segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Crime organizado se pega aos evangélicos para que os jogos de azar continuem clandestinos

O poeta Carlos Drumond de Andrade no Posto 6 de
Copacabana, a praia mais famosa do planeta. Imaginem
o Copacabana Palace e o Cassino Atlântico com roletas

RAY CUNHA 

BRASÍLIA, 28 DE FEVEREIRO DE 2022 – O Congresso Nacional está prestes a legalizar os jogos de azar. O crime organizado, principalmente os comunistas, já se pegou até com o padre alemão Martinho Lutero, no além, para que o Congresso Nacional não resgate, descriminalize, legalize o jogo, especialmente os cassinos e o Jogo do Bicho, pois com o Estado fiscalizando e cobrando impostos os gangsters perderão cerca de 5 bilhões de dólares por ano, o que faturam com o jogo clandestino, sem pagar impostos. 

A bancada do Rio de Janeiro está amoitada, com exceção do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, com 115 deputados e 14 senadores, e que vê o capeta em cada dado e carta de baralho. Eles estão certos de que Deus deixará as coisas como estão, com os barões da jogatina ilegal comandando os jogos de azar e faturando tanto quanto os donos de banco. 

O argumento dos evangélicos e comunistas é inacreditável. Pregam que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública, prejudicar ações de combate à corrupção e ampliar a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas. 

Tudo isso está acontecendo agora, com o jogo na clandestinidade! É a clandestinidade do jogo que alimenta a corrupção, propina e chantagem política. “Onde não há Estado, há crime organizado” – ensina o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O Brasil é atualmente uma gigantesca lavanderia, pois é um dos países onde mais gira a roleta, dia e noite, clandestinamente. Desde que o jogo foi criminalizado, há 76 anos, as máfias tomaram conta do jogo, sem pagar nem um centavo ao Estado. O jogo clandestino no Brasil movimente pelo menos 5 bilhões de dólares por ano; só o Jogo do Bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, sem gerar nenhum emprego formal e sem deixar nem um real na burra. Segundo a Frente Parlamentar Mista do Congresso Nacional pró-legalização dos jogos de azar, a formalização dos jogos no país geraria 658 mil empregos.   

A imbecilidade começou em 1934. Antes disso, já havia cassino desde a independência, em 1822, até 1917, quando o presidente Venceslau Brás vetou o jogo, que voltou à legalidade em 1934, até 1946, durante o governo de Getúlio Vargas. Em 1934, dona Santinha, ou Carmela Leite Dutra, esposa de presidente Eurico Gaspar Dutra, achava que jogo era coisa do capeta. Beata e mandona, deu um ultimato ao presidente, que, encurralado, arrasou uma das indústrias que mais faziam o país prosperar, jogando no desemprego mais de 40 mil trabalhadores em 70 cassinos espalhados pelo país. 

Sempre se jogou no mundo, desde o início da História, há 5 mil anos. O jogo de azar é uma das indústrias mais rentáveis em todos os países do Primeiro Mundo e praticado em quase todo o planeta. Entre os países que fazem parte do G20, que detém 80% da economia mundial, só três países proíbem jogos de azar: Arábia Saudita e Indonésia, muçulmanos, e Brasil. 

“Com exceção dos países muçulmanos, praticamente todos os países do mundo possuem os jogos de sorte e azar presenciais legalizados. Ninguém acredita em mim quando eu digo que cassinos são proibidos no Brasil, ou pensam que estou brincando! Investidores em todo o mundo acompanham ansiosamente a legalização e regulamentação dos jogos no Brasil” – declarou Liliana Costa, executiva da Clarion Events. 

A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é hoje o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. Os mais de 100 cassinos de Las Vegas faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados. 

A legalização de cassinos, Jogo do Bicho, bingo e caça-níqueis gerará uma arrecadação em torno de 50 bilhões de reais por ano para os cofres públicos, dinheiro suficiente para bancar, por exemplo, o Bolsa Família e o Auxílio Emergencial. Segundo o senador Ângelo Coronel (PSD/BA), “a geração de recursos da tributação de jogos poderia ampliar o alcance do Bolsa Família de 14 milhões de famílias para 22 milhões”. 

Estudo do Instituto Jogo Legal (IJL) e BNLData mestra que o Brasil tem potencial para arrecadar 15 bilhões de dólares por ano com o jogo, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, e investimentos e geração de empregos nas casas de apostas – mais de 658 mil empregos diretos e 619 mil indiretos. Segundo o IJL, só no Jogo do Bicho serão formalizados pelo menos 450 mil empregos. 

Cidades como o Rio de Janeiro duplicarão o número de turistas. O deputado Felipe Carreras (PSB/PE), relator do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, Projeto de Lei 442/91, que legaliza jogos de azar – bingos, cassinos, Jogo do Bicho, turfe e jogos online –, disse à Agência Câmara de Notícias que “Macau recebia 10 milhões de turistas antes dos investimentos em cassinos e passou a receber 31 milhões. Singapura foi de 9 milhões a 21 milhões de turistas. São êxitos que mudaram a matriz do fluxo turístico internacional; o Brasil é carente em novos produtos turísticos e nosso contingente de visitantes estrangeiros segue estagnado abaixo de 7 milhões”.

Parece que os evangélicos terão que caçar o diabo em outro setor. O plenário da Câmara aprovou, quinta-feira 23, por 246 votos contra 202, o Marco Regulatório dos Jogos no Brasil. Agora, o projeto será votado no Senado, de onde, se for aprovado, seguirá para apreciação do presidente Jair Bolsonaro (PL/RJ), que afirmou vetá-lo integralmente, devolvendo-o ao Congresso, que tem o poder de derrubar o veto, restituindo ao país uma das indústrias mais rentáveis do mundo, explorada pelo crime organizado há 76 anos.

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