Ebook da amazon.com.br de A IDENTIDADE CARIOCA |
RAY CUNHA
BRASÍLIA, 17 DE MAIO DE 2024 – Sessenta e sete toneladas de ouro e uma imagem em tamanho natural de Santo Inácio de Loyola, também em ouro, com olhos de brilhantes e dentes de pérolas, esse é o Tesouro dos Jesuítas do Morro do Castelo. Existe, ou se trata apenas da maior lenda urbana do Rio de Janeiro?
O jornalista Reinaldo Loyola de Carmela, da revista A Carioca, descobre, na Biblioteca Nacional, um documento mencionando o tesouro e parte para uma investigação a fim de elucidar o mistério. Se o tesouro existe, onde está? A jornada revela muito mais: como nasceu a identidade carioca e o Brasil. Saiba onde se encontra o maior tesouro da Cidade Maravilhosa neste thriller de tirar o fôlego.
Esse é o argumento do romance A IDENTIDADE CARIOCA, que, além de fazer uma revisão da História do Brasil, regatando-a das lentes dos historiadores marxistas e positivistas, mistura personagens de ficção com pessoas reais, como o cantor e compositor Roberto Carlos, ícone vivo do Rio de Janeiro.
Reinaldo Loyola de Carmela é o herói da trama. Trata-se de personagem de ficção. Seu avô, Santiago Bragança de Carmela, migrou da Galícia para o Rio de Janeiro, juntamente com a esposa, Aline Martinez de Carmela, e o casal de filhos, Reinaldo e Lorena, em 1940, fugindo da Guerra Civil Espanhola.
Empresário, contava com recursos guardados em bancos dos Estados Unidos e do Brasil. Escolhera o Rio de Janeiro devido ao seu único irmão, Felipe, que já morava na cidade e era proprietário de alguns imóveis no Centro e em Copacabana, onde inauguraram, em 20 de julho de 1969, o Hotel Tropical, no Posto 6 da Avenida Atlântica, entre as Ruas Francisco Otaviano e Joaquim Nabuco, defronte ao Forte de Copacabana, com infraestrutura futurística.
O complexo arquitetônico do shopping e Hotel Tropical tinha três subsolos de garagem. O Bunker, a escola de tiro, ficava no terceiro subsolo, contando com cinco baias com 50 metros de comprimento e transportadores de alvos digitais e alvos metálicos, e salas de aula. Sobre o subsolo seguiam-se dois pisos de lojas.
No terceiro pavimento funcionava uma praça de alimentação, três cinemas, sendo um de arte, um teatro e uma ampla galeria de artes plásticas, onde Reinaldo guardava parte das obras de arte que colecionava na Reserva Técnica. Possuía inclusive um Pablo Picasso, um nu, grafite sobre papel, formato 21 por 14, da fase figurativa; um Diego Velásquez, um óleo sobre tela do tamanho de dois A4 sobrepostos horizontalmente, sem preço, simplesmente magnífico: uma mulher nua montando um touro; um casal obeso de Fernando Botero, de um por meio metro; três mulatas de Di Cavalcanti, de meio metro por meio metro cada um; e 21 Orquídea Sá Tamborindeguy, de Roberto Bragança Tamborindeguy, posando de todo jeito, principalmente nua.
Mas seu pintor favorito era Olivar Cunha, nascido na Amazônia, em Macapá/AP, cidade que fica na margem esquerda do Canal do Norte do Rio Amazonas, quando o maior rio do mundo se posiciona para despejar no Oceano Atlântico 200 mil metros cúbicos de água, por segundo. Reinaldo tinha sete telas de Olivar Cunha, entre as quais o impressionante Tuiuiú Crucificado, “o berro mais fovista, o grito mais expressionista” do pintor.
Ele a pintou em três meses, em 1992, em Jacaraípe, distrito de Serra, na Grande Vitória do Espírito Santo. Trata-se de uma acrílica sobre tela, em espátula e pincel, de 1,20 metro por 1 metro. Pertence à fase que o pintor chama de Habitat Transform, desenvolvida no Rio de Janeiro/RJ e em Jacaraípe, após pesquisa sobre a devastação da flora e da fauna do Pará, do Amapá e do Pantanal. No centro do quadro, um tuiuiú crucificado emerge de uma Baía de Guanabara atolada em dejetos industriais, tendo ao fundo o Pão de Açúcar e os Arcos da Lapa.
Olivar Cunha morava em Conduru, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, cidade natal do maior astro da música popular brasileira, Roberto Carlos. Pintor e restaurador, com cursos no Parque Lage, onde foi aluno de Charles Watson, e no Museu Nacional, Olivar Cunha se tornou o grande restaurador de arte sacra do Espírito Santo, tanto de estátuas quanto de telas. Foi assim que conheceu e pintou Santa Rita de Cássia, e aí resolveu pintar, em grafite sobre tela, com espátula e pincel, em tamanho natural, Santa Rita de Cássia abençoando Roberto Carlos.
Um dos maiores ícones do Rio de Janeiro, e do Brasil, Roberto Carlos Braga mora na Urca, pertinho de onde Estácio de Sá fundou o Rio de Janeiro. Roberto nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, em 19 de abril de 1941. Começou a sua carreira no início dos anos 1960, sob influência da Bossa Nova. Compositor, geralmente em parceria com o carioca Erasmo Carlos, fundou as bases do rock brasileiro. Estrelou um programa de auditório na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao primeiro movimento musical do rock no Brasil.
Os idealizadores do programa se inspiraram em uma frase do revolucionário russo Vladimir Lenin: “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada”. Gíria usada na Marinha, velha-guarda faz referência aos marinheiros mais antigos. No primeiro embarque em navio, os oficiais são chamados guarda-marinha, de modo que velha-guarda se refere aos instrutores mais antigos. O termo migrou para outras áreas, qualificando fundadores e pioneiros, como no mundo do samba, por exemplo.
A casa da família em Cachoeiro de Itapemirim, no alto de uma ladeira no bairro do Recanto, é hoje a Casa de Cultura Roberto Carlos. Aos seis anos de idade, no dia de São Pedro, padroeiro de Cachoeiro, Roberto sofreu fratura da perna direita. Levado para o Rio de Janeiro, teve sua perna amputada abaixo do joelho e passou a usar prótese. Sonhava, na infância, tornar-se arquiteto, caminhoneiro, aviador ou médico, mas aprendeu a tocar violão e piano, a princípio com sua mãe e depois no Conservatório Musical de Cachoeiro de Itapemirim.
Incentivado pela mãe, apresentou-se pela primeira vez em um programa infantil na Rádio Cachoeiro, aos nove anos, cantando o bolero Amor y más amor. O prêmio foram balinhas. Em 1955, apresentou-se na Rádio Industrial de Juiz de Fora (ZYT-9). Continuava cantando bolero.
Na segunda metade dos anos 1950, Roberto Carlos se manda para o Rio de Janeiro, ouvindo muito rock and roll, como Elvis Presley, Bill Haley, Little Richard e Chuck Berry. Em 1957, conheceu um grupo de amigos que se reunia na Rua do Matoso e no Bar Divino, na Rua Haddock Lobo, na Tijuca: Sebastião (Tim) Maia, Edson Trindade, José Roberto China e Wellington Oliveira. Surgiu The Sputniks. Mas a banda não durou muito tempo.
No ano seguinte, Roberto Carlos conhece Erasmo Carlos e começa a carreira solo na boate do Hotel Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e bossa nova. O cantor, compositor e produtor Carlos Imperial apresentava Roberto Carlos como o “Elvis Presley brasileiro”. Em 1959, Roberto lança o compacto João e Maria/Fora do Tom, imitando João Gilberto, um dos inventores da Bossa Nova, e dois anos depois lança seu primeiro álbum, Louco Por Você.
Em 1968, no Festival de San Remo, na Itália, Roberto Carlos, então com 26 anos, conquista o primeiro lugar, com a música Canzone per te, de Sergio Endrigo e Sergio Bardotti. Foi a primeira vez na história do evento que um cantor estrangeiro conquistou o festival.
De 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Já vendeu mais de 140 milhões de cópias de discos, gravados em português, espanhol, inglês, italiano e francês. Foi além da carreira musical: estrelou três filmes, inspirados na fórmula lançada pelos Beatles: Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968), Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1970) e Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora (1971).
No quadro de Olivar Cunha, Roberto Carlos é imortalizado recebendo a bênção de Santa Rita de Cássia. Margherita Lotti, Santa da Rosa e dos Impossíveis, Advogada das Causas Perdidas, nasceu em Roccaporena, Itália, em 1381, e faleceu em Cássia, Itália, em 22 de maio de 1457. Freira agostiniana da diocese de Espoleto, Itália, foi beatificada em 1627 e canonizada em 1900. Quando ela morreu, um suave perfume se espalhou por todo o Mosteiro das Irmãs Agostinianas, em Roccaporena. Seu corpo, que permaneceu incorrupto ao longo dos séculos, é venerado em uma urna de vidro no santuário de Cascia.
O pintor do Amapá, Olivar Cunha, e o grafite sobre tela de Santa Rita de Cássia |
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