domingo, 20 de janeiro de 2013

Abismo azul

Liberdade é o domínio do espírito sobre o corpo, que é limitado,
Matéria, tão somente átomos; desintegra-se, deteriora-se,
Desmancha-se no ar.
O voo infinito só cabe na alma, livre de amarras, absoluto,
Agora e agora, no momento mesmo da vida.
Liberdade é sentir no nariz, na boca, nas mãos, no corpo todo,
O abismo de mistério que é uma mulher nua
E que não pertence a ninguém, como o azul do mar.
Liberdade é jasmineiros chorando, gemidos de madrugada,
Que se diluem, como música, no jardim.
Há liberdade no navio que parte do trapiche de Macapá,
No Boeing 737, no Gmail, no éter, que leva o pensamento a toda parte.
Liberdade é o sol, após uma noite ao frio na Rodoviária de Niterói
Ou na Estação Aeroviária de Buenos Aires
Quando a esperança quebrou-se como cristal fino,
Somos salvos do assassino e dormimos com a princesa.
Liberdade é a alegria que vejo nos teus olhos
Quatorze apoios antes de tomar banho
Café Três Corações, gourmet, com leite em pó,
Levantar-se todos os dias às 4 horas, para criar
Comer feijão com arroz como quem degusta camarão pitu com pirão de açaí
Tucunaré frito, tamuatá ao tucupi.
É não sentir ciúme, inveja, medo
Sentir as mãos da mãe no rosto
E a presença eterna do pai, forte como um touro, sereno
A plenitude do primeiro beijo
O triunfo da luz! 

Ray Cunha
Brasília, 20 de janeiro de 2013

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