terça-feira, 19 de junho de 2018

Siga sua intuição. Não sufoque seu talento


RAY CUNHA
raycunha@gmail.com

Desde criança, H descobriu que amava música, tinha voz belíssima e aprendeu a tocar violão sozinho. Filho de um advogado riquíssimo e de uma dona de casa, viveu feliz até os 18 anos, quando seu pai lhe disse que era hora de quebrar o violão e seguir a carreira que na família passava de pai para filho: a advocacia. H argumentou que queria se tornar músico profissional, que só precisava de mais um tempo até firmar-se como artista e poder pagar suas próprias contas. Ele mesmo, seu pai, não comprara um quadro de Di Cavalcanti por um milhão de reais? Então, Di fora um vagabundo? Mas seu pai não quis saber de nenhum argumento, exigiu-lhe que largasse o violão e fizesse o curso de Direito; depois disso até poderia rever o caso. Filho criado debaixo da saia da mãe e de pais controladores, H guardou o violão e começou a fazer o curso de Direito, ao fim do qual se matou. 

O que é Deus? Quem é Deus? O que Deus faz? Como Ele faz? Como Ele surgiu? Terá fim? Todas as religiões dão a entender que Deus é a harmonia do Universo, um estado de consciência perfeito, pleno e absoluto, o Tao, o caminho ascendente e eterno a seguir, um processo evolutivo, a ampliação da consciência. Se assim considerarmos, a vida material significa, nesse processo, apenas um trecho ínfimo do caminho, porém extremamente desafiador. Contudo, sempre contamos com o que chamamos de intuição, uma inteligência diversa daquela desenvolvida pela ciência, pela academia. Trata-se de uma inteligência que transcende a matéria, e sua captação depende do estado de consciência.

A melhor maneira de desenvolvermos a intuição é por meio da meditação. Meditar é procurar ficar sozinho, acalmar-se, serenar a mente, até conseguir equilíbrio suficiente para começar a disciplinar o cipoal de pensamentos que nos acorre a todo instante, principalmente nos ansiosos, e atingir um estado de foco, de mergulho no agora. A oração é a melhor meditação que eu conheço, pois além do equilíbrio, nos põe em contato com o divino, com a intuição. Assim, quanto mais intuição nós desenvolvemos mais eternidade sentimos agora.

Aos 24 anos de idade, Ernest Hemingway era um promissor correspondente na Europa de um jornal canadense, Toronto Star Weekly, quando fez uma opção que o levaria a passar fome em Paris: queria ser escritor, mas para isso teria que deixar o jornalismo para se dedicar à literatura. E foi o que fez. Elizabeth Hadley Richardson, a primeira esposa do romancista, que viria a casar-se mais três vezes, tinha um pequeno rendimento no mercado financeiro, e foi desse rendimento que o casal, já com um filho, John Hadley Nicanor Hemingway, sobreviveu até o autor se tornar uma celebridade mundial, aos 27 anos, com o clássico O Sol Também se Levanta, publicado em 1926. Se Hemingway não tivesse seguido sua intuição, teríamos um jornalista medíocre no lugar de um escritor revolucionário, pois Hemingway revolucionou a literatura, criando um estilo literário sem rebuscamento, com as palavras funcionando como bisturi, uma amálgama de profundidade poética e a escrita com a objetividade do soco no queixo, desferido por um peso-pesado.

É que Hemingway estava aberto para a intuição. Aliás, os artistas são tão intuitivos quanto as mulheres. No caso deles, parecem ter antenas especiais, pelas quais recebem a luz da criatividade. Naquela época, o gênio de O Velho e o Mar estava em formação, ainda tinha a flexibilidade e a misteriosa indestrutibilidade das mulheres. As mulheres são como as rosas, delicadas, mas infinitamente fortes na sua beleza mais íntima, a pureza. Tudo o que Hemingway fez foi decodificar a intuição e tomar uma decisão, crucial, que iria mudar todo o seu destino, e o dos que ele amava e dos que o amavam.

Podemos chamar a intuição que Hemingway sentiu de oportunidade, que é aquele momento em que, se quisermos mudar nosso destino, precisamos segurar a oportunidade com unhas e dentes, sem importar-se que o futuro acene com a fome. Determinada a trilha a seguir, agora é oxigenar o talento, livrá-lo das garras que poderão sufoca-lo e desenvolvê-lo. Acontece muito de pais controladores sufocarem os filhos, determinando como eles devem viver e que curso fazer, pois desconhecem que ninguém, nunca, jamais, pode viver a vida alheia. Somente cada um de nós é que pode viver a própria vida, as próprias circunstâncias. O máximo que os pais podem fazer pelos filhos é amá-los; não devem, nunca, escravizá-los. Às vezes, os pais imaginam que controlando todos os passos dos filhos poderão evitar a tragédia; só que não. Cada qual constrói sua própria vida. Esse é o Tao, o Caminho, a evolução.

A intuição atua o tempo todo na nossa vida material; é a nossa consciência. E se não a vemos, mas apenas a sentimos, significa que é nosso pé no mundo espiritual, onde as coisas, os acontecimentos, as descobertas, as invenções, as obras de arte geniais, onde tudo o que acontece na Terra, é projetado, pois, na verdade, somos seres mentais. A matéria é apenas sombra da mente, reflexo da mente, a oportunidade de evoluir mais rapidamente, de ampliar nossa mente e descobrir novas dimensões, muito além do mundo material, que é tosco, muda a todo instante, e é finito.

Há as pessoas que estão em um estado de consciência ainda longe de alcançar a intuição, o que é normal na escala evolutiva, porém as que já conseguem ouvir a voz interior, sigam-na, pois a intuição vem sempre da Grande Harmonia. E é assim que o talento se revela, por meio da intuição. E se o veio do talento estiver numa região de acesso aparentemente impossível, não se intimide, siga adiante, pelo simples fato de que aquela trilha é a única que o levará ao degrau seguinte na espiral do Caminho.

Nada desestimula a determinação; nada a intimida. Nem fome, nem dívidas, nem doenças, sofrimento algum a intimida, nem a morte. Talento requer determinação apostolar para desenvolvê-lo. Ouça a sua intuição e desenvolva seu talento. Jamais se impressione com as coisas da matéria, que é tosca, muda a todo instante, e é finita. A verdade só pode ser vista com os olhos do coração. Uma mulher muito linda envelhecerá, assim como as rosas vermelhas, mas a vibração da beleza das mulheres lindíssimas e das rosas colombianas é para sempre.

A intuição é a voz de Deus, ou do Universo, ou do amor, e o talento é a capacidade que cada um de nós possui para realizar determinadas tarefas, como Van Gogh deteve a luz nas suas pinceladas e Mozart escreveu as partituras do som da Terra girando na galáxia. E quando o talento é realmente utilizado, há curas, o azul sangra de tão azul, o riso das crianças sobrepõe-se à música de Mozart, as rosas se desnudam e a luz triunfa. 


Biliografia


DUKAN, Pierre. A escada Nutricional: Uma alternativa ao método Dukan clássico. Rio de Janeiro: BestSeller, 2015.

GERBER, Richard. Medicina vibracional: Uma medicina para o futuro. São Paulo: Cultrix, 2007.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos – 23ª Edição. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1984.

MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2007.

MIYAURA, Junji. Os 5 corpos do ser humano. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2016.

PINHEIRO, Robson: pelo espírito de Joseph Gleber. Medicina da alma – 2ª Edição. São Paulo: Casa dos Espíritos, 2007.

TANIGUCHI, Masaharu. A verdade da vida – 1º Volume. 8ª Edição. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 1992.


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