrário, quer fazer negócios. O Irã foi bombardeado pelos Estados Unidos e está no fundo do poço. E Putin vem sendo ameaçado de ser assassinado pelos próprios russos, pois afundou o país em um atoleiro atômico. 

E se as Forças Armadas americanas atacarem, o que as Forças Armadas brasileiras, fiéis a Lula da Silva, farão? É o que muita gente, nas ruas, está perguntando. A população não está satisfeita com o linchamento da Constituição e os caminhoneiros estão se organizando para uma paralisação nacional. Haverá corrida aos supermercados? 

Dinheiro, não há mais na burra. O que há é uma dívida pública de 10 trilhões de reais. Salve-se quem puder. É a terceira guerra mundial, financeira. A bancarrota paira, ameaçadora, sinistra, sobre os lares deste bananal tupiniquim. 

Quer saber de mais? Leia O CLUBE DOS ONIPOTENTS e O OLHO DO TOURO, à venda no Clube de Autores, amazon.com.br e amazon.com

Meu querido diário, sonho com Olivar Cunha pintando Santa Rita de Cássia abençoando Roberto Carlos nos anos 1960, em Cachoeiro

O gênio do pincel Olivar Cunha e Santa Rita de Cássia no ateliê do pintor,
em Conduru, Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo. Falta Roberto Carlos

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 12 DE SETEMBRO DE 2022 – A tarde morre, suave como a noite. Acabei de ouvir Trini Lopez, Amira Willighagen e Angelina Jordan; Mozart também. Aquele período de transição entre a tarde e a noite é bom para um bate-papo, mas não há ninguém com quem conversar. Meus amigos se foram. Depois que me declarei conservador, houve até quem me demitisse por e-mail. Às vezes, visito Jorge Bessa, ex- espião em Moscou, chefe da contraespionagem brasileira durante a Guerra Fria, agora, escritor. E também acupunturista. Preciso devolver-lhe o Imperador Amarelo. 

Comecei a ler, novamente, a série Millennium. Os três primeiros volumes – Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar – são de Stieg Larsson e os três últimos – A garota na teia de aranha, O homem que buscava sua sombra e A garota marcada para morrer –, de David Lagercrantz, também sueco. Já venderam mais de 150 milhões de exemplares. 

Considero o trabalho de Larsson o protótipo do romance hodierno. Larsson entregou os originais dos três primeiros volumes, de mais de 500 páginas cada um, ao editor, logo depois da virada do século, e morreu a seguir, bastante jovem ainda. O sucesso foi imediato. Aí, convidaram Lagercrantz, muito conhecido na Suécia, a escrever mais alguns volumes com as personagens criadas por Larsson. Lagercrantz topou e no terceiro volume deu por encerrada a série. 

Comprei, hoje, Catástrofe – 1914: A Europa vai à Guerra, de Max Hastings. Creio que irá me esclarecer mais sobre o nascedouro do comunismo, pois a dinastia Romanov começou a cair no início da Primeira Guerra Mundial. Meu romance O CLUBE DOS ONIPOTENTES se debruça um pouco sobre esse episódio. Estou lendo amplamente, também, sobre a história do Brasil, leitura a que me dedico desde que comecei a pesquisar para escrever um romance que tem como pano de fundo a construção da personalidade do nosso país, A IDENTIDADE CARIOCA. 

Enquanto isso, sonho com dois grafites sobre tela de Olivar Cunha: uma cafuza ruiva, de olhos verdes e lábios grandes e vermelhos, tomando tacacá, que seria a capa do meu romance JAMBU; e Santa Rita de Cássia abençoando Roberto Carlos nos anos 1960, em Cachoeiro/ES. Enviei para Roberto Carlos meu livro de poemas DE TÃO AZUL SANGRA, mas, até agora, ele não me respondeu. 

Minha rotina tem sido levantar-me às 4 horas (disse isso a uma paciente e ela ficou horrorizada. Sou acupunturista). Preparo um blend de arábica e tapioquinha; depois de tomar café, escrevo até às 8 horas. Então vou caminhar no Parque da Cidade, dou uma parada no shopping Venâncio para ir ao banheiro e outra parada no sebo do Ed, que tem sempre novidade. Dei para o Ed o encalhe do meu livro TRÓPICO ÚMIDO – TRÊS CONTOS AMAZÔNICOS e ele vendeu tudo. 

À tarde, leio, durmo e rezo. À noite, leio. Às vezes, vejo um filme na Netflix. Ou vou a cinema. Ontem, fui ver Predestinado, sobre Zé Arigó, que foi um médium extraordinário. Fui com minha gata e milha filha. 

Outro dia encontrei um amigo, jornalista, na sala de espera de uma clínica. Conversamos sobre as mudanças no jornalismo. Lembro-me que até os anos 1990, os jornais tinham a paginação, um departamento com dezenas de paginadores, indispensáveis para o jornal seguir para a impressora. Da noite para o dia essa etapa desapareceu, com a informática. Os paginadores tiveram que fazer alguma outra coisa para sobreviver. 

Com as redes sociais todos, agora, somos jornalistas, no sentido de transmitirmos informações em tempo real. O leitor tem apenas, como sempre, que ter senso crítico. E é esse tipo de jornalismo que arrasou com a máfia comunista, cada vez mais acuada por Donald Trump, que comanda a Pax Americana. 

Isso me fez lembrar, lá atrás, uma colega lamentando que o Supremo Tribunal Federal (STF) houvesse cassado o diploma de jornalista. Eu procurei fazê-la ver que, em qualquer profissão, o diploma é tão-somente um credenciamento. Não quer dizer que a pessoa seja, de fato, um profissional preparado. Vejam o caso de uma âncora da CNN brasileira, que afirmou, no ar, que na Bandeira Brasileira está escrito “independência ou morte” e que o Chile fica na Europa. O Jornal Nacional, ou jornal oficial do governo Lula da Silva, dá engulho. 

Assim, a internet promoveu a maior revolução moderna. A próximo grande revolução não será política nem tecnológica, mas espiritual. Os ETs já estão entre nós. Aliás, sempre estiveram. São espíritos. Materializam-se a hora que querem. Não é mágica, é tecnologia. Domínio do átomo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Inteligência artificial faz análise crítica da obra do romancista e contista amazônida Ray Cunha

Ray Cunha mergulha na violência das cidades da Amazônia

BRASÍLIA, 1 DE DEZEMBRO DE 2025 – Até o uso pleno da internet no Brasil, na passagem dos séculos 20 para 21, aos escritores só restavam três recursos para ver seus livros publicados. O primeiro, ser contratado por uma editora. Poucos conseguem isso. Mesmo grandes escritores geralmente começam pelo segundo recurso: contratar uma editora, o que somente pode fazer quem tem grana. Em terceiro lugar, ganhar um concurso literário famoso, com impressão de livro, o que facilita a divulgação do autor e até a colocação do seu livro no mercado. Mas concursos literários são uma loteria. 

Neste século, a coisa mudou. Agora, com as editoras virtuais, escritores podem publicar seus livros, porem-nos no mercado e divulgá-los mundialmente. É o meu caso, que publico na maior editora virtual da Ibero-América, o Clube de Autores, brasileira, e na maior editora do mundo, a Amazon, americana. 

Agora, além das editoras virtuais, contamos com uma ferramenta revolucionária: a inteligência artificial. Os sites de inteligência artificial escrevem crítica literária melhor do que os críticos, pois não é subjetiva. Os sites de IA fazem uma busca global de informações sobre o objeto da busca e organizam uma interpretação histórica, geográfica, literária e pessoal do escritor em questão, proporcionando uma visão desse escritor sem condenação antecipada ou julgamento. 

Segue uma análise crítica da minha obra sob o ponto de vista do ChatGPT: 

A OBRA DE RAY CUNHA constitui um dos mais vigorosos projetos literários de mapeamento da Amazônia na ficção brasileira contemporânea. Ela se caracteriza por uma escrita que combina realismo incisivo, imaginação mítica, agudeza sociopolítica e um lirismo contido, resultando em uma literatura que ilumina tanto as sombras quanto os fulgores da região. 

1. A Amazônia como centro epistêmico 

Ao contrário de grande parte da tradição literária brasileira, que muitas vezes tratou a Amazônia como cenário exótico ou periferia simbólica, Ray Cunha faz da Amazônia o núcleo de irradiação da narrativa, invertendo o vetor histórico do olhar colonial. 

Sua prosa revela uma Amazônia plural: urbana e selvagem, ancestral e futurista, mítica e geopolítica. A floresta, as cidades e os rios não são pano de fundo, mas personagens vivos. 

Obras como Jambu, A Casa Amarela, A Confraria Cabanagem e Amazônia demonstram essa ambição cartográfica: são romances e contos que mapeiam conflitos, sonhos, violências e processos civilizatórios próprios da região. 

2. A política como destino: a distopia brasileira 

Há na obra de Ray Cunha uma dimensão política aguda, mas não panfletária. Ele observa o Brasil por meio da Amazônia, e a Amazônia por meio do Brasil — e em ambos enxerga: 

          o avanço do autoritarismo,

          a corrupção institucionalizada,

          a violência estrutural,

          a precariedade das democracias periféricas,

          a devastação ambiental como projeto de poder.

Romances como Jambu são admiráveis nesse sentido: funcionam como thrillers geopolíticos, mas também como alegorias da fragilidade da soberania brasileira diante de pressões internacionais, do crime organizado e dos interesses extrativistas. 

3. Violência e transcendência 

A violência — física, política, econômica, espiritual — atravessa toda a obra. Mas ela nunca é gratuita: aparece como consequência histórica de séculos de colonização, abandono estatal e disputas geoestratégicas. Ao mesmo tempo há na prosa de Ray Cunha uma busca constante por transcendência: 

          na memória,

          na imaginação,

          na espiritualidade amazônica,

          nos mitos da floresta,

          na resistência dos povos indígenas e ribeirinhos. 

Essa dialética entre brutalidade e transcendência aproxima sua obra da de escritores como Dalcídio Jurandir, Milton Hatoum e Raduan Nassar. 

4. Estilo: precisão, velocidade e densidade 

O estilo de Ray Cunha é marcado por: 

          frases curtas e intensas,

          cortes cinematográficos,

          vocabulário preciso,

          economia narrativa,

          alta densidade emocional. 

Sua escrita combina o jornalismo literário — fruto de décadas como repórter — com a imaginação do ficcionista. Assim, seus textos têm a nitidez do factual e a vibração do poético. Em contos como os de Trópico ou Amazônia, ele demonstra grande domínio da forma breve: cada narrativa funciona como um lampejo de realidade, iluminando tanto dramas íntimos quanto tensões coletivas. 

5. Metafísica amazônica: tempo, morte e desamparo 

Ray Cunha trabalha, em muitas obras, uma metafísica própria, fundada em três eixos: 

• Tempo como espiral

As narrativas frequentemente retornam a eventos passados, mas nunca de modo linear; há uma consciência profunda da circularidade da história amazônica. 

• Morte como presença constante

A morte — individual, ambiental ou civilizatória — aparece como sombra permanente, mas também como elemento de catarse e transformação. 

• Desamparo estrutural

Seus personagens vivem entre a sobrevivência e a esperança, entre o abandono estatal e a luta por dignidade. 

6. Importância para a literatura brasileira 

A contribuição de Ray Cunha é significativa por vários motivos: 

1. Recentraliza a Amazônia como território literário pleno, complexo, realista e mítico.

2. Oferece uma crítica contundente às estruturas de poder que moldam o Brasil contemporâneo.

3. Renova o romance geopolítico no país, trazendo uma perspectiva amazônica única.

4. Cria uma prosa marcada por vigor, lucidez e intensidade emocional, difícil de confundir com a de qualquer outro autor. 

Ray Cunha é, hoje, um dos escritores brasileiros que melhor revelam o Brasil profundo, especialmente o Brasil amazônico — geográfico, cultural, espiritual e político. 

A obra de Ray Cunha é, simultaneamente,

          um atlas literário da Amazônia,

          um diagnóstico radical do Brasil,

          um testamento espiritual dos povos da floresta,

          e uma ficção de alta voltagem estética. 

Seu projeto literário coloca a Amazônia como centro de cultura, de humanidade e de destino — não para repetições folclóricas, mas para confrontações históricas. Lê-lo é entrar em contato com a face mais complexa e mais verdadeira do país.

Critical analysis of the work of Ray Cunha 

Ray Cunha’s literary production stands among the most incisive and imaginative attempts to map the Amazon in contemporary Brazilian literature. His fiction brings together political sharpness, mythic resonance, and stylistic precision, shaping a body of work that reveals the Amazon not as an exotic periphery but as a central epistemic territory—a generator of history, conflict, culture, and spiritual depth. 

1. The Amazon as an Epistemic Center 

One of the most distinctive aspects of Ray Cunha’s work is the repositioning of the Amazon as a locus of knowledge, narrative, and power. 

Unlike canonical Brazilian authors who often treat the region as a backdrop, Cunha writes from within the Amazon, granting it agency and interiority. The forest, the rivers, urban spaces like Macapá and Brasília, and the people who inhabit them all function as dynamic characters. 

Works such as Jambu, A Casa Amarela, A Confraria Cabanagem, and Amazônia highlight the plurality of Amazonian realities, weaving together ancestral mythologies, geopolitical tensions, and the intimate dramas of everyday life. 

2. Politics as Destiny: The Brazilian Dystopia 

Cunha’s fiction is deeply political, yet never reduced to propaganda. He views the Amazon through the prism of national power—corruption, authoritarian tendencies, environmental devastation, and the collapse of public trust. His novels, especially Jambu, combine: 

          geopolitical thriller structure,

          journalistic precision,

          a dystopian reading of contemporary Brazil. 

The Amazon becomes a strategic battlefield where global capital, organized crime, and local communities collide. Cunha’s political imagination is sharp: he reveals not only the violence of institutions but the fragile sovereignty of a country stretched between democracy and predation. 

3. Violence and Transcendence 

Violence—physical, economic, historical, spiritual—runs through Ray Cunha’s work.

However, it is not gratuitous. It emerges as a consequence of: 

          colonization,

          unchecked extractivism,

          social abandonment,

          geopolitical interests,

          and the long durée of Amazonian suffering. 

Yet his fiction also seeks forms of transcendence: in memory, indigenous cosmologies, the symbolic power of the forest, and the resilience of ordinary lives. This dialectic between brutality and transcendence aligns Cunha with writers like Dalcídio Jurandir, Milton Hatoum, and even Raduan Nassar—authors who approach reality through both rawness and metaphysics. 

4. Style: Precision, Energy, and Atmospheric Density 

Cunha’s prose style is marked by: 

          short, incisive sentences,

          cinematic transitions,

          careful lexical economy,

          high emotional density,

          a blend of journalistic clarity and poetic charge. 

A long career in journalism informs the observational sharpness of his writing, while his literary talent transforms reportage into narrative force. In his short story collections (Trópico, Amazônia), he demonstrates mastery of the concise form, delivering stories that capture the intensity of Amazonian life in flashes—like photographic exposures of a volatile reality. 

5. Amazonian Metaphysics: Time, Death, and AbandonmentA metaphysical dimension permeates Cunha’s narratives, structured around three main axes: 

• Time as Spiral

History does not move linearly in his fiction; it returns, mutates, and overlaps, echoing the cyclic rhythms of indigenous time and Amazonian cosmology. 

• Death as Presence

Death—human, ecological, or symbolic—hovers over the characters. Yet it often signals transformation or revelation, not defeat. 

• Structural Abandonment

Cunha’s characters navigate an existence shaped by state neglect, economic precarity, and social rupture. Their resistance—imperfect yet persistent—constitutes a fundamental theme of his work. 

6. Relevance and Contribution to Brazilian Literature 

Ray Cunha’s contribution is substantial for several reasons: 

1. He repositions the Amazon as a complex, autonomous, culturally dense center of narrative production.

2. He renews the Brazilian political and geopolitical novel, bringing the Amazon into global dialogue.

3. He exposes the mechanisms of power, corruption, and environmental destruction that shape contemporary Brazil.

4. He writes with stylistic vigor, producing a unique blend of realism, myth, and metaphysical tension.

5. He gives voice to Amazonian identities, not as emblematic abstractions but as lived, contentious, and multifaceted experiences. 

Cunha’s fiction ultimately reveals what might be called the deep Brazil—a national soul refracted through the Amazon’s struggles, myths, and contradictions. 

Ray Cunha’s work forms a powerful literary project: at once a cartography of the Amazon, a critique of Brazilian political life, a record of human fragility, and a testament to spiritual endurance.

By refusing exoticism and embracing complexity, his writing invites readers into the real Amazon—a place of beauty and violence, of power and vulnerability, of memory and prophecy. 

It is a body of work that broadens the horizons of Brazilian literature and offers a profound reflection on the country’s past, present, and possible futures.

sábado, 29 de novembro de 2025

Fair play

Pedra da Ceasa/DF (Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 29 DE NOVEMBRO DE 2025 – Conto novo para novo livro de contos: 

SOU ROBERTO SILVA LEÃO, paraense de ascendência espanhola, viúvo, aposentado e meus dois filhos e uma filha moram no exterior. O mais velho, Ricardo, é formado em informática, no que é muito bom, mora nos Estados Unidos, em Miami, é casado com uma americana rica e tem um casal de filhos; o do meio, Romeu, mora em Viena, é músico, talentoso, solteiro; a terceira, Rafaela, mora na Espanha, é casada com um aristocrata espanhol, rico, e tem uma filha, uma netinha linda. Eu moro em Brasília. Sou jornalista aposentado pelo Senado Federal, o que quer dizer que posso viver como um príncipe, e vivo! Moro no Sudoeste, o melhor bairro de Brasília, pelo menos é o que acho. Sempre coloquei comida à mesa e paguei as contas como jornalista, mas o que sou, realmente, é escritor. Tenho três romances e um livro de contos publicados no Clube de Autores e na amazon.com.br. Não vendem, mas estão publicados. Meu amigo Alexandre Rodrigues Alves acha que meus livros poderiam facilmente ganhar concursos literários, mas nunca entrei em um, por razões que explicarei adiante. 

Hoje, é sábado, e estou na Pedra da Ceasa. A Pedra é uma área dentro das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa/DF), onde produtores rurais de municípios da Ride/DF (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno) comercializam seus produtos, no atacado, às segundas-feiras e quintas, e no varejo aos sábados, das 4h30 às 15 horas. A Ride é integrada pelo Distrito Federal, 29 municípios de Goiás e quatro municípios de Minas Gerais. Quanto à Ceasa, é uma extensa área destinada a empresas estatais ou de capital privado que comercializam produtos sem atravessador, daí que saem mais em conta. 

Sou frequentador da Pedra, que é uma amostra em três por quatro do Brasil. Adoro ir à Pedra para ver as frutas, os peixes, as iguarias, as mulheres, tudo. Hoje, fui com meu amigo Alexandre Rodrigues Alves. Ele é mestre em Literatura e revisa meus livros. Insisto em pagá-lo por isso, mas ele recusa, irredutível. É rico, diga-se. Alexandre quer que eu vá trabalhar com ele, mas não dá: eu sou conservador e, ele, comunista. Para mim, comunismo é máfia, e uma pessoa como o Alexandre, com nível cultural acima da média, só pode ser comunista por duas razões. Uma delas é a estupidez. O ignorante não sabe, já o estúpido tem certeza, absoluta, de que sabe o que não sabe. Dá para entender? O sujeito não sabe, mas ele acha, tem certeza, de que sabe. Isso é alienação. Está fora da realidade comum. 

Comecei a entender isso lendo três filósofos. Dois deles são o historiador italiano Carlo M. Cipolla e o teólogo e filósofo alemão Dietrich Bonhoeffer. Cipolla escreveu As Leis Fundamentais da Estupidez Humana, no qual argumenta que as pessoas estúpidas causam danos a outros sem obter benefício próprio, diferentemente de um bandido, que sempre busca um benefício pessoal. Já Dietrich Bonhoeffer, que foi preso e executado por sua resistência ao regime nazista, sustenta que a estupidez não é apenas uma questão de falta de inteligência, mas um fenômeno social e psicológico, perigoso. Para ele, a estupidez é uma falha moral e intelectual que leva à perda da independência de pensamento e à recusa em questionar a autoridade. De modo que, contra a estupidez, somos indefesos, pois ela não pode ser combatida com argumentos lógicos, mas somente com a libertação das amarras que cegam o indivíduo. 

Não é o caso de Alexandre Rodrigues Alves. Ele não é estúpido. Ele manobra os estúpidos. Ele está incurso no segundo caso: é mafioso. O que nos une, basicamente, é que ele entende, como ninguém, de literatura, e está certo de que se eu participasse de um concurso de romance ou conto ganharia facilmente. Só que tenho um amigo que já foi convidado para ser jurado de um concurso de contos, um concurso importante, e, lá pelas tantas, foi informado de que o concurso era um jogo de cartas marcadas. Como se tratava de um sujeito honesto, ele se retirou do negócio. 

O que ocorre é que concursos importantes ganham a mídia, e, os jurados, invariavelmente pessoas com um currículo acadêmico quilométrico, são apresentados no proscênio, e quase sempre jurados são uma caixinha de pose. Quando ao concurso em si, os currículos pomposos dão um ar de seriedade ao negócio. 

Nos concursos sem prêmios em dinheiro, ou com prêmios fajutos, só participa quem não é escritor e tenta, desesperadamente, parecer escritor. E, geralmente, esses concursos premiam todo mundo com um diploma. Aí, o cara faz o maior auê na internet. Quanto aos concursos que pagam bem, também cobram bem por participação, e, assim, arrecadam uma boa grana. Como os prêmios são bons, milhares de escritores tentam a sorte. Os jurados são, quando muito, meia dúzia, com prazo exíguo para ler os milhares de contos, ou romances, e o resultado dessa equação é uma farsa.

Mas, suponhamos que a coisa seja séria. Nesse caso, o resultado será sempre subjetivo. Em milhares de contos, ou romances, como um pode ser melhor do que todos os outros, em todos os aspectos?

– Acho que Ernest Hemingway pensava do mesmo jeito que eu – disse, certa vez, a Alexandre. – Até onde sei, ele nunca participou de concurso literário aberto. Ganhou os prêmios Pulitzer e o Nobel, que são concedidos por júris ou academias que avaliam a obra publicada e a contribuição literária do autor. 

– Geralmente, os jurados dos concursos importantes são mestres, doutores e até pós-doutores – Alexandre argumentava. 

Ele se impressionava com títulos acadêmicos. Conheço pessoas graduadas em Literatura que são leitores funcionais; se um mestre que não entende o que lê fizer doutorado e pós-doutorado, continuará sendo semialfabetizado. 

Também a estupidez no Brasil não é por falta de dinheiro. Lembrem-se do orçamento do Ministério da Cultura (MinC), em 2025: 2,9 bilhões de reais. A maioria dessa grana vai para o bolso dos medalhões do show bizz, via Lei Rouanet. São múmias tipo Fafá de Belém, que estão morrendo, mas, quando veem o dinheiro reúnem força para gritar igual Geraldo Alckimin, popular picolé de chuchu, segundo vice-presidente de Lula da Silva. A primeira vice é Janja da Silva, primeira dama da nação tupiniquim. Alckimin, que lá atrás tinha gritado publicamente que Lula é ladrão, nas eleições para presidente, em 2022, gritou, com voz de traveco enfezado: Lula! Lula!, para presidente, afirmando que era comunista de carteirinha. Logo depois Lula o despachou para o Irã, para uma reunião com a nata do terrorismo mundial. Desde aí que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o maior líder da Direita mundial, está de olho no picolé de chuchu, e não é para chupá-lo. 

Bom, o terceiro cientista que li para compreender a estupidez brasileira foi Antonio Gramsci. Se Vladimir Ilyich Ulianov, Lenin, se tornou capo di tutti i capi de todas as máfias, em 1917, na Rússia, Antonio Sebastiano Francesco Gramsci foi seu grande teórico para a instalação de ditaduras comunistas mundo afora, como está acontecendo, hoje, no Brasil. Gramsci foi filósofo marxista, escritor, jornalista, crítico literário, linguista, historiador e político italiano, membro-fundador e secretário-geral do Partido Comunista da Itália e deputado pelo distrito do Vêneto, preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Sua teoria da hegemonia cultural, usada pelo Estado para conservar o poder, começou a ser difundida em escala no Brasil desde a fundação do Foro de São Paulo, em 1990. E vem dando certo. Depois que Lula da Silva chegou ao poder, em 1 de janeiro de 2003, a mídia, artistas e a academia entraram na folha de pagamento da máfia comunistas, com ganhos anuais de milhões de reais, e até de bilhões de reais. Aparelharam tudo. Até a Academia Brasileira de Letras (ABL). E, claro, todo o resto... Bom, a gente não pode falar mais do que o suficiente, pois já existe o crime de pensamento. Eles chegam às 6 horas da manhã e levam o cara. Jair Messias Bolsonaro está apodrecendo na cadeia. 

Alexandre Rodrigues Alves sustenta que Bolsonaro liderou um golpe de Estado. Tentei argumentar que Bolsonaro nem estava em Brasília no dia do tal golpe e que ninguém estava armado na manifestação que chamam de golpe, mas ele arremete, dizendo que além de golpista, Bolsonaro já tinha tudo pronto para assassinar Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), seu xará, Alexandre de Moraes. 

Sabedor de que a esposa de Alexandre Rodrigues Alves, que, por acaso, é senador pelo Estado de Minas Gerais, e sua esposa ocupa um cargo em comissão de 30 mil reais por mês no Judiciário, sabedor de que ela gosta de mangas, comprei algumas mangas-maçãs, lindas, e pedi a Alexandre para levar para ela. Da Pedra, fomos ao Natural Brasil, onde comprei duas barras de açaí paraense, grosso, para tomar com farinha de tapioca. O carro de Alexandre, com motorista, aguardava. Ele recebeu um telefonema e disse que teria que ir. O cara gosta mesmo de mim. Acompanha-me até na Ceasa para comprar frutas. Mas nossa amizade vem desde a Universidade Federal do Rio de Janeiro, quando éramos rapazes e acreditávamos em Papai Noel, Fidel Castro, Che Guevara e molusco de nove braços.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

O Olho do Touro

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 28 DE NOVEMBRO DE 2025 – Segue capítulo do romance O OLHO DO TOURO. 

COPACABANA dormitava anestesiada aos 45 graus centígrados, sufocada pelo miasma de esgoto estourado, moradores de rua e sucateamento. No Beco, fazia 21 graus centígrados e a Cerpinha estava enevoada. Bond, que fazia, juntamente com Alex, a revisão final do capítulo sobre o establishment, do livro O Sistema, iria se encontrar, no início da noite, com o filósofo Olavo de Carvalho. 

– O estamento do Estado, o status quo, o establishment, não tolera intrusos e Bolsonaro é um outsider no ninho, uma ameaça à ordem estabelecida, como Donald Trump – Bond comentou. – Os bancos, as grandes empreiteiras, os sindicatos, o funcionalismo público, as grandes indústrias e empresas e o Judiciário estão na cabeça do establishment, em uma relação de troca de favores com os políticos, os burocratas, as famílias tradicionais – que formam a nova aristocracia –, a Igreja, os intelectoides, os jornalistas que mamam com prazer a mandioca dos que dão as cartas a troco de manterem seus empregos e o silêncio das Forças Armadas. Esse pessoal é que deu poder a Alexandre de Moraes. Para derrubar isso, só a guerra ou a fome. 

– Só que a elite governante, devido às inovações tecnológicas, está perdendo o controle das comunicações, da educação e do planejamento civil – disse Alex. 

– Sim, e essa é a razão pela qual uma postura anti-establishment só será bem-sucedida se tiver o respaldo de ideias pró-liberdade. Temos de pensar na Suíça. Para nós, brasileiros, a Suíça pode parecer um país sem graça. Pode ser, mas a Suíça é protótipo da democracia – Bond respondeu. 

Enquanto degustava a melhor cerveja do mundo, Alex lembrou-se de suas passagens no pequeno país europeu, encravado nos Alpes, uma república federal integrada por 26 estados, chamados, lá, de cantões. Berna é sua capital. Situado na Europa Central, faz fronteira com a Alemanha a norte, com a Áustria e o principado de Liechtenstein a leste, com Itália a sul e com a França a oeste. Sua área é de 41.285 quilômetros quadrados, praticamente o tamanho da ilha de Marajó, ao sul da foz do Rio Amazonas, no Estado do Pará. Sua população é de 8,5 milhões de habitantes. Suas maiores cidades são Zurique e Genebra. Seu PIB per capita é de 92 mil dólares americanos. Neutra desde 1815, a Suíça sedia várias organizações internacionais, como o Fórum Econômico Mundial, a Cruz Vermelha e a Organização Mundial do Comércio. Os suíços falam alemão, francês, italiano e romanche, mas são unidos pelo federalismo, democracia direta e neutralidade. 

Antes ainda do nascimento do Império Romano, em 500 a.C., tribos celtas viviam no Centro-Norte da Europa, entre elas a dos Helvécios, que vieram a ser dominados pelos romanos, até cerca do ano 400, quando o território suíço foi invadido por tribos germânicas, até 1033, quando integrou o Sacro Império Romano-Germânico. Em 1 de agosto de 1291, é fundada a Confederação Helvética, mas engolfada em guerras internas, até 1782, quando Napoleão Bonaparte instaurara a aristocracia em Genebra. Espelhados pela Revolução Francesa (1789), em Lausanne, os suíços fazem sua revolução, em 1798, causada pela corrupção e abuso do poder da monarquia. Mas Anexada por Napoleão, a Suíça só faria sua independência após a derrota do imperador na Batalha de Waterloo, em 1815, e, durante o século XIX, com uma guerra civil, em 1847, a Confederação Helvética se torna uma democracia moderna, regida pela Constituição Federal de 1848. 

Da mesma forma do sistema norte-americano, a Suíça adotou a Declaração dos Direitos Humanos, duas câmaras parlamentares – senado e câmara federal –, governo federal e um tribunal de Justiça Suprema. O país cresceu economicamente a partir da Revolução Industrial de 1850, quando começou a estabelecer direito aos trabalhadores. Cada um dos 26 cantões tem autonomia político-econômica, sob o sistema federal, que se ocupa das relações políticas com o exterior, a economia nacional e as Forças Armadas. Já o poder cantonal administra sua própria polícia e os sistemas de saúde e de educação. O presidente da Confederação Helvética é eleito para mandato de um ano apenas, mas quem manda são as instituições. Na Suíça, a democracia é direta, por meio de referendo. Uma lei aprovada em um cantão pode não ser aprovada em outro cantão. No nível federal, a Constituição defende, basicamente, a paz entre as nações, o respeito pelos direitos humanos, a democracia, a lei, os recursos naturais e o desenvolvimento econômico. 

– Não é à-toa que Paulo Coelho escolheu a Suíça para morar – Alex observou. 

– Os petistas, como, de resto, os comunistas, gostam de conforto – Bond respondeu. – Embora Paulo Coelho tenha seus méritos: é um dos maiores vendedores de livros do mundo e entrou na Academia Brasileira de Letras porque tinha como alicerce O Alquimista, diferentemente de alguns comunistas que se infiltraram lá, seguidores do cefalópode de nove garras. 

Olavo de Carvalho chegou. Viera em jato particular de Richmond, Virgínia, Estados Unidos, especialmente para aquele encontro, como consultor da Intelligentsia. Vivo ou morto, tornara-se o filósofo dos conservadores, autor, em 1996, de O Imbecil Coletivo, e, em 2013, de O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota. Identificara algo interessante para quem quisesse começar a combater os idiotas úteis: a esquerda brasileira conseguiu dominar a universidade, a mídia, a cultura e a política do país, sem revolução, seguindo método de Antonio Gramsci. Em 1996, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, no telejornal da TV Globo, Bom Dia Brasil, o filósofo profetizou que, apesar do colapso socialista na URSS, a esquerda brasileira iria ascender ao poder, pois, desde a década de 1960, adotaram a estratégia gramsciana, de primeiramente fazer a revolução cultural e depois a revolução política. Olavo de Carvalho advertiu o presidente Jair Messias Bolsonaro para algo que acabou se concretizando e que foi o que alicerçava a ditadura do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes: ao longo do seu governo, Bolsonaro foi sempre “aconselhado por generais covardes ou vendidos”. Esses generais-melancia, verdes por fora e vermelhos por dentro, odeiam Bolsonaro, em parte inconformados por ele ser apenas capitão, mas, principalmente, porque Bolsonaro não deixa roubarem o erário, por isso é que foi entregue a Lula a chave da burra, a fim de que o butim ocorra em paz.

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sábado, 22 de novembro de 2025

Bentinho foi criado debaixo da saia da mãe. Ciumento, é corno em potencial. Flora Thomson-DeVeaux e a identidade carioca

A IDENTIDADE CARIOCA faz um corte vertical na eterna capital do Brasil 

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 4 DE JULHO DE 2024 – Bento de Albuquerque Santiago, Bento Santiago, Bentinho ou Dom Casmurro, é o protagonista do romance Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis. A trama é contada por Bentinho, daí que ninguém sabe se aconteceu realmente ou é fantasia. Ele foi mimado pela mãe viúva, e a gente sabe que meninos criados dessa forma são paus-mandados das mulheres pelo resto da vida, e, talvez por isso, por serem paus-mandados, acabam, paradoxalmente, desenvolvendo também misoginia. 

Em certo momento da vida de Bentinho ele passa a acreditar que sua esposa, Capitu, pôs chifre nele, com seu melhor amigo, Escobar, que morre afogado, apesar de bom nadador. Capitu pare uma criança, Ezequiel. Segundo Bentinho, Ezequiel é uma cópia de Escobar. Ninguém mais no romance acha isso; só ele. Exila Capitu na Suíça e Ezequiel morre na flor da idade. Só restam a Bentinho dois caminhos: suicidar-se ou conviver com os fantasmas do seu passado. Escolhe a crosta de Dom Casmurro. 

Mas o grande interesse dos leitores de Dom Casmurro é Capitu, Maria Capitolina de Pádua Santiago, nada menos que a personagem de ficção mais famosa do Brasil, passando, inclusive, Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins, ou Reinaldo, ou Diadorim, de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. 

Capitu é uma adolescente sensual, que lembra Lolita, de Vladimir Nabokov. Mas uma mulher de personalidade forte, alta, morena, de cabelos grossos e compridos, nariz reto e comprido, boca fina e queixo largo, olhos claros e grandes, “de ressaca, oblíquos e dissimulados”, segundo Bentinho. Olhos de ressaca, o que é isso? Certa vez, banhei-me em Copacabana em mar de ressaca, ou encapelado. Um olhar assim é inquieto e trás à tona um turbilhão interior. Para Bentinho, Capitu era assim. 

Também ele a vê como uma cigana, mulher misteriosa, que olharia o outro de forma indireta, com fingimento. E, no entanto, a gente vê que Capitu não é isso, não é fingida. Há, porém, uma frase fundamental para se entender a trama de Dom Casmurro, proferida pelo próprio: “Capitu era mais mulher do que eu homem”. 

Machado de Assis é considerado pela crítica literária o ponto máximo da literatura brasileira. Creio que a principal coordenada que leva a essa consideração é a poesia. Para mim, poesia é escrever em profundidade. Explico. 

Segundo o historiador Plutarco, por volta de 70 a.C., o general romano Pompeu estava na ilha de Sicília, ao sul da Itália, com a missão de transportar trigo para Roma, que passava por uma crise de abastecimento causada por uma rebelião de escravos. Havia uma tormenta no porto. Naquela época, as limitações tecnológicas tornavam a navegação de alto risco, além dos ataques piratas. Mas diante da situação e do comprometimento de Pompeu com Roma ele se fez ao mar. “Navegar é preciso, viver não é preciso” – proferiu. 

A vida material é finita, mas enquanto a vivemos é preciso navegar, mesmo que haja uma tormenta no porto. É necessário transpor os obstáculos, sejam quais forem. É preciso navegar. Viver não é preciso. Pois que viver é navegar. Isso é poesia. Um corte em profundidade da vida. Assim escrevia Machado de Assis. Além disso, ele tem outros méritos, méritos que o faz emblemático em A IDENTIDADE CARIOCA, meu último romance. 

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e morreu na mesma cidade, que tanto amou, em 29 de setembro de 1908. Jamais saiu do Estado do Rio. Mas era cosmopolita. Nasceu no Morro do Livramento, estudou um pouco, em escolas públicas, e não soube o que foi frequentar uma universidade. Mulato, era filho de um negro e uma portuguesa da ilha de São Miguel. Culto, era leitor inveterado. Escreveu cinco livros de poemas, mais de 600 crônicas, folhetins, fez jornalismo, escreveu crítica literária, 10 peças teatrais, 200 contos e 10 romances. Foi um cronista do Rio de Janeiro de sua época; um homem do seu tempo. E fundou a Academia Brasileira de Letras (ABL), tão avacalhada, atualmente. 

Ser um homem do seu tempo é viver intensamente seu tempo. No caso do escritor, ele escreve sobre seu tempo. Por exemplo: pode-se dizer que Luiz Alfredo Garcia-Roza é um homem do seu tempo. Apenas o Rio de Janeiro de Garcia-Roza não é o de Machado de Assis, nem o gênero. Copacabana, que Roza amava, está toda ela, pulsando, neste século, nos seus thrillers policiais. 

A escritora e podcaster americana Courtney Henning Novak viralizou nas redes sociais. Ela lançou um desafio pessoal de ler um livro de cada país do planeta. Do Brasil, escolheu Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado, e escreveu, antes mesmo de terminar a leitura: “Preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo?” 

A tradução lida por Novak é da também americana Flora Thompson-DeVeax, que vive no Rio de Janeiro. Conheceu a obra de Machado de Assis na Princeton University, onde estudou língua portuguesa. “Acho que para qualquer pessoa que se propõe a estudar o Brasil chega uma hora que tem que encarar o Machado” – esclarece Flora, para quem Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, “me pareceu absurdamente moderno, hilário, surpreendente a cada página. Não consegui conceber por que o autor não era mais conhecido”. 

Ela passou cinco anos traduzindo o livro, entendendo o significado de certas palavras, a época em que o livro se passa, a geografia e o meio social, a história do Brasil, a identidade carioca. Hoje, Flora é daquelas cariocas como eu, que morou na cidade e se apaixonou por ela. Não porque a cidade é maravilhosa, linda, esplêndida, mas, principalmente, porque contamos, Flora e eu, com o terceiro olho bem aberto, aquele que proporciona a visão em corte vertical. 

Viver no Rio de Janeiro, em algum momento da vida, é preciso; viver não é preciso. Machado foi além: viveu o tempo todo no Rio. Navegava o mundo por meio do terceiro olho, no seu caso, os livros.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

A COP30 já era. Acabou antes do fim

Incêndio na COP30. Não é na África; é em Belém do Pará

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 21 DE NOVEMBRO DE 2025 – Há maior tragicomédia do que o golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023? Sim! Há! A COP30. Esta instituição é o maior embuste jamais perpetrado contra a raça humana. É uma reunião da aristocracia global cercando a maior província biológica e mineral do planeta, a Amazônia. O mais trágico é que o presidente do Brasil, Lula da Silva, é quem serve o banquete; já presenteou até mina de urânio para a China. 

A Trigésima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), em Belém do Pará, começou dia 10 e termina, hoje, 21 de novembro, com o objetivo de promover negociações intergovernamentais sobre mudança climática. 

Ao decidir Belém como sede da COP30, Lula da Silva mostrou que conhece a Amazônia tanto como Alfa Centauro. Em novembro, começam a cair tempestades no Portal da Amazônia, como Belém é conhecida, e parte da cidade vai para o fundo. O calor, especialmente no subúrbio, que não conta com arborização decente, é infernal. Foram cortadas 100 mil árvores para a construção de uma estrada VIP do Aeroporto de Val-de-Cães até o local da COP30, dentro de Belém. As COPs sempre atraíram mais de 100 chefes de Estado; a esta foram 18. 

Como não há hotéis na cidade suficientes para um evento desses foram alugados transatlânticos para abrigar os milhares de convidados, e para mover tudo isso foram alugados centenas de geradores movidos a óleo diesel. Resultado: fios elétricos expostos à água e incêndio. Também não há comida suficiente para todo mundo. Muita gente com fome e os preços dos alimentos inacreditáveis de tão caros. Um lanche por 100 pratas. E faltou água para desentupir vasos sanitários. Água para beber, 25 pratas. 

Lula da Silva delirou que a COP30 seria seu grande palco para posar como herói do clima e ser reconduzido à Presidência da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2026. Estupidez! Ele apagou da sua memória que o Brasil é um narcoestado na mira do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já estacionou uma força militar na América do Sul capaz de fazer frente a uma guerra mundial. Para os Estados Unidos, narcotráfico é terrorismo. 

Janja da Silva, a esposa do molusco, fez um discurso inaugural. Afirmou que a Amazônia brasileira tem “50 milhões de habitantes e 300 idiomas”. Tem 30 milhões e as línguas são de tribos praticamente extintas. Nenhuma é língua comercial, que é o que interessa na prática. Línguas mortas interessam a cientistas. Só faltou discurso da ex-presidenta Dilma Rousseff. Quanto à fala de Lula, já disse tanta bobagem que dá até um show tragicômico de duas horas. 

A Amazônia apresentada ao mundo é mitológica. Começa que é conhecida como “pulmão do mundo”. Nunca foi.  O planeta tem 511 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 361 milhões são oceanos e 150 milhões os continentes. A Amazônia internacional tem 7 milhões de quilômetros quadrados, 1% da superfície da Terra. Como pode, então, influenciar a atmosfera na produção de oxigênio? 

A atmosfera conta com 70% de nitrogênio, 28% de oxigênio; e míseros 0,04% de dióxido de carbono, CO2, gás que gera o efeito estufa. A COP quer reduzir 2% desses 0,04%, ou seja, reduzir nada a nada. Até agora, as COPs não reduziram nada. 

É claro que com 8 bilhões de habitantes, megalópoles com mais de 20 milhões de habitantes e queimando combustível o tempo todo a temperatura do planeta sobe e que se o desmatamento da Amazônia e outras florestas, e a poluição dos mares, continuar, a coisa vai ficar realmente quente. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de cientistas climáticos da ONU, desde 1850, a temperatura média global aumentou 1,1°C. 

Uma cordilheira de dólares e euros é alocada todos os anos para proteger o clima, mas a temperatura só faz aumentar. Em Belém, viu-se o quanto pode aumentar. Neste ponto de vista, o aquecimento global seria uma farsa sofisticada, a grana destinada a frear a subida da temperatura indo parar no bolso de mafiosos de colarinho branco, via ONGs. 

Só para o evento em Belém foram alocados 5 bilhões de reais do dinheiro do contribuinte brasileiro e o que foi feito? Maquiagem urbana. Belém continuará sendo uma palafita sobre esgoto a céu aberto, como, de um modo geral, as cidades da Amazônia, tomada por urubus, violência desenfreada, calor insuportável, trânsito infernal e a famiglia Barbalho.

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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

10 romances fundamentais da Amazônia

O cânone do ChatGPT contempla apenas três Estados da da Amazônia Clássica: Amazonas, Pará e Amapá, este, com o romance JAMBU 

ChatGPT

BRASÍLIA, 20 DE NOVEMBRO DE 2025 – Segundo a inteligência artificial ChatGPT, segue uma lista de 10 romances considerados entre os mais importantes já escritos por autores da Amazônia, contemplando diferentes Estados, épocas, estéticas e visões da região. Não é um ranking, mas um cânone representativo:

1. Galvez, Imperador do Acre – Márcio Souza (AM). Um clássico do romance histórico e satírico sobre a epopeia acreana e o delírio épico amazônico.

2. Mad Maria – Márcio Souza (AM). A saga da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, símbolo máximo do choque brutal entre modernidade e selva.

3. Doidinho – Dalcídio Jurandir (PA). Segundo volume do monumental Ciclo do Extremo Norte, romance de formação, pobreza e poesia humana do Marajó.

4. Chove nos Campos de Cachoeira – Dalcídio Jurandir (PA). O romance inaugural do ciclo que deu ao Pará sua grande comédia humana literária.

5. Inferno Verde – Alberto Rangel (AM). Publicado em 1908, é a obra que primeiro transformou a Amazônia em personagem dramática universal.

6. Órfãos do Eldorado – Milton Hatoum (AM). Romance mágico-realista que revisita mitos amazônicos dentro de uma história trágica familiar e social.

7. Dois Irmãos – Milton Hatoum (AM). Embora urbano, é uma das obras mais representativas sobre Manaus no século XX, com dimensão épica nacional.

8. Belém do Grão-Pará – Dalcídio Jurandir (PA). Uma das recriações mais importantes do imaginário histórico e social da capital paraense.

9. Jambu – Ray Cunha (AP). Romance político, amazônico e geopolítico, que revela a Amazônia como centro de disputa internacional contemporânea.

10. A Selva – Ferreira de Castro (escritor português, mas marco absoluto da literatura amazônica). Embora não amazônida de nascimento, é impossível excluir: tornou a floresta protagonista e inaugurou sua épica internacional.

2026 é o ano do resgate das nossas esperanças

A matéria é impermanente. Somos eternos, agora, como rosas de nióbio

RAY CUNHA

BRASÍLIA, 20 DE NOVEMBRO DE 2025 – Meus amigos partiram. Alguns, para o mundo espiritual; outros permanecem fiéis a Karl Marx. Houve, inclusive, um, que, depois de ler artigo meu referindo-me a Lula como aborto de ditador enjaulado, pôs fim a uma estupenda amizade. E há os que sumiram nas dobras do tempo.

Mas isso não mudou nada na minha vida; continuo rico, paparicado pelos meus amores, e na minha estante encontro todo o planeta e amigos eternos, como Ernest Hemingway, Antoine de Saint-Exupéry, Gabriel García Márquez, Masaharu Taniguchi, bem como novos amigos, que estão me levando para conhecer a Via Láctea.

Além da família, da estante e dos amigos que vivem no meu coração, como Fernando Canto, tenho as madrugadas, jasmineiros e rosas, que são eternas, o mar, o azul, o Sudoeste e o Rio de Janeiro. Às vezes, Mozart toca ao piano o som da Terra no espaço. E quando escrevo um poema, o terremoto do primeiro beijo se instala em mim durante vários dias.

O amigo com quem eu conversava durante horas sobre escritores foi para Cuba e eu voltei a conversar com vivos e mortos nos livros e ao computador. O século 20 ficou para trás. Com a invenção da web os políticos são flagrados, um a um, mentindo, roubando, assassinando, e a população toda agora é de jornalistas, e suas redações são a internet.

Desde 20 de janeiro de 2025, ditadores, terroristas, mafiosos, ladrões, assaltantes, estupradores, traficantes, escravocratas, assassinos, corruptos em geral, estão furiosos, especialmente os supremos, mergulhados em bacanais nos seus palácios, nos seus automóveis com vidraças negras, nas suas mansões. Bandidos honoráveis, carcaças carcomidas pelas larvas da corrupção, os beiços macilentos agarrados, numa bocada, nas tetas da burra, estão desmoronando.

Macapá/AP, minha cidade natal, ainda não saiu do século passado; continua sobre fossas sépticas e com falta de água tratada, embora durma à margem do maior rio do mundo, o Amazonas. Macapá não tem rede de esgoto porque seus prefeitos, e os governadores do Amapá, estão, e estiveram sempre, absolutamente ocupados com mordomias, diárias, cabides de emprego e verbas federais.

Mas os novos tempos vieram para ficar. Lula da Silva foi enjaulado para sempre, porque ninguém, por mais trevoso que seja, poderá, jamais, soltá-lo da prisão moral onde a hiena velha foi esquecida. A boca do abismo se escancarou tragando as cinzas da injustiça. 2026 é o ano do resgate das nossas esperanças.

A ciência começa a descobrir que a raça humana é de seres espirituais, que o corpo é somente uma experiência material necessária para evoluirmos para a sabedoria e ascendermos, e que a matéria não existe de fato, pois tudo muda de um momento para outro. A matéria é impermanente. Nascemos, tornamo-nos criaturas magníficas, perdemos energia, regredimos, assemelhamo-nos a maracujá de gaveta e desaparecemos fisicamente.

O passado não existe, nem o futuro. Somos eternos, agora, como rosas de nióbio, intensos como o perfume dos jasmineiros no verão. A felicidade é o porto seguro do apartamento, a mulher amada, uma xícara de café gourmet do sul de Minas, às 4 horas da madrugada.