terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O maior inimigo dos comunistas é a internet

Ray Cunha na sua minúscula biblioteca, no Sudoeste, em Brasília/DF

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 23 DE JANEIRO DE 2024 – XARDA MISTURADA foi lançado em 1971, pelo poeta José Edson dos Santos, o Joy Edson, pelo poeta José Montoril e eu, todos os três com 17 anos. Lançar esse livrinho de poemas foi uma luta. Passamos um ano pedindo ajuda a empresários e conseguimos em torno de um terço do valor a ser pago na gráfica, caríssimo e com acabamento medíocre. 

Tomei emprestada a Olivetti Lettera 22 do professor Geraldo Magela para redigir os originais. O poeta Isnard Brandão Lima Filho escreveu o prefácio e em uma noite de dezembro de 1971 o livro foi lançado na Associação Comercial do Amapá, quando era na Rua General Rondon com a Avenida FAB. 

Depois do lançamento de XARDA MISTURADA me mandei para o Rio de Janeiro, ainda com 17 anos. Eu não tinha nem carteira de identidade. Fui mordido pela cultura beatnik. 

De lá, até os anos de 1990, eu me virei feito um animal de carga para publicar livro, até a publicação de A CASA AMARELA pela Editora Cejup, de Belém do Pará, do meu amigo Gengis Freire, que vendeu uma primeira edição de mil exemplares e quando quis publicar outra edição sugeri a ele que em vez de um contrato de 15 anos de exclusividade para a Cejup fossem apenas dois anos. Ele parou de se comunicar comigo. 

Recebi dele exemplares do livro para divulgação, participação em bienal, hospedagem, passagens aéreas, mas nunca vi a cor dos direitos autorais em dinheiro. Mas, importante, não tirei um centavo do bolso para pagar gráfica, e a distribuição do livro foi uma senhora divulgação do meu trabalho. 

A partir da virada do século, com a internet, a Amazon, o Clube de Autores e agora a Uiclap, publicar livro e divulgá-lo se tornou a coisa mais fácil do mundo. Atualmente, com a cubanização do Brasil, é muito difícil um autor conservador, meu caso, sobreviver literariamente. Mas não estou nem aí. Sou como Kafka, escrevo pelo prazer de escrever. Se for publicado é outra história. E se vender, melhor ainda. 

Vejam o caso da Academia Brasileira de Letras (ABL). Está cheia de comunistas. Só não instituíram o “tode” porque não são maioria. No meu caso, minhas raízes são Macapá/AP, cidade politicamente tomada pela Esquerda; minha geração ainda idolatra Fidel Castro e Che Guevara. Meu nome não entra na mídia nem na academia local. 

Mas, como disse, com a internet podemos publicar livros em qualquer parte do planeta e em qualquer idioma. Além disso, nossos livros chegam a qualquer ponto do mundo, via correios. Mais: podemos encomendar pequenas tiragens, como a do romance JAMBU, que será lançado dia 2 de março no restaurante Belém Belém Amazônia, em Copacabana, Rio de Janeiro.

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