quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

JAMBU coloca açaí na mesa. Romance de Ray Cunha será autografado dia 2 de março no restaurante carioca Belém Belém Amazônia

Capa da edição do Clube de Autores: Fortaleza de São José de Macapá

Edição que será autografada

BRASÍLIA, 15 DE FEVEREIRO DE 2024 – Açaí se tornou o suco de fruta nativo da Amazônia mais consumido no planeta, pelo seu sabor e propriedades nutricionais e terapêuticas. Na Amazônia, especialmente no Pará e Amapá, ele é um dos principais alimentos da população. Começa a ser consumido desde a mamadeira. Acompanhado com farinha d’água ou de tapioca, com camarão, peixe, charque ou carne, é carro-chefe na singular cozinha paraense. Mas também pode ser misturado com quase qualquer alimento. 

O açaí está presente no romance-reportagem JAMBU (Editoras Clube de Autores e amazon.com.br, 190 páginas, 50 reais), que será autografado dia 2 de março, um sábado, a partir das 18 horas, no restaurante Belém Belém Amazônia, um dos redutos da culinária paraense no Rio de Janeiro, situado na Avenida Rainha Elisabeth da Bélgica 122, Loja A. Essa via liga as avenidas Atlântica, em Copacabana, à Vieira Souto, em Ipanema. 

O enredo de JAMBU é o seguinte: Durante o Festival Gastronômico do Pará e Amapá, o jornalista João do Bailique escreve as matérias que comporão uma edição especial da revista Trópico Úmido sobre a Questão Amazônica e investiga um traficante de crianças e de grude de gurijuba. No festival, os mais famosos pratos da culinária paraense são preparados e servidos aos comensais – personagens de ficção e reais, vivas e mortas. Segue-se trecho de JAMBU. 

O açaí começou a ser apresentado durante o almoço do dia seguinte, por alunos de Gastronomia da Universidade Federal do Pará (UFPa). O prato principal, durante três dias, foi açaí grosso, quase papa, com farinha d’água torrada ou farinha de tapioca do Curiaú, com ou sem açúcar, mascavo ou branco. No primeiro dia, o acompanhamento foi mapará fresco assado na brasa; no segundo, camarão pitu também assado na brasa; e, no terceiro, pirarucu. 

Apanhado no arquipélago do Marajó, o açaí foi posto de molho em tonéis e batido com água mineral na amassadeira do hotel. A sobremesa, no primeiro dia, foi pudim de papa de açaí, leite Moça, maisena, ovos caipiras e calda de açúcar; creme de açaí com leite Moça e creme de leite; e sorvete e picolé de açaí. 

Do tupi “yasa'i”, é a “fruta que chora”, frutos roxos, em cachos, encontrada na várzea da região amazônica, especificamente na Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas, Trinidad e Tobago, além do Brasil, neste, nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia, Acre, Maranhão e Tocantins. Segundo pesquisadores, já se tomava açaí nos tempos pré-colombianos. O açaizeiro é semelhante à juçara (Euterpe edulis), da Mata Atlântica, diferenciando-se porque a juçara tem somente um caule e o açaizeiro cresce em touceiras de 4 a 8 troncos, cada um com até 20 metros de altura e 14 centímetros de diâmetro, em média. 

Na Amazônia, a dose de açaí é tomada na tigela ou no prato, em cinco variações, batidos na amassadeira ou amassado à mão: papa, grosso, médio, fino e chula. O açaí papa é tão grosso que a colher enfiada nele não se inclina. A chula é obtida jogando-se um pouco de água potável no recipiente do açaí, o que rende um pouco de refresco. Tomar uma dose de açaí médio, puro, ao dia, previne doenças cardiovasculares, pois contém grande quantidade de antioxidantes. Isso foi informado, durante o evento, em palestra de professores do Laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UFPa. 

De 2000 a 2008, o Pará exportou 37 mil toneladas de açaí. O Pará é o maior produtor de açaí do planeta, e o município de Igarapé-Miri, no Baixo Tocantins, é o que mais produz no estado, o ano todo, principalmente de julho a novembro. De dezembro a junho, estação de chuvas na Amazônia, a produção cai e o sabor do açaí fica menos apurado. Em Belém, há cerca de 3 mil pontos de venda. Somente em 2010, o Brasil produziu 350 mil toneladas do ouro negro. 

Pesquisa do cardiologista amapaense Eduardo Augusto da Silva Costa, professor da Faculdade de Medicina da UFPa, no município de Igarapé-Miri, onde açaí é tomado no café, almoço e jantar, mostrou tratar-se de uma população com baixíssimo índice de aterosclerose, o entupimento de veias e artérias, responsável por 46% das mortes no planeta. 

Em 1999, a pesquisa de doutorado na área de Engenharia Química do professor francês Hervé Rogez mostrou que o açaí contém o mesmo corante presente nas uvas, a antocianina, em quantidade muito maior. “Para se ter uma ideia, um litro de açaí médio contém 33 vezes mais antocianina que um litro de vinho tinto francês” – comparou. Antocianina é uma substância que impede a oxidação do colesterol na parede das artérias; assim, não se formam placas, responsáveis pelo entupimento dos vasos. De modo que quem toma açaí reduz o risco de infarto e derrame. 

É claro que, mesmo tomando açaí todos os dias, indivíduos cronicamente estressados, fumantes inveterados, diabéticos, hipertensos, obesos e sedentários são vítimas de colesterol alto, isso sem contar com o agravante da idade e a herança genética. A lesão da parede de veias e artérias mata lentamente, pois quando o sangue passa pelos vasos sanguíneos feridos, carregando muito LDL (colesterol maléfico), a gordura oxidada entra na parede dos vasos e forma placas, os ateromas, que entopem as vias sanguíneas. Se o entupimento for em vias cardíacas, o indivíduo sofre infarto; e nas vias cerebrais, um acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame.

Também o cardiologista observa que açaí engorda: “Possui 30% de gordura. Um prato de açaí tem a mesma quantidade de calorias que um prato de arroz, feijão, farinha e carne. Então, quando a gente almoça tomando açaí, almoçamos duas vezes. Essa é a contrapartida”. O caboco costuma comer no almoço um prataço de comida e pelo menos meio livro de açaí com farinha, e, às vezes, com açúcar, como sobremesa, e depois bebe outro tanto de água. Não dá outra, a barriga cheia como a de uma sucuri que engoliu uma capivara, vai para a rede e mergulha no calor da tarde, desenvolvendo uma barriga de égua prenha.

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