sexta-feira, 29 de abril de 2022

Conseguirão eliminar Jair Messias Bolsonaro? O Brasil será transformado em uma Venezuela?

Ray Cunha e O CLUBE DOS ONIPOTENTES, edição do Clube de Autores

RAY CUNHA 

Edição da amazon.com.br
BRASÍLIA, 29 DE ABRIL DE 2022 – Meu mais recente romance, O CLUBE DOS ONIPOTENTES (clubedeautores.com.br, R$ 44,14 e ebook R$ 18,19, amazon.com.br e amazon.com, 2022, 278 páginas), se debruça sobre a história política recente do país, desde o Foro de São Paulo até os últimos três anos, misturando personagens fictícios e reais, no mesmo gênero de Agosto, de Rubem Fonseca, e A Festa do Bode, de Mario Vargas Llosa. 

Em O CLUBE, um jornalista investiga uma organização misteriosa que estaria planejando o assassinato do presidente Jair Messias Bolsonaro e a implementação de um regime totalitário no país, com o desarmamento e a desapropriação de bens imóveis da população e carta branca para pedófilos e estupradores em geral nas escolas. 

Leia trecho de O CLUBE: 

– Bom dia – disse Alex. 

O sujeito parou e olhou para Alex. 

– Bom dia, Alex! – respondeu. 

– Sente-se! Vamos conversar! – disse o jornalista. 

– Sim! Não há pressa! – o grandalhão respondeu, e sentou-se. 

– Só não entendi uma coisa, Maurício Virgulino da Silva – disse Alex. – Como é que o Patarrão pode ter tanta certeza de que eu estou interessado em saber se vão ou não matar o presidente? 

– Agora eu posso lhe dizer, pois você já é assunto resolvido. A sua amiga, a preta russa, andou fuçando a vida do senador e vem se mostrando muito interessada na agenda do presidente e dos ministros do Supremo. Aí, o senador mandou segui-la e grampear o telefone dela e descobriu que vocês dois acham que o presidente será apagado; que há um complô para acabar com o presidente, essas besteiras todas. 

– Aí o senador ficou com medo que descobríssemos que além de conspirar contra o presidente ele gosta de crianças – Alex o interrompeu. 

– Você é o ricaço mimado mais retardado que já vi na vida. O cara que estripou o presidente é um inútil, mas eu não! Se há uma coisa que eu sei manejar com a mesma destreza com que eu devoro uma buchada de bode é a peixeira. Vou lhe estripar e deixar você agonizando para morrer só mais tarde, mas não tão tarde que o encontrem ainda vivo. – Fez uma pausa. – A russa me deixou doido de tesão! Você é um completo retardado, pois poderia estar gozando dos seus bilhões, mas, não, está se preocupando com a vida alheia; além disso, você é retardado porque não sabe no que se meteu, pois nem sente medo! 

– Medo de que? 

– Medo da morte! Você vai ser estripado! 

– Corno não estripa ninguém, e acho que você gosta mesmo é de uma mandioca na sua hemorroida cabeluda! 

Virgulino, que era canhoto, sacou a katana, mostrou o dorso da mão, cabeludo como de um macaco, e raspou um pouco de pelo com a katana. 

– Ela está amolada como uma navalha – disse o gigante. – Você prefere a barriga ou o pescoço? 

– Teu chifre, unicórnio! 

Alex continuou sentado. Virgulino arremeteu, mas ficou surpreso por não encontrar seu alvo e a katana cortou o estofo da cadeira. “Como é que esse imbecil se levantou sem que eu visse?” Foi então que o armário ambulante sentiu uma bofetada na orelha direita, se reequilibrou e se voltou para Alex, que estava atrás dele e lhe aplicou um soco no pomo de adão. Arquejou, levando a mão direita à garganta, e recebeu um chute no escroto. Emitiu um rugido de dor. 

– Vocês não vão matar ninguém, muito menos Bolsonaro e Mourão, então por que se dar ao trabalho de se ocupar comigo? 

– Acho que você não é tão cretino para saber que essa história de matar Bolsonaro e Mourão simultaneamente é mirabolante demais; estou aqui para matar você! Como vou matar você, e isso são favas contadas, posso lhe contar. Bolsonaro e Mourão vão cair porque os onipotentes, mancomunados com centenas de senadores e deputados, e, claro, os principais grupos de imprensa do país, vão desmoralizá-los, apeá-los e prendê-los. Aí então nosso líder maior, o capo di tutti capi, renascerá das cinzas. 

– Você até que aprendeu a falar bem, mas não tem a menor intuição. Não lhe ocorreu ainda que você já está fedendo a cadáver? – Alex disse. – Venho acompanhando o plano das aves, os urubus e o pato, mas é um plano fajuto, furado. Não ocorreu ao seu chefe que até os cachorros das madames de Brasília já perceberam qual é o plano do, falando igual você, do establishment? Bem, muita gente boa, que se apresenta como salvador da pátria, vinha roubando centenas de bilhões de reais por ano, mas, de repente, a sangria estancou, e o jejum está enlouquecendo o aviário, o zoológico, na verdade, porque há também os dragões-de-komodo, as hienas e os jacarés-açus. Você veio porque eu descobri o que o Patarrão anda fazendo. Quer dizer que ele gosta de menininhas? Você não vai me matar? Então conta tudo! Tem sumido muitas garotinhas do Entorno e de Brasília; onde elas estão?

– Enterradas, idiota! O senador passa dias com elas e, quando enjoa, entrega aquelas coisinhas lindas para mim. Aí eu drogo as vitelinhas e as levo para minha chácara em uma camionete de fundo duplo. Então devoro aquelas delícias aos poucos, até elas simplesmente não aguentarem mais. Então coloco elas no forno crematório e depois no triturador de lixo; aí, vão para a compostagem, e misturo tudo com toneladas de adubo da fábrica do senador, para adubar os jardins de Brasília, muitos dos quais nos próprios lares dos nenezinhos.

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