sábado, 11 de junho de 2022

Lula quer a imprensa amordaçada e a mídia amestrada balançando o rabo para ele. Escritor Fernando Canto é censurado em Macapá/AP

Fernando Canto em sessão de autógrafos de Mama Guga

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 11 DE JUNHO DE 2022 – O maior ladrão do mundo, Lula Rousseff, desenjaulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), garante que se voltar ao poder amordaçará a imprensa, ao que os jornalistas amestrados dos balcões de negócios, tipo Grupo Globo, balançam suas rabadas gordas, baixando a cabeça para o molusco de nove cabeças de urubu e nove ventosas em garras, sedentas para colar na teta da burra. 

Ele sonha com Cuba, Venezuela, China, Coreia do Norte e ditaduras em geral, onde não existe imprensa e o povo é escravo da elite do partido único. Lula tem medo da imprensa de verdade porque, assim, ele se vê refletido no espelho das palavras: uma ave de rapina. 

– Eu vi como a imprensa destruía o Chávez (ditador da Venezuela, morto em 2013, antecessor do atual ditador, Maduro). Aqui eu vi o que foi feito comigo. Nós vamos ter um compromisso público de que vamos fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação – declarou o condenado, em entrevista coletiva em São Luís/MA, em 2021. 

Citação de Marcel Proust, do seu livro O Tempo Redescoberto, da série Em Busca do Tempo Perdido: “Na realidade, todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra não passa de uma espécie de instrumento óptico oferecido ao leitor a fim de lhe ser possível discernir o que, sem ela, não teria certamente visto em si mesmo. O conhecimento, por seu foro íntimo, do que diz o livro, é a prova da verdade deste, e vice-versa, ao menos até certo ponto, a diferença entre os dois textos devendo ser frequentemente imputada não a quem escreveu, mas a quem leu”. 

O jornalista Elton Tavares publicou hoje no seu Blog de Rocha uma crônica (sempre deliciosa) de um dos mais lúcidos escritores amapaenses, Fernando Canto: Leitura Não-Recomendável para jovens. Canto inicia sua crônica com a citação de Proust. 

– Meus livros Mama Guga e O Centauro e as Amazonas, ambos publicados pela Editora Paka-Tatu, de Belém, em 2017 e 2021, respectivamente, foram considerados como leitura “não-recomendável” para os jovens que frequentam a livraria e café Pajé, em Macapá. A proprietária me chamou e me entregou os livros não vendidos – narra Fernando Canto. – A princípio, não liguei, pois, com a minha idade, já ando calejado das coisas que passei na vida e não quero brigar ou procurar direitos onde não tenho. Mas cheguei a contar o fato numa live de um importante canal de literatura amazônica, de Belém-PA (Bate-Papo Literário com Paulo Maués Corrêa, no YouTube) e para alguns amigos. Todos lamentaram o ocorrido e ficaram indignados. 

Outro trecho da crônica: 

– Não tenho ideia do que levou a empresária a me devolver os livros, mas creio que nenhuma atitude que diz respeito à divulgação de obra tenha apenas o fundamento sexual implícito nos contos que os moralistas, normalmente religiosos, tendem a ser contra. Perguntei a mim mesmo: como eu escreveria algo a ser considerado “não-recomendável para jovens” se estes sabem tantas coisas oriundas mais das redes sociais do que do convívio social familiar e educacional desde a adolescência? Ora, a clientela do lugar não é formada só de jovens e, pelo que vi, os livros ali expostos se diversificam entre “clássicos” e “ingênuos”. Mas quem disse que as interpretações desses clássicos e ingênuos não vão além do mero texto escrito? 

Se a dona da livraria alegou que a literatura do Canto não é recomendável para jovem inferimos o seguinte: ela leu os livros dele e os censurou; ela lê todos os livros à venda na sua livraria para ver se são ou não recomendáveis para jovens; ela é moralista; ela é virginal; ela é comunista. 

Eu até pensei que não houvesse livraria em Macapá, mas tenho certeza de que vender livro lá só Paulo Coelho, Jegue Sarney e Fernando Canto. Paulo Coelho porque vende mesmo, e muito, no mundo todo, não importa o que ele escreva. Muita, mas muita gente pensa que ele é sábio, bruxo, que faz chover a hora que quer etc. Jegue Sarney porque é senador zumbi do Amapá e seu curral eleitoral continua fiel a ele, elegendo-o a cada oito anos a uma vaga no umbral. E Fernando Canto porque é o mais conhecido escritor amapaense e vende mil livros em apenas um lançamento, de modo que a livreira virginal perdeu um campeão de vendas. 

Na última vez que Fernando Canto e eu nos encontramos, durante uma farra de três dias (com direito a descanso, pois somos velhotes), disse-lhe que já está na hora de ele lançar seus livros em eventos como a Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), e de publicar um romance (ele é contista), porque os leitores amapaenses, aqueles que frequentam livrarias e compram livros, já compraram todos os livros do Fernando Canto. E depois Macapá não tem muitos leitores. 

Entra governo, sai governo, entra prefeito, sai prefeito, em Macapá não existe política cultural; o que há são secretarias de Cultura abarrotadas de cargos em comissão promovendo viagens de funcionários a feiras como a de Frankfurt, Alemanha, para observar como se faz uma feira de livro. 

Macapá não tem feira de livro; as universidades e faculdades de Macapá não têm cadeira de literatura da Amazônia, muito menos do Amapá; o Amapá jamais promoveu um prêmio literário dos países de língua portuguesa, ou nacional; a Academia Amapaense de Letras vive à mingua; no Amapá não há editora profissional (há gráficas); em todo o estado do Amapá só deve haver a livraria e café Pajé, que não vende livros não-recomendáveis a jovens, pois, atualmente, não sei de outra, e, se há outra, deve ser em shopping, das redes de livrarias, onde os livros dos escritores amapaenses ficam escondidos e só vão para a vitrine best sellers, como Paulo Coelho, e a biografia autorizada de Jegue Sarney, que, na verdade, é ficção.

Comercialmente, a literatura do Amapá lembra um hímen à espera de uma mandioca.

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