sábado, 13 de maio de 2023

Alexandre de Moraes é o homem mais poderoso do Brasil. Prende até tenente-coronel da ativa

O CLUBE DOS ONIPOTENTES ajuda a desvendar o que está
acontecendo hoje no Brasil. Na foto, o jornalista José Maria
Trindade
, da Jovem Pan, lê o romance ensaístico de Ray Cunha

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 13 DE MAIO DE 2023 – Ao lado de Augusto Nunes, José Roberto Guzzo, ambos da Revista Oeste, é o jornalista mais lúcido, experiente e destemido do Brasil, pois, além de compreender a fundo o que está acontecendo atualmente no país, mesmo sabendo que pode ser jogado na prisão qualquer madrugada destas, não se cala. Grandes jornalistas são tão grandes que o que escrevem passa a ser notícia. Assim é que no texto intitulado Como ele chegou lá, no número 164 da Revista Oeste, Guzzo diz como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, chegou lá e hoje dá as cartas, mandando prender até tenente-coronel da ativa do Exército, sem que os generais dessem um pio. 

Senão vejamos: “O que ele diz no Supremo Tribunal Federal é lei. Revoga, muda e escreve leis por conta própria, sem necessidade alguma de aprovação do Congresso Nacional” – Guzzo escreve. “Decreta que leis aprovadas pelos deputados e senadores não valem mais, ou cria as leis que os parlamentares não aprovaram, mas que ele quer – como é o caso, agora, da lei da censura na internet.” 

Adiante, Guzzo diz algo de arrepiar os cabelos. Moraes “vale, sozinho, mais que as três Forças Armadas juntas”. Faz “coisas ilegais, prende cidadãos, bloqueia contas bancárias, viola o sigilo de comunicações, nega o exercício do direito de defesa, dá multa de 22 milhões de reais a um partido político de oposição, proíbe qualquer pessoa ou empresa (qualquer uma; até membros do Congresso) de se manifestar pelas redes sociais, eliminou as funções do Ministério Público, enfiou na cadeia um deputado federal na vigência do seu mandato, indiciou pessoas por conversarem num grupo de WhatsApp”. E criou o “flagrante perpétuo”. 

Mas, de onde vem o poder desse homem? O que está por trás dele? Será o capeta? Porque ele não teve nenhum voto, não é de família poderosa, não está nem aí para a imprensa, nem é do Partido dos Trabalhadores (PT), e, portanto, escravo de Lula. Chegou ao Supremo guindado pelo emedebista Michel Temer, de quem Lula parece ter horror, e é chegado a Geraldo Alckmin, vice-presidente, e que, devido ao estado de saúde de Lula, delirante, já se posiciona para assumir no Palácio do Planalto. 

Segundo Guzzo, Moraes descobriu uma coisa: a coragem, “num país em que o ecossistema político é habitado majoritariamente por covardes”. E Moraes já mostrou que não tem medo de enfrentar a direita, falando alto e no grito, e, quando é preciso, pisoteando em público a Constituição, que ele jurou defender. Optou pelo Brasil do atraso, porém rentável para o sistema, o de Lula. 

Raciocina Guzzo: se Moares tivesse optado por Bolsonaro “estaria hoje no Tribunal Internacional de Haia, respondendo por crimes contra a humanidade”. Ou “sua carreira já teria acabado por decisão do Senado Federal”. 

Guzzo prossegue: “O ministro, igualmente, descobriu que não precisava ter medo de militar”. Medo de militar para quê? Militar não apita em nada. Moares não está nem aí para generais, almirantes e brigadeiros. Jogou “na cadeia um tenente-coronel da ativa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, algo expressamente proibido em lei – ele só poderia ter sido preso em flagrante, e não houve flagrante algum. O comandante do Exército não deu um pio. Não se tratava de desafiar o STF, ou quem quer que seja; bastaria dizer que o Exército exige o cumprimento das leis em vigor no Brasil. Ele não vive dizendo que é a favor da legalidade? Então: era só cumprir o que diz. Não aconteceu nada”. 

Guzzo observa que “outra vantagem para o ministro é a sua capacidade de ignorar a opinião pública”; o ministro está se lixando para o que pensam ou dizem dele. Ou pior, “fica mais radical, agressivo e perigoso a cada contrariedade”. Em 8 de janeiro, mandou “prender 1.500 pessoas de uma vez só”, incluindo crianças e velhos, sem que tivessem cometido nenhum crime. Guzzo: “Para o ministro Moraes gente na rua é uma turbina sem potência – faz barulho, mas não tira o avião da pista”. 

Segundo Guzzo, “como presidente do TSE, foi quem realmente colocou o chefe do PT na Presidência da República”. E mais: “É certo, também, que manda mais do que ele. Vivem os dois, hoje, num contrato de assistência mútua. Moraes dá proteção a Lula, defende os interesses do seu sistema e garante a segurança do universo lulista – para ficar num exemplo só, não incomodou, em quatro anos com os seus inquéritos policiais, um único simpatizante da esquerda”. E arremata: “Em compensação, nem Lula, nem a esquerda e nem ninguém do governo está autorizado a incomodar o ministro no que quer que seja. É a harmonia entre os Poderes”. 

Aqui, transcrevo um parágrafo inteiro de Guzzo: “Como em relação aos militares e à opinião pública, o medo que Alexandre de Moraes tem de Lula é de três vezes zero. Ele sabe, de um lado, que Lula não tem peito para encará-lo, e de outro, que está mais interessado em hotéis com diárias de 37 mil reais, discursos idiotas e o “liberou geral” para o assalto à máquina pública. Também não se assusta com a esquerda, o MST e os Boulos da vida. Sabe que todos têm pavor de bala de borracha; imagine-se então de bala de verdade. Suas preocupações com a Câmara e o Senado são equivalentes – ou seja, absolutamente nulas. O resumo de toda essa opera é o seguinte: o ministro soube construir uma situação em que não tem rivais, não tem freios e não tem controles, e na qual está livre para governar o Brasil segundo o que acha que está “certo”, e não segundo o que diz a lei”. 

Pelo jeito, agora está trabalhando para calar todo mundo. Todo mundo, não. Menos Lula e seu circo de horrores. 

O artigo de Roberto Guzzo é irrepreensível. Mesmo assim alguma coisa está errada. Sabe-se que o Senado Federal, que tem o poder de fiscalizar o Supremo, é presidido por um dos sujeitos mais interesseiros e covardes deste país. Já a tropa que comanda as Forças Armadas parece que nunca estudou na Escola Superior de Guerra o que é uma ditadura comunista, tipo Cuba e Venezuela, países onde o povão já comeu todos os seus pets e agora come lixo, e as famílias jogaram suas meninas em puteiros para sobreviverem. Ouvi outro dia o dono de um desses devezenquandários-portais-lixões: 

– Com Lula é que se ganha dinheiro.

Contudo, uma coisa é incontestável: Alexandre de Moraes tem poder, muito poder. De onde virá esse poder? Até os cachorros sabem que não é da Constituição, nem das instituições. Só pode ser, então, do sistema. E não dá nem para apelar para o Papa, que é comunista, e argentino. Falar nisso, já está tudo acertado para financiarmos a Argentina. Que São Paulo e o agronegócio produzam cada vez mais para termos mais e mais dinheiro para financiar Cuba, Venezuela e, agora, Argentina, além de outras ditaduras menores. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário