domingo, 28 de agosto de 2011

Josiane, Tereza, Leila, Sílvia, Telma, Myrta, Graciete, Eliana, Tiana, Roberta, Mara, Célia, Bethania, Elijanete, Tharcilla...

Há dias que não sou visitado por ninguém na França, e na França tenho leitores, como o embaixador português Francisco Seixas da Costa, autor de Tanto Mar? Portugal, o Brasil e a Europa, e que representou seu país em Brasília e agora serve em Paris. Contudo, a maioria dos meus leitores na França é de mulheres, como a minha amiga Yara, cantora, ex-mulher do meu querido amigo, o compositor Luiz Tadeu Magalhães, ambos meus conterrâneos, naturais de Macapá, a cidade que se debruça para a boca do maior rio do mundo, o Amazonas, ao cruzar a Linha Imaginária do Equador. Também de Macapá tenho uma amiga da adolescência. Ela recebeu seu primeiro beijo de mim.

Naquela época, eu frequentava a casa da Leila e da Sílvia, no Igarapé das Mulheres. Eu tinha 14 anos. Era 1968. Os Beatles estavam no auge. Às vezes, na casa do poeta Isnard Lima Filho, eu o ouvia declamar Rosas para a madrugada. As noites, então, eram imortais e tresandavam a perfume. A casa da Leila e da Sílvia era o portal mágico para o jardim secreto da adolescência. As duas irmãs se transformaram, para sempre, em flores que guardo no relicário do meu coração.

Tereza era um santuário que desabrochava da infância quando ofereceu seus lábios virgens para o roçar da minha boca, e o beijo se fez, puro como luz. Se um terremoto me abalou, ela, que é uma flor, sentiu a velocidade vertiginosa da Terra no espaço sideral, e, por toda a eternidade, seguirá com a luz que acendi.

E é sempre com a pureza deste primeiro beijo que me aproximo das mulheres. Na verdade, elas é que me iluminam. Sempre estive cercado de mulheres. Além da minha mãe, que tinha o belo nome de Marina e que era linda como as manhãs de julho na Amazônia, há ainda minha irmã mais velha, Lindomar, a quem chamo de mãe. Minhas companheiras, todas elas, foram luzes que me orientaram em certos pontos obscuros da vinha vida, até eu emergir para as manhãs amazônicas de agosto. Todas as minhas companheiras se entregaram inteiras, sem reservas, ao meu bisturi de poeta, porque sabiam que, com minhas mãos de jardineiro, eu as fazia desabrochar como rosas colombianas, vermelhas, num mergulho conduzido por elas mesmo.

Sou para sempre grato às mulheres da minha vida, pois elas me conduziram ao que eu sou hoje, um espectador maravilhado, um mergulhador nos abismos mais profundos da natureza feminina. Se Deus tivesse sexo, Ele seria Mulher.

Tereza é, hoje, francesa. Bela sempre foi. É amada e tem as joias que Deus nos oferta: filhos. Ela é uma riqueza que vem da França, porque, para o escritor, ser lido gera uma alegria imensa, pois esta é a missão do escritor: escrever. E o texto só é vivificado quando lido. É também para ti que escrevo, Teresa, da mesma forma que escrevo sempre para a metade da minha alma, Josiane.

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